quinta-feira, 25 de abril de 2024

Team Transport – Porsche 962 – Fleet Flyer # 6


Em 2018, a Mattel lançou a Série dos Team Transport, conjuntos de dois veículos, um automóvel de linha já existente, com decoração de corrida, e um veículo de transporte que o levava para os autódromos para as competições. Este Set foi o sexto lançado em 2018, e o visual remete à MOMO Racing Team, se ela participasse de corridas.

A história do Porsche 962 começa na realidade em 1975, quando a Porsche apresentou o Porsche 936, sucessor do vitorioso 917, aposentado em 1971, no World Sportscar Championship. A designação 936 vinha do motor turbo modificado do Porsche 930, que competia no Grupo 6, dos Carros Esporte-Protótipos.

PORSCHE 936

Porsche 936, vencedor em Le Mans, 1976

Sua configuração aberta de dois lugares era equipada com um motor Flat-6 com turbo único, cabeçotes de duas válvulas, refrigerado a ar, com 2.140cc (equivalente a 3.000cc, segundo o regulamento na época), gerando 540 cv a 8000 rpm, com 356 ft-lbs a 6000 rpm de torque. O câmbio tinha cinco marchas, diferencial de deslizamento limitado. O chassi era um desenvolvimento do tubular aplicado no 917, e o design da carroçaria tinha laterais mais retas e seguia os princípios aerodinâmicos do 917 LH, mais longo do que os 917 iniciais.

De 1976 a 1981, a Porsche venceu três vezes as 24 horas de Le Mans, com Jacky Ickx (76, 77 e 81) com o 936, cada ano com um chassi diferente, e a Porsche não disponibilizou o 936 para equipes independentes, mas a Porsche cedeu à equipe Joest Racing um chassi de reserva e peças sobressalentes, e ela montou um carro que foi designado como Porsche 936C JR005 e correu algumas provas com ele. A Kremer Racing recebeu os projetos do 936 para recriar um exemplar modificado com as especificações de 1981, chamado chassi CK5 01, para a temporada de 1982. Estes últimos receberam modificações na carroçaria, deixando de ser modelos abertos e seguindo o design do novo Porsche 956.

O 936 vencedor em Le Mans, 1977

O 936 vencedor em Le Mans, 1981


PORSCHE 956 E 956B

O Porsche 956, no Museu em Sttutgart,
demonstrando o efeito-solo

Para 1982, a Porsche apresentou o sucessor do 936, com a sigla 956, equipado com o motor do 936/81, mas ampliado para 2.650cc preparado para a Fórmula Indy, gerando 635 cv. O design geral do carro era de Norbert Singer para o World Sportcar Championship, Grupo C, na temporada de 1982. Diferentemente dos anteriores, o chassi do 956 era um monocoque de alumínio, o primeiro feito pela Porsche, e pesava apenas 800 kg, o mínimo exigido pelo regulamento. Foi também o primeiro carro da Porsche que utilizava o efeito-solo, gerando mais de três vezes o downforce do que o modelo 917 de uma década atrás. Outra tecnologia aplicada ao 956 era a dupla-embreagem PDK (Porsche Doppelkupplungsgetriebe), testado desde o início dos anos 1980, e que passou a equipar os Porsche 997 Carrera de produção em 2009.

A equipe de fábrica corria com o patrocínio da Rothmans, e este modelo foi cedido para equipes privadas, como a Joest Racing, Obermaier Racing, John Fitzpatriclk Racing, Richard Lloyd Racing, Kremer Racing e Brun Motorsport. Nas 24 Horas de Le Mans de 1982, a dupla Ickx/Bell liderou todas as 24 horas, conquistando a terceira vitória correndo juntos. Como haviam vencido em 1981 com o Porsche 936 que usava uma versão inicial do motor 956, eles largaram na pole position, com o número 1 estampado nas laterais; e os outros dois 956 de fábrica, com os números 2 e 3 terminaram nestas mesmas posições, com Mass/Schuppan em segundo e Barth/Haywood/Holbert em terceiro.

O fato notável relacionado a este modelo do Porsche 956 foi o recorde volta obtido no famoso circuito de Nürburgring, ou Nordschleife, nas montanhas Eifel, durante a sessão de qualificação para os 1000 Km de Nürburgring de 1983, Setefan Bellof cravou o tempo de 6m11,13s, para os 20,832 km, à média de 202 km/h (126 mph). A marca perdurou por 35 anos, até ser superada por outro Porsche, o 919 Hybrid Evo, em 5:19.55, pilotado por Timo Bernhard em 29 de junho de 2018. Bellof também marcou a melhor volta desta prova, com o tempo de 6:25.91.

