domingo, 13 de junho de 2021

De “carrinhos” a “modelos em escala colecionáveis”

Em maio de 2018, fazia 50 anos que chegou ao mercado o primeiro Hot Wheels, os famosos carrinhos de metal, que de brinquedos para meninos principalmente, passaram a ser colecionados pelos adultos, porque a cultura do automóvel está presente na vida de todas as pessoas. Carros que são objetos de desejo, carros em que os jovens aprenderam a dirigir, ou que fizeram parte de sua infância e juventude, se tornaram presentes primeiro nas gavetas e caixas, depois nas estantes e hoje forram as paredes de milhões de colecionadores, alguns contumazes compradores de modelos, que saem a cada ano com decorações diferentes.

A Hot Wheels é a maior fabricante de carros do mundo, com mais de 4 bilhões de unidades por ano, e o preço de 1 dólar/unidade se mantém desde que o primeiro Hot Wheels foi lançado. Com a inflação, este preço deveria estar por volta de US$ 2.50; portanto, hoje eles são bem mais baratos do que quando foram lançados.

Série comemorativa dos 50 anos

Nestes 50 anos, somam-se cerca de 3.500 modelos diferentes, e cerca de 175 bem raros e valiosos dentre os colecionadores e aficionados pelos carrinhos coloridos.

Modelos valendo 50, 500 ou 5000 dolares são comuns nas Convenções anuais, promovidas em diversos países, com tal importância que merecem edições especiais comemorativas de tais eventos. Até uma convenção no Brasil mereceu uma edição exclusiva nas terras tupiniquins.






Deco Delivery da Convenção Brasileira em 2010


Bruce Pascal, um corretor de imóveis de Washington, EUA, possui o mais valioso exemplar de Hot Wheels atualmente. Consta que pagou no ano 2000 US$ 70,000 pela Beach Bomb rosa, com a prancha de surf saindo pela janela traseira; um exemplar dos 144 protótipos feitos em 1969, que nunca chegou ao mercado; hoje, o modelo está estimado em USD$ 150,000! Ele conta que no mesmo evento, no dia anterior, um homem pagou USD$ 56,000 por um set de modelos, e ele estima que no eBay, eles renderiam no mínimo USD$ 80,000 vendidos separadamente.

A mais valiosa Mini Hot Wheels: Beach Bomb

Com todos esses fatos, os designers que criam os carrinhos também foram alçados a celebridades, participando de Convenções e sendo promovidos pela Mattel com séries exclusivas com o nome deles nas cartelas.

Sem dúvida, o mais famoso foi Larry Wood, designer da Ford, entrou na Mattel em 1970, e por 40 anos criou inúmeros modelos que ainda estão no Mainline da Hot Wheels. Talvez seus mais difundidos modelos sejam o Bone Shaker, um Hot Rod Ford 32 com uma caveira no lugar do radiador, com incontáveis versões até hoje, e o Purple Passion, baseado no Mercury 49, logo se tornou um dos preferidos do público.


Ou Ryu Asada, designer do Porsche 911 de 1971, com decalques de Magnus Walker, estilista britânico de roupas, dono da marca Urban Outlaw. Ryu faleceu em março de 2021 devido a um câncer, e foi lamentado nas redes sociais sendo reconhecido por seu trabalho com os Hot Wheels.

Temos também Brendon Vetuskey, designer do 55 Chevy Belair Gasser, muito procurado pelos colecionadores por versões nem sempre fáceis de encontrar, por causa de edições com baixa tiragem; e Brian Benedict, que criou os modelos da Série Star Wars, sendo que o modelo de Darth Vader mereceu ser construído pela Hot Wheels em escala real, baseado numa plataforma do Corvette, da GM.











Até o Brasil recebeu o privilégio de ter carros brasileiros no Line-up da Hot Wheels: o VW Brasilia, design de York Bleyer; o VW SP2 de Rob Matthes; o Chevrolet SS (Opala) e o Dodge Charger 1974 (Brazilian Edition), ambos de Phil Riehlman.

