sexta-feira, 30 de junho de 2017

Carros e Filmes - Batmóvel 1997 - Batman e Robin - Parte 5

Batman & Robin foi o quarto e último filme do arco iniciado em 1989 com o filme Batman, de Tim Burton. Dirigido por Joel Schumacher pela segunda vez, tinha também a mesma Barbara Ling como Designer de produção. Ela se inspirou em antigos carros de corrida sem capota, como o Jaguar D-Type e o Delahaye 165. Ela queria especificamente um carro sem capota, como nos comics que ela havia lido anos atrás. Ling comenta:
“Fiquei particularmente feliz por ter aquele design no Batmóvel... Eu acho que deve sentir temeroso quando você o vê, vindo em sua direção; e o tamanho do veículo tem de assumir proporções não naturais para isso acontecer... eu também queria que o Batmóvel fosse conversível, como nas histórias do início de Batman... A idéia central em minha mente era fazer a capa do Batman esvoaçar quando o carro corria, e usar os efeitos de luz, a partir do interior do carro”.
Os desenhos conceituais foram manipulados por Harald Belker, com um design parcialmente inspirado no Jaguar D-Type e da Delahaye 165, com seus longos capôs e para-lamas arrebatadores.  A TFX construiu o carro a partir do zero, usando um motor Chevy ‘Small Block”, que era capaz de levar o carro até 140 mph (225,2 km/h), mas as filmagens eram feitas em velocidades bem menores do que esta.
Usava um chassi de Corvette, em que foram aplicados os painéis compósitos da carroçaria. Este Batmóvel só tinha espaço para o Batman, e foi o único carro a não ter capota em toda a série dos filmes modernos do Batman. Apesar do estilo marcante, este Batmóvel passou quase despercebido, e não obteve o impacto do “Keaton Batmobile”.
Como Robin não podia andar com o Batman, pois este Batmóvel só tinha um lugar, a TFX construiu o Redbird, uma moto Honda off-road, com vários apliques de fibra-de-vidro e fibra de carbono.
Um dos recursos deste Batmóvel era um design especial em “T” do chassi, em que havia instalado um contrapeso girométrico de estabilidade, permitindo ao carro fazer curvas de 90 graus em velocidades superiores a 70 mph, sem reduzir seu impulso. Havia planos para que o carro pudesse se transformar no Bat-Hammer, um veículo para se deslocar em superfícies congeladas, mas a idéia foi abandonada.
Os efeitos de luzes do Batmóvel do filme anterior estavam presentes nas rodas e recortes da carroçaria, pulsantes e em várias cores, como vermelho, laranja, amarelo e azul. Em vez de um único escape da turbina a jato, este Batmóvel tinha uma traseira afilada, e para lamas separados, com três saídas de exaustão cada um. Uma máscara de morcego foi recortada no bico do carro, mas as linhas esculpidas dificultavam a identificação. As barbatanas de morcegos eram as maiores já vistas em um Batmóvel, e as engenhocas eram controladas pelo computador ativado por voz, e o cockpit com um único lugar ficou repleto de comandos e telas de controle.
Os pneus vinham calçados em rodas de 22 polegadas, e tinham um padrão da banda de rodagem com o logotipo do morcego. Havia lançadores de foguetes, unidades de rastreamento infravermelho e laser, bombas lançadas de compartimentos laterais, assento ejetável, tela para videoconferências de dois canais, unidade de radar e o sistema de comunicação com o Redbird.

FICHA TÉCNICA:
Comprimento: 33 ft (10 m)
Altura: 1,50 m
Entre-eixos: 3,88 m
Pneus e Rodas: Pneus Goodyear 55M montados em rodas de 22”.
Velocidade máxima: 230 mph (350 km/h) em estrada, 350 mph (530 km/h) com empuxo da turbina
Motor: Chevy 350 cid ZZ3, preparado para corridas de off-road.
Turbina: Ao invés de um único propulsor a jato, este Batmóvel tinha uma traseira no estilo “boattail” e os para-lamas separados em destaque, cada um com três saídas menores, de onde eram projetados os jatos de chamas.

BATMAN E ROBIN – O FILME
O quarto filme desta série também foi dirigido por Joel Schumacher, e contou com George Clooney (Batman), Chris O’Donnel (Robin), Alicia Silverstone (Barbara Wilson/Batgirl), Uma Thurman (Dra. Pamela Isley/Poison Ivy – Hera Venenosa) e Arnold Scharzenegger (Dr. Victor Fries/Mr. Freeze – Senhor Frio).
Batman e Robin estão se esforçando para amadurecer sua parceria como a Dupla Dinâmica, enquanto o Senhor Frio quer congelar toda a humanidade até a morte e Hera Venenosa quer repovoar a terra com plantas mutantes.
Entra em cena Barbara Wilson, sobrinha de Alfred Pennyworth (Michael Gough), que acaba assumindo a identidade da Batgirl, que salva Batman e Robin de se matarem por causa do beijo que Hera Venenosa deu nos dois, competindo pelo amor dela, num triângulo amoroso bastante infantilizado.
Senhor Frio culpa a Batman pela morte de sua esposa Nora Jones, que sofre da síndrome de MacGregor, mas descobre que Hera Venenosa o traiu, e sua esposa está em sono criogênico no Asilo Arkham, aguardando que Victor Fries retome suas pesquisas e encontre a cura para ela.
O filme custou US$ 125 milhões, faturando US$ 238,2 milhões no mundo todo, e o clima de cartoon não fez sucesso junto ao público, e foi considerado por muitos como um dos piores filmes de todos os tempos. Devido a esta recepção negativa, a Warner cancelou a sequencia (Batman Unchained) e somente voltou com Batman Begins, fazendo um reboot do personagem em 2005.
Os controversos "mamilos" de Batman e Robin
Pelo fato de Schumacher ser gay, muitos observadores viram sugestões homoeróticas no enredo (no relacionamento de Batman e Robin), e o detalhe dos mamilos nos trajes da Dupla Dinâmica ganhou demasiado espaço na mídia, colaborando para a má imagem do filme. Diz-se que o próprio Clooney falou criticamente do filme: “Eu acho que matamos a franquia do Batman” e “foi um desperdício de dinheiro”.

Vinte anos depois, vemos que Hollywood aprendeu muito com Batman e Robin, de como não se faz filmes de super-heróis. A direção de Schumacher para dar um tom menos sombrio e violento descambou no seu segundo filme para se tornar um grande comercial de brinquedos. Se o merchandising com licenciamento de subprodutos do filme estava nos planos de marketing do estúdio, o fracasso foi absolutamente redundante.