Com um chassi aperfeiçoado e equipado com o Bosch Motronic, que economiza combustível, o 956 ganhou a letra B na sigla, e 28 exemplares do 956 foram produzidos, com um 29º chassi extra oficial montado pela Richard Lloyd Racing com peças de reposição.

PORSCHE 962 E 962C

O chassi do 962

A Porsche intencionava participar do IMSA GTP Championship, nas pistas americanas, com o 956, porém o regulamento exigia que os pés do piloto ficassem posicionados atrás da linha do eixo dianteiro, por isso, a Porsche modificou o chassi monocoque do 956, movendo o eixo dianteiro á frente da caixa dos pedais, e com outros aperfeiçoamentos, ganhou a denominação de 962 para a temporada americana de 1984.

Equipado com o Flat-6 de 2,8 litros com um turbo KKK (Kühnle, Kopp und Kausch AG K36) com intercooler, em vez do duplo turbo K27 do 956 Grupo C, já na metade de 1985 o motor foi ampliado para 3,2 litros com injeção de combustível, tornando mais competitivo frente aos Jaguar; porém em 1987 a IMSA GTP alterou o regulamento e proibiu o motor 3,2 litros. A Porsche ameaçou abandonar a IMSA em 1988, e a NISSAN dominaria o campeonato sem a Porsche, portanto a Porsche foi autorizada a utilizar os motores biturbo, refrigerados a água, mas com restritores de 36mm. Politicagem de sempre...

No World Sportscar Championship, a configuração foi mantida com o motor Flat-6 de 2,8 litros até o ano de 1986, com variantes de 2,8, 3,0 e 3,2 litros e duplo turbo, e os modelos foram designados como 962 para diferenciá-los dos que corriam no IMSA GTP.

Porsche 962, vencedor de Le Mans em 1986

Porsche 962, vencedor de Le Mans em 1987

A Porsche produziu 91 exemplares do 962 entre 1984 e 1991; 16 deles foram utilizados pela equipe de fábrica, e os demais 75 foram vendidos para as equipes privadas. Como os 956 eram muito parecidos com o 962, dois deles foram adaptados, e outros quatro reconstruídos para as especificações do 962. Três dos novos 962 sofreram acidentes e receberam um novo número de chassi devido à extensa reconstrução. A Fabcar, dos Estados Unidos, construiu alguns chassis do 962 devido à alta demanda, e os enviava para a Porsche finalizar os carros. Derek Bell, que venceu as 24 Horas de Le Mans por cinco vezes, conquistou 21 vitórias com o Porsche 962, entre 1985 e 1987; e comentou que era “um carro fabuloso, e considerando o quão minucioso Norbert Singer e a equipe (da Porsche neste período) eram, era realmente muito fácil de dirigir”.

Um dos problemas que o 962 tinha era a falta de rigidez do chassi de alumínio, e a Porsche vendeu tantos exemplares para as equipes privadas, e disponibilizaram peças de reposição para que o carro se mantivesse competitivo durante as temporadas em que correu, e as equipes passaram a modificar os seus carros, até projetando um novo chassi e comprando os componentes da Porsche para completar o carro.

Assim também faziam com a carroçaria, adaptando os detalhes para melhorar a aerodinâmica, e até criando novas carroçarias exclusivas. Algumas equipes passaram então a oferecer estes 962 “refeitos” para outras equipes que queriam ter o modelo.

O 962 da Kremer, CK6

A Kremer Racing denominava seus 962 de “962CK6”, refazendo boa parte do chassi de alumínio com fibra de carbono. Onze unidades foram construídas assim. John Thompson projetou um chassi para a Brun Motorsport, e oito unidades foram feitas, e a Brun conquistou o vice-campeonato da temporada de 1987. Thompson construiu mais dois chassis para a Obermaier Racing. A Richard Lloyd Racing procurou Peter Stevens e Nigel Stroud para desenvolver cinco 962 GTi’s, com uma aerodinâmica revisada e placas “honeycomb” no chassi. Até Vern Schuppan, ex-piloto da Porsche construiu cinco chassis do 962, que ficaram conhecidos como “TS962S”.

