terça-feira, 28 de março de 2017

MUDANÇA DE COMPORTAMENTO - POR QUE É TÃO DIFÍCIL? Parte 1 de 2

Vivemos hoje num tempo de velozes mudanças na vida: a tecnologia, os costumes e estilos de vida, as empresas e os mercados se alteram rapidamente, exigindo de nós uma velocidade de mudança que muitos não estão conseguindo acompanhar.
Para os jovens, mudar é mais fácil, depois de passar pela adolescência - uma fase de grandes mudanças - eles ainda estão em transformação, formando sua identidade emocional, social e profissional; sendo mais maleáveis para se adaptar melhor a um cenário em transformação.
Já para alguém depois dos 30, 40 anos, com seus valores e comportamentos mais sedimentados, começam a ter dificuldade para assimilar essas mudanças e criar um novo comportamento de acordo com as mudanças que ocorrem em seu ambiente próximo.
Um dos grandes obstáculos para isso são os hábitos que desenvolvemos.
Hábito pode ser definido como um comportamento aprendido que é incorporado em nossa rotina. Nosso cérebro economiza trabalho quando repetimos regularmente certas atitudes ou comportamentos, tornando-os automáticos; assim ele não gasta energia para pensar sobre qual é o próximo passo naquele processo.
Um exemplo clássico é o processo de despertar e se arrumar para sair ao trabalho: acordar, desligar o despertador, levantar, fazer a toalete matinal, trocar de roupa, tomar café, sair. Depois de um mês fazendo isso, os processos ficam automáticos; exceto quando temos de escolher a roupa com que vamos hoje (no caso das mulheres, mais demorado...) em que gastamos um tempo maior para decidir o que combina com o que, para não pagar mico...
O hábito tem três componentes: o Gatilho, a Rotina e a Recompensa. Vejamos alguns detalhes sobre cada um deles:
GATILHO: É um evento (visual/sonoro/táctil - interno ou externo a nós) que o cérebro entende qual hábito deve selecionar para a sequencia automática a seguir;
ROTINA: Sequencia de atividades físicas, intelectuais ou emocionais pré-estabelecidas nas sinapses cerebrais que poupam a energia de escolher/decidir o próximo passo.
RECOMPENSA: Avaliação que o cérebro faz para ver se o processo automatizado vale a pena ser aplicado novamente no futuro.
Quanto mais esta sequencia é repetida, e a recompensa é confirmada como um bom resultado obtido, mais ela fica automática e o hábito vai ficando cada vez mais fortalecido, dificultando alterar o processo. Chegamos ao ponto em que apenas sendo expostos ao Gatilho, pulamos o processo da Rotina e focamos diretamente na Recompensa.
Os cães que Pavlov condicionou começavam a salivar quando ouviam o apito que indicava o fornecimento de alimento; e mesmo quando não recebiam a recompensa, salivavam apenas com o som do apito.
Será que somos diferentes dos cães de Pavlov?
Como nos comportamos quando ouvimos um "bip" do celular, indicando que chegou uma mensagem de e-mail, do Whatsapp, Messenger ou Facebook?
Quem será que enviou? Qual o "babado" que está rolando? 
Isso é uma verdadeira armadilha quando queremos mudar nossos hábitos, ou criar um novo comportamento necessário em novas circustâncias de nossas vidas.
Não é à toa que as situações que mais causam stress nas pessoas sejam aquelas em que há grandes mudanças em nosso universo pessoal: 
Morte do conjuge; divórcio e separação; prisão; morte de parente próximo; ferimento ou doença pessoal e casamento, nesta ordem, são as principais causas de stress, segundo um estudo feito pelos Drs. T. Holmes e R. H. Rahne — “Modern Maturity” (Maturidade Moderna).
São situações que exigem de nós novos comportamentos e novos hábitos, visto que nossas rotinas são drasticamente alteradas; se temos dificuldades para nos adaptar às novas situações, o sofrimento aumenta, até que desenvolvamos os comportamentos automáticos que nos trazem conforto e segurança, confirmando as recompensas desejadas de acordo com os novos "gatilhos" a que nos sujeitamos.
No próximo post, veremos como facilitar este processo e sofrer menos com as mudanças que nos atingem.