EM ESCALA
"Clooney Batmobile" da Hot Wheels em 1:50
O Batmóvel ‘roadster” do filme Batman & Robin de 1997 foi reproduzido por diversas companhias, em kits para montar, die-cast ou com controle remoto. Algumas delas são a Mattel (Hot Wheels em várias escalas), a Corgi francesa, a Kenner, Revell/Monogram, Hasbro, Altaya, entre outras.
Assim como o filme não foi muito bem sucedido, esta mini também não teve muita repercussão no mercado, e praticamente os colecionadores e fãs do Batman são o público principal desta miniatura.
Não consegui encontrar nenhuma referência deste Batmóvel na escala 1:18.

REFERÊNCIAS

domingo, 25 de junho de 2017

Carros e Filmes - Batmóvel 1995 - Batman Forever - Parte 4

O terceiro filme da Warner Brothers, lançado em 1995, tinha Joel Schumacher como diretor e Barbara Ling como Diretora de Produção (que já havia trabalhado com ele em Falling Down). O conceito geral de Batman Forever é que era para ser uma “história em quadrinhos ao vivo”, e Schumacher estava ansioso para rodar o filme.
Em suas palavras:
“Não me foi pedido para fazer uma seqüência, me pediram para fazer a minha versão dela. Há tantos quadrinhos do Batman agora, não há Batman no futuro, há vampiros Batman, há o Batman que teve sua coluna quebrada pelo Bane. Há até mesmo uma loira francesa que agora é o Batman. Pareceu-me que poderíamos fazer mais uma edição dos quadrinhos Batman... Eu fiz toda esta investigação... Foi ótimo porque eu estava em aviões e consultórios médicos lendo gibis. Todo mundo ficava perguntando por que esse velho hippie estava lendo gibis, mas eu estava fazendo a minha lição de casa. A grande coisa que os artistas têm feito com Batman ao longo dos anos é a cor. Eles tem essa licença para fazer essa cara roxa e seu cabelo azul, e você apenas o aceita num gibi. Nós tentamos a nossa própria maneira de fazer uma história em quadrinhos. Eu imaginei que era o caminho a seguir”.
Barbara Ling desenvolveu este conceito de “quadrinhos ao vivo” e trabalhou junto com o ilustrador do Departamento de Arte (e especialista em veículos) Tim Flattery e o Supervisor de Efeitos Especiais Tommy Fischer: “O morcego é um animal incrível... A estrutura de suas asas, suas veias e costelas é notável. Fomos para uma versão estilizada, a versão automotiva de um morcego. Eu queria que o Batmóvel parecesse uma coisa viva, uma coisa que respira”, disse Ling.
O projeto de Ling tem certos elementos dos primeiros Batmóveis, o mais notável é a barbatana central e o para brisa dividido. Alguns fãs notaram uma certa semelhança com a cabeça de um dragão, com um focinho arredondado e a grande crista. H. R. Giger (o designer de Alien) havia sido contratado para desenvolver o Batmóvel, e trabalhou nos estágios iniciais da modelagem, mas acabou deixando o projeto por diferenças criativas. Os desenhos que fez estão em seu site oficial em forma de ilustrações e imagens em 3D. Para muitos, no entanto, este carro marcou o “começo do fim”, uma certa decadência no curso em que o personagem de Batman e seu universo estavam em ascensão, até então. Entre as críticas, havia algumas que citavam a semelhança do perfil do Batmóvel com um grande falo.
Ela queria um Batmóvel com uma estética mais orgânica, como um carro que tivesse costelas e asas. Para acentuar as linhas intrincadas do novo Batmóvel, os painéis do motor, rodas e laterais foram retro-iluminados com uma luz azul. O cockpit era dividido em dois, e os para-lamas eram bem destacados do corpo do carro. Havia o exaustor a jato, e a barbatana do morcego era única, centralizado a partir da capota do cockpit, e tinha um mecanismo que a fazia abrir num “v”. Um detalhe interessante era que as calotas com os logos de morcego permaneciam estáticas, à medida que as rodas giravam.
O Batmóvel pilotado por Val Kilmer em Batman Forever tinha uma carroçaria construída pela TFX, com um composto de fibra-de-vidro e um laminado epóxi de alta temperatura. Equipado com um motor Chevy de 350 cid ZZ3 com uma preparação para alta performance, produzia 345 hp, tinha cabeçotes de alumínio e alta taxa de compressão. A transmissão era automática e as suspensões eram independentes nas quatro rodas.
Entre seus equipamentos, o interior contava com um monitor para visão posterior do carro, um display do sistema de diagnóstico de falhas e um completo painel com diversos mostradores. Havia o recurso de virar as quatro rodas perpendicularmente, para mudar de direção em espaços reduzidos; e o empuxo da turbina podia ser direcionado para o eixo dianteiro, de modo que levantava a frente do carro, ao mesmo tempo em que um lançador de guincho disparava um arpão para ancorar numa superfície elevada e fazer o carro subir por planos verticais, como a lateral de um edifício, para escapar de perseguidores.
No filme em que Robin faz sua aparição, como Dick Grayson, protegido de Bruce Wayne, ele descobre a Batcaverna e rouba o Batmóvel, saindo para uma balada à noite com ele. Bruce o treina e Alfred prepara um traje para que ele ajude Batman na luta contra o Duas-Caras e o Charada.
Um exemplar produzido para o filme e utilizado apenas para fins promocionais foi leiloado pela RM Auctions em 2007 por US$ 297,000. Reporta-se que os custos de produção da carroçaria em fibra-de-vidro e laminado especial custou US$ 2,5 milhões, além de um adicional de US$ 300 mil para finalizar o carro.

O carro teve uma vida curta, pois o filme mostra que foi destruído pelo Charada, com um saco cheio de explosivos colocado no cockpit.
Apesar dos comentários e impressões negativas que o filme provocou nos fãs do morcego, Batman Forever foi um sucesso comercial (faturou US$ 335 milhões, acima dos US$ 282,8 milhões de Batman Returns), tendo sua continuação imediatamente aprovada pela Warner Brothers.

FICHA TÉCNICA:
Comprimento: 300.0 in (7,62 m)
Largura: 94.4 in (2,40 m)
Altura: 125.98 in (3,20 m no topo da barbatana central)
Velocidade máxima: 329 mph (530 km/h) com turbo.
Motor: Chevy 350 cid (5,74 litros) ZZ3 com preparação off-road
Transmissão: Automática
Potência: 345 hp
Entre-eixos: 118 in (2,99 m)
Pneus: Pivotantes

ARSENAL:
Lançador de cabo para içamento do carro em edifícios.
Propulsor a jato na parte frontal para levantar o carro para subir em paredes.
Rodas pivotantes permitindo ao carro andar tanto para frente como de lado.
Sistema de câmera para visão traseira.

