As mudanças sociais vão se sucedendo sem parar, e com os
relacionamentos efêmeros junto com a sobrecarga de ‘compromissos’ pessoais e
sociais, cada vez temos menos tempo para cuidar de alguns problemas que a vida
moderna traz.
Apesar de toda a tecnologia disponível, alguma coisa sempre
necessita de reparo ou manutenção. Mas as pequenas coisas que vão quebrando em
casa acabam sendo um transtorno para quem não tem habilidades para trocar uma
lâmpada queimada...
Chuveiros queimados, tomadas que não funcionam, torneiras
vazando e encanamentos entupidos, portas e janelas que não fecham, e por aí
vai...
Com uma grande parte da população morando sozinha, tanto
homens como mulheres sofrem com estas situações que seriam simples de resolver
no passado.
De olho nesta necessidade das pessoas, as companhias de
seguros estão atrelando ao seguro do carro vários destes serviços, e na cola do
mercado há os “maridos de aluguel”, que prestam todo tipo de serviço para resolver
estas situações.
Esta expressão é interessante porque surge daquele aspecto
de que as mulheres que vivem sozinhas seriam mais dependentes de um “marido de
aluguel”, para resolver os inconvenientes para manter o bom funcionamento de
uma casa. E traz todo um histórico psicossocial do “homem da casa”, “provedor” que
todos temos em nosso inconsciente.
A revolução sexual que começou nos anos 1960, e alçou as mulheres
à emancipação pessoal trouxe muitos benefícios e abriu espaço para que as mulheres
ampliassem seus horizontes, se tornassem menos dependentes financeiramente,
podendo decidir por si sobre a maternidade, carreira, ou qualquer outras escolhas
que antes não estavam ao seu alcance.
Vemos hoje mulheres em posições de liderança, até como
presidente de nosso país (sem entrar no mérito de sua governança, claro...), em
empresas ou outras instituições, ocupando espaços em todos os campos, e que
antes eram predominantemente masculinos.
Como todas as coisas, o lado bom sempre se contrapõe com
algum aspecto negativo.
Isso se reflete nas atitudes sociais (sem generalizar), como
antigamente, se havia homens com quem as mulheres não queriam se casar (ou se
relacionar), hoje há mulheres com as quais os homens não querem se
relacionar...
O cafajeste de ontem, que se aproveitava das mulheres,
impondo sua superioridade para dominar a situação para seu próprio proveito, se
transferiu para algumas mulheres que se aproveitam, não só dos homens, mas
também de outras mulheres, ditando suas regras e impondo seus conceitos
distorcidos sobre que é viver em sociedade.
Com a oferta de sexo fácil no mercado (tanto para homens
como para mulheres), as pessoas querem algo mais. É como a pirâmide de Maslow,
em que na situação onde as necessidades fisiológicas e de segurança são
preenchidas, se passa a buscar satisfazer a necessidade de amor e
relacionamentos (de qualidade).
Neste estágio, algumas qualidades são fundamentais para que
se crie relacionamentos com as pessoas que possam gerar o sentimento do amor,
não apenas do amor romântico, mas o amor mais elevado, que se preocupa com o
próximo, com o planeta, e a construção de um mundo melhor de se viver.
Com o estabelecimento da cultura do “primeiro eu”, torna-se
difícil, para não dizer, impossível exercer ou demonstrar qualidades tais como
a bondade, lealdade, fidelidade, voluntarismo, pois já não sabemos quem está
realmente necessitado, e o que a pessoa realmente necessita, ou se deseja ser
ajudado...
No afã de se libertar da opressão masculina, algumas
mulheres agora oprimem outros, sejam subalternos, amigos, maridos, ostentando
sua “independência” com um recado velado de que “não preciso de homem” para ser
feliz. E acabam constrangendo as mulheres também, pois não podem ver uma mulher
se dar bem com um homem ─ ser bem tratada e amada por ele num relacionamento
saudável de amor e cumplicidade ─ sem soltar uma farpa ou comentário ácido
sobre sua “suposta” submissão.
Enfim, a qualidade dos nossos relacionamentos vão depender
de nossa postura em relação aos valores que criamos. Os valores estão mudando cada vez
mais, e mais rápido. Mas os princípios pelos quais vivemos não mudam:
família, amigos, vizinhos e todos os que estão à nossa volta sofrem os efeitos
de nossas ações.