 Do outro lado do Atlântico, a Holbert Racing modificou seus chassis, rebatizando-os como “962 HR-000”, e Jim Busby, chefe da equipe, contratou Jim Chapman para construir uma versão mais robusta do monocoque 962. A Fabcar, que fez vários chassis para a Porsche, incorporou chapas de honeycomb que aumentaram a rigidez do conjunto. A Dyson Racing comprou um monocoque da Richard Lloyd Racing/GTi para construir o seu “DR-1”, e comprou um da Fabcar para o DR-2. Kevin Jeanette construiu o Gunnar 966, copiando alguns elementos do 917/30 que correu na Can-Am, e outras equipes transformaram o 962 em modelo aberto, como o CK7 e K8 da Kremer com chassis próprio, que correram na Interserie européia e em Daytona (USA), tendo apenas o motor e elementos de suspensão herdados do 962 original. Heinz-Jörgen Dahmen também converteu seu 962 (chassis 011) em modelo aberto, correndo nas temporadas 1995 e 96 da Intersérie.

Vários 962 de equipes independentes

O sucesso do Porsche 962 pode ser visto pelos resultados que obteve durante os anos em que competiu nos diversos campeonatos através do mundo: O World Sportscar Championship de 1985 e 1986; quatro IMSA GT Championship consecutivos de 1985 a 1988; seis campeonatos da Interserie de 1987 a 1992; todas as quatro Supercup Series, de 1986 a 1989; as cinco temporadas do All Japan Sports Prototype Championship de 1985 a 1989, além de muitas vitórias na IMSA Americana e Interserie avançando pelos anos 1990, e três vitórias nas 24 Horas de Le Mans, em 1986, 1987 e 1994, sendo nesta última, um 962 bastante modificado pela Dauer Racing. Neste mesmo ano no mês de agosto, o Team Taisan teve a honra de obter a vitória final de um Porsche 962C original, na etapa do Fuji Speedway, na temporada do All Japan Grand Touring Car Championship (agora denominada Super GT), justamente dez anos depois que o modelo começou a competir.

O Koenig C62 de 1991

Com tantas equipes fazendo modificações no 962, depois que ele deixou de correr, algumas equipes e preparadores começaram a converter o 962 para rodar nas estradas, e visto que ele era um carro de corridas, seria perfeitamente classificado como um supercarro esportivo. A primeira empresa a fazer uma conversão dessas foi a Koenig Specials, preparadora alemã que havia corrido com o 962. O modelo foi designado C62 e terminado em 1991, com adaptações na carroçaria para atender a legislação alemã sobre a altura/posicionamento dos faróis. O motor foi ampliado para 3,4 litros e o sistema Motronic foi revisado; não há dados sobre o número de conversões realizadas pela Koenig.

O Schuppan 962CR para rodar nas estradas

Outra alemã, a DP Motorsports converteu três exemplares, conhecidos por DP62’s, com motores 3,3 litros com duplo turbo; e também com a altura dos faróis ajustada para as normas alemãs. Em 1991, Vern Shuppan criou o Schuppan 962CR para o mercado japonês, ao preço de ¥195 milhões (£830,000); com design do chassi e carroçaria completamente novos, feitos por Mike Simcoe da GM Holden australiana, com o motor ampliado para 3,3 litros e suspensões originais. Um número desconhecido foi fabricado, antes que o financiamento do projeto fosse cancelado, mas há registros de dois exemplares do 962R (ou LM): um deles, o H726 LDP, registrado no Reino Unido; e o 962/123, que correu nas 24 Horas de Le Mans em 1988 e estava na oficina de Schuppan quando decidiram convertê-lo para uso em estradas. Ele tinha um adesivo no nariz com os dizeres “962R Le Mans Prototype”, embora o carro seja frequentemente citado como 962LM. O modelo tinha um chassi alveolar de alumínio construído na Grã-Bretanha, e o carro apareceu em diversas revistas no Reino Unido e na Austrália no verão de 1991.

O Dauer 962 Le Mans, que conquistou Le Mans em 1994

Jochen Dauer usou um chassi original de corrida para sua versão GT1 do 962, o Dauer 962 Le Mans, preparado para competir e rodar nas estradas. A carroçaria era toda nova, apesar de ter elementos do 962 original, e com certo apoio da Porsche, foi este modelo que venceu as 24 Horas de Le Mans em 1994.