BATMAN FOREVER - 1995
Dirigido por Joel Schumacher e produzido por Tim Burton, o terceiro filme da série teve Val Kilmer no lugar de Michael Keaton como Bruce Wayne/Batman. Surge também Robin (Chris O’Donnel), a Dra. Chase Meridien (Nicole Kidman), e os vilões Duas-Caras (Tommy Lee Jones) e Charada (Jim Carrey).
Com um tom bem diferente dos anteriores, devido às queixas de pais que acharam o clima muito escuro e violento, Schumacher evitou a atmosfera escura e distópica que Tim Burton havia criado. Inspirando-se nos quadrinhos da era Dick Sprang (responsável pelos desenhos entre 1943 e 1963, responsável pelo re-design do batmóvel nos anos 1950 e criador do Charada), e também na série de TV dos anos 1960, os personagens ficaram mais caricatos e menos sombrios.
Alguns anos depois do Pinguim desaparecer, o Promotor Harvey Dent tem sua face desfigurada por ácido e assume a identidade do vilão Duas-Caras. Já Edward Nygma é um pesquisador da Wayne Enterprises, que desenvolveu um dispositivo para transmitir programas de TV para a mente das pessoas. Bruce acha que isso é manipulação mental e despede Nygma, que se revolta e mata seu supervisor; passando a enviar charadas para Bruce. Bruce então tem contato com a Dra. Chase Meridien, para ajudá-lo nos enigmas que recebe. Descobre que ela está obcecada com o Batman e suas motivações na  luta contra o crime, e ao ir com ela a um circo, presencia a morte dos Flying Graysons, trapezistas vitimas de Duas-Caras, que exige a rendição de Batman, armando uma bomba no picadeiro. Dick Grayson, filho dos Flying Graysons, consegue jogar a bomba no rio, e Bruce, sentindo-se responsável pela tragédia, convida Dick a ficar na Mansão Wayne.
Dick acaba descobrindo a Batcaverna e rouba o Batmóvel, saindo para uma balada à noite com ele. Ele quer a ajuda do Batman para vingar seus pais, e apesar da recusa inicial de Bruce, ele o treina e Alfred prepara um traje para que se tornar o Robin, ajudando-o na luta contra o Charada e Duas-Caras.
Nisso, Duas-Caras e o Charada se aliam para produzir o dispositivo de ondas cerebrais para dominar a mente dos cidadãos de Gotham e sequestram Robin e Chase. Na luta de Batman para salvar os dois, o dispositivo do Charada se volta contra ele, deixando-o inerte, ao passo que Duas-Caras, dependendo da sua moeda, é enganado por Batman e acaba desaparecendo no mar.

EM ESCALA
A Hasbro fez um conjunto com os Batmóveis dos filmes mais recentes, incluindo outros modelos, como o Bat-Boat, Bat-Wing, na escala 1:64, assim como a Mattel, com modelos individuais ou sets com um ou dois modelos reunidos. A Kenner também fez sets com um ou mais modelos, mas não identificamos a escala.
Com a bandeira Hot Wheels, na escala 1:18, temos o modelo bem detalhado, com os recortes no corpo do carro e interior completo com o painel de instrumentos. Em 2004 surgiu na Série Showcase Hot Wheels: Batman, o Batmóvel de Batman Forever, na escala 1:64, com  acabamento mais caprichado por ser um "Real Riders", modelos com decalques mais elaborados e rodas especiais com pneus de borracha. Em termos de Kits Plásticos, temos um da Revell na escala 1:25, com a barbatana central fechada ou aberta, assim como o teto da cabine que podia ser aberta para exibir o interior. A Bandai japonesa fez um na escala 1:35, com vários itens móveis, como a barbatana central, rodas e cockpit, e o detalhe das luzes que se acendem.

O Hot Wheels Real Riders em 1:64, com rodas especiais e pneus de borracha

O casting da mini que sai na Mainline 1:64 é outro, bem menos detalhado,
e principalmente as rodas são de plástico, compartilhadas de outros modelos
,



REFERÊNCIAS

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Carros e Filmes - Batmóvel 1989 (“Keaton Batmobile”) - Parte 3

