sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Carros e Filmes: Mustang Fastback 1967 - The Fast and the Furious: Tokyo Drift

O Ford Mustang Fastback 1967 era formalmente de propriedade do Major Boswell (Brian Goodman), pai de Sean Boswell (Lucas Black). O Major reformado vivia em Tóquio, separado de sua esposa e filho, que devido aos problemas em que se metia, obrigava a mãe a sempre estar mudando de cidade porque ele era expulso das escolas que frequentava. Após uma das trapalhadas de Sean, sua mãe o envia para viver com o pai, como último recurso para endireitar o rapaz.
No Japão, Sean conhece Twinkie (Shad Moss), um imigrante americano que vende produtos de segunda mão e dirige uma van VW Touran.
Apresentado por ele ao mundo das corridas de rua de Tóquio, apesar de sua proibição de correr, desafia Takashi (Brian Tee), que é sobrinho de um chefão da Yakuza, a Máfia japonesa. Sean descobre que sua técnica de nada serve no mundo do drift. Fazendo amizade com Han Seoul-Oh (Sung Kang), que lhe empresta seu carro para correr, perde feio e destrói o veículo, justamente o Nissan Silvia, cujo motor será transplantado para o Mustang de seu pai. Sean passa a fazer alguns trabalhos para Han, para pagar o prejuízo que dera a ele.
Sean quer uma revanche com Takashi e Han o treina nas técnicas de Drifting. Envolvendo-se com Neela (Nathalie Kelley), namorada de Takashi, vão para um “tudo ou nada” nas estradas de montanha onde os “drifters” disputam suas corridas ilegais.

O Mustang teve seu V8 substituído pelo motor RB26DETT (RB era o código do motor, 26 era a cilindrada de 2,6 litros, D significava Dual Overhead Camshaft, E refere-se à Electronic Multi-point Injection e TT significa Twin Turbo) do Nissan Skyline R43 2001 (Silvia no Japão). Este motor era um seis cilindros em linha, 2,6 litros, duplo comando de válvulas no cabeçote, injeção eletrônica multiponto, com dois turbo compressores, produzindo cerca de 280 hp; no entanto, não foi surpresa que a potência real deste motor atingia 340 hp a 7.300 rpm e 264 lb-ft (libras-pé) de torque a 5.950 rpm. Alguns preparadores conseguiam tirar até 850-1000 hp, mostrando o potencial do motor.
O motor do Nissan no cofre do Mustang e o seu interior.
Criticado pelos amantes dos muscle-cars americanos, também o foi pelos fãs do Drift que acharam uma heresia implantar o coração japonês num carro “antigo” americano. Um dos motivos é que os ‘drifters’ consideravam o motor do Nissan o máximo em tecnologia, e torceram o nariz para o transplante feito no filme.
A preparação do carro para o filme incluiu a troca do tanque de gasolina “Fuel Safe” na traseira, a troca do câmbio pelo de 5 velocidades de um Nissan Skyline 1998 GTS, combinado com o diferencial de 9 polegadas da Currie Enterprizes; rodas JDM Volk GT-7 de 19 polegadas e sete raios, calçadas com pneus Toyo Proxes T1R de 10 polegadas na traseira e 9 na dianteira. Os freios receberam um kit Willwood com pinças de 4 pistões na dianteira e 2 pistões nas traseiras, a Global West forneceu novos braços superiores e inferiores, subframe e novas molas, enquanto a KYB entrou com amortecedores de alta performance.
Mustang Fastback 1967

