Animais e seres humanos
convivem há milênios, sendo domesticados para várias aplicações, como cavalos e
touros como auxiliares de carga ou transporte, cães pastores e guias de cegos;
ou servindo de alimento como gado, porcos, ovelhas e aves. Não é de admirar que
vários acabaram sendo objeto até mesmo de adoração, como a Íbis, cães e gatos
no Egito antigo; e mesmo hoje, vemos a vaca considerada sagrada na Índia.
Em tempos recentes, à medida
que os relacionamentos entre as pessoas foi-se deteriorando, seja pelo estilo
de vida e trabalho adotado por muitos, além do egocentrismo que toma conta das
sociedades cada vez mais urbanizadas e individualistas – a adoção de um animal
de estimação e o inter-relacionamento dos humanos com eles aumentou
demasiadamente.
Cães e gatos acabam sendo a
maioria em lares de famílias nas grandes cidades, e não é difícil ter entre
seus parentes ou amigos alguém com dois ou mais deles morando em apartamentos.
Relatos de psicólogos tem contribuído para este cenário, pois a companhia de animais
tem realmente auxiliado a muitos atravessarem períodos de crises como
separações e divórcios, ou a perda de um ente querido na morte. Os mascotes
facilitam o contato social, e os cuidados que exigem amenizam a solidão e
confortam afetivamente a ausência de pais separados, cônjuges falecidos, e cada
vez mais, adultos que vivem sós.
“Quanto mais conheço as
pessoas, mais amo o meu cachorro”, ou frases parecidas circulam pelas redes
sociais; que exibem frequentemente imagens de gente abraçando, fazendo carinho
ou beijando seu animal de estimação.
Assim, percebemos a tendência da humanização dos ‘pets’, sendo tratados como membros da família, com direito a
dormir junto na cama e sair junto para passear de carro. Claro que eles
precisam ser bem tratados e cuidados, pois é responsabilidade do dono cuidar
bem deles.
O problema é ter um conceito
equilibrado sobre os animais de estimação, pois quem não se agrada de chegar em
casa e ser recebido com festa pelo seu cãozinho? O carinho dele parece
incondicional, e a troca de afeto é algo mais simples do que interagir
com as pessoas, que são muito mais complexas.
Além disso, o segmento “pet”
movimenta bilhões em dinheiro, em rações, medicamentos, serviços e produtos para quem tem
amor ao seu bichinho e quer o melhor para ele. Festas de aniversário,
cerimônias de funeral, hospitais e clínicas veterinárias, adestradores e hotéis
para deixá-los quando não há possibilidade de levá-los junto em ausências mais
longas são cada vez mais comuns, e as pessoas acham “normal” tratar um animal como
um ser humano.
Por isso, a medicina
veterinária tem desenvolvido especialidades, semelhantes à medicina humana.
Psicólogos de cães tratam de depressão, Oncologistas prescrevem terapias contra
o câncer, dentistas cuidam da dentição, cabeleireiros usam xampus e cremes,
cortam a pelagem e fazem escovas para os bichinhos desfilarem no shopping nos
fins-de-semana...
Nikole é uma gata cuja dona é
sua empresária. Aos dez anos, Nikole assina uma linha de produtos felinos, abre
desfiles de moda, tem um site e seguidores no Twitter. Tanta fama faz com que
muita gente conheça a dona pela gata, e não o contrário: “Vou a todo lugar com
ela. Somos uma só. Às vezes, é como se eu tivesse perdido a identidade”, diz
sua dona.
Segundo o psiquiatra Alvaro
Ancona de Faria, professor da Unifesp, “o problema é idealizar a relação e
projetar no animal um comportamento que não é de sua natureza. Como é fácil de
controlar, a pessoa acha que é uma relação perfeita e acaba ficando
desestimulada de criar outros vínculos sociais”.
Cesar Ades, professor do
Instituto de Psicologia da USP, e um dos pioneiros no estudo de comportamento
animal no Brasil é categórico: “Apesar de o contato com os bichos fazer bem,
nunca vai substituir a relação com outras pessoas”.
O relacionamento do ser
humano com os animais vem de longa data, como relata a Bíblia: uma das tarefas
de Adão no jardim do Éden era dar nome aos animais (Gênesis 2:19); e lá ele não
tinha que temer nenhum deles pois eram inofensivos ao homem. Assim também
poderá ser restaurada esta relação pacífica do ser humano com os animais num
futuro próximo:
“O lobo estará junto com o
cordeiro, e o leopardo se deitará com o cabrito; o bezerro, o leão e o
novilho gordo estarão juntos; e um menino os conduzirá. A vaca e a ursa
pastarão juntas, juntas se deitarão suas crias. O leão comerá palha como o
touro. A criança de peito brincará sobre a toca da naja, e a criança
desmamada porá a mão sobre o ninho da cobra venenosa. Não se causará dano nem
ruína em todo o meu santo monte, porque a terra certamente ficará cheia do
conhecimento de Jeová, assim como as águas cobrem o mar “ (Isaías 11:6-9).
Referências:
Qual o seu conceito sobre
animais de estimação? - Revista Despertai, 22 de fevereiro de 2004, páginas
3-11.
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