sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Marketing da escassez - turbinando os nossos desejos

Baixa oferta para a demanda. O Princípio da escassez gera altos preços. 
Dentre as muitas técnicas que o marketing moderno lança mão, a regra da escassez é a que mais explora nossa vontade, ou desejo de possuir algo que é raro, caro ou difícil de obter.

Todos nós somos vulneráveis ao princípio da escassez. Ouro, prata, platina, assim como diamantes,  esmeraldas e outras pedras preciosas tem altos preços devido à pouca quantidade disponível no mercado.
Obras de arte, antiguidades, passando pelos itens de colecionismo, desde carros antigos até álbuns de figurinas, tem seus preços ditados pela escassez de cada item. Um Bugatti Royale, o "Carro dos Reis", do qual foram fabricados apenas oito exemplares, vale milhões, e mesmo assim, os milionários que tem um deles na garagem não cogitam em vendê-los.
Num universo mais próximo de nós, recentemente, quando as chuvas em excesso danificaram as lavouras de tomate, reduzindo a oferta no mercado, o preço do quilo disparou dos R$ 3,00 para R$ 10,00, assim como a quebra da safra de feijão fez o preço subir dos habituais R$ 6,00 para R$ 16,00 em alguns supermercados.
O princípio da escassez também pode assumir o aspecto da restrição de escolha, ou redução de sua liberdade de ação.
Será que caso não houvesse a rixa entre as famílias Montecchio e Capuleto, o amor de Romeu e Julieta não fosse tão forte e intenso? Será que o amor proibido e a resistência das famílias contra o relacionamento dos jovens não contribuiu para que tomassem a atitude trágica que os levou ao duplo suicídio? Todo pai e mãe sabe que quando se restringe alguma liberdade dos filhos, parece que se torna mais desejável para eles, só porque foram restritos na sua liberdade ou acesso a alguma coisa que era normal na rotina deles.
Podemos perceber este sentimento na propaganda da cerveja cuja marca é "Proibida", não por acaso, seu slogan é "Tudo o que é proibido é mais gostoso!". Além disso, há uma associação velada à proibição de consumo de bebida alcoólica pelos menores de 18 anos, que pode sensibilizar uma parcela dos jovens a experimentar a "Proibida".
Comerciais que anunciam uma liquidação numa cadeia de lojas mostram uma multidão tentando entrar na loja para comprar, ao passo que o locutor enfatiza: "É só amanhã!. Aproveite!".
A mesma técnica é usada nos leilões, em que o item é disputado por mais de um interessado. Peças de vestuário ou objetos usados por astros de cinema nos seus filmes alcançam valores estratosféricos, apenas porque os fãs disputam a posse de algo único - mesmo que haja dezenas ou centenas de outros igauis à venda na loja ou supermercado da esquina - aquele item não tem igual, e "vale o preço que estou disposto a pagar".
Como se defender quando somos confrontados a obter algo que só está disponível no momento? Ou que você sabe (ou tem a impressão) que não terá outra chance de obter ou usufruir o que está sendo oferecido naquela ocasião?
Preste atenção às expressões mais comuns: "Só temos este no estoque", "Amanhã o preço volta ao normal", "A promoção vai só até sábado", e assim por diante. Quando você sente seu ritmo cardíaco aumentar, pelo receio de perder aquela chance de obter um produto, ou serviço, ou mesmo de pagar menos para fechar o negócio na hora, você está sendo um alvo da regra da escassez.
Pare e pense: "Serei mais feliz por usufruir (usar, comer, vestir) o produto que estou comprando AGORA, ou estou querendo apenas satisfazer meu desejo de POSSUIR este item?"
Não devemos confundir nosso desejo de possuir algo raro, que pode nos deixar mais felizes psicologicamente, com o valor utilitário de qualquer item, quer possamos comer, beber, tocar, ouvir, dirigir ou usá-lo de qualquer outra forma.
É vital lembrar que tais itens "escassos" não tem um gosto melhor, não soam melhor, não são melhores para dirigir ou usar por causa de sua pouca disponibilidade no mercado, e claro, há várias coisas que desejamos usufruir, mas que passamos muito bem sem eles, não são indispensáveis para vivermos.
Vale a pena refletir no valor real das coisas materiais à nossa volta, pois a nossa vida não depende das coisas que temos, mas sim do que somos aos olhos de Deus.

Um abraço e até a próxima!

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