O mais famoso
Oldsmobile 66 de todos os tempos!
Hurst Hairy
Olds foi o nome dado a um par de carros Dragster da classe Funny-Car, construído
pela Hurst Performance Research Center, de Madison Heights, Michigan, Detroit, em
1966 e 1967.
No segundo
semestre de 1965, George Hurst queria outro carro de exibição para complementar
o seu ‘Cuda Hemi Under Glass. Esse carro foi um grande trunfo para Hurst, que
fez vários shows por semana com ele, mas desta vez, Hurst queria fazer algo escandaloso,
e com seus concorrentes na classe Funny-Car alterando rodas, cortando capotas,
fazendo chassis tubulares e carrocerias em fibra-de-vidro, Hurst precisava
fazer algo que ninguém tinha feito ainda. Ele precisava de um verdadeiro
show-car para chamar a atenção de seus fãs em todo o país. Esse carro tinha de
ser o rei indiscutível das competições de Drag Racing.
As corridas de
Drag Racing dos anos 1960 eram como rodeios nitrometanos, com as exibições de
carros para divertir a plateia entre os “sprints” como se fossem os palhaços do
Show. Muitos deles não eram para serem levados a sério, porque estavam lá mais
para entreter do que competir.
Junto com seu
velho amigo Jack ‘Doe’ Watson (conhecido como Shifty Doctor), nasceu a idéia do
“Hairy Olds”: pegar um Oldsmobile 442 e instalar não um, mas dois motores do
Toronado 425 cid supercomprimidos num chassis tubular reforçado para ser o
primeiro 4x4 nas pistas de Drag Racing. Com a ajuda de John Beltz, engenheiro
da General Motors, eles fizeram isso em pouco tempo: em 4 de março de 1966, o
carro estava pronto para o Bakersfield Fuel and Gas Meet.
A construção
do carro ficou sob a responsabilidade de Dave Landrith, com a colaboração de
Paul Phelps, Bob Riggle, Ray Sissener e Dick Chrysler. Um jovem engenheiro de
pesquisa, John DeJohns surgiu com a idéia de usar o chassi tubular para fazer
circular mais de 30 litros de água do sistema de refrigeração, muito mais do
que a capacidade de dois radiadores para os motores. Com certeza, mais de uma
pessoa levou queimaduras por encostar nos tubos depois das corridas, com o
calor gerado pelos dois 425 cid.
Para os
motores, foram reunidos os melhores talentos para o seu desenvolvimento: Ed
Iskenderian fez os comandos especiais para os motores. Don Alderson, de
Milodon, fez o sistema de lubrificação, a bomba de combustível, o pescador de óleo
e todos os rolamentos dos motores. Mickey Thompson Equipment Co. de Long Beach,
California, fez os pistões e bielas forjados especiais e os roletes para
reduzir os atritos nos mancais dos comandos de válvulas. Al Sharp fez as tampas
frontais, os coletores de admissão e as tampas de válvulas. A Teleflex produziu
todos os mostradores de painel (dois conta-giros, temperatura da água e pressão
do óleo) a Schiefer Mag fabricou os injetores especiais para os monstruosos
motores. Doug’ Header, de Los Angeles, ficou responsável pelos escapamentos que
faziam o Hairy não apenas correr melhor, mas também a rugir como dois dragsters
quando disparava pela pista. Era equipado com rodas especiais com pneus M&H
Racemaster e dois paraquedas Simpson montados na traseira do carro.
Como os Toronado
tinham tração dianteira, a escolha por este trem de força era a facilidade de
montar o conjunto tanto na dianteira como na traseira. Os semieixos tiveram de
ser reforçados para suportar a potência e o torque adicional. A chave para
manter o projeto do monstro em andamento era Bob “Animal” Lathrum, de
Cleveland, Ohio, que ficou como Mecânico Chefe do Hairy Hurst Olds.
O cockpit com os controles duplicados. |
Dois motores
significavam duplicar todos os principais comandos para o piloto: duas
alavancas de câmbio (operadas por cabos), dois conta-giros, dois mostradores de
pressão do óleo, temperatura do motor, e dois pedais de acelerador. A potência
adicional foi incrementada pela Cragar Equipment com um compressor 6-71 GMC
modificado no topo de cada motor, que queimava uma mistura de nitrometano e álcool.
O peso foi reduzido com o uso extenso de alumínio em partes da carroceria e os
vidros foram substituídos por plexiglass.
O resultado? Potência na casa dos 2.400
hp, tração nas quatro rodas que geravam uma quantidade fenomenal de fumaça nas
arrancadas, fazendo o quarto-de-milha na faixa dos 11 segundos.
O carro foi um
sucesso instantâneo! Em qualquer lugar que estivesse estacionado, as pessoas se
aglomeravam em volta do carro, sendo difícil até mesmo a preparação para as
competições de arrancadas. George escolheu um jovem piloto (bonito e famoso) de
Top Fuel, “Gentleman” Joe Schubeck para pilotar o carro. Na primeira vez em que
Doe Watson e George Hurst explicaram para Schubeck como o carro deveria ser
conduzido (dois motores, supercomprimidos, dois câmbios e paraquedas
duplicados), Joe argumentou que o carro não seria seguro para ser pilotado, e
já estava desistindo do convite, preferindo ficar com o seu antigo Top Fuel.
Hurst então lhe disse que Linda Vaughn (uma bela modelo que era presença marcante nas competições americanas) seria parte da equipe no pit. Sem
pestanejar, Joe respondeu imediatamente: “Quando é que vamos começar? ”.