O Batmóvel do filme de 1989.
No verão de 1989, Batman voltou às telas pela primeira vez desde 1966. Graças ao fantástico trabalho de Frank Miller, revitalizando o personagem com O Retorno do Cavaleiro das Trevas (1986), o público estava pronto para um novo e soturno Cruzado da Capa. A Warner Brothers chamou Tim Burton, e este trouxe Anton Furst para ser o designer de produção para materializar a nova Gotham City e o Batmóvel. Ele queria um carro que fosse diferente de qualquer coisa anteriormente vista, uma combinação de força bruta e uma estética clássica.
Desenhado especificamente para o filme de 1989, Batman, por Anton Furst, Designer de Produção do filme, inspirou-se em elementos de aeronaves a jato, veículos de guerra, e outros veículos que contribuíssem para o ar mais soturno do que visto anteriormente nas histórias do Homem-Morcego. As influências impressionistas na produção se juntaram às linhas dos carros “Flat Racers” da década de 1930 e o famoso Sting Ray dos anos 1950 para produzir um carro que transmitisse a força bruta e ao mesmo tempo tivesse um estilo atemporal para o Batman.
Nas discussões prévias de Tim Burton com Anton Furst havia um grande preocupação com o Batmóvel, pois era um desafio definir um “novo” Batmóvel, sem ‘derrapar’ no conceito e transformá-lo numa piada. Diversos sketches foram preparados, até que se chegasse a um desenho que estivesse à altura da importância do Batmóvel no universo de Batman. Furst tinha a visão de que o Batmóvel deveria ser como uma armadura para o Batman, então desenhou o carro como se fosse uma extensão do próprio Batman.
- “Eu nunca vi realmente o Batmóvel como apenas um carro”, disse Furst. “Sempre pensei nele como se fosse um complemento, uma extensão do próprio Batman, como o seu capuz e sua capa. Eu temia que o carro ficasse com uma imagem caricata do personagem, como às vezes acontece com alguns que não foram adequadamente desenvolvidos. Para mim, o Batmóvel era um elemento puramente impressionista, e eu tentei dar a ele aquele ar de um cavaleiro em sua armadura, agregando elementos dos carros que corriam em Salt Flats, Utah, nos anos 1940, assim como linhas do Corvette Sting Ray dos anos 1960, combinando-os com componentes de aviões a jato, para criar uma máquina coerente em todo o seu design”.
Ele queria um carro com um ar ameaçador, como uma combinação de um avião Stealth e uma armadura medieval; e também que tivesse referências do design dos carros de recordes de 1950/60, porém modernizados com elementos dos carros esportivos atuais. O resultado final era um carro que Furst se referia como “alguma coisa que tinha uma força bruta, um poder proibido, e uma forma esculpida. Uma coisa, francamente, tipo ‘rude’ ”.
A equipe que construiu o Batmóvel era formada por Terry Ackland-Snow, John Evans e Keith Short. John Evans e sua equipe de 12 técnicos prepararam dois carros num intervalo de oito semanas. É citado em muitos artigos como “Keaton Batmobile”, pois rapidamente, alcançou a fama do Batmóvel criado por George Barris para a Série de TV dos anos 1960. Mesmo os admiradores do Batmóvel de 1966 rapidamente se apaixonaram por ele, e muitos adotaram o seu design como o melhor Batmóvel de todos os tempos (até o momento). Até mesmo Bob Kane, o criador do Batman, ficou impressionado com ele:
- “Fantástico! Eu realmente amei o que foi feito. Parece algo grandioso”, disse ele. Infelizmente, Furst não pode continuar seu trabalho depois de Batman. Cláusulas contratuais o impediram de trabalhar na sequencia Batman – O Retorno, e em novembro de 1991, ele cometeu suicídio depois de uma série de dificuldades, incluindo a separação de sua esposa Penny e problemas com abuso de drogas.
A Bat-máscara frontal se foi, substituída por uma enorme entrada de ar da turbina a jato, ladeada pelos para-lamas como se fossem mandíbulas. Haviam as enormes tomadas de ar à frente das rodas traseiras, que eram calçadas por gigantescos pneus Mickey Thompson, típicos dos Dragster de arrancada. A traseira lembrava carros da década de 1930, com as famosas aletas lembrando as asas de morcego.
O carro foi construído sobre dois chassis de Chevrolet Impala comprados num desmanche, equipado com um motor V8, e sua carroceria foi baseada num Corvette 1970 modificado, depois que tentativas feitas num Jaguar e num Mustang falharam. Foi construído um segundo carro, desta vez, baseado num Oldsmobile Cutlass conversível. Como o carro não tem retrovisores, duas câmeras de vídeo projetam a visão traseira numa tela do painel.
Furst precisava fazer um Batmóvel de grande impacto visual, mas também funcional, para que o carro pudesse desempenhar as cenas de ação a contento. Furst comentou: “A GM leva dez anos para projetar e construir um novo carro, e nós temos de fazer isto em apenas cinco meses”.
Todos os equipamentos do carro eram funcionais (à exceção da blindagem externa), e o exaustor traseiro demorava cerca de 15 segundos para desligar, devido ao combustível que precisava ser consumido. A turbina era alimentada por uma mistura de gasolina, ar e pyrothane. Para conseguir o efeito visual, a quantidade de chama produzida era muito grande, e isto produzia muito calor no exaustor. Havia extintores de CO2 preparados para qualquer emergência, e o piloto podia acioná-los se necessário. Devido ao calor, a parte traseira recebeu um isolamento térmico para evitar que o calor danificasse qualquer outra parte do carro.
O teto do carro e o assento tiveram de ser alterados no decorrer das filmagens, por causa da altura das “orelhas” do Batman, que precisavam de mais espaço no interior da cabine.O Batmóvel de Batman Returns (1992) tinha limpadores de para-brisa, que não equipavam o modelo do filme anterior. Como o carro foi esculpido artesanalmente, uma das barbatanas traseiras tem uma curvatura diferente da outra, e devido ao carro ter sido escaneado para a produção de modelos em miniatura, estes modelos também tem esta característica. Um dos exemplares utilizados no filme foi adquirido pelo comediante Jeff Dunham, e é habilitado para circular nas ruas normalmente. O carro tem placas normais, que são ocultas quando o carro é ligado.
Apesar de o carro não ultrapassar os 100 km/h nas tomadas de ação, depois que as filmagens terminaram, a equipe o levou para uma pista e atingiu a velocidade de 94,7 mph (152 km/h) – “nada mal para um carro feito em nossas oficinas”, disse John Evans.

FICHA TÉCNICA:
Comprimento: 260,7 in. (6,62 m)
Largura: 94,4 in. (2,40 m)
Altura: 51,2 in. (1,30 m)
Entre-eixos: 141,0 in. (3,58 m)
Rodas e pneus: de liga, aro 15 polegadas com pneus Dragster Mickey Thompson L60-15 de 24 polegadas de tala.
Motor: Turbina a jato, empuxo de 1500 lbs a 103% ROS
Torque: 1750 lbs./fr a 98.7 % ROS
Combustível: Gasolina de alta octanagem 97% Special
Aceleração: 0-60 mph em 3,7 segundos
Velocidade Máxima: 530 km/h com compressor

ARSENAL:
Lançadores laterais de ganchos, lançadores de projéteis-disco e bombas.
Macaco hidráulico central para rotação em 180º.
Armadura blindada para estacionamento protegido
Lançadores de óleo e emissor de fumaça traseiros.
Duas metralhadoras frontais Browning.
Exaustor da turbina
Modo operacional “BatMissil”, que descarta partes do veículo e reconfigura eixos e rodas para passagem em espaços estreitos. Uma vez empregado, necessita ser reconstruído para voltar a operar no modo normal.

BATMAN, THE MOVIE
Direção: TIM BURTON
Com Michael Keaton, Jack Nicholson, Kim Bassinger, Robert Wuhl, Pat Hingle, Billy Dee Williamns, Michael Gough, Jerry Hall e Jack Palance.
Numa Gotham City escura, perigosa, protegida apenas por um departamento de polícia cheio de corrupção, Harvey Dent (Billy Dee Williams), promotor de justiça, e Jim Gordon (Pat Hingle), comissário de polícia, tentam torná-la um pouco mais segura. Criminosos covardes e supersticiosos começam a ser aterrorizados por um morcego gigante, despertando o antagonismo da polícia, e a curiosidade de Vicky Vale (Kim Bassinger), uma repórter fotográfica que se propõe a descobrir o segredo do misterioso “bat-man”.
Carl Grissom (Jack Palance), que comanda o crime organizado em Gotham, descobre que Jack Napier (Jack Nicholson), seu braço direito, está de caso com sua mulher. Grissom envia Napier para a Axis Química, e usando um policial corrupto, planeja eliminá-lo. Napier acaba matando o tira, mas Batman aparece e enfrenta Jack Napier, que cai em um tanque de produtos químicos, desaparecendo com a chegada da polícia. Sobrevivendo ao tiroteio e desfigurado pelos produtos químicos do tanque em que caiu, Napier volta para vingar-se de Grissom, que descobre um Jack Napier com sua sanidade mental totalmente perdida. Na figura do Palhaço do Crime, o Coringa toma o controle do submundo de Gotham e planeja envenenar toda a população com seu gás do riso, durante as festividades do bicentenário da cidade.