Referência: O Poder do Hábito, de Charles Duhigg.

sexta-feira, 24 de março de 2017

Carros e Filmes - O Simca Chambord e o Vigilante Rodoviário

Carro francês, projetado nos Estados Unidos e que fez sucesso no Brasil. Simca Chambord, o primeiro carro de luxo produzido em solo nacional. Ele começou a ser fabricado pela Ford SAF (Ford Societé Anonyme Française) como Ford Vedette, em 1948. Porém, a matriz americana estava insatisfeita com os resultados da Filial Francesa e temerosa com a subida do socialista Vincent Auriol a primeiro ministro, em 1948, acabou vendendo as operações para a Simca (Societé Industrielle de Mécanique et de Carrosserie Automobile); passando apenas a importar e distribuir os carros feitos na Inglaterra e Alemanha.
O motor de origem Ford, remonta a década de 1930, sendo o mesmo utilizado no modelo europeu. Um propulsor V8 Flathead 2.3 litros de 84 cv e torque máximo de 15,2 kgfm, associado ao câmbio de três marchas com alavanca no console. A tração era traseira, com semi-eixo rígido e molas semielípticas, sendo a dianteira o novo tipo patenteado pelo engenheiro da GM Earle S. McPherson, obrigando a Ford, e depois a Simca, a pagar royalties pela aplicação no Vedette. Apesar de belo, confortável e estável, o desempenho era insuficiente: ele acelerava de 0 a 100 km/h em 26 segundos e atingia máxima de 135 km/h. Porém, durante a sua trajetória, a marca iria gradativamente sanar os problemas de desempenho.
O modelo como o conhecemos no Brasil era uma reestilização feita em 1957, chamada Beaulieu, mais simples, e o Chambord, de luxo. A perua, denominada Marly, lançada um ano antes, também recebeu a estilização e ganhou o nome de Jangada no Brasil.
A Simca no Brasil, se instalou em São Bernardo do Campo em 1958, adquirindo a Varam Motores, que montava os Hudson e Nash; e começou a produzir o modelo sob licença, entre 1959 e 1967. Na França, ele foi produzido entre 1958 e 1961, porém não alcançou em sua terra natal o mesmo sucesso que teve por aqui.
Lançado em janeiro de 1959, em março saíram da fábrica os primeiros Simca Chambord, com uma nacionalização de cerca de 25%, sendo o restante importado da França. Em pouco tempo o modelo se tornaria popular e desejado por muitos. O carro tinha muito apelo e trazia muitas novidades ainda incomuns na época: acendedor de cigarros, faróis de neblina, esguichador de água no para-brisa, trava antifurto, iluminação no motor, porta-luvas e porta-malas, além de diversos porta-objetos. Espaçoso, ele podia acomodar seis pessoas, e o câmbio tinha a alavanca na coluna de direção, liberando espaço para três pessoas no banco dianteiro inteiriço
Em 1961, o Simca Chambord já estava completamente nacionalizado e a marca ia se adaptando ao mercado e aplicando melhorias no modelo. A segunda série de 1961, como ficou conhecida, ganhou um motor mais potente (90 cv) e com diversas melhorias que reduziram atrito e aquecimento (reclamação constante), suspensão recalibrada, nova relação de marchas, além do acabamento interno com melhor qualidade.
O carro tinha uma boa estabilidade direcional e em curvas, os freios a tambor “Twimplex” com dois cilindros na dianteira eram eficientes para a época. A fonte de queixas era o seu motor Aquilon, com válvulas no bloco, fraco e ultrapassado tecnologicamente. Virabrequim de três mancais, cilindros com diâmetro menor que o curso, pesado e com baixo rendimento, era criticado pela imprensa automotiva e motivo de reclamações de clientes que esperavam um desempenho melhor pela classe do carro.
