Ferrari 330 P3 - 1966-69 |
A Ferrari 330
P3 é considerada por muitos como o mais belo carro de competição já construído.
Evolução da 330 P2, a P3 trazia um novo chassi tubular em aço, e uma elegante
carroceria em fiberglass. O motor e o câmbio faziam parte da estrutura,
contribuindo para a rigidez do chassi. Comparado à unidade usada no P2, o novo
V12 era cerca de 30 kg mais leve, graças ao novo design dos cabeçotes e à nova
injeção Lucas, no lugar da bateria de carburadores Weber. As suas mais importantes
vitórias em 1966 foram nos 1000 km de Spa, com Parkes e Scarfiotti e nos 1000
km de Monza, com Surtees e Parkes.
Com 3.967 cc
nos 12 cilindros em V a 60º, desenvolvia 420 hp a 8000 rpm; torque de 320 lb-ft
a 6000 rpm, duplo comando de válvulas em cada bancada de cilindros, duas
válvulas por cilindro, empurrava com vontade os 851 kg, através de uma caixa ZF
de cinco velocidades, até a máxima de 310 km/h.
O primeiro
chassi construído era o 0846, e foi convertido pela Ferrari para o modelo P4, e
após sucessivas corridas e acidentes sofridos foi desmontado depois que sofreu
um incêndio em Le Mans em 1967.
O chassi
número 0844 da P3 era o segundo de três unidades e o 0848 o terceiro chassi do
modelo, construídos em 1966. Ambos foram convertidos para a versão 412P, e o
0844 foi transformado num 330 Spyder, para competir na Can-Am, e na década de
1990 retornou à configuração P3/412, estando hoje em mãos privadas.
A versão 412P era uma “versão
do cliente”, em que a Ferrari alterava as 330 para as equipes independentes
como a NART (0844), Scuderia Filipinetti (0848), Francorchamps (0850) e
Maranello Concessionaires (0854), estas duas últimas foram construídas já com as
especificações do modelo 412 no ano de 1967. Esses carros tinham carburadores
Weber no lugar da Lucas Mechanical Fuel Injection, porque a Ferrari não queria
que tivessem a mesma potência que os carros da equipe oficial (P4 com chassis 0856,
0858 e 0860). Destas três, duas foram convertidas em 350 Can-Am pela própria Ferrari
e mais tarde foram reformadas para as carroçarias originais. Somente uma delas,
a de chassi 0856 permanece totalmente original, e pertence ao bilionário canadense
Lawrence Stroll (seu filho Lance Stroll correu junto com Felipe Massa em 2017, no
último ano do brasileiro na Formula Um na Equipe Williams).
A Ferrari 330 P4, evolução da P3 |
Devido às
sucessivas mudanças nos regulamentos do Campeonato Mundial de Marcas, Enzo
Ferrari boicotou a participação na temporada de 1968, visto que seus carros não
atendiam às especificações do Grupo 6 (limitando motores a 3 litros) e tinham
menos potência para competir no Grupo 5 (limitando motores a 5 litros).
A revista
Car&Driver numa reportagem de 2007, comentou sobre o carro:
“A P3 é como
uma diva temperamental. Mesmo para entrar nela é difícil, porque não se pode
apoiar nenhum peso na parte superior do para-brisa, para escorregar para dentro
do cockpit apertado. O volante posicionado muito alto, e o painel de instrumentos
atrapalha a visão da pista, e os paralamas altos obstruem ainda mais sua visão.
A caixa de marchas não-sincronizada exige mais concentração, mas quando você
pega o jeito, as mudanças são só os cliques das marchas entrando, e muito
rápidas se você acertar as rotações nas reduções de marchas. A direção é firme,
e o volante alto ajuda a manter seu cotovelo longe do túnel onde passa a água
que circula do motor para o radiador, bastante quente”.
“No entanto,
quando você leva o motor para 7000 rpm, o V12 produz uma sinfonia sonora que
combina com o escapamento gritando alto, acompanhado de um coro de engrenagens
em lamento, entremeados com os cliques das válvulas abrindo e fechando
loucamente... É uma experiência fascinante, a aceleração do motor que empurra
suas costas lançando o carro como uma flecha nas retas e num súbito passo duplo
de dança ao mudar de direção para entrar nas curvas. Este carro exige sua
concentração total para dirigi-lo, mas quando você começa a pegar o jeito, é
muito gratificante pilotá-lo”.