BATMÓVEL 1992 – “Batmissile”
Para as filmagens de Batman Returns, foi utilizado o mesmo veículo do primeiro filme de Tim Burton e Michael Keaton, com as mesmas especificações. O detalhe mais visível do segundo filme era que este modelo estava equipado com limpadores de para-brisa, inexistentes no primeiro. O designer de produção responsável pela atualização do Batmóvel para  Batman Returns era Bo Welch.
- “Para mim, como designer, não há nada em comum entre o primeiro e o segundo Batman, exceto para o próprio personagem. A sequência apenas nos deu a licença para alavancar todas as idéias do primeiro filme e levá-las mais longe e além”, comentou Welch.
O trabalho empreendido por Welch se concentrou em atualizar a arquitetura de Gotham, nos ‘gadgets’, e os novos veículos – Batmíssil, Batski e Duckmobile mantendo praticamente inalterado o design do Batmóvel.
Na sequencia de perseguição pela polícia de Gotham, Batman usa o recurso de transformar o Batmóvel no Batmíssil, descartando as partes laterais do carro e permitindo escapar por um espaço muito estreito, onde os perseguidores não puderam prosseguir.
Criado por Jay Ohrberg e sua equipe, o Batmíssil foi originalmente concebido para ser uma carcaça com uma motocicleta por dentro para movimentá-lo. Os problemas de produção fizeram com que a equipe “fraudasse” o míssil, de modo que na filmagem, o carro foi puxado ao longo de trilhos, com um cabo de aço.
O conceito retornou com o segundo filme de Christopher Nolan, com Christian Bale como Batman, quando o Tumbler sofre um acidente em que fica inoperante, Batman consegue escapar com o Batpod, motocicleta que se forma com partes do Batmóvel danificado.
Quando Batman Returns chegou às telas, muitos espectadores reclamaram que o filme era muito sombrio e violento, sendo a diretriz de Tim Burton continuar nesta direção, portanto, a Warner optou por atender os fãs amenizando o clima soturno, contratando Joel Schumacher como o novo diretor para seguir com a franquia do Batman.

BATMAN RETURNS – 1992
Dos esgotos de Gotham City para cobertura mais luxuosa da cidade, o Pinguim (Danny DeVito) nasceu como uma criança deformada, que foi lançado pelos pais nos esgotos de Gotham, indo parar na ala “Artic World” do zoológico. Salvo pelos pinguins, depois foi sequestrado pelo circo de horrores “Triângulo Vermelho”, sendo apresentado como “O Garoto Ave Aquática” devido às deformidades em seu nariz e mãos que lembravam as nadadeiras de um pinguim. Trinta e três anos depois, ele ressurge, adulto, chantageando Max Shreck (Christopher Walken) pelos crimes corporativos que cometeu. O objetivo do Pinguim é descobrir a identidade de seus verdadeiros pais. Max planeja construir uma usina nuclear para sugar toda a energia de Gotham, e junto com o Pinguim, sequestra o filho do prefeito de Gotham, para depois transformar o Pinguim num herói ao resgatar o filho do prefeito.
A secretária de Max, Selina Kyle (Michelle Pfeiffer), descobre os planos de Shreck e no confronto com Max, acaba sendo jogada do alto do prédio. Sobrevive à queda, mas devido ao choque, tem sua personalidade alterada, pelo amor que tem aos gatos, transforma-se na “Mulher-Gato”, e busca vingança contra Shreck.
O Pinguim monta um ataque para matar todas as crianças primogênitas de Gotham, enviando pinguins com mísseis amarrados nas costas para as casas dos que estão numa festa da alta sociedade de Gotham. Batman frustra os planos do Pinguim e precisa controlar a Mulher Gato que quer matar o Pinguim. Numa explosão, ela aparentemente sacrifica a vida para conseguir seu intento, e o Pinguim ferido é resgatado por seus pinguins e levado novamente aos esgotos.

EM ESCALA
O Batmóvel de 1989, da Hot Wheels na escala 1:18.
O Batmóvel de 1989 contribuiu para alavancar toda a iconografia do Morcego, e dividia as atenções do público. Feito pela Hot Wheels, bem reproduzido e proporcionado, impressiona pelo tamanho e o nariz de turbina, assim como a cabine recuada e as agressivas barbatanas traseiras.

O Batmóvel com o giro de 180 graus.

Na versão Batmissile, em que perde as laterais para escapar da Polícia de Gotham, não há um modelo na escala 1:18, mas a Hot Wheels tem o modelo com o mecanismo de 180 graus visto no filme. Vários fabricantes de kits plásticos disponibilizaram em 1:25 (AMT) e o modelo da Kenner em 1:14 separa as laterais como mostrado no filme..

Kit Batmissile da Kenner em 1:14 e Die-Cast da Hot Wheels em 1:50
A Hot Wheels lançou uma série do Batmissile na escala 1:50, nas versões encarroçada e somente o corpo principal, mas é raro encontrar um exemplar, mesmo na Internet.
Interessante o modelo da Estrela, feito em plástico apenas, mas bastante fiel ao modelo do filme, com o mecanismo de descarte das laterais, e ainda traz a figura do Batman.
O Batmissile da Estrela
REFERÊNCIAS:
https://en.wikipedia.org/wiki/Batman_Returns

http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-776364212-batmovel-41cm-estrela-batman-filme-frete-free-batmissile-_JM
http://geoffstoys.blogspot.com.br/2010_12_01_archive.html