O Dauer 962 para rodar nas estradas

Uma série de carros de estrada “Derek Bell edição 962” foi planejada, mas apenas um foi concluído, movido por um motor de 580 cv (430 kW) do 993 GT2. Ele estava à venda, completo com a documentação para rodar em 2007.

Da minha coleção

Team Transport, Porsche 962 e Fleet Flyer, 2018 # 6

Design de Mark Jones para o caminhão e o Porsche

O SET Team Transport com o Porsche 962 saiu em 2018, no Mix 2, é o #6 da Série. O caminhão transporte Fleet Flyer é um baú, típico das equipes que participam nos circuitos europeus, carregam na decoração o mesmo estilo de pintura dos carros de corrida, com as marcas dos patrocinadores em evidência. Estes Sets trouxeram estes caminhões numa escala mais próxima de 1:64, ficando melhor a proporção visual junto com os automóveis que forma o conjunto. O cuidado pode ser visto no acabamento das rodas e pneus, bem melhores do que as rodas-padrões dos hot Wheels Mainline. A porta traseira do baú é móvel, abrindo como uma rampa para o carro de corrida descer/subir. 




Tanto o Fleet Flyer como o Porsche 962 são trabalhos do designer Mark Jones; e o caminhão é um projeto da Mattel, não tendo licenciamento de um veículo real. Posteriormente, ele aparece em outros Sets da Série Team Transport, decorado com outras cores e logotipos.




O Porsche 962 é um casting de 2017, e a decoração MOMO é “fantasia”, ou seja, nunca existiu uma equipe MOMO correndo com o Porsche 962. O que não tira o mérito e o atrativo visual, que ficou muito bem no modelo. As rodas são especiais, porém os pneus não são de borracha, como os Real Riders.




A MOMO é uma famosa grife italiana de acessórios esportivos, e foi “ressuscitada” nas miniaturas Hot Wheels pelo Designer Jun Imai, despertando o interesse dos colecionadores pelo mundo.

 

Referências:

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Fleet_Flyer

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Car_Culture:_Team_Transport

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Porsche_962

https://leotogashi.blogspot.com/2023/09/momo-racing-cars.html

https://leotogashi.blogspot.com/2021/06/de-carrinhos-modelos-em-escala.html

https://en.wikipedia.org/wiki/Porsche_936

https://en.wikipedia.org/wiki/Porsche_956

https://en.wikipedia.org/wiki/1982_24_Hours_of_Le_Mans

https://en.wikipedia.org/wiki/Porsche_962

https://www.stuttcars.com/porsche-962/

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Team Transport – Porsche 356A Outlaw & VW Transporter T1 Pickup

O primeiro Set, com o Porsche 356 Speedster e a Kombi T1

Em 2018, a Mattel lançou a Série dos Team Transport, conjuntos de dois veículos, um automóvel de linha já existente, com decoração de corrida, e um veículo de transporte que o levava para os autódromos para as competições. O primeiro Set saiu com um Porsche 356 Speedster, e uma Kombi T1 com plataforma para acomodar o carro. Outros sets vieram com caminhões, plataformas ou com baús e decorados com os patrocinadores das equipes de corrida da época.

Estes caminhões são numa escala mais aproximada das miniaturas 1:64, ficando melhor proporcionados no conjunto. Exceto a Kombi T1, o Ford C800, o Chevy Ramp ’72, o Mercedes-Benz Renntransport e o Toyota 4-Runner, estes dois últimos de 2023 e 2024 respectivamente, os caminhões não são licenciados, mas são modelos criados pela Mattel, economizando em royalties.

O Set #15, com o Galaxie e o caminhão Ford C800

O sucesso foi imediato, e logo a Mattel estava lançando novos conjuntos, denominados Mix 1, 2 e 3 a cada ano. Até o momento (Abr/2024), são 71 modelos, entre automóveis, pick-ups, vans, caminhões e trailers, com mais quatro previstos nos Releases deste ano. No Mix 3 de 2021, saiu o set com uma Rally Van, puxando um trailer sobre o qual ia o Ford RS200, e agora todos os anos sempre um dos Sets (3 peças) vem nesta configuração.

O Set #33, com a Rally Van, o trailer e o Ford RS200


Da minha coleção

O set #13, numa fotomontagem com o Blister ao fundo

O Set do Porsche 356A Outlaw é de 2018, número #13 na sequência dos Team Transport. O veículo que o transporta é uma Volkswagen T1 Pickup, equipada com uma plataforma deslizante, que se inclina para o carro subir e ser carregado, a única parte móvel. O casting do Porsche 356A é o mesmo que já saiu em diversas versões, e foi feito pela Mattel com base no exemplar da coleção de Magnus Walker, dono da grife Outlaw de vestuário e famoso colecionador de modelos Porsches.

