segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Carros e Filmes: Se Meu Fusca Falasse

Desde os primórdios do cinema, o carro tem participado constantemente, como elemento de apoio, como coadjuvante e em muitos casos, como personagem principal.
Se Meu Fusca Falasse, produção da Walt Disney de 1969, traz o simpático Fusca como o astro que tem vida própria, tomando decisões e demonstrando sentimentos como um ator de verdade; além de ter uma performance digna de um vencedor, nas várias competições em que participa no decorrer da película.
Muitos filmes antes desta data também tiveram carros memoráveis, mas o carisma do Fusca me leva a associar os temas "carro e cinema" começando com esta postagem, filme que tenho certeza, foi visto por muitos de nós, e como o Brasil teve uma boa parte de nossa história automobilística sustentada pelo valente Fusca, nada mais justo que dar espaço a ele. Vamos lá!
SE MEU FUSCA FALASSE (THE LOVE BUG)
O filme “Se meu Fusca falasse” (The Love Bug no original), foi lançado em 1968, pela Walt Disney Productions, iniciando uma série de filmes estrelada pelo simpático “Herbie”, um Volkswagen Sedan 1963, branco-pérola, com teto solar de lona, com uma forte personalidade antropomórfica; baseado no livro escrito por Gordon Buford, Car, Boy, Girl, em 1961.
O filme conta as aventuras de Herbie, seu piloto Jim Douglas (Dean Jones) e sua namorada Carole Bennet (Michele Lee). Há também a presença de Tennessee Steinmetz (Buddy Hackett), como o iluminado e bondoso amigo de Jim, que faz “arte” a partir de peças de carros usados. O ator inglês David Tomlinson retrata o vilão Peter Thorndyke, proprietário de uma revenda de carros e campeão nacional da SCCA, que vende Herbie para Jim e vem a ser um rival dele nas corridas.
HISTÓRIA E DESWENVOLVIMENTO
Dean Jones credita o sucesso do filme no fato de que era o último filme produzido sob o envolvimento direto de Walt Disney, cujo falecimento ocorrera dois anos antes, em 1966. Apesar do tom sério que Dean Jones achava que o filme teria, Walt sugeriu mudanças que o deixaram muito melhor do que a história que o livro contava.
Car, Boy, Girl; The Magic Volksy; The Runaway Wagen; Beetlebomb; Wonderbeetle; Bugboom e Thunderbug estavam entre os títulos originalmente considerados para denominar o filme, antes que se escolhesse o título final: The Love Bug.
Herbie compete no Monterrey Grand Prix, que, exceto em 1963, não era uma corrida de carros esporte. A corrida hoje se chama Monterrey Sports Car Championship.
O “Special” de Peter Thorndyke era de fato um Apollo GT, de 1965, um raro carro esporte construído nos Estados Unidos pela International Motorcars, de Oakland, California. Tinha um estilo italiano na carroceria, movido por um motor Buick V8. O carro existe até hoje, nas mãos de um colecionador privado, e foi restaurado assim como era visto no filme, com sua cor amarela e o número 14.
"HERBIE"