Para atender a demanda e neutralizar a imagem de fraco desempenho, a marca lançou em 1962 uma versão luxuosa chamada Simca Présidence. Tinha calotas raiadas, estepe atrás do porta-malas, cores exclusivas e bancos de couro, além do motor original atualizado para 100 cv de potência com o emprego de dois carburadores duplos e maior taxa de compressão. Recebeu em 1965 o motor V8 com 2.414 cc na versão denominada Tufão de 110 cv com taxa de compressão de 8:1, enquanto no Super Tufão a cilindrada era de 2.515 cc e 112 cv; e no final de 1966 o motor V8 Emi-Sul de 140 cv, que finalmente traria bom desempenho ao modelo. Este motor trazia as válvulas no cabeçote, que era de alumínio, e câmaras de combustão hemisféricas, e conseguia esta potência mesmo com a cilindrada de 2.414 cc. Além disso, vinha equipado com ignição transistorizada (sem platinados) da Bendix Corporation e sistema de ventilação positiva dos vapores de óleo do cárter, por meio de um sistema nas tampas de válvulas que os conduzia ao filtro de ar. Fazia de 0 a 100 km/h em 16 segundos e ultrapassava 160 km/h de velocidade máxima. 
O motor Emi-Sul de 140 cv.
Poucos meses depois era lançado o Simca Rallye, que seria a primeira versão esportiva de um sedã nacional. Equipado com o mesmo motor da versão Présidence, o visual externo possuía entradas de ar no capô e cores mais chamativas. Exclusivo nesta versão era uma alavanca no painel para o avanço inicial de ignição. Isso permitia compensar diferenças de octanagem do combustível e também de altitude.
O Chambord também marcou uma época por ser o veículo usado pelo ator Carlos Miranda, protagonista da popular série de TV “O Vigilante Rodoviário”.
O encerramento da produção do modelo era anunciado no fim de 1966, quando a marca já apresentava seu substituto, o Esplanada, já sob a direção da Chrysler americana. Ao todo foram produzidas quase 50 mil unidades do modelo. Com a incorporação definitiva pela Chrysler em 1967, os modelos da Simca desapareceram do mercado.
O Simca Chambord foi um modelo importante, pois chegou em um momento em que a indústria nacional estava dando os primeiros passos. Foi o primeiro modelo de luxo disponível por aqui e, apesar da curta trajetória, deixou muitos fãs. O carro também foi homenageado com uma música da banda Camisa de Vênus “Simca Chambord”, de 1986.
O VIGILANTE RODOVIÁRIO
“Vigilante Rodoviário”, primeiro seriado produzido especialmente para a televisão na América Latina, foi ao ar pela primeira vez em 20 de dezembro de 1961, na TV Tupi canal 4, patrocinado pela Nestlé.
O inspetor Carlos, interpretado por Carlos Miranda, e seu cão Lobo, lutavam contra o crime a bordo de uma Harley Davidson 1952 ou de um Simca Chambord 1959. Seu posto ficava na Rodovia Anhanguera, km 38, local escolhido pela produção pelo fato de se manter ensolarado a maior parte do ano, para as filmagens externas.
Isso aconteceu no fim da década de 50 e início da de 60, a televisão ainda vivia seu tempo do “ao vivo”, sem a ajuda do vídeo-tape. Na época, eram exibidos enlatados americanos, desenhos e filmes que eram gravados em película cinematográfica. Foi daí que surgia a idéia da TV Tupi de fazer esta superprodução, para os padrões da época, claro!
Ary Fernandes, fã de revistas em quadrinhos e seriados americanos, inspirou-se no trabalho da Polícia rodoviária do Estado de São Paulo, criada em 1948 pelo governador Adhemar de Barros, para dar emprego aos pracinhas que lutaram pelo Brasil na Segunda Guerra Mundial.
No final de 60, depois de apresentado o piloto da série a 20 agências para patrociná-la, só uma apoiou a idéia da TV Tupi: a Nestlé do Brasil.