O Porsche 356A Outlaw, com decais da MOMO Racing


A Volkswagen Transporter T1 Pickup

A decoração é da MOMO, bem discreta, nas miniaturas prateadas, os decais ficaram em preto e branco, faltando um pouco de cor no conjunto. As rodas são especiais, porém de plástico, e o Porsche tem o logo Firestone nas laterais dos pneus.



Referências:

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Car_Culture:_Team_Transport#Mix_2

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Volkswagen_Transporter_T1_Pickup

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Car_Culture:_Team_Transport

quarta-feira, 10 de abril de 2024

’98 Subaru Impreza 22B STi-Version

O Impreza 22B STi-Version de 1998

O Impreza foi lançado em 1992 e já no mesmo ano, a Subaru apresentou a versão WRX. Seu motor boxer de dois litros turbinado, vinha com 240 cv, e tração integral com diferencial central de acoplamento viscoso – herança dos ralis – nos quais a Subaru já tinha quase 15 anos de experiência. Em 1997, a FIA anunciou uma série de mudanças no regulamento do WRC, e uma delas era que os carros utilizados nas competições do WRC deveriam ser baseados em modelos de rua. Nada de novo, porque a Subaru já estava fazendo isso, mas era a chance de provar que ela era capaz de fazer um verdadeiro carro de Rally para as ruas.

Este modelo é uma recriação do Impreza que venceu consecutivamente o WRC (World Rally Championship – Fabricantes) de 1995, 96 e 97; foi terceiro em 98 e segundo em 99. No WRC de Pilotos, Colin McRae, foi campeão em 1995, Richard Burns em 2001, e Petter Solberg em 2003, os dois últimos correndo com os Impreza WRX de nova geração.

O Impreza de Colin McRae, em 1995

Preparado pela STi (Subaru Tecnica International), o braço esportivo da Subaru, foi reproduzido em apenas 400 exemplares; custando três vezes mais do que um carro de linha, mas não foi impedimento para estas unidades serem disputadas assim que as vendas foram abertas. Os mais entusiasmados não tiveram dúvidas em pagar até US$ 7 mil por um Certificado de Autenticidade. Tamanha demanda levou a Subaru a produzir mais 24 unidades do 22B. Dezesseis delas foram para o Reino Unido, cinco para a Austrália e dos três últimos não há informações de seus destinos.

Entre as alterações efetuadas no modelo, havia os para lamas dianteiros e traseiros alargados; o para choque dianteiro customizado (que trazia uma enorme entrada de ar para o motor), o capô de alumínio com tomada de ar, saias laterais e um grande spoiler ajustável traseiro. O carro era pintado na cor Sonic Blue Mica da STi.

Colin McRae e Carlos Sainz, em 1995

O motor boxer de quatro cilindros (EJ22G, sendo o 22 a cilindrada, 2,2 litros) teve a cilindrada ampliada de 2,0 litros para 2.212cc, com duplos comandos de válvulas no cabeçote. Embora a potência permanecesse em 280 cv a 5600 rpm (seguindo o acordo de cavalheiros entre os fabricantes japoneses; na prática, a potência beirava os 300 cv), ela estava disponível em quantidade excelente numa gama de rotações entre 2.800 e 5.200 rpm, ele girava sem problemas até o limite de 7.900 rpm. Com um câmbio manual de cinco velocidades e tração nas quatro rodas, o diferencial central podia ser acionado pelo piloto quando necessário, distribuindo a força de 36/64 para 50/50 entre os eixos; e todas as engrenagens receberam um revestimento especial para suportar os esforços de corrida. Assim também a embreagem de duplo disco suportava o alto torque produzido pelo motor, de 363 N-m (36,7 mkgf) a 3200 rpm.

O Impreza de Richard Burns, em 2001

A suspensão tinha amortecedores Bilstein (segundo se comenta, era a letra B da sigla 22B) com molas Eibach, e como no carro de rally, os pneus Pirelli P-Zero 235/40/17 foram montados em rodas de alumínio forjado BBS douradas. A caixa de direção Super Quick Steering tinha uma relação de 13:1, proporcionando um modo de pilotagem semelhante ao carro que corria no WRC.