DESTAQUE

Um dos que mais me chamou atenção foi Jun Imai, que trabalhou na Mattel de 2004 a 2018. Apesar de ter muitos Muscle-cars e Fantasy cars no seu line-up, ele é mais conhecido pelos modelos japoneses que desenhou, além de muitos modelos europeus, de modo que o público do mundo todo teve seu interesse aumentado por ver modelos de seus países reproduzidos na escala 1:64.


Entre os muitos modelos que desenhou, estão vários Chevy, Mustang, Pontiac, a Ferrari 250 GTO, a Dodge Van, Toyota 2000GT, Celica, Supra, FJ40, Honda Civic, Odissey, Mazda RX-7, Repu, o Tyrrel P34 de seis rodas, vários Skylines, Nissan Laurel, o Ford Galaxie 65, Maverick Custom, o BMW 2002, Greenwood Corvette, Porsche 935, 934.5, RWB 930 e 993 GT2, Charger Daytona 69, só para citar alguns.


Ele fez réplicas de seus próprios carros 1:1 – um Datsun Bluebird Wagon 1971 e um Nissan Fairlady Z (ou Datsun 260 Z), ambos customizados por ele mesmo em sua garagem de casa. Durante sua gestão como Diretor de Design de Produtos, ele trouxe carros como o Toyota AE86, Datsun 510, Datsun 620 pick-up, Fairlady Roadster, Nissan Laurel, Mazda RX-7 antigos e novos, vários Nissan Fairlady Z’s, o Mad Manga inspirado no movimento Bosozoku (tuning de carros baseados no visual da categoria Silhouette – final dos anos 1970 e início dos 1980 - do Japão), Toyota 2000GT e quase todas as gerações do Nissan Skyline. Pode ser creditado a ele o crescimento do interesse pelo JDM (Japan Domestic Market) entre os colecionadores de Hot Wheels, com a Mattel lançando séries com esse tema, e percebemos também a Greenlight seguindo esta tendência com a Série Tokyo Torque, e Matchbox também com carros japoneses no Mainline.


Jun também foi um visionário ao trazer marcas gratuitas que eram reais e em sintonia com os colecionadores e a sociedade automobilística de hoje, como Yokohama, GReddy, Magnus Walker. Ele até convenceu a Yokohama a usar sua marca Advan nos Estados Unidos. A Momo ficou ausente da memória do público por um tempo, mas ele a trouxe de volta também, decorando vários modelos com o design desta famosa marca.

Depois de deixar a Mattel, Jun trabalhou como Diretor de Produtos na Roborace, e colaborou com a TARMAC, de Hong-Kong, que faz modelos Premium, num patamar bem acima da qualidade e acabamennto dos Hot Wheels.

Por anos, Jun customizou castings da Mattel sob sua marca própria, a Kaido House. O nome vem dos carros rebaixados pelos fanáticos japoneses para tunar seus bólidos.

NOVO PROJETO

Atualmente, ele se associou com a Mini GT, a divisão para 1:64, da marca da TSM, que faz modelos na escala 1:18 e 1:43. Um encontro casual entre Jun e o presidente da TSM, Glenn Chou, no Indonesian Diecast Expo em Jacarta, vários anos atrás, gerou uma ideia de colaboração entre os dois. “E se eu pudesse fazer meu estilo de carros, mas com os recursos de desenvolvimento e fabricação do MiniGT?” Jun perguntou.

Adivinhem qual o primeiro modelo para celebrar esta parceria?


Um Pro Street Datsun 510. Mas por que um Pro Street (Dragster num carro popular japonês) se Jun fez sua fama com os carros da cultura japonesa?