O título inicial era "Patrulheiro rodoviário", mas quando o contrato de patrocínio foi assinado com a Nestlé, a Toddy comprou um seriado americano de faroeste e o denominou "Patrulheiros do Oeste", e o título teve de ser mudado para "Vigilante Rodoviário".
Segundo depoimento do radialista Elmo Francfort Ankerkrone: “Eles gravaram, então, 38 episódios, ou seja, mais de quatro filmes, que faziam parte destes 38, só que com cenas novas para exibições futuras. Com isto, o “Vigilante Rodoviário” foi o primeiro seriado criado para a televisão brasileira e a América Latina, não perdendo para as produções ‘westerns’ americanas. Uma série 100% brasileira, no tema e nos demais segmentos que possam existir para o gênero. A série tinha também sempre o uso adequado da força do Vigilante, sem abusos policiais.
A série começou a ser produzida e foram convocados mais de 200 candidatos para o papel principal, nenhum foi aprovado. Porém, para não perderem o desafio que a equipe tinha se metido, Ary Fernandes resolveu testar um de seus assistentes de produção, Carlos Miranda.
O resultado foi melhor do que o esperado, e assim, com seu porte atlético, seu jeito simpático e muito animado, Carlos Miranda fez com que a idéia da série não fosse engavetada. Ele não esperava o sucesso que teve com seu personagem, foi um tiro no escuro que acertou no meio do alvo!
A posse do Presidente Jânio Quadros dias depois de assinado o contrato fez com que a verba da Nestlé não fosse suficiente, já que o mesmo estipulou uma lei taxando os produtos importados em 400%. O problema aconteceu porque a série era quase toda feita com importados. Isto fez com a que série custasse dez vezes mais que as estrangeiras em termos de produção.
Para que ele não ficasse sozinho na série e tivesse companheiros em suas buscas, criaram o personagem Lobo, um cão pastor alemão, o mais fiel amigo do Inspetor Carlos Miranda”. A princípio a dupla usava uma moto Harley Davidson. Depois de sofrer uma queimadura em sua cauda, Lobo se recusou a subir novamente na moto. Então, os heróis passaram a viver suas aventuras num Simca Chambord, todo pintado de amarelo e preto. Lobo tinha seu lugar cativo, ao lado do inspetor Carlos, no banco dianteiro do automóvel! Foram usados 5 automóveis para as gravações, cedidas em comodato pela Simca, e ao final da série, todas as unidades foram devolvidas para a montadora. O atual carro exibido nos eventos junto com o Vigilante Carlos é uma réplica com a decoração utilizada na época pela corporação.
Continua Elmo: “E com este time e o patrocínio da Nestlé, a série começou a ser exibida em dezembro de 1961, na TV Tupi de São Paulo, às 20h, todas as quartas feiras, após o telejornal “Repórter Esso”. No Rio de Janeiro às quintas-feiras, sempre no horário nobre. Interessante ressaltar que pela inexistência do sistema em rede para a televisão, fazia com que a fita viajasse, literalmente, de uma filial para a outra, sempre dentro das Emissoras Associadas. A série foi exibida até 29 de agosto de 1963, quando a Nestlé cancelou o patrocínio.
Como o orçamento era apertado, a produção convidava atores em início de carreira, e assim, ajudou a revelar à TV brasileira nomes com Stenio Garcia, Ary Fontoura, Fúlvio Stefanini, Rosa Maria Murtinho, Milton Gonçalves, Ary Toledo, Juca Chaves e outros. Mesmo com o fim do patrocínio e da produção da série, as reprises batiam grandes programas da época, sempre dando pontuação máxima ao seriado infanto-juvenil”.  Durante as décadas de 60 e 70, o seriado foi exibido também pelas extintas TV Tupi (1967) e TV Excelsior; e pelas TVs Cultura, Globo (1972) e Record, até 1976.
  