Impreza WRX NBR Challenge, de 2018

Depois do sucesso consagrado nos Rallies, a Subaru buscou outro desafio, além das estradas de terra, passando para o asfalto, e o desafio selecionado foram as 24 Horas de Nürburgring. Os carros preparados para o “Nordschleife” foram tão bem-sucedidos que venceram a Classe SP3T (carros de produção, equipados com motor turbo de até dois litros) seis vezes, em 2011, 2012, 2015, 2016, 2018 e 2019. O carro que venceu em 2018 tinha um motor EJ20, boxer, turbo comprimido, com 340 PS a 5500 rpm, e 461 Nm (47 kgf-m) de torque a 3000 rpm. O câmbio tinha seis marchas sequenciais, operadas por paddle-shifts no volante. Amortecedores Bilstein e freios Brembo de seis pistões na frente e quatro atrás, rodas BBS de 18 polegadas, calçadas com pneus Falken. Foi pilotado por Carlo van Dam, Tim Schrick, Hideki Yamauchi e Takuto Iguchi.

Um pouco da história da Subaru

A Fuji Heavy Industries foi fundada em 1915 como uma empresa de pesquisa de aeronaves, e se tornou a principal fabricante de aviões durante a II Guerra Mundial. Depois da guerra, ela começou a fabricar automóveis, com a marca Subaru. Em 1968 a Nissan adquiriu 20,5% do capital da Subaru, fornecendo peças para os automóveis da Subaru, ao passo que a Nissan recebia ajuda para fabricar ônibus, esquema que vigora até hoje. Nos anos 1960 e 70, expandiu as vendas nos Estados Unidos e Canadá, com seu carro Leone, com tração nas quatro rodas, característica que se tornaria uma marca registrada nos automóveis da Subaru. Em 1989, numa parceria com a Isuzu, montou uma fábrica em Indiana para fabricar o Legacy, e junto com o Outback, expandiu sua presença no mundo, com destaque em segurança e tecnologia, e seu motor boxer - copiado da Porsche e Volkswagen - foi desenvolvido com os anos, atingindo alta potência e confiabilidade.

O primeiro automóvel da Subaru com este tipo de motor foi o Subaru 1000, carro compacto com um motor boxer de 1,0 litro que gerava 55 hp, em 1966. A tração nas quatro rodas foi incorporada nos anos 1980, junto com a transmissão automática tipo CVT.

Toyota GT86

Quando a Nissan se associou com a Renault, sua parte foi vendida para a GM, em 1999; e até 2005, diversos carros foram compartilhados pelas duas empresas em vários mercados. Nesse ano, a Toyota comprou pouco mais de 40% da participação da GM na Subaru ficando com 8,7 %, e o restante foi para um programa de recompra por parte da Fuji Heavy Industries. O modelo que representa esta parceria é o cupê esportivo Toyota GT86, equipado com o motor boxer da Subaru, que é comercializado também como Subaru BRZ.

Subaru BRZ


Atualmente, a Subaru tem uma excelente reputação como fabricante de veículos, com alto nível de segurança e tecnologia avançada, conseguindo uma imagem de performance e desempenho esportivo através do modelo Impreza nos campeonatos de Rally nos anos 1990 e início dos anos 2000.

Logotipo da Subaru

O nome Subaru é como é chamada a constelação das Plêiades em japonês, também chamada de “Sete Irmãs”, mas segundo se conta, uma das estrelas é invisível, por isso o logotipo da Subaru tem apenas seis estrelas na elipse azul.

Da minha coleção

Impreza 22B STi-Version, Hot Wheels customizado


O Subaru Impreza 22B STi-Version é um exemplar do lançamento do modelo na Série HW Turbo, em 2020. Na cor Sonic Blue Mica, originalmente trazia as rodas 10SP que foram trocadas por outras customizadas, com pneus de borracha. A decoração foi customizada com decalques da equipe oficial da Subaru que corria no WRC, exceto que não possui a numeração.


Subaru Impreza WRX STi NBR Challenge 2018, da TOMICA Premium

Já o modelo da TOMICA é da Linha Premium, reproduz o Impreza WRX NBR Challenge de 2018, custando cerca de três vezes mais do que um da linha normal (de ¥ 240 para ¥750 no Japão, em 2020). Ele é bem mais detalhado, especialmente devido à decoração de corrida, com diversos logotipos dos patrocinadores da Subaru Motorsport. O aerofólio traseiro vem separado devido ao tamanho não caber dentro do box, e a escala é de 1:62. Também tem uma suspensão funcional, mas não tem abertura de capô nem portas.