O banco
individual é posicionado quase ao centro do cockpit, mas é caracterizada como
direção à direita. Esta configuração era uma vantagem em circuitos que giram no
sentido horário, o que acontecia com a maioria das pistas em que se compete na
Europa. A posição de pilotagem é bem reclinada, não necessitando de apoio
adicional para o corpo. Cinto de seis pontos o mantêm preso ao carro. O
minúsculo volante Racetech é removível para facilitar a entrada, assim como uma
barra para apoiar a mão direita no processo. A guia para colocação das marchas
evita que se erre no engate, sendo a primeira deslocada para a esquerda e para
trás, e a ré possui uma trava para selecioná-la. Os pedais são um tanto
deslocados para a esquerda por causa da caixa das rodas dianteiras e há um
apoio para o pé esquerdo. O painel traz o conta-giros com a faixa vermelha
começando em 7750 rpm, ladeado por dois mostradores menores para temperatura da
água e pressão do óleo.
A ignição e o
botão de partida estão à direita e no console central há mais dois instrumentos
de pressão do óleo e a luz de advertência que acende quando a pressão cai, e
finalmente o botão de corte do motor.
Numa época em que Henry Ford gastou milhões para bater a
Ferrari em Le Mans, a 330 P3 sofreu ingloriamente, pois era uma máquina
magnífica, fazendo frente aos carros da Ford que tinham quase o dobro de
cilindrada nos V8 americanos, e quando a Ford deitou sobre os seus louros, a
Porsche avançou nas competições com seu fantástico 917, ofuscando a 330 P3, que
evoluiu para P4 e mais tarde para a 412P, mas não conseguiu fincar o pé diante
das sucessivas mudanças de regulamentos no período. No entanto, não podemos
deixar de notar que apesar da Ford fazer um grande estardalhaço sobre suas
vitórias em Le Mans, em 1967, a Ferrari chegou em segundo e terceiro com as 330
P4, e foi a campeã no Mundial de Carros Esporte.
A histórica chegada das 24 Horas de Daytona em 1967. |
A vingança do “Commendatore” − como Ferrari era chamado −
veio como uma réplica à chegada dos Ford em Le Mans de 1966, fazendo o 1-2-3
com os GT40, nas 24 Horas de Daytona em 1967: uma 330 P4, pilotada por Lorenzo
Bandini e Chris Amon, uma 412P conduzida por Mike Parkes e Ludovico Scarfiotti
e uma 330 P3 com Pedro Rodriguez e Jean Guichet cruzaram a linha de chegada na
mesma formação 1-2-3, justamente em território americano.
O depoimento de Chris Amon sobre o Ferrari 330 P3 foi
definitivo:
“A Ferrari 330 era
muito mais ágil do que os Ford que eu estava acostumado. Embora faltasse
potência diante dos 7 litros dos V8 da Ford, o P3 dava a impressão de que você
poderia andar no limite máximo durante toda a corrida, ao contrário dos Ford,
especialmente por causa dos freios”.
EM
ESCALA
O modelo da JOUEF, na escala 1:18, reproduz com fidelidade as belas linhas
da Ferrari 330 P3, abre as portas e o grande capô traseiro, revelando o motor
12 cilindros bem detalhado. A decoração é genérica, com alguns adesivos para
carros de autorama.
Já o modelo da Hot Wheels na escala 1:64 tem o acacamento sacrificado pelo tamanho reduzido, mas não deixa de ter seu apelo. A Ferrari 330 P4 da hot Wheels saiu em 2010 na linha
básica, dentro da Série HW Garage. Na tradicional cor vermelha, tem uma
decoração de corrida típica dos anos 60/70. O casting é bem feito, com as
limitações habituais da Mattel, e a troca das rodas pelas da AC Custon acabam
valorizando em muito o aspecto desta bela miniatura.
A Ferrari 330 P4 da Hot Wheels, com as rodas customizadas da AC Custon |
REFERÊNCIAS:
Bela reportagem está aí um que entende de automobilismo.
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