Tenente-coronel Carlos Miranda,
o eterno vigilante rodoviário
"De noite ou de dia, firme no volante, vai pela rodovia, é o bravo vigilante!"
Quando essa estrofe tocava, seja nos anos 60 ou 70, a maior parte das famílias brasileiras ia para frente da televisão acompanhar as aventuras do vigilante rodoviário Carlos e seu inseparável cão Lobo.
Por meio de um decreto, datado de 10 de janeiro de 1948, assinado pelo então governador do Estado, Ademar Pereira de Barros, foi criado o Grupo Especial de Polícia Rodoviária. A equipe era um segmento especial da Polícia Militar (chamada, na época, de Força Pública), e tinha como objetivo atuar nas estradas e rodovias do Estado, prevenindo crimes.
“Além da fiscalização do trânsito, nosso trabalho é combater a criminalidade na malha rodoviária de São Paulo. São aproximadamente 22 mil quilômetros de estradas, onde atuamos através da fiscalização e combate ao excesso de velocidade, ultrapassagens indevidas, alcoolemia [embriaguez], além de campanhas educacionais e condução responsável de motocicletas”, diz o coronel Hélio Verza Filho, comandante do Policiamento Rodoviário.
Da tela para as ruas – a ficção se torna realidade
O seriado tornou-se um sucesso, não apenas pela forma de filmagem, utilizando a película de cinema – técnica até então inédita no Brasil –, mas principalmente pela simpatia que o grupo, os então chamados de vigilantes rodoviários, exercia sobre a população.
Carlos Eduardo Miranda, que fazia o papel do protagonista, teve de fazer o curso na Escola de Policiais Rodoviários em Jundiaí, gostou tanto de atuar como vigilante e, após terminar a série, foi convidado pelo Comandante Geral da Força Pública de Exército João Franco Pontes, para entrar na Academia de Polícia Militar do Barro Branco (APMBB) e tornou-se um patrulheiro de verdade.
O ator se transformou em seu personagem. Miranda seguiu carreira dentro do policiamento rodoviário por 25 anos, chegando ao posto de tenente-coronel, e não se arrepende da escolha. “Eu, que comecei cantando em um circo, hoje sou um símbolo entre as polícias rodoviárias do país. Não trocaria o que vivi, e ainda vivo, na PM, por nada. É uma satisfação muito grande ser, de verdade, um vigilante rodoviário”, conta. Em 1998 passou para a Reserva como Tenente Coronel PM RES. Carlos Miranda hoje participa de encontros de colecionadores de carros antigos, presente sempre quando seu Simca Chambord preto e amarelo participa dos eventos, além de dar palestras e se apresentar em comemorações cívicas como símbolo das forças policiais.
Lobo, cujo nome verdadeiro era King, era conhecido do quartel da força pública próximo do Parque Estoril, em São Bernardo do Campo, SP. Era um pastor alemão mestiço e tinha cinco anos quando foi "recrutado" para as filmagens. Em 1971, quando fugia para a casa de Ary Fernandes, Lobo foi encontrado morto perto do antigo lixão da Vila Guilherme, vítima de atropelamento.
Em novembro do mesmo ano da estreia da série, o Grupo Especial de Polícia Rodoviária passou a ser parte da Força Pública (a PM da época), mudando de nome para Corpo de Policiamento Rodoviário e, em dezembro de 1973, Batalhão de Policiamento Rodoviário.
EM ESCALA
O modelo da NOREV reproduz o Simca Beaulieau de 1957, na escala 1:18, e tem bom nível de detalhamento, do design da época e abre as portas, capô dianteiro e porta-malas. Traz a pintura em duas cores, com o teto e as laterais “rabo-de-peixe” em cinza, contrastando com a cor predominante do restante do carro.