Joe Schubeck ficou bem motivado a pilotar o Hurst. |
Em julho de
1966, o Hairy Hurst foi levado a Minnesota para uma exibição; deixava enormes
marcas pretas na pista, enquanto nuvens de fumaça produzidas pelos quatro pneus
que tracionavam ao mesmo tempo, demoravam uma eternidade para se dissipar.
O carro era
imprevisível no início. Debaixo de aceleração total, o torque fenomenal
desalinhava o sistema de direção, dificultando o controle do veículo em
velocidade. Depois de alguns experimentos, a equipe encontrou um alinhamento pré-determinado
para compensar os movimentos da suspensão quando em aceleração plena.
Num show em
Buffalo, Nova York, numa passagem de pista, o magneto do motor dianteiro se
soltou, e cortou a potência do trem de força dianteiro. A consequência foi que
o alinhamento de direção preparado para trabalhar com a potência aplicada às
rodas dianteiras reverteu sua função, tornando o carro indirigível. O carro
saiu da pista, cruzando o trecho de grama molhada, indo de encontro aos
espectadores que estavam na cerca. A multidão não tinha idéia do perigo que
correu, e apenas um cabo esticado ao longo da pista evitou que a situação se
transformasse numa tragédia.
A equipe levou
o carro de volta para Detroit para os reparos, mas Joe Schubeck alegou a
necessidade de se dedicar à sua própria empresa, a Lakewood Industries, de
Cleveland, Ohio, para escapar do que ele chamou de “fazer um passeio pelo inferno”,
deixando de pilotar o Hairy Hurst.
Um segundo
carro Hurst Hairy Olds foi construído em 1967, mas foi destruído em um acidente
numa das corridas em Niágara, New York.
Comenta-se que
depois deste incidente, George Hurst mandou desmontar o Hairy e enterrá-lo em
um túmulo secreto. Doe Watson se encarregou de espalhar esta versão, ninguém
sabe até hoje onde está o Hairy. Ou talvez o mais famoso carro de exibição da
Oldsmobile esteja escondido em algum prédio escuro, descansando de suas
peripécias de antigamente.
O exemplar de 1966 ficou por anos no R.E. Olds
Transportation Museum, em Lansing, Michigan; e graças aos esforços de Dennis Mothershed e sua empresa, Victory
Driveline Components, a versão de 1966 do Hurst Hairy Oldsmobile recebeu uma
reforma e vários componentes do motor difíceis de encontrar foram
providenciados e recriaram o carro, visto aqui no 2013 Muscle Car e Corvette
Nationals. O carro foi doado para o Oldsmobile Club of America.
Joe hoje é dono da Schubeck Components Engine Racing, em Las Vegas, construindo peças para preparação de motores. Quando perguntado se dirigiria novamente o Hairy, Joe disse: “Onde está ele? Claro que eu gostaria de fazer isso de novo!”. O carro apareceu na capa da edição de maio de 1966 da Hot Rods Magazine, e também na capa do livro 1968 Hot Rod Pictorial.
Joe hoje é dono da Schubeck Components Engine Racing, em Las Vegas, construindo peças para preparação de motores. Quando perguntado se dirigiria novamente o Hairy, Joe disse: “Onde está ele? Claro que eu gostaria de fazer isso de novo!”. O carro apareceu na capa da edição de maio de 1966 da Hot Rods Magazine, e também na capa do livro 1968 Hot Rod Pictorial.
Na foto ao lado: Joe Schubeck, com Bob “Animal” Lathrum, piloto e mecânico chefe do Hairy
Hurst Olds. A foto foi tirada na reunião da NHRA (National Hot rod Association)
em Columbus, Ohio, em setembro de 1998.
Vídeo do
acidente em Buffalo:
Arrancada em
Buffalo.
EM ESCALA
O modelo na
escala 1:18, produzido em quantidade limitada pela Highway 61, o incrível Hurst
Hairy Olds, é baseado no Oldsmobile Cutlass 442 de 1966, equipado com dois
motores do Toronado, comprimidos e preparados, era a grande estrela de seu
tempo.
A Highway 61
fez um bom trabalho, as formas do Hairy são perfeitas e há bem poucas linhas de
moldagem visíveis. Os espaços entre o capo e a carroceria, bem como o recorte
das portas e a tampa do porta-malas são bem fiéis em escala. A pintura em preto
e dourado metálico parece exatamente com o real. Os adesivos são corretos e
correspondem ao carro original, e estão selados por uma camada de verniz
transparente. É de se notar o peso do modelo, apesar de ter elementos em plástico.
Um detalhe que
chama a atenção é a grade dianteira feita em metal. Removidos o capo e a
cobertura traseira, ficam à mostra os gigantescos motores bem detalhados com as
mangueiras e cabos, as tampas de válvulas cromadas e toda a Pintura do
trem-de-força do Toronado.
O chassis é
uma peça que por si só, seria admirável para exibição, pois os detalhes das
barras de torção, braços e suspensão funcional valorizam o modelo. O interior
traz os cintos de segurança com seus fechos em Photoetched, um painel completo
e alavancas moveis, bem como os acionadores dos paraquedas, pedais e até o
porta-luvas que se abre.
Este monstro
era pilotado pelo “Gentleman” Joe Schubeck, e o modelo é um carro para
registrar uma era das corridas de Dragster em que a criatividade fazia surgir
atrações como o Hurst Hairy Olds.
REFERÊNCIAS:
https://www.cartechbooks.com/blog/thehairyolds/
Scale
Auto Magazine, December 2002, pg. 14
Nenhum comentário:
Postar um comentário