terça-feira, 17 de junho de 2025

Carros e Filmes: Mercury Club Coupe

Mercury Club Sedan, 1950

Com o fim da Segunda Grande Guerra, as pessoas ficaram mais otimistas, criando um desejo por coisas mais bonitas, para esquecer os horrores da guerra. Os automóveis tiveram um papel muito positivo, nisso, quando os designers começaram a projetar as novas linhas no final dos anos 1940, a Ford foi pioneira ao lançar o Ford 49, com um design que rompeu com o estilo que vinha dos anos 1930/40. Os para lamas ficaram mais integrados ao corpo do carro, as laterais fuíam numa superfície contínua dos faróis até as lanternas traseiras, e o cofre do motor mais nivelado com os para lamas, era um símbolo do otimismo da Ford quanto ao futuro.

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Mercury Sport Club, 1951

divisão Mercury também buscava renovar sua linha e seguiu o mesmo estilo, para um carro de categoria superior. Projetado por Eugene “Bob” T. Gregoire, eliminando os estribos, aparência mais baixa e esguia, o Mercury Eight, lançado em 1949, vendeu 301 mil unidades, tornando-se um sucesso por toda a década de 1950.

Equipado com o V8 Flathead de 255 cid (4.184 cc), produzia 110 hp e 200 lb-ft de torque e uma caixa manual de três velocidades, não era um primor em desempenho. Mais cromados foram acrescentados em 1950, e uma transmissão automática de três velocidades Merc-O-Matic tornou-se opcional em 1951. Vendendo em média 300 mil unidades a cada ano, muitos consumidores buscavam as oficinas de preparadores para conseguir mais performance, e o modelo se tornou um dos mais customizados nos anos 1950.

James Dean no Mercury, em "Rebel Withiut Cause", 1955

O filme “Rebel Without a Cause” (1955, Juventude Transviada, em português) em que James Dean dirigia um Mercury 1949, serviu como referência para a criação de veículos personalizados nos anos seguintes, enlouquecendo os jovens que buscavam ser diferentes da geração de seus pais. Assim George Barris e seu irmão Sam rebaixaram o teto de um Mercury Club Coupe 51 para criar o Hirohata Merc, um clássico até hoje.

Hirohata Merc, custom de George Barris

O modelo é bem valorizado pelos colecionadores e customizadores, e aparece em American Grafitti (1973), como o carro da gangue dos Pharaoh’s, e pilotado por Silvester Stallone, em Cobra (1986).

Um Mercury tipicamente customizado


O Mercury 1951 de American Grafitti foi construído por Don Orlandi, que preparou os carros do filme de George Lucas. Ele tem o teto fortemente rebaixado em 4 polegadas, mas os especialistas criticam o estilo final, que não ficou tão bonito como outros Mercury customizados, porque foi feito apenas para o filme, os vidros das janelas nem subiam, os faróis foram substituídos, com as molduras simplesmente coladas para dar acabamento.


O Mercury quando estava na Universal Studios

O carro foi pintado na cor Cimarron Red, e em cerca de duas semanas, estava pronto para as filmagens. O motor era um V8 Flathead de 255 cid com um carburador duplo Holley, e não foi mexido. Depois do filme, o carro foi levado para exibição no Universal Studios, ficando vários anos, e depois armazenado num galpão. Com o tempo, ele foi vendido para Ed “Big Daddy” Roth, que o vendeu para Brian Setzer, cantor e guitarrista de Rockabilly. Sem conhecer o passado do carro, com problemas de funcionamento, Setzer acabou se livrando do carro, e em 2001 disse numa entrevista que “me livrei dele porque era uma pilha de lixo!”.

O Mercury quando encontrado em 2013

O carro foi encontrado por um fã de American Grafitti enferrujando nos fundos de uma oficina nos limites de Nova York, e por volta de 2013, Steve, o dono da oficina, relatou que seu irmão comprou o carro de Brian Setzer, na década de 1980, e possui a documentação de origem do carro. Quando seu irmão morreu, o carro ficou para ele, e devido às dificuldades financeiras, ainda não conseguiu restaurar o Mercury como aparece no filme, mas tem planos para fazer isso.

O Mercury de "Cobra", uma ilustração de um autor desconhecido

Silvester Stallone interpreta Marion “Cobra” Cobretti, um tira de Los Angeles que trabalha na proteção de testemunhas. Ele pilota um Mercury Monterey 1950, customizado no estilo Lead Sled, preparado para maior performance e velocidade, com um visual intimidador. Para o filme, quatro carros foram preparados por Dean Bryant, um como “Hero Car” e os demais Stunt cars para as filmagens (estes três foram destruídos nas tomadas de perseguição do filme).