Chrysler Turbine - A era do jato chega aos automóveis

Com o sucesso da era do jato, as turbinas eram o avanço em potência e velocidade dos aviões, então, nada mais natural do que tentar colocar uma delas num carro, assim como elas eram o upgrade dos motores a pistão nos aviões, poderiam ser nos carros?
A Chrysler investiu milhões no projeto de seu carro movido a turbina, iniciando nos anos 1950 e avançando nos anos 1960, a terceira versão do motor a turbina, o CR2A, foi aplicado em quatro modelos de 1962: dois Dodge Dart e um par de Plymouth Fury, que precederam o carro a turbina propriamente dito.
Estes carros foram exibidos em diversos concessionários Dodge e Plymouth, até mesmo em demonstrações em pistas da Europa, como Monthlery, na França, e Silverstone, na Inglaterra. Com reações favoráveis sobre a tecnologia, a Chrysler decidiu construir 50 unidades para uma avaliação dos consumidores, entre outubro de 1963 e outubro de 1964; mais os cinco protótipos já construídos (dentre estes, três tinham combinações diferentes de cores do teto). Para os testes, foram selecionados 203 motoristas − 23 deles eram mulheres – de todo o país, para usar o carro durante certo período.
O resultado é o agora famoso hardtop bronze, revelado em maio de 1963. Ele foi desenhado por Elwood Engel, que havia substituído Virgil Exner como Chefe de Estilo dois anos antes. Engel veio da Ford, onde trabalhou no desenvolvimento do Thunderbird de 1961-63, e a semelhança é tal que muitos se referem ao Carro a Turbina como “Engelbird”.
Apesar disso, havia muitas diferenças: o entre-eixos era três polegadas menor, e a frente tinha um desenho bem limpo, e a traseira tinha profundas cavidades onde as grandes lanternas tinham um “estilo turbina”. Também as molduras dos faróis e as calotas tinham um motivo de lâminas rotativas, lembrando turbinas de avião. Os “carros de consumo” vinham com um teto de vinil preto, contrastando com a pintura “Frostfire Metallic”, mais tarde chamada de “Turbine Bronze”.
O interior também vinha em tons de bronze, e havia quatro assentos individuais, separados longitudinalmente por um console cilíndrico central. Outras amenidades incluíam direção assistida, servo-freios e vidros elétricos; ar condicionado, e painel com conta-giros e medidor de temperatura da turbina.
Debaixo do capô, uma turbina de quarta geração, designada pela sigla A-831, acoplada a uma transmissão automática TorqueFlite. Suas principais inovações eram as palhetas constantemente variáveis, controladas pela abertura do acelerador, e regeneradores individuais em plano vertical, um de cada lado de um queimador central.
A suspensão não seguia o padrão Chrysler de barras de torção longitudinais da época, mas vinha com um design contemporâneo, usando a dianteira independente com molas envolvendo os amortecedores em cada roda, sendo a traseira tipicamente Chrysler, com molas semi-elípticas e amortecedores de ação direta.
Apesar da Chrysler não divulgar os dados de desempenho, diversos comentários apareceram depois dos testes realizados. Um em cada quatro motoristas reclamaram do odor dos gases queimados (parecia óleo de cozinha) e um de cada três reclamava do atraso da resposta do acelerador, pois havia uma demora de um a um segundo e meio para a turbina reagir às acelerações do pedal direito.
O consumo era alto também – apenas 11,5 mpg (milhas por galão de 3,6 litros) – embora funcionasse com querosene barato.
A maior diferença com os motores a combustão era a ausência de vibrações e o ruído semelhante a um avião ao se deslocar. A turbina girava a 44.500 rpm e gerava 130 hp, proporcionava uma aceleração de 0-60 mph em cerca de 12 segundos.
Após o final do programa de testes com os usuários, das 50 unidades, 46 foram destruídas, seguindo uma prática das montadoras de não vender carros de pré-produção ou protótipos ao público. Dos nove carros remanescentes, seis tiveram seus motores desativados e foram doados a museus de todo o país. Três unidades operacionais foram retidos pela Chrysler por razões históricas, um deles está no Museu de Transportes em Saint Louis, e é exibido em exposições frequentemente.
Os outros dois estão em mãos de colecionadores particulares, um foi doado ao Harrah Museum em Nevada, que o vendeu para o fundador da rede Domino’s Pizza Tom Monaghan, e finalmente foi vendido para Frank Kleptz, de Terre Haute, Indiana, no Antique Automobile Club of America Fall Meet, em 1989. O outro carro foi adquirido por Jay Leno, famoso apresentador de TV americano diretamente do acervo da Chrysler.

EM ESCALA
O Chrysler Turbine da Yat Ming (Road Signature Series) na escala 1:18 reproduz com bastante fidelidade o único carro que chegou a rodar significativamente movido por uma turbina, semelhante aos dos aviões a jato.
Ele abre as portas, capô dianteiro e traseiro, e as rodas esterçam. O motor a turbina tem seu detalhamento caprichado em preto e cromado, assim como o interior do carro reflete o acabamento da época; os bancos tem os encostos articulados. O porta-malas é reduzido, onde o estepe ocupa boa parte do espaço.
A Mattel, com sua marca Hot Wheels, tem o modelo na escala 1:64, bastante fiel ao carro real, limitado pelo tamanho, claroO Chrysler Turbine como foi fabricado em 1963 para o teste com os consumidores, foi reproduzido pela Hot Wheels na escala 1:64, e tem um bom acabamento. Este modelo foi lançado em 2012 na Série Hot Wheels Boulevard Concept Cars, e depois saiu em 2013 com uma pintura Spectraflow Gold, e desde então, não apareceu mais.

