terça-feira, 25 de agosto de 2015

Maridos de aluguel



As mudanças sociais vão se sucedendo sem parar, e com os relacionamentos efêmeros junto com a sobrecarga de ‘compromissos’ pessoais e sociais, cada vez temos menos tempo para cuidar de alguns problemas que a vida moderna traz.
Apesar de toda a tecnologia disponível, alguma coisa sempre necessita de reparo ou manutenção. Mas as pequenas coisas que vão quebrando em casa acabam sendo um transtorno para quem não tem habilidades para trocar uma lâmpada queimada...
Chuveiros queimados, tomadas que não funcionam, torneiras vazando e encanamentos entupidos, portas e janelas que não fecham, e por aí vai...
Com uma grande parte da população morando sozinha, tanto homens como mulheres sofrem com estas situações que seriam simples de resolver no passado.
De olho nesta necessidade das pessoas, as companhias de seguros estão atrelando ao seguro do carro vários destes serviços, e na cola do mercado há os “maridos de aluguel”, que prestam todo tipo de serviço para resolver estas situações.
Esta expressão é interessante porque surge daquele aspecto de que as mulheres que vivem sozinhas seriam mais dependentes de um “marido de aluguel”, para resolver os inconvenientes para manter o bom funcionamento de uma casa. E traz todo um histórico psicossocial do “homem da casa”, “provedor” que todos temos em nosso inconsciente.
A revolução sexual que começou nos anos 1960, e alçou as mulheres à emancipação pessoal trouxe muitos benefícios e abriu espaço para que as mulheres ampliassem seus horizontes, se tornassem menos dependentes financeiramente, podendo decidir por si sobre a maternidade, carreira, ou qualquer outras escolhas que antes não estavam ao seu alcance.
Vemos hoje mulheres em posições de liderança, até como presidente de nosso país (sem entrar no mérito de sua governança, claro...), em empresas ou outras instituições, ocupando espaços em todos os campos, e que antes eram predominantemente masculinos.
Como todas as coisas, o lado bom sempre se contrapõe com algum aspecto negativo.
Isso se reflete nas atitudes sociais (sem generalizar), como antigamente, se havia homens com quem as mulheres não queriam se casar (ou se relacionar), hoje há mulheres com as quais os homens não querem se relacionar...
O cafajeste de ontem, que se aproveitava das mulheres, impondo sua superioridade para dominar a situação para seu próprio proveito, se transferiu para algumas mulheres que se aproveitam, não só dos homens, mas também de outras mulheres, ditando suas regras e impondo seus conceitos distorcidos sobre que é viver em sociedade.
Com a oferta de sexo fácil no mercado (tanto para homens como para mulheres), as pessoas querem algo mais. É como a pirâmide de Maslow, em que na situação onde as necessidades fisiológicas e de segurança são preenchidas, se passa a buscar satisfazer a necessidade de amor e relacionamentos (de qualidade).
Neste estágio, algumas qualidades são fundamentais para que se crie relacionamentos com as pessoas que possam gerar o sentimento do amor, não apenas do amor romântico, mas o amor mais elevado, que se preocupa com o próximo, com o planeta, e a construção de um mundo melhor de se viver.
Com o estabelecimento da cultura do “primeiro eu”, torna-se difícil, para não dizer, impossível exercer ou demonstrar qualidades tais como a bondade, lealdade, fidelidade, voluntarismo, pois já não sabemos quem está realmente necessitado, e o que a pessoa realmente necessita, ou se deseja ser ajudado...  
No afã de se libertar da opressão masculina, algumas mulheres agora oprimem outros, sejam subalternos, amigos, maridos, ostentando sua “independência” com um recado velado de que “não preciso de homem” para ser feliz. E acabam constrangendo as mulheres também, pois não podem ver uma mulher se dar bem com um homem ─ ser bem tratada e amada por ele num relacionamento saudável de amor e cumplicidade ─ sem soltar uma farpa ou comentário ácido sobre sua “suposta” submissão.
Enfim, a qualidade dos nossos relacionamentos vão depender de nossa postura em relação aos valores que criamos. Os valores estão mudando cada vez mais, e mais rápido. Mas os princípios pelos quais vivemos não mudam: família, amigos, vizinhos e todos os que estão à nossa volta sofrem os efeitos de nossas ações.
Faça uma boa ação e seu mundo ficará melhor, porque você se torna uma pessoa melhor.


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