Outros detalhes incluem um Sparco Intercooler, radiador BeCool, Coletor de escape GReddy  e escapamento N1-Style Megaflow. O sistema de alimentação foi mantido original, mas toda a tubulação foi trocada por uma de aço inox da Earl. Era estranho ver o Mustang roncando como um furgão de entregas da UPS (famosa empresa de logística dos EUA), mas a performance da inusitada combinação mecânica era fantástica (a sonoplastia do filme foi toda refeita para dar mais sentido durante as filmagens). Fazia de 0-60 mph em 5.4 segundos e completava o quarto-de-milha em 13.5 segundos a 109,8 mph.
O interior foi mantido original, apenas equipado com bancos originais da Year One e cintos de segurança da Diest Seatbelts. O volante veio da Flaming River e os instrumentos do painel da Auto Gauge. Apesar do câmbio japonês, a alavanca era da Hurst americana, sendo instalado ao seu lado a alavanca adaptada para as manobras do drifting.
Foram preparados três carros para as filmagens, sendo que apenas um teve o motor transplantado do Nissan. Os demais eram equipados com um tradicional Ford Windsor V8 de 430 polegadas cúbicas (1) e câmbio de 4 marchas manual. Com 375 hp nas rodas, era fácil fazê-lo deslizar nas curvas. Fazia de 0 a 60 milhas/hora em 6,7 segundos e o quarto-de-milha em 14,7 segundos, chegando a 96,7 milhas/hora. Um dos motivos para as críticas dos nipônicos (além da troca dos motores) era que justamente o carro com o motor Nissan nunca participou das filmagens, e todas as tomadas em que o Mustang apareceu foram feitos com os carros equipados com o tradicional V8 americano.
A produção do filme levou cerca de dois meses para preparar todos os carros para as filmagens. No total, havia mais de 200 carros para as tomadas, de todas as partes do mundo. Somente do Nissan 350Z havia 11 exemplares, todas com volante à direita, comprados no Japão mesmo, e três deles foram usados nas cenas em que sofrem acidentes.
O filme contou com a consultoria de notáveis drifters como Keiichi Tsuchiya (com direito a uma ponta como um pescador, conhecido como “Drift King” e vencedor da classe LMGTP das 24 Horas de Le Mans em 1999), Rhys Millen e Samuel Hubinette, para orientar a produção e treinar os dublês Tanner Foust, Rich Rutherford, Calvin Wan e Alex Pfeiffer; já que os atores não poderiam aprender as técnicas em tempo para as filmagens.
A pintura verde lembrava o Mustang usado por Frank Bullit, e recebeu faixas brancas que remetem à decoração da equipe oficial da Ford e muito usadas nos carros preparados por Carol Shelby.

EM ESCALA




O modelo em escala 1:18 da ERTL representa bem o Mustang Fastback 1967 de “Tokyo Drift”. As rodas especiais e a pintura lembrando o Mustang de Frank Bullit e o nível de detalhamento é muito bom. Abrindo o capô do motor, encontramos o V8 americano no lugar do 6 cilindros do Nissan. Esta réplica representa um dos carros equipados com o motor V8, que participaram da filmagem propriamente dita, deslizando nas encostas contra o Nissan 350Z de Takashi.


NOTA: (1) O motor FORD Small Block Windsor é de uma familia de motores com várias cilindradas, de 221 cid a 351 cid, equipou vários carros da montadora de 1961 até o ano 2000. Não encontrei referências deste motor com a cilindrada de 430 cid, mas preparadores independentes relatam capacidades de 427 e 461 cid, o que pressupõe que os Mustangs receberam um motor preparado em oficina independente.



quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Carros e Filmes: BMW Z3 Roadster em Goldeneye, de James Bond

O BMW Z3 M foi o primeiro BMW roadster, depois de muitos anos (houve o 507 nos anos 1950), e também  primeiro modelo a ser produzido nos Estados Unidos.
O modelo Z3 de 1995 levava o código E36/7, ao passo que o E36/8 refere-se à variante lançada em 1999. A designação dada pela letra “Z” (denominando os modelos Z1, Z2, Z3, Z4 e Z8) refere-se à Zukunft, que em alemão, significa “Futuro”.
O modelo foi apresentado à imprensa através de um lançamento em vídeo pela BMW North América, em 12 de junho de 1995, e o modelo teve uma participação no filme de James Bond, Goldeneye (lançado em 17 de novembro de 1995). Karen Sortito foi a responsável pela campanha de publicidade, e as vendas do modelo como aparecia no filme cravaram a preferência nos pedidos da montadora.
Em 1996, mais de 15.000 exemplares foram vendidos, e um leve facelift foi realizado no modelo de 2000. O BMW Z3 teve sua produção encerrada em 2002, quando foi substituído pelo modelo BMW Z4.