Acima e abaixo, o Mercury em cenas do filme "Cobra", de Silvester Stallone


Todos tiveram seus tetos rebaixados em 1,5 polegadas, equipados com gaiola interna de proteção, e o motor do Hero-Car preparado com mais de 600 hp. Stallone ficou com o carro depois do filme, mas em 1994 ele foi roubado de sua garagem. Vários anos depois, Stallone estava navegando pela Internet, e se deparou com o carro, numa listagem on line da Web. Imediatamente, acionou seus advogados, e recuperou o veículo, a esta altura, avaliado em mais de US$ 250.000, e até 2021, o ator ainda estava de posse do famoso Mercury.

Da minha coleção

Purple Passion, Hot Wheels da Serie "Designed by", de 2025


Em 1990, a Mattel lançou o Purple Passion, projeto de Larry Wood, baseado no Mercury 1951, com o teto rebaixado. O modelo foi um sucesso, e está presente na linha dos Hot Wheels até hoje, menos no ano de 2020. Sempre teve diversas decorações a cada ano, chegando às 11 versões nos anos de 2005 e 2007, e em 10 versões nos anos de 1995, 2002 e 2004.


O Purple Passion da minha coleção é da Série HW Designed By, de 2025, e traz uma bela decoração, com o decal “L. Wood Design” logo atrás da caixa das rodas dianteiras.

Mercury 49 da M2 Machines

O Mercury 1949 bege é da M2 Machines, um casting muito bem-feito, abre as portas e o capô do motor. Tem o teto rebaixado e a altura do solo também reduzida, e os pneus de faixa branca dão um toque especial ao modelo.



Referências:

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Purple_Passion

https://www.automoblog.com/warm-up-once-more-to-mercury-1949-1951-mercury/

https://retroauto.com.br/mercury-eight-49-51-terceira-geracao-o-carro-de-james-dean/

https://blog.consumerguide.com/cars-american-graffiti/

https://stallonezone.com/wordpress/2019/12/23/sly-stallone-is-cobra-with-his-awesome-50-merc/

https://kipsamericangraffiti.blogspot.com/2013/05/the-cars-pharaohs-51-merc.html

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Dick Landy e seu Dodge Coronet 1965

"Dandy" Dick e o Dodge Coronet Altered

Richard J. Landy foi um dos melhores pilotos de Stock Cars e Dragsters dos anos 1960 e 70. Apelidado de “Dandy Dick”, pois se vestia de forma elegante; ele e Ronnie Sox dominaram as pistas de arrancada com os carros da Chrysler equipados com os poderosos V8 Hemi de 426 polegadas cúbicas.

O Dodge Coronet 1965 teve o eixo traseiro movido para frente em 15 polegadas, enquanto o dianteiro foi avançado em 10 polegadas, criando uma distribuição de peso e equilíbrio mais competitivos, e foi o primeiro carro com especificações que vieram a se tornar a categoria dos “Funny Cars”.


O Dodge de Landy era um dos seis do programa AFX Dragster, que a Chrysler enviou para a Amblewagon, em Troy, Michigan, para a alteração da distância entre eixos, troca das janelas por Plexiglass, portas, capôs do motor e porta-malas, e até os para-choques e painel em fibra de vidro. As carroçarias sofreram um banho químico em ácido, que reduziram o peso em 200 libras (90 kg), ficando com 1280 kg, até abaixo do limite para a NHRA (National Hot Rod Association).


Os carros eram equipados com o V8 Hemi de 426 cid (7 L), e a transmissão podia ser uma manual de quatro marchas ou um Torqueflite automático reforçado. Ficou conhecido com a inscrição que carregava nas laterais: “Landy’s Dodge”, e seu histórico de competições é fabuloso: venceu 39 das 40 corridas em que participou. É considerado o carro de seu tipo (Altered) mais original que existe, sendo autenticado pelo próprio Dick Landy na década de 1990, confirmando as alterações que fez no carro, inclusive a lanterna traseira esquerda rachada. Além da Declaração de Origem do Fabricante, e documentos de propriedade, há um relatório do Chrysler Registry e um Blue Ribbon Award, concedido ao modelo no Meadow Brook Concours d’Elegance.



Dick Landy continuou correndo com carros da Chrysler até 1980, vencendo os eventos nacionais do NHRA, e conquistando os campeonatos da AHRA (American Hot Rod Association) em 1973 e 1974. Ele faleceu de insuficiência renal em 11 de janeiro de 2007, aos 69 anos.