segunda-feira, 12 de junho de 2017

Carros e Filmes - Batmóvel 1966 do Seriado de TV - Parte 2

Ao final de 1965, a Twentieth Century Fox Television e a Greenway Productions, de William Dozier contratou o renomado personalizador de carros Dean Jeffries, em Hollywood, para projetar e construir um “Batmóvel”, visto que planejavam produzir uma série do Batman para a TV. Ele começou a trabalhar num Cadillac 1959, mas quando o estúdio quis colocar o programa no ar em janeiro de 1966, antecipando o prazo que ele havia dado para o carro ficar pronto, Jeffries saiu do projeto. Então, Charles Fitz Simons (da FOX) e Ike Danning (do Depto. de Transportes da FOX) contactaram George Barris; e o trabalho foi passado para a Barris Kustom City, a empresa de Barris.
Em 1954, o protótipo Futura, um carro-conceito, foi projetado sob a direção de Bill Schmidt e John Najjar Ferzely, estilistas da Ford Motor Company, e construído artesanalmente pela Ghia Body Works, em Turim, Itália, ao custo de US$ 250.000 (equivalente a US$ 2 milhões em 2009). No ano seguinte, 1955, a Ford apresentava no Chicago Auto Show o Futura, ostentando uma suave cor verde perolizada. Diferentemente de outros carros conceito, o Futura era totalmente funcional, com um motor Lincoln de 368 polegadas cúbicas, num chassi do Lincoln Mark II.
Em 1959, o carro fez uma aparição no filme “It started with a Kiss” estrelado por Debbie Reynolds e Glenn Ford; pintado de vermelho, porque a cor original perolizada não ficava bem nas gravações. Depois disso, o carro ficou esquecido e possivelmente seria destruído, como muitos exemplares similares. No entanto, ele foi vendido para George Barris, por apenas US$ 1, juntamente com “outras coisas mais valiosas”. Barris não fez uso dele por anos, e o carro ficou abandonado atrás da oficina de Barris e estava se deteriorando com o tempo.
Numa breve reunião, Bill Dozier e George Barris definiram que a Fox pagaria as despesas para a construção do Batmóvel, e a Barris Kustom Cars o alugaria para a Greenway em base semanal para as filmagens. Eddie Graves, artista da 20th Century-Fox elaborou alguns esboços e passou para Barris. “O diretor de arte trouxe as idéias que nós precisávamos: a luz de emergência, a turbina flamejante na traseira, a serra no nariz do carro, etc” disse Barris. “Nós demos à Fox um Batmóvel bem diferente do que Bob Kane imaginara”.
Em 20 de agosto de 1965, quando Barris pegou o desafio de preparar o Batmóvel para a Serie de TV, ele se lembrou do Futura, para ganhar tempo e modificar um carro já existente. Herb Grasse, que trabalhava com Barris, ficou com a tarefa de definir os elementos do design e em cinco dias, 25 de agosto, foram apresentados dois sketches para a direção da FOX. O contrato para construir o Batmóvel foi assinado em 01 de setembro de 1965, e Bill Cushenberry foi contratado para fazer as modificações em metal. “Eu o escolhi por causa de sua experiência e habilidade de trabalhar com o material. Ele é um dos melhores em sua especialidade”, disse Barris.
Cushenberry terminou as modificações em três semanas e trabalhou em sua própria oficina, pois a de Barris estava lotada de carros ao custo de US$ 30,000. Em 11 de outubro de 1965, foi apresentado à produtora ainda pintado apenas em “primer”. Logo depois, ganhou um revestimento em preto aveludado com as faixas vermelhas fluorescentes.
“Eu incorporei uma bat-face esculpida no nariz do carro, por isso você vê as orelhas do morcego onde estão os faróis. A boca são as entradas de ar, e as asas você vê nas barbatanas sobre os para-lamas traseiros”, comentou Barris. Cushenberry comentou: “O carro teve de ser desmontado todo, porque estendi as barbatanas começando na parte superior das portas. Refiz os arcos das rodas deixando-os iguais e refiz o nariz do carro como se fosse o focinho de um morcego. Eu tinha a máquina de solda e um martelo pneumático, cortava e soldava pedaços de chapa e usava o martelo para dar a forma que eu imaginara. Foi um trabalho de escultor”.
“O departamento de adereços da 20th Century-Fox trabalhou conosco para que algumas coisas fossem incorporadas do script para os efeitos especiais: o Radar no arco sobre a cabine, o produtor de fumaça, assento ejetável, o lançador de perfuradores de pneus, o ejetor de óleo, e outras coisas mais. Eles sugeriram os canhões lançadores de mísseis na traseira, até as calotas prateadas com os morcegos vermelhos preparadas pela Center Engineering”, finaliza Crushenberry.
Enquanto Lorenzo Semple Jr, finalizava o script para o episódio piloto de Batman, ele escreveu ao produtor Bill Dozier, entusiasmado, em 6 de agosto de 1965: “Posso dizer a você que criamos um novo astro de TV absolutamente garantido: o Batmóvel”. A versão de Semple do Batmóvel trazia embutido nele o “american dream”: o exemplo definitivo do carro-que-é-a-extensão-do-seu-dono. “O Batmóvel é negro, uma máquina poderosa, mais rápido do que qualquer coisa nas estradas. Ele é muito chamativo, flamejante como um carro da polícia ou dos bombeiros, ao perseguir os bandidos. Seu motor a turbina atômica pode leva-lo a velocidades que jamais sonhamos, e pode despistar os perseguidores com uma cortina de fumaça. É algo que Bob Kane jamais imaginou para o Batmóvel. Estamos criando uma lenda!” escreveu ele.
O Batmóvel ainda com os filetes brancos.
Ao ser apresentado à equipe de produção, devido ao curto período de tempo para preparação, o carro estava apenas com a pintura em ‘primer’, sendo depois pintado de preto para começar as filmagens. “Todo o carro ficou muito escuro, e na tela, os detalhes que elaboramos ficaram camuflados naquele carro todo preto. Tentamos destacar alguns detalhes filetando algumas linhas com a cor branca, mas não melhorou o aspecto geral do carro. Então aplicamos faixas vermelhas fluorescentes nas aletas traseiras, e o resultado ficou muito bom. Elas foram aplicadas nos detalhes do carro conforme podem ver, ficou excelente para as gravações”.
Barris havia equipado o Batmóvel com pneus Mickey Thompson de corrida, mas eram pneus já usados pelas equipes e descartados porque não serviam para novas corridas, mas custavam US$ 1,000 cada. Durante as filmagens do episódio piloto, o dublê dirigia o carro saindo da Batcaverna e um cavalete que deitava impedia o acesso de curiosos ao local. Na primeira tomada, um dos pneus estourou, e não tinham um reserva. Dozier saiu correndo atrás de uma revenda Firestone e comprou oito unidades que serviam nas rodas, ficando assim como definitivas para o Batmóvel.
Assim que as filmagens começaram, vários problemas apareceram, devido à idade do carro. O motor superaquecia porque ficava ligado por longo tempo nas gravações, e a ventilação era insuficiente para refrigerar o motor, a bateria descarregava constantemente, com os ventiladores adicionais que foram instalados para ajudar a refrigerar o motor. Barris acabou montando um pequeno estoque de peças de reposição para reparar os inúmeros defeitos que o carro apresentava nas filmagens. No meio da temporada, o motor, cambio, diferencial, suspensão e sistema de direção foram substituídos por um do Galaxie.
Os para-brisas curvos foram mantidos, e a parte central que cobria o piloto e passageiro foi retirada, mas a curvatura excessiva deformava a visão à medida que se olhava para as laterais, e as cópias feitas tiveram esse efeito suavizado; mas no Futura original, as peças eram feitas de Lexon, que depois foram substituídas com novas peças feitas no molde preparado para as réplicas, mas em Plexiglass.
Hubie Kerns e Victor Paul foram os dublês que dirigiam o Batmóvel nas filmagens no lugar de Adam West e Burt Ward, respectivamente. Segundo Kerns, o Batmóvel/Futura “era uma peça de ferro-velho, pela idade do carro (era de 1954), e de tantas modificações que a produção fez nele, era um carro obsoleto antes de começar a ser usado no seriado”. As alterações e equipamentos o deixaram bem mais pesado, e o motor e direção não eram adequados para o peso do carro, limitando a velocidade e as manobras nas poucas perseguições que foram gravadas.
O fato interessante é que Barris jamais deixou de ser o dono do Batmóvel #1. Ele alugou o veículo para a Fox, para as produções, e após o final da Serie de TV, o carro foi para o museu de Barris na California, ficando exposto na Cayman Motor Museum, na Ilha de Grand Cayman. Os demais estão em coleções privadas.
Com o sucesso do seriado na TV, vários pedidos para exibição do Batmóvel em diversos pontos do país chegavam à produção da Fox. Seria impossível atender à demanda destas exibições com apenas um carro, e este sendo utilizado para as filmagens em tempo integral. Usando o Batmóvel #1 como molde básico, Barris construiu mais três réplicas em fibra-de-vidro, usando chassis, motor e câmbio do Ford Galaxie 1965 e 1966. Dois deles foram utilizados para fins promocionais e o terceiro para corridas de Dragster. Mais tarde, Barris adquiriu uma quarta réplica, um carro feito em metal sobre uma base do Thunderbird 1956.
O Batmóvel #2 era equipado com um motor Ford V8 390 cid, e não tinha maçanetas de portas, nem faróis dianteiros. Este exemplar foi adquirido pelo Dr. Dave Anderson, de Virginia, e não foi reparado ou restaurado até hoje. Seu valor está avaliado em US$ 225.000.
O carro #3 também tinha o mesmo motor 390 cid, inicialmente tinha transmissão manual, mas depois foi adaptado um cambio automático, para ficar igual aos demais. Este exemplar tinha faróis e as maçanetas de portas, mas estas eram apenas figurativas, não sendo funcionais. O Batmóvel nº 3 foi adquirido e restaurado por Dennis M. Danzik, de Paradise Valley, Arizona. Comenta-se que ele pagou US$ 600.000 na compra. Danzik também possui a maioria dos Batmobiles usados no filme de Batman em 1989 (há um dado controverso, de que o exemplar faz parte da Coleção de Pat Hart, em Washington, Estados Unidos e também, que pertence à família Morris, de New Jersey, que o adquiriu por US$ 600,000).
A versão #4, preparada como Dragster, era pilotada por Wild Bill Shrewsberry. Este carro foi preparado pela oficina Holmam Moody, parceiro da Ford nas competições; com um motor V8 de 427 cid, dois carburadores quádruplos, uma caixa de velocidades Ford C6 automática, preparada pela Art Carr com uma relação de 5,14:1 no diferencial. O quarto-de-milha era coberto em cerca de 12 segundos, porque Shrewsberry gostava de sair em segunda marcha e fazer os pneus soltarem muita fumaça. A turbina traseira era funcional, alimentada por um tanque de gasolina ou querosene, que era bombeada para a abertura e incendiada por um acendedor elétrico. Este carro hoje é propriedade de Doug Jackson, do sudoeste da California (ou de Henderson, NV), Estados Unidos, que o adquiriu por US$ 217,000.
O mais controverso Batmóvel, chamado de #5, foi objeto de muita especulação com o passar dos anos. Era uma réplica feita em aço, construído a partir de um Ford Thunderbird 1958, por Jim Sermershein, que intencionava usá-lo para show locais. Com base em fotos do Futura dos anos 1950, ele transformou o carro em uma réplica do Lincoln Futura, um exemplar único, na cor vermelha.
O carro foi visto em uma dessas exibições por Michael Black, um dos homens que trabalharam na conversão inicial do Futura, com George Barris. Segundo Black, ele contatou Barris imediatamente, e logo depois, chegaram dois policiais e apreenderam o carro. Há comentários de que o fato foi mais amigável do que alguns relatam, e que Barris comprou o carro de Sermershein, ou que negociaram um acordo que permitiu a Sermershein manter o carro por um tempo.
Independentemente do que aconteceu na época, o carro acabou sendo propriedade de Barris, sendo armazenado nos fundos da loja de Barris por vários anos, exposto aos elementos climáticos. Nos anos 1980, Bob Butts, adquiriu o #5 de Barris, fazendo uma restauração completa nele, e depois o vendeu para a Sra. Scott Chinery, em 1989.
No decorrer do tempo, diversas alterações foram feitas em todos os exemplares, e nem sempre há registros exatos destas mudanças, especialmente o Batmóvel #1. Durante algum tempo, ele teve uma pintura fosco-aveludada denominada “Velvet Bat-Fuzz Black” da Metalflake, Inc. (alguns comentam que era para esconder as imperfeições da carroçaria), mas com o uso do carro nas filmagens, sofria danos e riscos muito facilmente. Em algum momento, a produção acabou repintando o carro com a sua cor preta brilhante definitiva. Vários gadgets foram feitos durante as filmagens do seriado, e os controles no painel eram modificados de acordo com os roteiros em que eles eram usados pela Dupla Dinâmica. No final do seriado, Barris  acabou montando um painel com todos os itens, mas eram apenas botões e alavancas falsas, pois alguns itens eram instalados e outros removidos no decorrer das gravações.
Barris patenteou o design do Batmóvel em 18 de outubro de 1966, e partir daí, passou a controlar todas as réplicas existentes, e impediu que outros construíssem um Batmóvel sem a sua autorização. Inclusive a produção de brinquedos e miniaturas foi bloqueada por Barris durante décadas, exceção da Corgi francesa, que produziu miniaturas do Batmóvel, Bat-Lancha e Batcóptero na escala aproximada de 1:50 de 1966 a 1983. Finalmente, após décadas, a Mattel/HotWheels consegue fechar um contrato com Barris, para a produção de miniaturas do Batmóvel 1966, e em 2007 lança ao mercado o mais famoso carro do Batman, na habitual escala 1:64 (US$ 0,98 no Wal-Mart) e também na escala 1:18, esta com dois tipos de acabamento, a padrão, mais simplificada e a versão Elite, bem detalhada e custando o dobro da mais simples.
Em 19 de janeiro de 2013, o Batmóvel original foi leiloado pela Barret-Jackson Auction e vendido para Richard Champagne, de Auwatukee, Arizona, pela quantia de US$ 4,62 milhões.