O CARRO
O BMW Z3 Roadster veio a ser desenvolvido sob a direção do Dr. Burkhard Göschel por 38 meses. O exterior foi desenhado por Joji Nagashima do BMW Design Team em julho de 1992, sendo aprovado em 1993 para receber o codinome da plataforma E36 para produção planejada para iniciar em setembro de 1995. A suspensão traseira de semieixos foi baseada no BMW E30 e não do E36. As patentes dos desenhos foram registrados na Alemanha em 02 de abril de 1994 e nos Estados Unidos em 27 de setembro de 1994.
A produção do facelift começou em abril de 1999, para ser lançado como ano-modelo 2000. As mudanças incluíam um novo motor e alterações cosméticas, mas que não foram aplicadas nos modelos Z3M, que teve poucas mudanças e um motor diferente. Estas mudanças não atenderam muito as expectativas dos clientes, porque o interior do Z3 não era o que eles esperavam do padrão BMW.
Por exemplo, o vidro traseiro da nova geração do Mazda Miata lançado em 1999 era de vidro, ao invés de plástico. Este facelift procurou atualizar o visual e melhorar a qualidade dos materiais utilizados.

MOTORES
Os Z3 com motores de quatro cilindros tinham apenas um escape de saída única, ao passo que os de seis cilindros tinham duas saídas e arcos nas caixas de rodas e para-choques com design diferenciado. Estas alterações não incluíam a versão do Z3M, que tinha quatro saídas no escape. Bostongrün, Montrealblau, Alpinweiss, Cosmosschwarz, Atalantablau, Dunkelgrün, Arktiksilber, Hellrot, Estorilblau, Dakargelb, Titansilber, Siennarot, Topasblau, Oxfordgrün II, Sterlinggrau, Saphirschwarz, Schwarz II são as cores aplicadas no Z3 Coupé e Roadster.

ROADSTER (Setembro 1995-2002)
Z3 com o teto hardtop opcional.
O BMW Z3 (E36/7) entrou em produção em setembro de 1995 como um modelo 1996, com o primeiros motores sendo o 1.8 e 1.9 litros. Um motor 2.8 foi acrescentado em 1996. O Z3 podia ser encomendado com um teto hardtop, que era afixado em pontos específicos da carroceria.
1.8 L, 1.9 L and 2.0 L
Equipamento padrão incluía a caixa manual de 5 marchas, ABS, direção assistida, airbag para o motorista, espelhos com controle elétrico, uma capota simples conversível e rodas de 15 polegadas. Os opcionais incluíam uma caixa automática de quatro marchas (descontinuada em 1998), controle automático de estabilidade, ar condicionado, capota com controle remoto elétrico, assentos de couro e rodas de liga de 16 polegadas. Em alguns países, não estava disponível o acabamento dos assentos em couro. O motor 1.8 e o 1.9 com quatro cilindros em linha foram vendidos somente na Europa e algumas partes da Ásia.
Depois do facelift, o motor 1.8 litro foi substituído pelo 1.9. O novo 2.0 litros produzia 10 hp a mais que o 1.9, e trazia as rodas de 16 polegadas como padrão. O motor 1.8 litro produzia 114 hp e 168 Nm de torque, que levava o Z3 de 0-60 mph num tempo perto de 10 segundos.
Do lançamento em 1995 até 1998, as versões 1,8 e 1,9 venderam respectivamente 29.509 e 76.063 unidades.

007 BOND EDITION
Um BMW Z3 Roadster azul (ainda protótipo) foi cedido para as filmagens do filme de James Bond, Goldeneye, no Leavesden Aerodrome, em janeiro de 1995. O carro apareceu numa cena em que Bond o dirigia em Cuba; e teve uma controvérsia destacada, pois era o primeiro carro não-britânico a aparecer um filme de Bond, e também o primeiro a não ser destruído no final das cenas.
No filme, o carro era equipado com mísseis camuflados por trás dos faróis, um freio de emergência por paraquedas e um scanner-radar exibido numa tela LCD no painel do carro. Também havia o assento do passageiro ejetável (mostrado durante a cena de briefing) e um sistema de autodestruição.
O Z3 de Bond estava disponível para compra no Neiman Marcus Christmas Catalog por US$ 35,000. A BMW e a Neiman Marcus tinham planejado vender 20 unidades do BMW Z3 Bond Edition, mas no final, acabou recebendo 100 pedidos de compra. O Z3 trazia uma placa comemorativa, um sistema Hi-Fi com subwoofer e CD Player, telefone, bancos em couro bege, tapetes com o logo “007 Bond”, um defletor no para-brisa, rodas especiais e manopla da alavanca de câmbio em madeira, assim como detalhes em madeira no console central e no volante. A cor foi denominada Bond Blue Gray. Os compradores também podiam escolher entre uma transmissão manual ou automática.

