domingo, 21 de setembro de 2014

Desgraça alheia dá mais audiência!

Dizia-se que se torcêssemos o jornal "Notícias Populares" sairia sangue, devido à quantidade de notícias escabrosas, mortes e tragédias que o jornal trazia em suas páginas.
Gil Gomes, fazia sucesso com o noticiário policial, primeiro no rádio, depois transposto para a TV no antológico "Aqui, Agora!"; do qual Datena é o seu herdeiro mais bem sucedido.
O fato é que as pessoas gostam de saber sobre as desgraças que acontecem com os outros, como as fofocas das comadres, ou a curiosidade dos motoristas ao passar por um acidente de transito.
Fiquei pensando um pouco sobre os motivos pelos quais a curiosidade humana pela desgraça alheia é tão grande assim.
Não que tais fatos não devam receber atenção dos noticiários. Acidentes de trânsito podem ser evitados por se observarem as estatísticas sobre algo que sucede constantemente; os chamados para reparo ou troca de determinado componente num veículo que está provocando ou pode causar quebras ou acidentes, quedas de aeronaves podem levar a medidas que aumentem sua segurança, e assim por diante.
Mas há notícias que não agregam em nada, e com os celulares que fotografam e filmam, a quantidade destes eventos proliferam sobremaneira através das redes sociais.
Poderia se argumentar que o fato de ficarmos sabendo do que acontece na sua cidade, estado ou país poderia melhorar as condições de vida, reduzindo as mazelas com saúde, segurança, desemprego e ordem social, mas com a complexidade que a vida nas grandes cidades assumiu, assistir todos os dias a exibição de um cenário com o que vemos nos noticiários, só pode levar á depressão profunda.
Tanto é que diversas pessoas com que converso comentam que não dá pra assistir ou ler jornal, de tantas notícias ruins que eles trazem.
Como alguém que fala sobre os defeitos dos outros para se sentir psicologicamente melhor, creio que a maior atenção dada às más notícias tem o mesmo paralelo: o fato de saber que outros estão sofrendo roubos, assassinatos, sequestros, tragédias, calamidades de toda sorte, conforta nossa psique sobre o nosso status quo, no fundo, no fundo, pensando: "Ainda bem que não foi comigo!".
Alguns psicólogos poderão dizer que temos um lado negativo dentro de nós, e esse lado nos atrai ao lado negativo dos fatos, buscando saber e se interessar pelas tragédias do cotidiano.
Por outro lado, quando você tem uma boa notícia a divulgar, pensa duas vezes antes de tornar pública, por causa da inveja que isso poderia provocar em algumas pessoas... Assim, ficamos de mãos atadas e deixamos de compartilhar boas novas com aqueles à nossa volta.
Não é para menos que há tempos, o Jornal Nacional sempre encerre suas edições com uma "notícia boa", como que para compensar a quase totalidade de notícias ruins que o jornal pauta todos os dias.
Tempos difíceis em que vivemos, onde fatos positivos, boas ações e boas notícias não dão audiência, e tem baixo interesse por parte dos telespectadores; e boas notícias despertam um dos piores sentimentos no coração dos invejosos de plantão!
Tenho fé de que um dia estas situações poderão ser coisas do passado e que todas as pessoas com quem convivermos só trarão notícias boas para nós.
Abraços e até a próxima!

2 comentários:

  1. Pois é Leo Togashi, a mídia responde de acordo com o desejo, interesse, cultura e anseios do consumidor. É mais fácil ficar embotado na frente da TV do que ler um bom livro. Abraços, excelente post.

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    1. É isso, Wlademir. O conteúdo dos meios de comunicação se tornaram consumíveis em excesso, perdendo a qualidade de informação para nós.

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