Especificações Técnicas
Peso: 4.500 lbs (2.041 kg)
Entre-eixos: 126 in. (3,20 m)
Comprimento 226 in. (5,74 m)
Largura: 90 in. (2,29 m)
Altura: 48 in. (1,22 m)
Motor: 390 cid (6,39 litros) Ford FE V8
Transmissão: B&M C-6 Automatic
Equipamentos:
Diversos equipamentos foram montados para as filmagens, tais como: Cortador de cabos montado no nariz do carro; Projetor de Bat-raios; Central Anti-Roubo; Bat-periscópio; Bat-visão, Ativador da Antena; Rastreador de Rádio da Polícia; Bomba automática de inflar pneus; Unidade de controle por Voz; Batcomputador remoto – link com o servidor da Batcaverna; Bat-fone; Bat-farois; Bat-Girador de emergência; Ativador Anti-Incêndio; Bat-Fumaça; Bat-Camera e outras traquitanas.
Com os dois paraquedas instalados na traseira (diâmetro de 3 m cada), o Batmóvel podia reduzir rapidamente sua velocidade e fazer uma curva de 180º para mudar de direção quando precisasse. Entre os dois paraquedas, havia a turbina que produzia chamas em fortes acelerações.
As placas utlizadas no Batmóvel no decorrer da série.
No decorrer da série, diversas placas identificavam o Batmóvel, sendo a mais comum a 2F-3567 (1966), depois teve a ZF-451, a TP-6597 e também a BAT-1. O volante do Futura foi trocado por um do Ford Edsel 1958, e outros equipamentos foram incluídos, como a rede no porta-malas, direção por controle remoto, câmera para visão traseira, abaixo da turbina, Bat-Raio, com capacidade de realizar várias funções; Extintor de Incêndio Automático, Bat-Computador no porta-malas, Inflador Automático dos Pneus, Cortina de Fumaça para despistar perseguidores, Bat-Aríete para derrubar portas reforçadas, Controle de Voz para pilotagem remota, Bat-Photoscope (em operação conjunta com o arquivo de Micro-Filmes da Batcaverna, podendo identificar os criminosos com o envio das fotos para o Batmóvel, o Bat-fone, conectado com a faixa de frequência de rádio da Polícia de Gotham, Rastreador (precursor do nosso GPS), acesso remoto ao Batcomputador e Travas anti-roubo do Batmóvel.
Réplicas do Batmóvel pela Fiberglass Freaks

