domingo, 11 de janeiro de 2015

Scrambler, estilo aventureiro resgatado pela Ducati


Na Inglaterra de 1909, competições de moto começavam a ficar famosas, entre elas o famoso Six Days Trial Escocesa, considerada por muitos como a  mais antiga competição de motos do mundo. Por seis dias, um percurso de cerca de 100 quilômetros misturando asfalto e terra testavam a capacidade tanto das máquinas como a habilidade e resistência dos pilotos.
Em 1924, surgiu a expressão "motocross" para nomear estas corridas, juntando-se a palavra "moto" e "cross" oriunda do termo "cross-country", emprestada do hipismo. Durante as décadas de 1930 e 1940 o esporte se desenvolveu em popularidade, tendo consagrados marcas tais como a BSA (Birmingham Small Arms Company),  Norton, Matchless e AJS.
As motos ainda não eram tão diferenciadas dos modelos de rua, mas com o aumento de competitividade imposto pela supremacia esportiva, já na década de 1950, os quadros começaram a ser reforçados, as suspensões ganharam curso maior e mais eficiência (surgiu a balança de suspensão traseira), os pneus começaram a apresentar desenhos especiais na banda de rodagem, para melhor aderência em pisos de terra, cascalho e areia.
Com a desmilitarização do famoso Jeep usado na II Guerra, ganhando as ruas para trabalhar no campo e usar toda sua capacidade de enfrentar terrenos difíceis, as pessoas gostaram da idéia de chegar a lugares em que carros e motos comuns não conseguiam atingir, devido às condições adversas do terreno depois que o asfalto acabava.o asfalto quanto fora dele.
Estava criado o conceito dos 4x4 ou "fora-de-estrada" para os carros e o Scrambler ou Trail para as motos.
A expressão "scrambler" tem origem na eletrônica e designa um aparelho que mistura as frequências. Foi com base neste conceito que passou a designar motocicletas que misturavam a capacidade de andar tanto na terra como no asfalto.
Os anos 1960 ainda foram dominados pelas marcas européias, sobretudo as inglesas, italianas e alemãs, e as motos Scramblers ainda não eram tão diferenciadas de suas irmãs para o asfalto. Somente com a chegada das japonesas aos mercados mundiais o design delas começou a se destacar, com suspensões mais elevadas, altura livre do solo, escapamentos elevados (para cruzar pequenos riachos sem que a água entrasse no motor), pneus com "biscoitos" para maior aderência nos pisos de terra.
Os grandes fabricantes desenvolveram máquinas para Motocross, Enduro para competições de Rally e as Trails ficaram no mercado que usavam as máquinas para cidade/campo.
Assim como os proprietários dos SUV's que tem toda a capacidade de enfrentar um lamaçal e sair dele, mas que nunca vão sair do asfalto, as motos Trail também foram se urbanizando cada vez mais, tomando um caminho de volta, adaptando-se mais a rodar na cidade do que no campo. O visual ainda se mantinha "trail", mas as suspensões já não eram tão altas, os pneus principalmente ficaram mais adequados aos pisos urbanos, com menos "biscoitos" na banda de rodagem.
No entanto, o embalo do estilo aventureiro lançado pela FIAT com os modelos 'Adventure' e VW com a linha 'Cross' ainda se mantém forte. Os consumidores anseiam descobrir um lugar pitoresco, pouco visitado e muitas vezes de difícil acesso para ter a sensação de estar desbravando algo novo, descobrindo lugares não muito frequentados, ainda não tocados pela mão da civilização.
Virou um estilo de vida, assim como muitas coisas que consumimos, apenas aparentamos ser "aventureiros", sem nunca encarar uma estrada de terra para chegar no alto da montanha...

De todo modo, pelo lado do Design, temos o relançamento da Ducati Scrambler, que não é a mais veloz, nem a mais bonita, mas que resgata a personalidade da original, famosa nos anos 1960 e 1970.
Iinclusive, tem uma plaqueta no tanque com a inscrição "Born in 1962", mas o motor agora é o dois cilindros em L com comando desmodrômico e refrigeração a ar e óleo, prometendo alto desempenho. A potência chega a 75 hp com 22 quilos de torque. Seu câmbio tem seis marchas e rodas aro 17 calçadas com os Pirelli MT60 RS; freios Brembo com discos de 330 mm com quatro pistões tanto na dianteira como na traseira, e ABS de fábrica. Com toda esta tecnologia, mesmo usando muito alumínio, pesa 170 quilos. Para um consumidor cool, que não abre mão da personalização, a Scrambler vem em quatro versões com certa customização: Icon, Full-Throtle, Classic e Urban Enduro; mas seu proprietário poderá fazer alterações mais avançadas, deixando a moto com mais exclusividade ainda.
Já virou objeto de desejo...