Aston Martin DB4 GT, 1961
Nos anos 1960, os regulamentos esportivos abriram
espaço para os carros GT (Grã-Turismo), especificando que o fabricante deveria
produzir pelo menos 100 unidades do modelo, de modo que pudessem equipar os
carros com motores ou equipamentos que melhorassem sua performance para as
competições.
A maioria dos fabricantes preferiu continuar a
construir protótipos voltados unicamente para suas equipes de fábrica, mas a
Ferrari iniciou um movimento de disponibilizar versões de seus carros de
corrida para equipes independentes e para clientes que desejavam rodar com elas
pelas ruas e estradas, não necessariamente participando de competições.
Com um histórico bem-sucedido nas pistas nos anos
1950, culminando com a vitória das 24 Horas de Le Mans, com Roy Salvadori e
Carrol Shelby, em 1959, pilotando o DBR1, a Aston Martin inscreveu um protótipo
do DB4, denominado DP199, na inauguração da Classe Grand Touring do Automobile
Club de l’Ouest neste mesmo ano.
Aston Martin DP199, em Le Mans, 1959
Baseado num chassi do DB4, encurtado e equipado com um
motor ajustado e com peso aliviado, e uma carroçaria mais aerodinâmica, o DP199
acabou abandonando a prova na terceira hora com falha no motor. Este protótipo
serviu como carro-mula no desenvolvimento de um novo modelo de produção: o DB4
GT.
DB4 GT, 1959
Apresentado no Salão do Automóvel de Londres em
outubro de 1959, o DB4 GT foi concebido para ter um alto desempenho nas provas
internacionais de longa duração. Adicionalmente, os clientes poderiam dispor do
DB4 GT com o acabamento padrão da marca para rodar nas ruas, com todos os
equipamentos de conforto para o piloto e passageiros.
Com entre eixos reduzido em cinco polegadas (127mm), o
monocoque de aço prensado foi reforçado para aumentar a rigidez e melhorar o
manuseio do carro. A suspensão dianteira tinha triângulos duplos com
amortecedores dentro de molas helicoidais e barra estabilizadora. A suspensão
traseira vinha com um eixo rígido, mas com braços de arrasto paralelos,
conjuntos de mola/amortecedor e uma articulação Watt. Os freios Girling eram a
disco nas quatro rodas, mas tinham maior diâmetro, e não tinham servo-assistência
para redução de peso, assim como as rodas Borrani raiadas, de 16 polegadas, com
“spinners” de três pontas ao invés de duas.
Para dar maior autonomia, o tanque de 19 galões (69
litros) foi substituído por um de alumínio com 30 galões (108 litros), e com o
estepe montado sobre ele, o espaço do porta malas ficou bem reduzido.
O motor recebeu aperfeiçoamentos pelo engenheiro polonês Tadek Marek, com bloco e cabeçote de liga RR50 em vez do ferro fundido (22 kg mais leve), e a cilindrada foi aumentada de 2,922 cc para 3,670 cc. Com carter úmido, diversos ajustes e equipamentos foram adicionados para otimizar o desempenho.
Os comandos tinham aberturas maiores, taxa de
compressão de 9:1 (em vez de 8,25:1) e duas velas de ignição em cada cilindro.
Alimentado por três carburadores WE:BER 45 DCOE no lugar dos habituais SU HD8,
o motor produzia 302 cv a 6000 rpm e 270 lb-ft de torque a 5000 rpm. Como
comparação, o DB4 normal produzia 240 cv a 5000 rpm e 240 lb-ft de torque a
4200 rpm.
O câmbio tinha quatro velocidades, embreagem dupla de
9 polegadas em vez da simples de 10 polegadas; diferencial de deslizamento
limitado Salisbury Power-Lock de fábrica.