EM ESCALA
O BMW Z3 M Roadster feito pela italiana Bburago na escala 1:18 (23 cm de comprimento) reproduz de maneira bem fiel o modelo real, com abertura das portas, capô dianteiro e porta-malas, rodas dianteiras que esterçam, pneus em vinil e interior bem detalhado, assim como o compartimento do motor.
A Eaglemoss Publications colocou no mercado inglês (publicada também na França, Finlândia, Alemanha, Holanda e Brasil) uma série de 134 fascículos com todos os carros dos filmes de Bond, cuja base era um diorama de uma das cenas em que os modelos apareciam nos filmes. A maioria da coleção eram modelos da Universal Hobbies, mas a linha foi complementada com exemplares da IXO, e na França, foram usados exemplares da Eligor e Norev. Um detalhe interessante é que o MP Lafer, réplica brasileira do MG TD inglês consta na coleção, pois no filme Moonraker houve uma tomada de Bond no Rio de Janeiro, em que a produção utilizou o Lafer nas filmagens na praia de Ipanema.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Carros e filmes: The Fast and the Furious I

Já considerada uma das franquias mais longevas (e lucrativas) do cinema, Velozes e Furiosos (The Fast and the Furious) alavancou as carreiras de Vin Diesel e Paul Walker, junto com seus pares nos vários filmes desde 2001.
Explorando o universo dos carros preparados para as corridas de rua, o primeiro filme foi baseado num artigo intitulado "Racer X", escrito por Ken Li, em que jovens de Nova York disputam corridas de rua ilegais com carros japoneses preparados com turbo e óxido nitroso, mais conhecido como "NOS" (Nitrous Oxide System).
A produção da Universal mudou o cenário para as ruas de Los Angeles, onde Dominic Toretto (Vin Diesel) e sua gangue são suspeitos de roubarem cargas de aparelhos eletrônicos de caminhões nas estradas da California. O diretor Rob Cohen (The Skulls, Dragon: The Bruce Lee Story) ficou interessado no tema depois de ler o artigo na edição de maio de 1998 da revista Vibe. O roteiro sobre corridas de rua, as pessoas e seu estilo de vida foi desenvolvido a partir de suas idéias com os roteiristas Gary Scott e David Ayer. Ele até participou de uma delas para uma primeira experiência real. O título variou durante o projeto, entre Racer X, Redline e Race Wars, antes de assumir o definitivo. The Fast and the Furious era de um filme de 1955, escrito por Roger Corman, e Cohen adquiriu os direitos para usar o nome e o projeto seguiu adiante.

As filmagens aconteceram em várias locações na California, em Los Angeles, no Dodger Stadium, em Angelino Heights, Silver Lake e no Echo Park; bem como na Little Saigon e no San Bernardino International Airport (onde ocorre a Race Wars), reunindo mais de 1500 carros tunados importados e seus proprietários, além dos entusiastas, que participaram como extras.
Brian O'Conner (Paul Walker), é um agente do FBI que se infiltra neste mundo como mais um jovem em busca de emoções, trabalhando junto com a polícia de Los Angeles. Ganhando a confiança de Toretto, acaba se apaixonando por Mia (Jordana Brewster), irmã de Dom.
Dom tem uma rivalidade com Johnny Tran (Rick Yune), da comunidade chinesa, e todos vão para a Race Wars, um festival de arrancadas num velho aeroporto desativado. Jesse (Chad Lindberg) quer libertar seu pai da prisão e aposta o seu carro para conseguir dinheiro e pagar um advogado. Corre contra o Honda S2000 de Johnny Tran e acaba perdendo seu Jetta. Desesperado, não volta, e foge para longe; Johnny Tran vai cobrar a aposta de Dom e ameaça matar Jesse quando o encontrar.
A gangue de Dom parte para um assalto, e Brian descobre que os caminhoneiros estarão preparados para revidar qualquer tentativa de assalto. Tentando proteger Dom e seus parceiros, Brian convence Mia a avisá-los em tempo, mas o assalto é frustrado e Dom vai buscar o Dodge Charger que ele e seu pai haviam preparado para procurar Jesse e impedir Johnny Tran de matá-lo. Nesta hora, Jesse chega, se desculpando pelo que aconteceu, mas Johnny Tran e seu primo Lance Nguyen (Reggie Lee) chegam em motos e metralham todos, matando Jesse. Dom e Brian saem em perseguição dos assassinos, Dom joga Lance para fora da pista e Brian acaba atirando em Johnny Tran, matando-o.
Brian e Dom empreendem então uma perseguição, que termina com um racha final, escapam de um trem numa passagem de nível, mas Dom colide com um caminhão e decola com o Charger, capotando várias vezes e destruindo o carro.
Ao invés de prendê-lo o policial Brian deixa Dom escapar no seu carro, pois estava "devendo" um carro de '10 segundos' que Dom havia ganho de Brian na primeira disputa que fizeram.