Herbie, o Volks Sedan 1963 (oficialmente denominado Model 117 Deluxe Sunroof Sedan), personagem principal do filme, tinha sua própria capacidade de tomar decisões, capaz de se autodirigir, e um sério adversário nas corridas em que participava. Sua personalidade foi marcada pelas faixas azul e vermelha, bem como o número 53, pintado nas portas e no capô dianteiro e traseiro. Sua placa era da época do estado da Califórnia, preta com caracteres em amarelo, grafados “OFP 857”.
Antes de a produção do filme se decidir pelo Fusca, diversos carros foram examinados para fazer parte do casting. No final, havia alguns Toyota, um TVR, um punhado de Volvos, um MG, e o VW Sedan branco-pérola. O Fusca foi eleito porque foi o único que a equipe se identificou e o tratavam com um carinho especial.
O logotipo da Volkswagen não aparece no filme, pois a montadora não permitiu o uso do nome pelos Estúdios Disney. No entanto, o logo aparece em apenas duas ocasiões: a primeira, nos pedais de freio, quando Herbie assume o controle com Jim dentro do carro, na autoestrada, perseguindo o Rolls-Royce de Thorndyke (aparece todas as vezes que Jim pisa no freio); e a segunda, na chave de ignição, quando Jim tenta desligar Herbie para pará-lo de vez. Nos filmes realizados na sequencia, a Volkswagen já autorizava o uso do logotipo, até para promover o Besouro, que estava com as vendas em queda nos Estados Unidos da época.
Donald Drysdale, Nº 53
O número 53 foi escolhido pelo produtor Bill Wash, em homenagem ao jogador de Beisebol Donald Drysdale, do time do Los Angeles Dodgers; de quem Wash era admirador. Ele foi um dos maiores jogadores na década de 1960, estabelecendo alguns recordes que levaram 20 anos para serem superados. Em 1984, seu nome foi incluído no Hall da Fama, e seu número 53 também foi aposentado, sem que ninguém mais o utilizasse pelo clube.
O nome “Herbie” veio de um dos esquetes que Buddy Hackett fazia sobre um instrutor de esqui alemão chamado Klaus, que ao apresentar seus companheiros instrutores de esqui, que são nomeados Hans, Fritz, Wilhelm e Sandor, falava com forte sotaque alemão. Ao final do quadro de humor, Hackett dizia: “Se você não tem um Herbie (pronuncia-se ‘hoy-bee’), eu não vai.”.
Walsh também definiu a marca registrada de Herbie, as estreitas faixas azul e vermelha, cores da bandeira americana, e inseriu no filme diversas ‘gags’ como quando Herbie espirra óleo em Thorndyke, ou fica abrindo e fechando suas portas por si mesmo.
O VW Sedan saía de fábrica com um motor de 1200 cc, quatro cilindros contrapostos, refrigerado a ar, desenvolvendo 40 hp (SAE) ou 34 cv DIN (na medição europeia, que considerava a potência do motor instalado no carro e com os sistemas de refrigeração e escapamento instalados).
Herbie tem os seus próprios créditos ao final do filme, como um verdadeiro personagem que desempenhou seu papel na película. Hoje, dos diversos carros que foram construídos para as filmagens, poucos sobreviveram. Registros indicam que o Carro #10 foi recuperado de um armazém, na Pensilvânia, e foi preservado, ainda ostentando sua pintura original usada no filme.
EFEITOS ESPECIAIS
Para criar o efeito de Herbie se autodirigir, a Disney elaborou um detalhado sistema de engrenagens e correias para conectar uma segunda coluna de direção por baixo do assento do piloto para um dublê dirigir o carro do banco logo atrás do motorista. Foram instalados também os pedais de aceleração, freio e embreagem, assim como outra alavanca de câmbio. Apesar de estar numa posição mais baixa do que o motorista, o dublê conseguia ver o caminho pelo para-brisa, e ainda ficar fora da visão das câmeras. Para os filmes subsequentes Herbie Rides Again e Herbie Goes to Monte Carlo, a Disney instalou um farol de neblina Carello, no qual inseriu uma câmera que permitia ao dublê no banco de trás visualizar a pista e se posicionar mais baixo ainda.
No filme inicial, as faixas diferem dos filmes posteriores, pois não cobriam as saias e grelhas do carro, e a faixa azul era mais clara. Também Herbie tinha os estribos coloridos, e nos outros filmes, eles eram em preto standard.
Durante o filme, dependendo da sequencia, as rodas mudavam do modelo original (apesar de terem calotas, os logos VW foram eliminados), para as rodas especiais de competição mais largas e sem calotas. 
Cadê o número 53?
Na cena em que Tennesee fica dependurado fora da janela e Herbie anda em apenas duas rodas, o número 53 da porta do passageiro desaparece. Também, a porta foi cortada na parte inferior, para que o carro pudesse andar em duas rodas e não raspasse a porta no asfalto.
Um dos Herbie modificados para as corridas foi equipado com um motor do Porsche 356, amortecedores e freios KONI. O interior do carro foi pintado de cinza, para melhorar o contraste e reduzir o brilho nas filmagens internas.
Várias unidades foram preparadas para as filmagens, inclusive para as cinco sequências que a franquia teve desde The Love Bug (Se Meu fusca Falasse, 1969); Herbie Rides Again (As Novas Aventuras do Fusca, 1974); Herbie Goes to Monte Carlo (Herbie – o Fusca Enamorado, 1977); Herbie Goes Bananas (A Última Cruzada do Fusca, 1980); The Love Bug (Se Meu Fusca Falasse, 1997 - um remake feito para a TV e que teve depois cinco episódios na série de 1982) e Herbie Fully Loaded (Herbie, Meu Fusca Turbinado, 2005) comemorando os 25 anos da primeira produção.
Craig Jackson, presidente da Barret-Jackson, ao volante do
Herbie que atingiu US$ 126,500 num leilão em 2015.
Em setembro de 2007, dois exemplares usados nos filmes foram leiloados, um pela Kruse por US$ 21,000 e outro em abril de 2008 pela RM Auctions por US$ 23,100. Em 2012, a Gooding & Company’s January Scottsdale vendeu um que havia participado do filme Herbie Goes to Monte Carlo por US$ 66,000.
Em abril de 2015, outro exemplar utilizado em Herbie Goes to Monte Carlo e Herbie Goes Bananas foi leiloado pela Barret-Jackson por US$ 126,500, indicando que carros que participaram de filmes de sucesso tem sido um excelente investimento, devido ao crescente interesse de colecionadores por peças com histórias consagradas em seu passado.
EM ESCALA
Há inúmeras miniaturas do Herbie, em diversas escalas, fabricadas por muitas empresas, como Matchbox, Tamya, Revell, e outras, e nos sites temáticos, diversos modelistas customizam miniaturas do Fusca com a decoração do Herbie. O destaque vai para a peça produzida pela Mattel, com a marca Hot Wheels Elite, na escala 1:18 e muito bem detalhada, reproduzindo fielmente o carro original do primeiro filme, exceto pela falta das calotas cromadas.
Herbie, da Hot Wheels, na escala 1:18.
Equipado com rodas mais largas, teto solar, a decoração com os números e as faixas vermelha e azul, o interior com cintos de segurança de corrida, este modelo abre o capô dianteiro, as portas e o capô traseiro, mostrando os detalhes do famoso motor VW refrigerado a ar.

Medindo cerca de 22,2 cm, vem pintado na cor Branco Perola e tem para-choques da época cromados, com lâmina e barras superiores.





Veja mais em: 
http://rawautos.com/2011/09/famous-movie-cars-the-history-of-herbie-the-batmobile-the-delorean/#sthash.G82OGnS2.dpu
http://www.gizmag.com/herbie-auction-world-record-movie-car-investment-market/37141/

Veja o trailer original do filme:
https://www.youtube.com/watch?v=ay3GgrYEa1M

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