“Eu queria que fosse uma diferenciação clara do meu trabalho anterior. Não quero repetir o que fiz, então pensei,‘ Qual é uma das maneiras mais extremas de construir um 510? '”

“Ainda é totalmente estilo JDM”, explicou Jun, “tem um motor Nissan, não um V8 swap. Possui rodas de 4 raios. Os pneus são Advan drag slicks. ” Esse tipo de pneu não existe na vida real, mas Jun acrescentou: “Eu queria celebrar minhas parcerias com empresas como Yokohama e GReddy”, que patrocinaram seus projetos 1:1.


Mesmo que você não saiba nada sobre a cultura automotiva japonesa ou a história de Jun, o modelo em si é algo para se ver. Com acabamento caprichado sobre o verde pelo qual o Datsun Wagon 510 de Jun era conhecido, ele apresenta um capô de abertura com detalhes de motor incríveis, muitos gráficos sobrepostos e o que seriam peças de reposição autênticas se este fosse um carro real, com uma gaiola de segurança e spoiler Pro Street na tampa do porta-malas.

O modelo todo tem mais de 35 peças num nível fantástico de detalhamento. Apenas como exemplo, cada lente do farol dianteiro é uma peça separada, e é montada no corpo do farol que também é uma peça separada. “Trabalhar nesse nível foi uma experiência completamente nova para mim”, disse Jun.

O detalhamento desta mini é fantástico: O radiador reproduz uma unidade Koyorad real. O motor é uma réplica de um turbo Nissan KA24 construído e licenciado pela GReddy como kit completo, toda tubulação colocado por Kenji Sumino na preparação está lá.

“Eu queria preencher a lacuna entre 1: 1 e 1:64”, disse Jun, e ele é um homem de palavra - você verá essa configuração na Wagon 510 real de Jun em breve.


Costumo dizer que uma simples troca de rodas numa mini mainline já mudam completamente o aspecto dela. As rodas desta mini são unidades de duas peças reais e são inovadoras: é o primeiro 1:64 a ter aros de alumínio de verdade para as rodas. Cada um é usinado de um cilindro de alumínio, e há quatro deles por carro.

Claro, isso tem um custo, e as companhias acabam abrindo mão deste tipo de detalhamento nos modelos. Também, certos detalhes nunca serão percebidos se a mini passar todo o tempo dentro de uma caixa de acrílico, então a idéia é tirá-la da embalagem e colocar num expositor para poder manusear o modelo.

Jun afirma que todos os modelos da Kaido House terão rodas assim, e em tamanhos diferentes, pois como qualquer entusiasta de carros sabe, as rodas são uma parte importante do visual de um carro. Seria de esperar que o preço deles fosse alto, mas ele prevê que fique por volta de R$ 100,00 por unidade. Para racionalizar os custos , cada casting terá variações de cores e decorações diferentes, inclusive Edições Especiais. Sobre elas Jun foi inflexível sobre manter os modelos dentro das caixas, para que os revendedores e lojistas não possam distinguir dos modelos comuns e impedir que os colecionadores os adquiram normalmente.

Ao iniciar sua linha com o Datsun Pro Street, todos estão ansiosos de saber qual será o próximo modelo, e alguns especulam que o 510 Wagon de Jun será contemplado para seguir com a produção, mas ele comenta que “poderia fazer uma Shooting Brake de duas portas, ou um novo casting widebody com um motor RB26”, num tom entre sério e divertido...

Jun Imai e seu Datsun Bluebird 510 Wagon 1:1 e 1:64

“Esses carros representarão o que eu construiria na escala 1:1 se eu tivesse os meios”, disse Jun, mas isso seria colocar em termos mais literais. De modo geral, “é um pedaço da cultura automotiva que você pode segurar nas mãos”.

Então fiquemos na espreita e acompanhemos os lançamentos desta nova empreitada de Jun Imai.