Chrysler Turbine da Hot Wheels em 1:64




segunda-feira, 6 de março de 2017

Criatividade - resgatando uma habilidade que todos temos.

No mundo competitivo de hoje, a criatividade se tornou um grande diferencial para um profissional ou empresa se destacar da concorrência. Claro, nada melhor do que ter uma grande idéia e criar ou aperfeiçoar um produto ou serviço num mercado sempre ávido por novidades.
No entanto, todos acabam tendo dificuldades para exercer tais habilidades, até porque nossa sociedade não privilegia os processos de desenvolvimento de nossas habilidades criativas.
Todos sabemos que as crianças são muito criativas, e tem uma imaginação que alça vôos a lugares que os adultos não conseguem acompanhar. Ao crescer e começar a compreender o sistema de aprovação/desaprovação social, uma criança criativa vai "escondendo" sua habilidade "diferente" para se adequar ao seu circulo de vida. Primeiro na família, depois na escola, seus amigos mais chegados, e por fim no circulo profissional.
Uma das habilidades que mais expressam a criatividade é o desenho. Uma folha de papel em branco é um espaço perfeito para colocar o que sua imaginação quiser, especialmente as coisas que não existem no mundo real.
Betty Edwards é uma arte-educadora, que lecionou na California State University, e ela diz que a maioria das crianças não desenvolve sua habilidade de desenhar além dos onze anos. Seu livro "Aprendendo a desenhar com o lado direito do cérebro" é famoso e utilizado em todo o mundo como texto-padrão em escolas de arte.
Seus estudos sobre os hemisférios direito, que processa imagens e percepções, e o hemisfério esquerdo, que processa a lógica e o pensamento analítico; levaram-na à conclusão de que qualquer pessoa pode desenvolver, ou na verdade, resgatar suas habilidades criativas, fazendo exercícios adequados para tirar proveito desta grande capacidade que é tão desejada no mundo hoje.
Começando por copiar imagens ou fotos, estimula-se a habilidade de criar um desenho, e a partir daí, é um pulo para desenhar sem copiar, ou seja, reproduzir algo que está dentro do seu cérebro, ou uma imagem que somente você está enxergando.
Todos nós somos capazes de imaginar objetos, lugares, sensações e emoções. Um ator nada mais faz do que imaginar o que sua personagem faria naquela parte do roteiro e materializa o comportamento imaginado para ela. Assim, quando mentimos, também estamos sendo "atores" porque estamos inventando, ou criando uma situação que não ocorreu de fato. O aspecto negativo é que alguns o fazem tão habilmente que parece ser verdade...
Então, IMAGINE, pois é o passo mais simples para ser mais criativo. Não precisa muito tempo: 15 minutos por dia bastam para este exercício: Largue um pouco o celular e as redes sociais, e faça sua imaginação viajar; para outros lugares, cidades, países, mundos e galáxias... imagine se fosse um rei e tivesse o poder para resolver apenas UM PROBLEMA da humanidade, qual seria o problema que considera mais sério? E na sequencia, quantas soluções poderia imaginar para sanar este problema tão importante para você?
Este é o princípio do Brainstorm, uma poderosa ferramenta técnica que todos os criativos usam para "inventar" coisas novas. Ficará surpreso com sua capacidade de imaginar coisas diferentes, novas, inusitadas, até absurdas... isso mesmo; mas não se preocupe! Lewis Carrol escreveu absurdos em Alice no País das Maravilhas, e é um sucesso de público até hoje!
Garanto que além de exercitar seu cérebro e estimular sua criatividade, começará a dominar as habilidades para aplicar estas técnicas em sua vida pessoal e profissional.
Qual a empresa que não gostaria de ter um profissional que ofereça não uma, mas diversas soluções para os problemas mais importantes que ela tem?
Pense nisso e consiga um diferencial competitivo inigualável, porque as idéias que você tiver, serão apenas suas, e isso o tornará indispensável para quem o contratou.
Abraços e até a proxima!