segunda-feira, 4 de abril de 2016

POR-DO-SOL


Um dia que se vai,
Quando o sol finda o seu caminho,
Descendo calmo atrás dos morros,
Fulgurante em sua luz alaranjada,
Num espetáculo soberbo e divino,
Enchendo os nossos olhos de beleza;
A apoteose celeste do seu trajeto,
Iluminando de vida a todos,
Vibrando de energia homens e plantas;
Anunciando a noite com suas trevas,
E a fria luz da lua e das estrelas.

Quem dera pudéssemos terminar
Nossas breves vidas como o por-do-sol,
Glorioso, luminoso e radiante,
Finalizar a vida com um espetáculo;
E não com lamentos e tristeza;
Em rugas e brancos cabelos,
Definhando o vigor de outrora,
Em doenças e sofrimento,
Sem poder, nem glória...

A vida, uma dádiva do Criador...
A morte, uma herança de Adão,
Um triste final para um começo promissor...
Que alívio será um dia ver
A dor desaparecer e o lamento não mais se ouvir,
Até mesmo da morte retornar,
E nenhum sofrimento ou lágrima brotar
Nos rostos apenas olhares a sorrir,
E felizes finalmente, ser...


Uma reflexão sobre a vida e a morte, enquanto estava com meu pai, aos 92 anos, no hospital. São Paulo, 24/03/2016.
Ele faleceu no dia 01 de abril de 2016.