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Chevette Sedan 1973 |
No inicio da década de 1970, as montadoras começaram a planejar “carros mundiais”, veículos que poderiam ser comercializados em diversos países em que elas operavam, visando principalmente redução dos custos e otimização da produção.
Em julho de 1970, uma equipe de engenheiros,
estilistas e executivos da GM americana, britânica, australiana e brasileira se
reuniram para dar início ao Projeto T, com base no sucessor do Opel Kadett B
(Projeto 909), sucesso na Europa. Entre os brasileiros, Francisco Nelson
Satkunas, um dos principais idealizadores o futuro carro. O nome Projeto T veio
da plataforma T americana, que era a base do Chevrolet Vega.
Lançado mundialmente no Brasil em 24 de abril de 1973,
como um sedã de duas portas, a versão de quatro portas veio em 1978, e em 1979
a versão hatchback de duas portas. Em 1976 surgiu a versão SL (de luxo).
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Chevette Hatchback, duas portas, 1979 |
A Marajó, versão Station wagon de duas portas veio em 1980, juntamente com a versão esportiva 1,6 SR (somente com 4 cv a mais, devido à uma taxa de compressão mais elevada).
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A Station Wagon Marajó |
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O esportivo Hatch SR |
Ganhou o design dianteiro do Chevette americano, com faróis
redondos nas molduras quadradas e uma nova grade em 1978, perdendo os
quebra-ventos das janelas dianteiras. Os motores 1,6 litro, antes movidos
somente a álcool (etanol), agora também tinham a opção de ser alimentados com
gasolina. Em 1979 o sedan ganhou a versão quatro portas. Em 1981 novo facelift
na dianteira com faróis retangulares e unidos por uma grade, e para choques
envolventes com um “borrachão” para proteger de pequenos impactos. O painel
traseiro foi remodelado com lanternas maiores e formato retangular.
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A Chevy 500, para 500 kg de carga |
A Versão Pickup Chevy 500 veio em 1983 e seguiu com a família Chevete até o seu final em 1995.
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Chevette GP II, com motor 1,6 litro |
A motorização básica do Chevete era um quatro cilindros em linha com 1,4 litro (1973-76) com 69 cv a 6000 rpm e 7,2 kgfm a 3500 rpm, atingindo a velocidade máxima de 131 km/h. As versões SL (luxo), GP e GP II (esportivas) vinham com o mesmo motor com taxa de compressão mais elevada, gerando 72 cv a 5800 rpm e 10,8 kgfm de torque a 3800 rpm. Os motores movidos a álcool tinham a mesma potência declarada.
Um dos destaques deste motor era o fluxo cruzado, com
a mistura entrando por um lado do cilindro e a saída pelo lado oposto, segundo
a engenharia, produzia uma queima melhor do combustível, além do comando no
cabeçote, acionado por correia dentada, itens de modernidade na época. Apesar
disso, a tração era traseira com eixo rígido (herança dos Kadett alemães), contrapondo-se
com a tendência de motores e tração dianteira.
Outro item de segurança era o tanque de combustível
instalado na vertical, logo atrás do banco traseiro, ficando mais protegido em
caso de colisão traseira; a direção tinha coluna retrátil não invasiva na
cabine em caso de colisões, freios a disco na dianteira, e pisca-alerta, uma
novidade em carros de sua classe.
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Chevette Hatch, 1980 |
A versão hatch foi descontinuada na Alemanha, por isso o ferramental foi trazido ao Brasil e em 1980 essa configuração teve boa aceitação no Brasil, e nos anos seguintes, o Hatch passou a custar mais caro do que o sedan.
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Chevette SL, 1981 |
A partir de 1981, somou-se a eles o motor quatro cilindros 1,6 litro a gasolina, com 76 cv a 5800 rpm com 11,6 kgfm de torque a 3600 rpm, levando o Chevette a 160 km/h de máxima. Em 1988, a potência do motor 1,6 litro (gasolina) subiu para 78 cv a 5200 rpm com 12,6 kgfm de torque a 3200 rpm, e a versão a álcool tinha 81 cv a 5200 rpm com 12,9 kgfm de torque a 3200 rpm.
As transmissões (4 marchas) eram da Clark alemã em
1973, mas no período de 1974 a 1984 foram fornecidas pela Isuzu japonesa (4
marchas); a Clark voltou a fornecer para a GM o cambio com 5 marchas entre 1983
e 1994. A Eaton passou a equipar os Chevette com o cmabio de 5 marchas entre
1991 e 1994; sendo uma caixa automática da Isuzu de 3 marchas opcional entre
1985 e 1990.
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Chevette Junior, com motor de 1 litro |
Em 1990, o governo reduziu a alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de 40 para 20%, para os carros que tivessem motor de um litro apenas (conta-se que foi um lobby da Fiat para lançar o Uno Mille), inaugurando a categoria do “Carro Popular”, segmento que explodiu e durou mais de duas décadas no Brasil. A Chevrolet foi a segunda montadora a lançar um carro popular, o Chevette com motor 1,4 reduzido para 999 cc movido somente a gasolina.