REFERÊNCIAS:

Créditos das fotos: Japanese Nostagic Cars e hotwheels.fandom.com/wiki/

https://japanesenostalgiccar.com/minicars-jun-imai-leaves-hot-wheels/

https://jornaldocarro.estadao.com.br/carros/designer-da-hot-wheels-e-fa-do-opala-ss/

https://www.foxnews.com/auto/legendary-hot-wheels-designer-larry-wood-looks-back-at-the-brands-50-years

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Jun_Imai

https://japanesenostalgiccar.com/jun-imai-kaido-house-datsun-510-pro-street/

https://www.caranddriver.com/features/a15128597/in-the-minds-of-hot-wheels-collectors/

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Larry_Wood

https://hotwheels.mattel.com/explore/history

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Brendon_Vetuskey

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Ryu_Asada

 

sábado, 12 de junho de 2021

Ice Charger, The Fate of the Furious

Cenas finais de F&F 7
No final de Furious 7, este Dodge Charger apareceu ao lado do Toyota Supra 1998 de Brian. Era denominado de “Maximus Charger”, com carroçaria de alumínio escovado, com um motor de 2.000 cv. Na homenagem a Paul Walker, Dom dirige o Charger ao lado de Brian no Supra branco, até que a estrada se divide e a tomada aérea mostra Brian e Dom se separando.

No filme “The Fate of the Furious” (O destino dos furiosos) Dom dirige um Charger R/T 1968 altamente customizado, equipado com um Gerador a turbina para alimentar a Arma de Pulso Eletromagnético, foi construído por Dennis McCarthy, da Vehicle Effects, que tem feito os carros da franquia Velozes & Furiosos desde o filme The Tokyo Drift. Havia nove exemplares preparados, em vários níveis de acabamento, pois Dennis estima que metade deles foram destruídos ou sofreram muitos danos nas filmagens no gelo. Três com a motorização completa com tração nas quatro rodas; dois carros para as tomadas de saltos, com suspensões reforçadas; um exemplar somente com a carcaça para lançar contra o submarino e três exemplares para as colisões.


Este Dodge tem um chassi tubular, e a carroçaria do Charger de segunda geração é uma das mais largas já customizadas. Os paralamas são rebitados, assim como a moldura do parabrisa e das janelas, o escape Magnaflow de 5 polegadas logo antes da caixa da roda traseira cospe fogo nas fortes acelerações do poderoso LS3 V8, recuado em 60 cm; com uma caixa Turbo 400 que comanda três diferenciais, distribuindo a tração para as quatro rodas.

Para as cenas no fiorde gelado, os largos pneus foram equipados com mais de mil tachas em cada um, garantindo a tração na superfície gelada e escorregadia.


O Dodge Charger R/T 1968 Ice Charger, “Hero car” sobrevivente está no The Celebrity Car Museum, localizado em Branson, Missoury. De propriedade da família Velvet, o Museu tem em seu acervo diversos carros usados em filmes, e mais de dez exemplares da franquia Fast and Furious, entre eles o Charger de F&F 5; o Bentley de Roman e o tanque de Tej de The Fate of the Furious; mas a cereja do bolo é este Ice Charger.

EM ESCALA

Ice Charger Mainline 1:64

O Ice Charger mereceu reproduções da Mattel na Série Fast& Furious 8, na escala 1:55, e na Mainline HW Screen Time na tradicional 1:64. Esta com menos detalhamento e rodas padrões comuns a outros modelos, traz as perfurações de balas que recebeu na filmagem.

O outro exemplar, mais detalhado, não traz as perfurações, mas tem rodas mais fiéis ao original, assim como a turbina e o gerador de Pulso eletromagnético na traseira são bem caprichados.

Ice Charger 1:55









https://fastandfurious.fandom.com/wiki/1968_Dodge_Charger_R/T

https://www.hotcars.com/heres-where-the-ice-charger-from-fate-of-the-furious-is-now/

https://www.youtube.com/watch?v=m5p7beel22U