No episódio “O Tirano”
da série “House” ―
que retrata o cotidiano de uma equipe médica num grande hospital ―
um ditador é internado e sua vida passa então a estar nas mãos dos médicos.
O drama explorado passa pelo dilema moral de tratar do
ditador e salvar sua vida, porém colocar em risco outras centenas ou milhares
que ele prometeu eliminar por serem contrárias ao seu regime político.
Seria certo os médicos “sabotarem” os resultados dos exames e
provocar a morte do ditador para salvar muitas vidas? Ou seria errado porque
estariam violando seu código de ética médica de buscar preservar toda e
qualquer vida que necessitar de seus conhecimentos?
Estaria certo o ditador porque deseja preservar seu regime
político e assim obter vantagens para si e os que tomam seu partido no país em
que dominam? Ou estaria errado porque estaria colocando seus interesses à
frente e causando sofrimento e dor a outros que são seus compatriotas?
Nos dias de hoje, o certo e o errado se confundem e
dificultam nosso posicionamento pessoal diante de muitas situações. Temos quatro aspectos a examinar quando abordamos o conceito do que é certo ou errado:
- Subjetivamente falando, cada um decide o que é certo ou
errado, com base em seus próprios conceitos ou ideias.
- Culturalmente, podemos dizer que é ilegítimo um médico
permitir que um paciente morra, pois o código de ética trata deste assunto.
Porém, o mesmo país, ou sua cultura, pode condenar atos de genocídio ou
repressão política contra pessoas ou grupos que discordam do regime
estabelecido no país ou naquela cultura.
- Constitucionalmente, há leis que regem o assunto
classificando como assassinato tirar a vida de um paciente; ao passo que o
ditador pode promulgar uma lei dizendo que é legal prender e matar seus
inimigos políticos. O que é legal em um país pode ser ilegal em outro.
- Objetivamente, não há como os médicos do episódio de House determinarem o que é certo ou
errado, mas existe uma escolha que é a correta. Sempre haverá um padrão do que
é certo ou errado para cada pessoa, mas em certas situações é difícil
determinar tal padrão.
A filosofia, religião, juristas e humanistas tem debatido
esta questão e não chegaram a nenhuma conclusão. Não é surpresa, porque o nível
de decisão do que é certo ou errado está dentro de cada indivíduo, e cada um
tem o poder de escolher qual será sua opção. O conceito do “livre-arbítrio”
permite que a pessoa faça tanto o que é certo
como o que é errado, neste caso, mesmo
sabendo que não é a melhor opção.
Portanto, de um modo bem simples, o certo produz bons
resultados, ou traz benefícios ao decisor e às pessoas afetadas pela decisão ou
ação tomada. O errado, por sua vez, produz malefícios, ou prejudica outras
pessoas, ou a sociedade em que o decisor está inserido.
No caso de Chase, o médico de House, o certo é salvar a vida
do ditador. Por seu lado, o certo para o ditador seria ele não fazer o que faz:
acabar com a oposição perseguindo ou eliminando seus desafetos. Os resultados
das decisões determinam as ações certas que precisam ser tomadas em cada caso.
Precisamos utilizar o poder de decidir por nós mesmos, escolhendo sempre o caminho ou ações que produzam bons resultados. Que afetam a nós e outros à nossa volta, seja nossa família imediata, o condomínio ou a rua em que moramos, a cidade, o estado, o país em que vivemos; enfim, o mundo em que passamos esta curta existência.
Simples assim.