O design trazia a mesma carroçaria do protótipo DP199,
com faróis dianteiros embutidos com cobertura de Plexiglass. As portas eram
menores, devido à redução do entre eixos, e as portas não tinha caixilhos nas
janelas. O modelo vinha com os bocais de abastecimento expostos, num recesso dos
para lamas traseiros, para facilitar o abastecimento nas corridas de longa
duração.
Para reduzir mais o peso, a carroçaria foi fabricada
com painéis em liga de magnésio de calibre 18 (1,2 mm), as janelas laterais
traseiras eram de Plexiglass, e os para choques tinham lâminas simples, sem o “overrider”
(garras verticais).
DB4 GT Lightweight
A versão Lightweight ainda trazia diversas partes do
chassi perfuradas, para alívio de peso, painéis de alumínio em vez de aço em
grande parte do piso e laterais, motor com alterações para maior performance,
assentos de tecido, estofamento mais leve e forração interna em vinil e
borracha, em vez do couro e carpete que isolava melhor os ruídos; janelas
traseiras em Plexiglass, forrações das portas simplificadas, porta-luvas sem
tampa e até os pedais eram perfurados para ganhar peso. Todas as modificações
reduziram em 85 kg em relação ao DB4 normal (1269 kg contra 1354 kg). A versão
Lightweight era ainda mais leve, com 141 kg a menos do que o GT normal
(atingindo 1128 kg). Assim ela chegava a 155 mph (250 km/h), fazendo de 0-62
mph (0-100 km/h) em 5,3 segundos.
Aston Martin DB4 GT Zagato, 1960
A produção do DB4 GT chegou ao fim em junho de 1963,
quando 75 exemplares haviam sido construídos (45 com volante à direita e 30 com
volante á esquerda). Destes, a Aston Martin considera que oito unidades foram
construídas como Lightweight. Dezenove unidades foram modificadas por Zagato, e
construídas na Itália, ficando conhecidas como DB4 GT Zagatos, e um exemplar
foi reestilizado por Bertone, denominado Bertone Jet.
DB4 GT Bertone Jet |
Aston MArtin DB4 GT Lightweight, re-edition 2017
Com o reavivamento do interesse pelos carros clássicos
do passado, assim como ocorreu com a Jaguar, a Aston Martin anunciou em fevereiro
de 2017 que iria construir um lote de 25 novas unidades do DB4 GT Lightweight,
dando sequência à numeração de chassis original, interrompida em 1963.
A produção seria feita na mesma fábrica dos originais,
a fábrica de Newport Pagnell; e a previsão dos custos destes exemplares foi
calculada em £1,5 milhão cada um. Em contraste com os antigos DB4 GT, este lote
teria um moderno motor de 4,2 litros e 340 hp, acoplado a um câmbio de quatro
marchas com engrenagens de corte reto. Também teriam uma gaiola de proteção
atualizada, bancos e tanque de combustível de competição.
Da minha coleção
Aston Martin DB4 GT High-Speed Edition, Serie Muscle Mania. 2024
O Aston Martin DB4 GT High-Speed Edition saiu na Série Muscle Mania, em 2024. O casting é de autoria de Miles Nurnberger, Thomas Gilbert, Diretor de Design e Lider de Design Exterior da própria Aston Martin; e Craig Callum, da Mattel. Gilbert tomou a liberdade de conceber um sketch de um DB4 GT para correr na planície salgada de Bonneville Salt Flats, assumindo alguns aspectos da cultura americana de carros de recorde. Nurnberger concordou em desenvolver o conceito de Gilbert, seguindo a pesquisa histórica feita por Steve Wadddingham, de que um dos clientes da Aston Martin correu com um DB4 GT em Bonneville nos anos 1960.
Referências:
https://hotwheels.fandom.com/wiki/Aston_Martin_DB4GT_High-Speed_Edition
https://hypebeast.com/2024/11/hot-wheels-x-aston-martin-high-speed-edition-db4gt-release-info
https://supercarnostalgia.com/blog/aston-martin-db4-gt
https://supercarnostalgia.com/blog/aston-martin-dp199