segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Estética - o que é feio ou bonito?

Quem o feio ama, bonito lhe parece...
O dito popular contrapõe a opinião pessoal sobre o que achamos feio ou bonito, com os conceitos estéticos, que vem o termo grego aisthésis, significando percepção, sensação, sensibilidade.
A Estética  é um ramo da filosofia que tem por objetivo o estudo da natureza e dos fundamentos da arte. Ela estuda o julgamento e a percepção do que é considerado belo, a produção das emoções pelos fenômenos estéticos, bem como as diferentes formas de arte e da técnica artística; a idéia de obra de arte e da criação; a relação entre matérias e formas nas artes. A Estética pode também ocupar-se do sublime, ou da privação da beleza, o que pode ser considerado feio, ou até mesmo ridículo.
Aristóteles, Platão e Sócrates versaram sobre a Estética na cultura grega.

Filósofos gregos, como Platão, Aristóteles e Sócrates trataram do tema, e com algumas particularidades, a Estética estava ligada ao que é verdadeiro, bom e perfeito, e relacionado aos objetos, aquilo que tem harmonia, proporções ideais, simetria, ordenação, equilíbrio.
Inmanuel Kant

Já na modernidade, Kant foi responsável por retomar as definições do tema, afirmando que o juízo estético é oriundo do sentimento e funciona no ser humano como intermediário entre a razão e o intelecto.
Ele argumentava que os sentimentos são intrinsecamente propriedade do indivíduo, portanto, o senso estético, do que é feio ou bonito, dependia de uma "norma pessoal"; quando em contato com algo belo, a sensação de prazer que a pessoa tem o faz permanecer usufruindo tais sensações.
A música é um dos melhores exemplos de como estes conceitos aplicados aos sons, quando colocados em uma certa sequência e ordenação, produzem algo que é agradável de ouvir, em contraste com ruídos desordenados que "doem" em nossos ouvidos.
Chegando aos nossos tempos turbulentos em que a arte rompeu com todos os parâmetros estabelecidos, e novas formas de manifestações artísticas encontram espaços na esfera virtual, estamos a todo instante sendo questionados se gostamos ou não de determinado objeto ou situação, ao passo que em certo sentido, somos cerceados de emitir nossas opiniões para não "ofender" certos conceitos ou grupos sociais.
No entanto, para as pessoas comuns, as coisas bonitas, no fundo, se resumem àquilo que é agradável de se ver, saborear, ouvir, e de sentir. Mesmo com a imposição dos padrões de beleza que a moda, o design, a música e outras formas de manifestações artísticas, nos obrigam a assumir, há espaços alternativos a ocupar, com as minorias conseguindo exposição igual de seus conceitos e idéias, tanto quanto as maiorias dos mercados e segmentos sociais.
Claro que neste ambiente em que parece um "vale-tudo", o mau gosto acaba aparecendo mais frequentemente do que imaginamos... e com o passar do tempo e penetração nos meios sociais, muitas vezes acaba obtendo a preferência de uma grande parcela da população, de modo que algo que nem sempre é "verdadeiro, bom e perfeito, ou aquilo que tem harmonia, proporções ideais, simetria, ordenação, equilíbrio" se transforma em uma coisa "bela" para muitos.
Estudo de Ferdinand Porsche Typ 12 e o VW Sedan dos anos1950/60.
O Fusca quando lançado era um dos carros mais feios da época, mas sua funcionalidade e soluções técnicas o consagraram no mercado, ao ponto de as pessoas criarem uma relação afetiva muito forte, gostando dele e o achando bonito, com o tempo. Mesmo depois de sair de linha, recebeu uma sobrevida com o New Beetle, numa releitura de seu design, cujo grande apelo é justamente o sentimento que desperta nas pessoas, mesmo as que não possuem um exemplar dele, seja antigo ou moderno.
New Beetle de 1994 e a segunda geração do Beetle de 2015.
Num tempo em que as mudanças são velozes e furiosas, parece que somos requisitados a mudar nossas opiniões tão rapidamente quanto os acontecimentos à nossa volta.
Mas creio que ainda há esperança: quando a tecnologia iguala todas as coisas, o design é o fator decisivo para um produto se sobressair no mercado. E o design nada mais é do que a forma mais bela que um objeto pode assumir, ao cumprir com a função para a qual foi projetado.
Seja um carro, um eletrodoméstico, uma jóia, uma roupa ou uma casa ou edifício, o design bem trabalhado gera em nós aquele sentimento agradável, de querer continuar a olhar para o objeto por que ele é "bonito".
Chanel, com a moda e seu perfume nº 5, Ferdinand Porsche com seu Fusca, Oscar Niemayer com Brasília, Louis Vuitton com suas malas e bolsas, Raymond Loewy com o logotipo da Shell, Steve Jobs com seus computadores Apple e depois com o iPhone; todos conseguiram capturar nossas atenções e nos maravilhar com aquilo que vemos, vestimos, cheiramos, usamos, achando tudo muito belo e atraente.
A Estética atinge todos os nossos sentido, até o olfato.
O genial trabalho de Raymond Loewy e sua evolução

Griffes famosas e hoje, gadgets eletrônicos são os objetos do desejo de todos nós.