Em outubro de 2010, a DC Comics autorizou a Fiberglass Freaks, de Logansport, Indiana, a construir réplicas oficiais do Batmóvel 1966. Estas réplicas foram vendidas para os aficcionados na Inglaterra, Itália, Canadá e Estados Unidos. Um deles foi leiloado pela R&M Auction por US$ 216,000. Um dos proprietários de um exemplar da Fiberglass Freaks é Mark Racop, fã do Batmóvel 1966 desde que tinha dois anos de idade. Ele havia construído seu primeiro Batmóvel 1966 quando tinha apenas 17 anos.


George Barris veio a falecer em 2015, aos 89 anos, vítima de câncer. Filho de imigrantes gregos, ele nasceu em Chicago, em 1925, e deveria herdar o restaurante da família quando crescesse, mas se mudou para a California quando fez 18 anos, onde abriu uma oficina de customização de carros com o irmão. Seu estilo colorido e espalhafatoso se refletia também nas modificações dos carros que fazia, e logo atraiu os olhares de Hollywood para o seu trabalho.

Entre os inúmeros carros que customizou para a indústria do cinema, certamente o mais famoso foi o Batmóvel de 1966; mas antes disso, já havia decorado o Porsche de James Dean em 1955, fez o calhambeque da Família Buscapé, o Black Beauty do Besouro Verde, o Munster Coach da Família Monstro, o carro dos Monkees, o K.I.T.T. (Super Máquina) de Knight Rider, o Torino de Starsky e Hutch, entre outros.


Adam West e Mark Hamill
Adam West, o ator que fez o Batman no seriado de 1966, faleceu em 09 de junho de 2017, aos 88 anos. West lutava contra uma leucemia, e recebeu inúmeras homenagens de atores famosos que encarnaram o personagem em anos recentes. Ben Affleck disse que "ele foi de um heroísmo exemplar", e que se lembrava dele como "um grande cara. Obrigado por mostrar a todos nós como ser o Batman". Mark Hamill (Luke Skywalker), que fez a dublagem do Coringa em Batman: The Animated Series escreveu no seu Twitter: "#Adamwest era um ator maravilhoso e muito gentil. Tenho muita sorte de ter trabalhado com ele e dizer o quanto significou para mim e milhões de seus fãs".
Burt Ward, que interpretou Robin na série de TV cult dos anos 1960, lembrou-se dele durante o fim de semana como "um grande pai, um grande homem de família [e] um ser humano maravilhoso".
"Eu vou sentir falta dele incrivelmente", disse ele à BBC Radio 5 Live. "É muito difícil acreditar que chegou o fim".

Adam West ficou com sua carreira marcada pelo personagem, e não teve grandes destaques além de ser Bruce Wayne/Batman. Por muitos anos, ele participou de eventos e convenções de Comics. e em todas as ocasiões era tratado com muito carinho pelos fãs, que reconheciam o seu papel na construção de um ícone que começou nos quadrinhos, mas hoje está presente nos filmes, games e milhões de produtos do nosso dia-a-dia.
Como curiosidade, Mark Hamill também teve uma situação de carreira semelhante a de Adam West. Depois de Luke Skywalker, ele nunca conseguiu outro papel de destaque.


EM ESCALA
Os primeiros modelos da primeira edição da Corgi são bastante valorizados hoje, por serem os únicos que foram produzidos durante muitos anos e são raros de encontrar em bom estado.
Depois que Barris liberou os direitos para a Mattel reproduzir o Batmóvel 1966, as minis proliferaram e todas as escalas, e a própria Corgi re-editou o original dos anos 1960, e lançou uma série com diversas versões do Batmóvel conforme apareciam nos comics de Batman.
Alguns dos Batmóveis da Corgi francesa.
O Batmóvel da Hot Wheels em 1:64

A Mattel, em junho de 2008, com sua marca Hot Wheels, saiu primeiro com o Batmóvel 1966 no tradicional blister em 1:64, e em sequencia, lançou na escala 1:18, em dois acabamentos; o mais simples e a versão ELITE, bem mais cara e melhor detalhada.
O Batmóvel Hot Wheels na escala 1:18.
O design customizado por George Barris foi bem reproduzido, o preto brilhante da carroceria contrasta bem com os filetes em vermelho, o interior traz o painel e vários botões e controles das traquitanas da Dupla Dinâmica. Pena que não fizeram os bonecos de Adam West e Burt Ward para completar esta bela miniatura.

REFERÊNCIAS