sexta-feira, 24 de março de 2017

Chrysler Turbine - A era do jato chega aos automóveis

Com o sucesso da era do jato, as turbinas eram o avanço em potência e velocidade dos aviões, então, nada mais natural do que tentar colocar uma delas num carro, assim como elas eram o upgrade dos motores a pistão nos aviões, poderiam ser nos carros?
A Chrysler investiu milhões no projeto de seu carro movido a turbina, iniciando nos anos 1950 e avançando nos anos 1960, a terceira versão do motor a turbina, o CR2A, foi aplicado em quatro modelos de 1962: dois Dodge Dart e um par de Plymouth Fury, que precederam o carro a turbina propriamente dito.
Estes carros foram exibidos em diversos concessionários Dodge e Plymouth, até mesmo em demonstrações em pistas da Europa, como Monthlery, na França, e Silverstone, na Inglaterra. Com reações favoráveis sobre a tecnologia, a Chrysler decidiu construir 50 unidades para uma avaliação dos consumidores, entre outubro de 1963 e outubro de 1964; mais os cinco protótipos já construídos (dentre estes, três tinham combinações diferentes de cores do teto). Para os testes, foram selecionados 203 motoristas − 23 deles eram mulheres – de todo o país, para usar o carro durante certo período.
O resultado é o agora famoso hardtop bronze, revelado em maio de 1963. Ele foi desenhado por Elwood Engel, que havia substituído Virgil Exner como Chefe de Estilo dois anos antes. Engel veio da Ford, onde trabalhou no desenvolvimento do Thunderbird de 1961-63, e a semelhança é tal que muitos se referem ao Carro a Turbina como “Engelbird”.
Apesar disso, havia muitas diferenças: o entre-eixos era três polegadas menor, e a frente tinha um desenho bem limpo, e a traseira tinha profundas cavidades onde as grandes lanternas tinham um “estilo turbina”. Também as molduras dos faróis e as calotas tinham um motivo de lâminas rotativas, lembrando turbinas de avião. Os “carros de consumo” vinham com um teto de vinil preto, contrastando com a pintura “Frostfire Metallic”, mais tarde chamada de “Turbine Bronze”.
O interior também vinha em tons de bronze, e havia quatro assentos individuais, separados longitudinalmente por um console cilíndrico central. Outras amenidades incluíam direção assistida, servo-freios e vidros elétricos; ar condicionado, e painel com conta-giros e medidor de temperatura da turbina.
Debaixo do capô, uma turbina de quarta geração, designada pela sigla A-831, acoplada a uma transmissão automática TorqueFlite. Suas principais inovações eram as palhetas constantemente variáveis, controladas pela abertura do acelerador, e regeneradores individuais em plano vertical, um de cada lado de um queimador central.
A suspensão não seguia o padrão Chrysler de barras de torção longitudinais da época, mas vinha com um design contemporâneo, usando a dianteira independente com molas envolvendo os amortecedores em cada roda, sendo a traseira tipicamente Chrysler, com molas semi-elípticas e amortecedores de ação direta.
Apesar da Chrysler não divulgar os dados de desempenho, diversos comentários apareceram depois dos testes realizados. Um em cada quatro motoristas reclamaram do odor dos gases queimados (parecia óleo de cozinha) e um de cada três reclamava do atraso da resposta do acelerador, pois havia uma demora de um a um segundo e meio para a turbina reagir às acelerações do pedal direito.
O consumo era alto também – apenas 11,5 mpg (milhas por galão de 3,6 litros) – embora funcionasse com querosene barato.
A maior diferença com os motores a combustão era a ausência de vibrações e o ruído semelhante a um avião ao se deslocar. A turbina girava a 44.500 rpm e gerava 130 hp, proporcionava uma aceleração de 0-60 mph em cerca de 12 segundos.
Após o final do programa de testes com os usuários, das 50 unidades, 46 foram destruídas, seguindo uma prática das montadoras de não vender carros de pré-produção ou protótipos ao público. Dos nove carros remanescentes, seis tiveram seus motores desativados e foram doados a museus de todo o país. Três unidades operacionais foram retidos pela Chrysler por razões históricas, um deles está no Museu de Transportes em Saint Louis, e é exibido em exposições frequentemente.
Os outros dois estão em mãos de colecionadores particulares, um foi doado ao Harrah Museum em Nevada, que o vendeu para o fundador da rede Domino’s Pizza Tom Monaghan, e finalmente foi vendido para Frank Kleptz, de Terre Haute, Indiana, no Antique Automobile Club of America Fall Meet, em 1989. O outro carro foi adquirido por Jay Leno, famoso apresentador de TV americano diretamente do acervo da Chrysler.

EM ESCALA
O Chrysler Turbine da Yat Ming (Road Signature Series) na escala 1:18 reproduz com bastante fidelidade o único carro que chegou a rodar significativamente movido por uma turbina, semelhante aos dos aviões a jato.
Ele abre as portas, capô dianteiro e traseiro, e as rodas esterçam. O motor a turbina tem seu detalhamento caprichado em preto e cromado, assim como o interior do carro reflete o acabamento da época; os bancos tem os encostos articulados. O porta-malas é reduzido, onde o estepe ocupa boa parte do espaço.
A Mattel, com sua marca Hot Wheels, tem o modelo na escala 1:64, bastante fiel ao carro real, limitado pelo tamanho, claroO Chrysler Turbine como foi fabricado em 1963 para o teste com os consumidores, foi reproduzido pela Hot Wheels na escala 1:64, e tem um bom acabamento. Este modelo foi lançado em 2012 na Série Hot Wheels Boulevard Concept Cars, e depois saiu em 2013 com uma pintura Spectraflow Gold, e desde então, não apareceu mais.

Chrysler Turbine da Hot Wheels em 1:64




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