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O motor 1 litro do Chevette Junior |
Com 50 cv a 6000 rpm e 7,2 kgfm de torque a 3500 rpm, o desempenho não era dos melhores: fazia de 0-100 km/h em 21,58 seguindos e atingia apenas 131 km/h de velocidade máxima, em quarta marcha. O diferencial foi encurtado em 25% e as relações das 3 primeiras marchas forma encurtadas, visando dar mais força nas acelerações, mas a quarta permaneceu a mesma. No cambio opcional de cinco marchas, a quinta era overdrive, buscando poupar combustível por reduzir as rotações do motor, mas somente em estradas em que se podia manter velocidades mais constantes.
O projeto do Chevette era superdimensionado para a
categoria, e a GM tentou deixar o carro o mais leve possível, além de barato:
não tinha encostos de cabeça, retrovisor externos do lado direito, eliminação
de vários frisos e guarnições de borracha, carpetes, painel e vidros mais finos
em espessura, e menos material de revestimento acústico na cabine. Chegava
então aos 863 kg depois deste regime...
Ainda assim, tinha como itens de série bancos de
veludo iguais aos do Kadett SL (a geração seguinte ao Chevette na Alemanha), termômetro
da temperatura de água no painel, retrovisor interno dia/noite, ventilador do
radiador com controle eletromagnético, pneus 155SR13 e ignição eletrônica.
Como curiosidade, o nome Kadett foi descartado no
Brasil por causa da ditadura vigente no país, e a GM não desejava utilizar termos
militares para batizar o novo Chevrolet. Entre os nomes considerados, havia Gemini
(que acabou batizando a versão produzida pela Isuzu no Japão, e pela Holden australiana), uma corruptela
de “GM” e “Mini”, e o nome Chevette seguiria o nome do Opala, segundo se diz,
uma combinação de “Opel” e “Impala”, e aplicado ao novo carro, combinando-se “Chevrolet”
com “Corvette”, ficou o nome Chevette.
O sucesso do Chevette é revelado pelos números de
vendas: mais de 1.200.000 unidades no Brasil e mais de 400.000 unidades
exportadas para diversos países.
CARRO MUNDIAL
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Opel Kadett, 1973-77, na Alemanha |
Originalmente planejado para substituir o Kadett B na Alemanha, o Chevette foi fabricado no Brasil e em diversos países em que a GM tinha linhas de produção: Opel Kadett C na Alemanha, Isuzu Gemini no Japão, GMC Chevette na Argentina, Vauxhall Chevette na Inglaterra, Chevair na África do Sul, Opel 1204 em Portugal, Holden Gemini na Austrália e Chevrolet Chevette e Pontiac T1000 nos Estados Unidos (vendido nos México como Chevy Nova).
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Isuzu Gemini, no Japão |
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GMC Chevette, na Argentina |
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Vauxhall Chevette, na Inglaterra |
Nos Estados Unidos, foi lançado em 16 de setembro de 1975, em Washington, DC, e vendeu 2.793.353 unidades até o encerramento de sua produção, em 1987. Produzido apenas na versão Hatchback duas portas, os motores podiam ser o 1,4 litro OHV (53 cv) ou 1,6 litro OHC (60 cv) a gasolina, este último teve a potência aumentada para 70 cv. O cambio era manual de 4 marchas, mas havia um opcional automático de 3 velocidades. Era o menor e mais barato automóvel comercializado pela GM no país.
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Chevy Chevette, Estados Unidos, 1976 |
Havia as versões “Rally”, “Woody” e “Scooter”, este o modelo de entrada, mais barato. O Rally vinha com o motor 1,6 de fábrica e decoração exclusiva. A versão Woody caracterizava-se pelas laterais imitando madeira (comum nos EUA) como as station wagon antigas. Todos os motores eram carburados, com um Holley duplo.
Em 1981 foi lançado o motor diesel (da Isuzu) de 1,8 litro, e a direção hidráulica. Em 1982 o cambio passou a ser de cinco marchas, e os catalizadores vieram para reduzir a emissão de poluentes. As vendas foram caindo com a concorrência apresentando novos modelos, e a produção americana se encerrou em 23 de dezembro de 1986.
Da minha coleção
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Chevy Chevette, Serie Compact Kings, 2025 |
O Chevette Hatch é um Hot Wheels, da Serie Compact
Kings, de 2025. A decoração de um Dragster da NHRA ficou muito atrativa, e
parece ter sido baseada no Mustang de Don Nicholson. O ressalto no capô do
motor dá idéia do motorzão que há ali dentro. As rodas, apesar de serem de
plástico, tem um estilo mais adequado para um carro de arrancada.
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O Mustang Dragster de Dino Don Nicholson |
Referências:
https://hotwheels.fandom.com/wiki/%2776_Chevy_Chevette
https://en.wikipedia.org/wiki/Chevrolet_Chevette
https://carroemotos.com.br/chevette-no-brasil-origem-curiosidades-e-transformacoes/#google_vignette
https://www.vrum.com.br/noticias/chevette-50-anos-trajetoria/
https://autopapo.com.br/noticia/trajetoria-chevette-20-anos-chevrolet/