segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Carros – de objetos de desejo a vilões da história – Parte I



O desejo de se deslocar de um lugar a outro sempre esteve no espírito da humanidade. Seja a pé, de cavalos e charretes, no lombo de camelos do deserto ou puxados por cães nos trenós da imensidão ártica, o ser humano busca uma maior velocidade e conforto para ir daqui para ali.
Depois que a tecnologia aposentou a tração animal, o carro se tornou o maior objeto de desejo ao redor do mundo. Atribui-se a Karl Benz e Gottlieb Daimler, em 1889, a façanha de criar o primeiro automóvel, que poderíamos chamar de Carruagem 2.0; visto que avançava um grande passo no uso do motor a gasolina, câmbio e direção para aposentar de uma vez por todas os cavalos. Estes sobreviveram apenas na expressão “HP”, ou Horse Power, utilizado para medir a potência dos motores, comparativamente à força que os animais podiam exibir quando atrelados às antigas carruagens.
O maior benefício do automóvel era dar muito mais liberdade de locomoção às pessoas, e depois que Henry Ford criou a linha de montagem onde fabricava o Modelo T, o mundo nunca mais foi o mesmo.
 O Século 20 viu os automóveis proliferarem como coelhos no cio. Abandonando o design das carruagens na década de 1930, o estilo dos veículos evoluiu para os conceitos aerodinâmicos dos aviões e naves espaciais que surgiam na literatura de ficção científica. Impulsionados pela tecnologia da II Guerra Mundial, e pelo desejo de deixar para trás tanto sofrimento, o design dos anos 1950 celebrava a alegria das cores e beleza dos cromados, marcando os automóveis com curvas femininas e reforçando o espírito de liberdade de ir e vir, ainda mais com os baixos preços que a gasolina tinha na época.

Ter um carro ou moto virou símbolo de liberdade e rebeldia, status aspirado pela maioria dos jovens que entravam no mercado de trabalho. Combinado com mercados em desenvolvimento e economias prósperas, “baby-boomers” eram a epítome do sucesso pessoal e profissional, cujo carro típico desta geração era o BMW Série 3, na cor preta (as Mercedes eram consideradas carros de velhos e a Audi ainda não tinha imagem consolidada).
Ainda no terço final do Século 20, a competitividade e globalização fomentaram a formação de grandes corporações, provocando uma concentração de marcas, por aquisição ou fusão de companhias e o surgimento de novos ‘players’ depois dos japoneses, os coreanos, indianos e agora os chineses buscando um lugar ao sol.
A espantosa  tecnologia embarcada nos carros atuais, em que sistemas autônomos entram em ação sem que o motorista perceba, proporciona mais segurança e conforto seja na cidade ou nas estradas. Carros com sensores de calor, que identificam pedestres numa noite escura; programas que freiam ou aceleram para controlar o veículo numa curva; estacionam sozinhos sem ajuda do motorista e trazem todos os mimos possíveis para que sua viagem seja a mais confortável e prazerosa possível são itens que parecem ser o desenvolvimento natural para os motoristas do Século 21.
Os automóveis estão por toda a parte, em todos os países do mundo, a liberdade de ir e vir vem acrescida de muita tecnologia e design. Apesar de ainda sobreviverem alguns projetos jurássicos (vide a nossa Kombi que acabou de sair de linha!), os automóveis se tornaram uma extensão de nossas casas, e para muitos, uma expressão de seu estilo de vida (Linha Adventure da FIAT explora exatamente este ponto) e aspirações,muitas vezes ganhando prioridade sobre bens mais importantes, como a casa própria.
Os fabricantes sabem disso, e hoje a segmentação dos mercados é atendida com inúmeros modelos (A Tabela do IPVA de 2013 traz a lista somente dos automóveis nacionais e importados, novos e usados até 10 anos: 3.815 modelos diferentes, que podem ser personalizados com opcionais e acessórios) numa combinação quase infinita de opções para cada gosto ou preferência.