Referências:

https://hotwheels.fandom.com/wiki/%2798_Subaru_Impreza_22B_STi-Version

https://www.sti.jp/en/completecar/heritage/cardetail/1998/impreza-22b/

https://flatout.com.br/subaru-impreza-sti-22b-a-historia-do-mais-lendario-dos-wrx/

https://en.wikipedia.org/wiki/Subaru

https://www.markmillersubarusouthtowne.com/history-of-the-boxer-engine-subaru/

https://mag.toyota.co.uk/history-of-toyota-86/

https://thenewswheel.com/subaru-brz-history/

https://tasug.jp/autosalonarchive/subaru-wrx-sti-nbr-challenge-2018


domingo, 7 de abril de 2024

FAB-1 – Thunderbirds TV Series

FAB-1, de Lady Penelope

O FAB1 é o veículo utilizado pela agente do Resgate Internacional Lady Penelope Creighton-Ward, na Série de TV Thunderbirds, nos anos 1965-66; e apareceu também nos longas-metragens Thunderbirds Are Go (1966) e Thunderbird 6 (1968).

Seu design é baseado num Rolls-Royce modificado por Brains, responsável pelos veículos do Resgate Internacional, e é dirigido por Aloysius Parker, mordomo de Lady Penelope. O carro possui diversos armamentos e dispositivos, como duas metralhadoras montadas na frente e duas na traseira, quatro lançadores de cabos, emissor de cortina de fumaça para despistar perseguidores, lançador de óleo na pista, dois canhões a laser, câmera de TV na traseira, blindagem à prova de balas, os pneus inclusive; e tem cravos que surgem em terrenos de pouca aderência, é equipado com um hidrofólio para se movimentar na água e esquis para neve. O motor é uma turbina movida a gás, e o carro alcança mais de 200 mph (320 km/h), em terra e até 50 nós sobre a água.


Gerry Anderson, criador da série, disse sobre o FAB1: “Considerando a personalidade (de Penelope) e o papel que ela desempenhou no Resgate Internacional, só poderia ser um Roll-Royce”. A empresa consentiu no uso da sua marca, e por ocasião do remake “Thumderbirds” no cinema em 2004, o chefe de relações públicas da Rolls-Royce da década de 1960 disse que a empresa “não via nenhum mal no pedido (da APF – AP Films, produtora de Gerry Anderson) e, como a série era voltada para as crianças, pensamos que seria bom para dar-lhes os carros – dar-lhes uma imagem moderna e, nunca se sabe, inspirar uma criança a possuir um, um dia”.

Relata-se que a única contrapartida que solicitaram foi que todas as referências ao carro nos episódios, usassem o nome completo: Rolls-Royce, em vez do termo abreviado “Rolls”.

Derek Meddings era o designer responsável pela construção do FAB1, e ele comenta que sua decisão de colocar seis rodas no modelo era puramente estética: “Minha desculpa... foi que o motor era tão grande e potente que precisava de seis rodas na frente, mas não havia nenhuma razão técnica para isso”.

Vários exemplares foram produzidos para as tomadas, alguns tão pequenos tendo 15 cm, e outros maiores, para acomodar os marionetes, com 1,80 ou 2,10 m de comprimento. O último exemplar, feito de madeira compensada, alumínio e latão cromado, custou aproximadamente £ 2,500 em 1966 (equivalente a £ 53,900 em 2021). Tinha direção funcional, faróis que acendiam, as portas e capota removíveis, para facilitar a filmagem dos marionetes.

A Rolls-Royce aprovou o projeto e forneceu uma de suas grades de radiador real, com a figura da Spirit of Ecstasy no topo, para ser usada nos close-ups do modelo maior, como a foto que fechava os créditos finais de cada episódio. Observando os armamentos e os dispositivos do FAB1, Robert Sellers (psicólogo que assessorava a produção de James Bond) e Marcus Hearn (biógrafo oficial dos Thunderbirds) comparam o carro com o Aston Martin de 007 nos filmes Goldfinger (1964) e Thunderball (1965).