Da minha coleção



O Dodge Coronet de Dick Landy é uma miniatura Hot Wheels, da série Car Culture: Dragstripe Demons, de 2009. Ela reproduz as características que Landy alterou, em especial os eixos avançados, o traseiro em 15 polegadas e o dianteiro em 10, ficando bem próximo do para choque.





O detalhamento é o tradicional da Mattel para a escala, e a decoração é bem fiel ao original, que não tinha tantos patrocinadores como outros na época.

Referências:

https://hotwheels.fandom.com/wiki/%2765_Dodge_Coronet

https://en.wikipedia.org/wiki/Dick_Landy

https://www.hemmings.com/stories/the-first-funny-car-dick-landys-dodge-hemi-coronet-heads-to-auction-in-florida/

https://www.throttlextreme.com/dandy-dick-landys-1965-dodge-hemi-coronet/

https://www.motorcities.org/story-of-the-week/2015/dandy-dick-landy-race-car-legend

terça-feira, 3 de junho de 2025

Oldsmobile 442 – 1967

Oldsmobile 442, 1964 Coupe

Em 1964, o Oldsmobile 442 foi a resposta desta Divisão da GM para confrontar a versão GTO da Pontiac, considerado o primeiro “Muscle-Car” americano. Baseado no Cutlass, os engenheiros John Beltz, Dale Smith e o chefe da divisão Bob Dorshimer colocaram o motor V8 de 330 cid (5,4 L) com um carburador quádruplo (identificado com a sigla L79), com um comando de maior abertura e outras modificações, levaram o motor para 310 hp a 5200 rpm, com 355 lb-ft de torque a 3600 rpm.

Uma suspensão reforçada com 30% a mais de rigidez, amortecedores HD, barras estabilizadoras de maior diâmetro, combinados com um câmbio Muncie M20, embreagem reforçada, relação de direção mais rápida, diferencial com relação de 3,36:1, escapes duplos, rodas HD 14x6, com pneus 7,5x14 US Royal 80XP Black com o charme do filete vermelho nas laterais.

Olsmobile 442, 1965

Este pacote recebeu a denominação de 4-4-2 veio da combinação do carburador quádruplo (4), transmissão manual de quatro velocidades (4) e escapamentos duplos (2). Fazia de 0-60 mph (0-96 km/h) em 7,5 segundos, o quarto-de-milha em 15,5 segundos a 90 mph (140 km/h) e chegava na velocidade máxima de 116 mph (185,6 km/h).

Em 1965 o motor de 330 cid foi substituído pelo novo 400 cid (6,5 L), com 350 hp, mantendo os números 4-4-2 se referindo às 400 cid, o carburador quádruplo, agora um Rochester de 515 cfm e os dois escapamentos. O câmbio podia ser um manual de três marchas com alavanca na coluna, ou manual de quatro marchas com alavanca no piso; e um automático Jetaway de duas velocidades como opcional. No meio do ano foi disponibilizado como opcional um câmbio HD da Hurst de três marchas com alavanca no piso.

Oldsmobile 442, 1966 Conversível

Nos anos seguintes, a potência dos motores foi subindo, com diversas combinações de transmissão, sendo os preparados pela Hurst ganhando espaço entre os compradores; freios da disco dianteiros eram uma nova opção. O pacote W30, com um V8 de 455 cid (7,5 L), com 370 hp, alimentado com mangueiras que captavam o ar fresco na grade dianteira, foi construído para atender às regras da NHRA, oficialmente 502 unidades foram fabricadas pela GM, mas um número desconhecido foi montado pelas concessionárias

Oldsmobile 442, 1967


Até o final de 1967, a primeira geração do Oldsmobile 4-4-2 acabou sendo equipada com os diversos itens de segurança ditadas pela legislação federal americana, como a coluna de direção absorvente de energia em caso de choques, assim como o volante cônico, painel acolchoado, com botões embutidos para evitar ferimentos nas colisões, pisca-alerta e sistema de freios com circuito duplo.



Da minha coleção

Oldsmobile 442, 1967. Hot Wheels, Serie Muscle Mania - GM, 2012


O Oldsmobile 442 é um Hot Wheels, da Série Muscle Mania – GM, de 2012; projeto do designer Brendon Vetuskey, da Mattel. Reproduz o modelo de 1967, com duas portas sem a coluna B. O design marcante dos quatro faróis dianteiros, separados pelas luzes dos piscas, acabou se perdendo um pouco na falta de detalhamento, e a decoração simples, assim como as rodas comuns a outros modelos tiram um pouco do charme deste muscle-car.






Referências:

https://hotwheels.fandom.com/wiki/%2767_Oldsmobile_442

https://en.wikipedia.org/wiki/Oldsmobile_442

https://oldsmobility.com/old/67biography.htm