O automóvel tem sido responsável por uma grande mudança do mundo como o conhecemos hoje, pela tecnologia gerada no seu desenvolvimento e alterando a paisagem das cidades e campos, com ruas, estradas, viadutos e túneis para sua circulação. E continua como objeto de desejo de muitos, jovens e idosos, mulheres e adultos, para trabalhar ou passear, namorar, viajar, ou mesmo que seja só pra ir até a padaria buscar pão e leite.

Até a semana que vem, quando veremos o outro lado da moeda: o automóvel como o vilão da história.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Ética - Ou você tem, ou não tem.

Muito se fala sobre Ética, um valor consagrado pelos pensadores gregos e indispensável para a vida do ser humano. Já digo ‘ser humano’ porque deveria ser um diferencial que nos distinguisse do ‘ser animal’, guiado pelos seus instintos e incapaz de fazer certas escolhas e usar o dom do livre-arbítrio concedido por Deus.
Em tempos tão turbulentos com os que vivemos, este ‘valor’ denominado “Ética” dá a impressão de que não é tão preciosa assim.
Claro, pois Ética é um ‘valor’, uma qualidade preciosa cuja pessoa que a manifesta se destaca entre as demais. É diferente da Moral, pois esta varia conforme a época, lugar, costumes e tradições, ao passo que a Ética deve ser baseada na razão.
Mesmo assim, a Ética só produz bons resultados desde que este valor seja aplicado corretamente, pois até mesmo o crime organizado tem sua ética; no sentido de que segue determinados comportamentos que são definidos como ideais dentro do grupo em questão (seja uma quadrilha que faz um ‘arrastão’, a facção que domina uma comunidade num grande centro, pessoas que se juntam para fraudar licitações públicas em proveito próprio, produtores de armas que fomentam guerras e revoluções e os cartéis de drogas pelo mundo).
Apesar de não participarmos de tais grupos, exercer a Ética na verdadeira acepção da palavra não é fácil.
Na complexa sociedade em que vivemos, a todo momento estamos sendo postos à prova em nossos valores de honestidade, lealdade, paz, amor, justiça, compaixão, esperança, humildade e muitos outros que poderíamos alistar; a Ética em destaque, que me motivou a escrever sobre o tema.
Você está no escritório, toca o telefone, a pessoa que atende diz:
- É pra você; Fulano que falar contigo. E você responde sem piscar:
- Diz pra ele que não estou!
Lá se foi sua Ética, e pior, desmoronando publicamente em frangalhos!!
Ou você está aguardando na calçada o sinal de pedestres abrir para atravessar a rua, o movimento de carros diminui e as pessoas começam a atravessar mesmo com o sinal vermelho para os pedestres.  Você atravessa junto ou espera até o sinal ficar verde para os pedestres? Como você exerce sua Cidadania?
Estes são apenas dois pequenos exemplos da grande crise de valores que a sociedade sofre hoje; produzindo pessoas egoístas, insensíveis aos problemas que nos cercam, gananciosas, desleais, impacientes, ferozes e cruéis.
Mas o que fica muito claro em todas as situações em  que somos pressionados, é que temos a possibilidade de fazer escolhas. Podemos decidir por manifestar a nossa Ética ou descambar para o abismo da falsidade; sim falsidade, porque estaremos nos comportando de um modo que não deveríamos.
Há pessoas que consideram os ‘Valores’ como algo subjetivo, e portanto submisso a uma posição estritamente pessoal seus valores tornando-os imunes aos argumentos racionais.  Isso pode explicar porque uma celebridade exige damascos frescos em seu camarim; porque alguém arremata uma Ferrari de 25 milhões de dólares num leilão ou um terrorista comete um ato suicida explodindo a sim mesmo num local público.
Por outro lado, os que consideram os “Valores’ com objetividade, pressupõem que as escolhas  possam ser orientadas e corrigidas a partir de um ponto de vista independente.
Tais valores se tornam então a base de nossas decisões, o alicerce em que construímos nossas vidas, visando obter bons resultados para nós e os que nos cercam. Sobre os Valores, criamos princípios que nos ajudam nas decisões que tomamos diariamente.
E os valores mais elevados, associados ao seu bem-estar e do seu próximo, é que tornam nossa vida recompensadora, uma vida grandiosa e plena de realizações.