IMPACTO COMERCIAL
A franquia da série se mostrou bastante rentável, e o faturamento comercial não pode ser deixado de lado para a sobrevivência de uma boa idéia. Não foi diferente com Velozes e Furiosos. A divulgação dos carros importados preparados e a cultura Tuning, associada à música eletrônica, hip-hop e rap, com Ja Rule (nome artístico de Jeffrey Atkins, rapper indicado ao Grammy em 2002) fazendo uma ponta como Edwin.
Desde o primeiro filme, carros japoneses e marcas de equipamentos de preparação (ou tuning) aparecem em profusão, mas o caso da cerveja Corona, a preferida por Dom, merece consideração.
Denominada Product Placement (ou Merchandising para os mais antigos), é a inclusão de produtos ou marcas em filmes, programas de TV, livros, séries, ou qualquer outro conteúdo de entretenimento. Coca-Cola, Apple, McDonald’s, carros e eletrônicos são presenças comuns em vários filmes, inseridos em situações comuns da vida dos personagens que estão atuando nas películas.
A Corona aparece pela primeira vez pouco depois de 30 minutos do primeiro filme, durante a festa na casa de Toretto. Mais do que estar na mão dos convidados, Dom pega a cerveja de Vince e oferece para Brian, dizendo: “Pode tomar qualquer cerveja, desde que seja uma Corona”.

Feita no México, a Corona se tornou, em 2015, a quinta cerveja mais vendida nos Estados Unidos, e a cerveja importada mais vendida naquele país, com 49% do mercado. Claro, esta ação promocional não foi a única responsável por isso, mas teve um papel fundamental para popularizar a marca entre os jovens americanos. Segundo uma pesquisa de mercado, ela se tornou a cerveja mais consumida entre os jovens de 21 a 35 anos em todas as regiões do país (não apenas do sul, onde há uma forte influência da cultura mexicana e do clima mais quente). É só fazer as contas: em 2001, jovens de 15 a 18 anos hoje estão com 30 a 33 anos, consumindo bastante as marcas que os impressionaram na juventude.