International Rescue

Jeff Tracy

A International Rescue surgiu dos esforços do astronauta aposentado e homem mais rico do mundo, Jeff Tracy, para evitar desastres que provocasse a perda de vidas, como os eventos que ceifaram a vida de sua esposa. Com a ajuda de seus cinco filhos Scott, John, Alan, Virgil, Gordon e Alan, e a colaboração de Horatio Hackenbacker, que assumiu o codinome de Brains, engenheiro que é o construtor e responsável por todos os veículos e naves que utilizam para suas missões, e que tinha Tin-Tin Kyrano com sua assistente. Os nomes dos filhos de Jeff foram inspirados na tripulação da Mercury 7: Scott Carpenter, John Glenn, Virgil “Gus” Grisson, Gordon Cooper e Alan Shepard. A equipe conta ainda com agentes de campo, sendo a principal Lady Penelope Creighton-Ward, e seu fiel mordomo Aloysius “Nosey” Parker, ambos baseados em Londres. Outros agentes são Roger Lyon (Londres), Sir Jeremy Hodge (Cientista, financiador e agente em Londres), Jeremiah Tuttle (USA) e Gallup Din (India/Asia).


As marionetes tinham cerca de 22 polegadas de altura (50cm), portanto, todo o cenário e equipamentos do ambiente eram construídos para esta escala, cerca de 1/3 do tamanho real. Claro que muitas cenas e tomadas eram feitas com miniaturas, especialmente as que envolviam os veículos. O vídeo era gravado em 24 quadros/segundo, para reduzir os efeitos de movimentação truncada, e a iluminação era mais intensa do que o normal para criar um realismo maior nos cenários em miniatura. Os efeitos de exaustão de jatos ou explosões eram semelhantes aos que os japoneses utilizaram nos filmes de monstros, como o Godzilla.


Apesar das marionetes serem movimentadas com cordões, também possuíam componentes eletrônicos para a sincronização dos movimentos da boca e olhos através de solenóides embutidos nas cabeças (daí a proporção maior da cabeça em relação ao corpo). A energia era transmitida pelos fios que movimentavam as marionetes, que eram de tungstênio.

Baseados na Ilha Tracy, localizada no sul do Oceano Pacífico, a partir daí são acionados os pilotos e veículos mais adequados para atender às demandas do evento/desastre em andamento.

Thunderbirds 2004 e Thunderbirds Are Go (2013)

Para a filmagem com pessoas reais do filme de 2004, a produtora Working Title contactou a Rolls Royce para licenciar a marca para o novo FAB1, mas a empresa (agora de propriedade da BMW), recusou-se a se envolver no projeto. Consultaram a Ford, que aceitou a oferta e usou a 11ª geração do Thunderbird (ligação óbvia com o filme) para o redesenho do FAB1. O chefe de Marketing da Working Title comentou que foi uma “oportunidade de marketing loucamente perdida” para a Rolls-Royce, mas nesta área de licenciamentos e merchandising nem tudo que se planeja acontece como pensamos.

O FAB1 de 2004

Os designers da Ford tiveram as restrições de seguir o espírito do FAB1 original, mas conseguiram realizar um modelo totalmente funcional para o filme, seguindo o design do Thunderbird renovado que haviam feito.

O FAB1 de Thunderbirds Are Go, 2013

Para o remake do seriado para TV Thunderbirds Are Go (2013), o FAB1 recebeu uma atualização no design, mas preservando a identidade com o anterior de 1965 Roll-Royce, com a grade característica e a estátua no topo do radiador, mas o logotipo “RR” foi substituído pelas letras “IR” de International Rescue. O seriado passou para computação gráfica, com o visual dos personagens lembrando os originais de 1965.

Da minha coleção



O FAB1 do seriado original é na escala 1:87, Hot Wheels, numa ação conjunta com a Bandai,) o modelo faz parte da Série Charawheels, com diversas miniaturas de seriados, quadrinhos e animês japoneses. Ela saiu em 2001, e não mais teve reedições por parte da Mattel, provavelmente por não ter renovação do licenciamento. O detalhamento e acabamento são muito bons, as rodas são proporcionais ao modelo original.





A Série Charawheels, em associação com a Bandai japonesa


Referências:

http://www.sixmania.fr/pt/la-fabuleuse-histoire-de-la-vraie-fab-1-premiere-partie/

https://en.wikipedia.org/wiki/FAB_1

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Charawheels

https://hotwheels.fandom.com/wiki/FAB1

 

Assista ao filme de 2004 no link:

https://www.youtube.com/watch?v=ll0fJVyBczQ