DODGE CHARGER 1970
Baseado na plataforma do sedã intermediário Coronet, da Dodge, o Charger surgiu em 1966, pegando a onda dos muscle-cars, compactos com um grande motor V8.
Seus faróis eram escondidos na grade, que abria a cobertura quando acionados, e o teto tinha uma caída mais inclinada (fastback) com o prolongamento das colunas laterais.
O Charger básico vinha com o V8 de 318 cid (5,2 litros) de 230 cv, mas havia opções do V8 361 cid (5,9 litros) de 265 cv; o V8 de 383 cid (6,3 litros) de 325 cv e o Hemi (cujo cabeçote tinha as câmaras de combustão no formato hemisférico) de 426 cid (7 litros) de 425 cv. O câmbio podia ser manual de três ou quatro marchas ou o automático Torqueflite 727 de três. Um ano depois (1967), o V8 440 Magnum (7,210 litros) ofereceria 375 cv a 4600 rpm, com um torque máximo bruto de 66,3 m.kgf a 3200 rpm; alimentado por um carburador de corpo quádruplo. Apesar de menos potente que o Hemi, o 440 Magnum ganhou a preferência do mercado por ser mais robusto  ̶  ele era derivado dos propulsores dos utilitários da Chrysler  ̶  era mais barato e tinha melhores respostas em baixa rotação. Vinha com instrumentação completa no painel, com manômetro de óleo e conta-giros, além de alguns cromados na carroçaria, discos de freio maiores, barras estabilizadoras de  maior diâmetro na suspensão e o teto revestido de vinil.
A suspensão dianteira era com barras de torção e traseira de eixo rígido com molas semi-elípticas assimétricas. As rodas de liga eram calçadas por pneus F70-14. Media 5,28 m de comprimento, com entre-eixos de 2,97 m, pesando 1.970 kg. Equipado com o motor 440 cid, atingia 250 km/h de máxima, fazendo de 0-96 km/h em 6,0 segundos, cumprindo os 400 m em 13,8 segundos. Em 1968 o seis cilindros de 3,7 litros complementou a oferta de motores na linha.
Neste ano, uma curvatura levantando os para-lamas traseiros suavizou o design e ficou conhecida como “Coke Bottle”, em referência à curvatura da garrafa de Coca-Cola.
A partir de 1971, uma nova geração com largas colunas traseiras e frente remodelada chegou ao mercado, e nos anos seguintes, as restrições contra as emissões e a crise do petróleo de 1973 diminuiram o brilho esportivo dos Charger.
O modelo usado por Dominic Toretto no primeiro filme da franquia “Velozes e Furiosos”, era um modelo 1970, equipado com um motor Hemi V8 a 90º de 440 cid (7210 cc), que gerava  900 hp a 5000 rpm. O câmbio manual de quatro marchas transferia a potência para as rodas traseiras e a alavanca do câmbio era um cabo de pistola. Dom e seu pai instalaram uma grade de aço inox na frente, o compressor saindo do capô e o sistema de Nitro (NOS – Nitrous Oxide System), e a gaiola de tubos para proteção do piloto em caso de acidentes. 
Para as tomadas de perseguições, foram usados outros carros, um deles era um modelo 1968, atualizado para 1970, mas com um motor V8 de 383 cid com preparação MOPAR e equipado com cilindros de Óxido Nitroso (NOS). O compressor BDS 8-71 Roots que saía do capô do motor era falso, acionado por um motor elétrico, apenas para as filmagens. Este exemplar foi destruído no final do primeiro filme, decolando e capotando espetacularmente no final do racha de Dom contra Brian no Toyota Supra.
Segundo contado no filme, o Dodge Charger R/T fazia o quarto-de-milha em nove segundos, e foi preparado pelo pai de Dominic Toretto, correndo no Los Angeles County Raceway. Quando seu pai foi morto num acidente causado pelo piloto Kenny Linder, Toretto espancou Linder quase até à morte com uma chave inglesa, culpando-o pela morte do pai; passando dois anos na prisão por conta disso. Ele recusou-se a dirigir o Charger pois temia o poderio do carro, ficando parado na garagem de Toretto até então. 

O carro foi restaurado completamente e a Universal Studios o vendeu para o Volo Auto Museum, onde está exposto para admiração dos aficionados por carros e cinema. Este exemplar é um dos quatro construídos para o filme, um modelo 1969 transformado para 1970; e era o "hero car", o carro para as tomadas estáticas, close-ups e as cenas em que não era pilotado. Os exemplares “dinâmicos” com a mesma aparência tinham uma motorização menos preparada, de menor custo, já que alguns iriam ser destruídos nas filmagens.
Como os estúdios acabam vendendo os itens dos filmes como sucata (como no caso do Dodge capotado na cena final), interessados podem adquirir um item e reformá-lo, mesmo a um custo acima do normal, apenas porque é um exemplar usado no filme e pode ter recebido um certificado de autenticidade do estúdio para comprovar a origem do carro.
Relatos sobre um destes Dodge, que foram construídos pela Cinema Vehicles Services, informam que ela restaurou um exemplar, inclusive com alguma melhorias nas especificações. A Mecum Auctions, em 2009, leiloou um exemplar do primeiro filme, e de acordo com os documentos, o motor de 392 cid foi trocado por um de 529 cid (8,65 litrtos) feito a partir de um 426 cid, ampliando o curso, tendo cabeçotes Indy e compressor mecânico TBS. A alimentação ficou por conta de um sistema de injeção eletrônica FAST, além do NOS (Nitrous Oxide System) instalado no porta-malas, que garante cerca de 250 cv adicionais on demand.

O resultado? Algo entre 950 e 1.100 hp com o NOS ativado. O carro recebeu também uma transmissão TorqueFlite TCI 727, de duas marchas, além de um diferencial Strange com relação final de 3,73:1, e freios a disco Willwood nas quatro rodas. Este carro teria sido comprado por um colecionador italiano que mora na Suíça, e não tem medo de explorar o potencial do “carro de dez segundos” de Toretto em eventos de arrancada, que se tornaram comuns no velho continente. Na época, ele pagou US$ 200 mil (R$ 710,000 pela cotação de 3,55 do dólar em Nov/2016).
O Dodge Charger participou de diversos filmes no cinema e seriados de TV. Podemos citar Bullit, com a perseguição mais famosa do cinema pelas ruas de São Francisco, onde Frank Bullit (Steve McQueen), com seu Mustang 390, persegue o Charger R/T. Blade (1998) e Blade II (2002) conta com um Charger preto em algumas sequências; em Christine, o Carro Assassino, um belo Charger azul surge em algumas cenas. Na TV, no seriado The Dukes of Hazzard (Os Gatões, no Brasil) o Charger 1969 laranja denominado General Lee rouba as cenas de perseguição do xerife Rosco atrás de Bo, Luke e Tio Jesse, na cidade de Hazzard.


EM ESCALA



O Charger 1970 feito pela ERTL na escala 1:18 é licenciado oficialmente pela franquia dos filmes e reproduz com bastante fidelidade o carro de Dom Toretto. O Blower saindo do capô e detalhes do motor com os cabos das velas são perfeitos. As portas e capô dianteiro se abrem, as rodas dianteiras esterçam, o interior é bem detalhado também, assim como o chassi na parte inferior do modelo.


TOYOTA SUPRA 1993
O modelo usado no filme foi construído por Eddie Paul da The Shark Shop, de El Segundo, California. Eddie, de 40 anos, tem larga experiência em criar carros para produções cinematográficas, coordenar dublês em perseguições e criação de efeitos especiais, e foi uma escolha natural para participar na preparação dos carros tunados de The Fast and the Furious.
Era equipado com o motor 2JZ-GE seis cilindros em linha, duplo comando com abertura variável e 24 válvulas, com 3.0 litros e 324 HP a 5600 rpm, câmbio manual GETRAG de 5 marchas, dupla turbina sequencial da Turbonetics T-66 com válvula de alívio Delta II. Sem o limitador de velocidade (250 km/h nos países que impunham o limite), atingia 285 km/h, e acelerava de 0-100 km/h em 4.6 segundos.
Os cabeçotes RPS eram feitos de aço inox revestidos pela HTC, alimentado por um sistema Holley Performance de Óxido Nitroso (NOS) que adicionava mais de 100 hp quando acionado, controlador da Pro-Fec B; coletores de admissão da Airinx, escapes da GReddy Power Extreme Exaust. Embreagem de competição Estagio III e volante do motor aliviado de 5 kg, e suspensão preparada pela Eibach, rodas de 19” Dazz Racing Hart com pneus Yokohama. O painel de instrumentos tinha medidores de velocidade, conta-giros, pressão do óleo, temperatura da água e voltímetro da Auto Meter. Era equipado com um volante e bancos de competição Sparco, um body kit Bomex customizado, com um enorme aerofólio da APR na traseira, faróis de neblina Roadboy, com grafismo produzido pela Modern Image de San Diego, California.
Em maio de 2015, o exemplar do primeiro filme foi leiloado pela Mecum Auctions, por 185,000 dolares.
EM ESCALA



O Toyota Supra feito pela ERTL/Joy Ride na escala 1:18 reproduz fielmente o carro de Brian O’Connor. Com abertura das portas, capô e porta-malas, o teto targa removível, motor bem detalhado, com cabos de velas, traz as garrafas de NOS no porta-malas e as rodas dianteiras esterçam. O interior traz cintos de segurança de competição, o enorme aerofólio traseiro chama a atenção, junto com os escapes esportivos finalizam o conjunto com os grafismos.

SOBRE PAUL WALKER
Paul William Walker IV (12/09/1973-30/11/2013) tornou-se conhecido do grande público interpretando o detetive do FBI Brian O’Connor, e sempre esteve em todos os filmes da franquia. Em 30 de novembro de 2013, sofreu um acidente com seu Porsche e veio a falecer com o choque contra uma árvore e posterior incêndio do veículo. Ele ocupava o lugar de passageiro no Porsche Carrera GT pilotado pelo amigo Roger Rodas, de 38 anos, que também morreu no choque. Eles haviam saído do evento beneficente de sua organização Reach Out Worldwide, que tinha como objetivo angariar fundos para socorrer as vítimas do tufão Haiyan, que atingiu as Filipinas. O carro se incendiou após bater em um poste de iluminação e depois numa árvore. O xerife de Los Angeles informou que “a velocidade foi um fator no acidente” e a perícia avaliou que o carro estava numa velocidade entre 130 e 150 km/h. Paul Walker era separado da mulher, Rebecca Walker, e deixou uma filha, Meadow, de 15 anos.