sexta-feira, 29 de setembro de 2017

VW KOMBI

O esboço de Ben Pon, de 1947
A Kombi, como conhecemos no Brasil, foi o segundo carro produzido pela VW no período pós-guerra. A recuperação da economia pedia veículos comerciais para trabalho e a VW criou o Type 2, com cinco variações, do T1 ao T5 para o mercado.
A ideia para a Kombi veio de Ben Pon, importador da VW na Holanda, que fez um esboço em sua agenda no ano de 1947. Um fato interessante no desenvolvimento da Kombi é que seu formato de tijolo não é aerodinamicamente favorável, mas o protótipo foi levado para o túnel de vento da Universidade Técnica de Braunschweig, e seus detalhes foram otimizados, ficando mais eficiente do que o Beetle, no qual era baseado. Montado sobre a plataforma do Fusca, não ficou tão resistente como necessitava um veículo de carga, portanto, uma nova base foi construída para ela, no conceito de chassi monobloco.
O protótipo de 1949 e o modelo lançado em 1950.
Ela chegou ao mercado em 1950, sob a direção de Heinz Nordhoff, em Wolfsburg, Alemanha. Logo o sucesso do modelo fez com que a VW a fabricasse em outros países, onde tivesse linhas de montagem; seu espaço, a confiabilidade mecânica, sua simplicidade e durabilidade e bom acabamento angariaram a preferência de vários segmentos que usaram a Kombi para uma infinidade de usos.
Considera-se que a VW inaugurou o segmento dos MPV (Multi Purpose Vehicles – veículos de uso múltiplo), e apesar de outros fabricantes tentarem imitar a Kombi, nenhuma conseguiu realizar um design tão simpático e amigável para competir com a minivan da VW.
A flexibilidade de usos da Kombi foi a chave do seu sucesso.
O nome Kombi veio do alemão Kombinationsfahrzeug, que significa “veículo combinado”, ou veículo multi-uso numa tradução livre. Em outros países, é conhecida por T2, Transporter, Samba Bus, Micro Bus, nos Estados Unidos; na Alemanha é chamada de “Bulli”, na Dinamarca “Rugbrød”, na Holanda “Spiljltje” ou “Clipper”. Ela recebeu outros nomes e apelidos, aqui no Brasil, foi chamada de “Pão de forma” e “kombosa”, além de “Corujinha” − para diferenciar da frente modernizada da Clipper − eram comuns, e revelam o carinho que a população tinha pela Kombi. No final de carreira, “Velha Senhora” aparecia com mais frequência ao se referir à Kombi.
Fillmore era a personagem de uma Kombi Hippie em Cars.
Nos anos sessenta, a juventude Hippie adotou a Kombi como um símbolo de liberdade e paz; era um veículo comunitário, e moravam dentro dela. Desta época, ficaram famosas por sua decoração psicodélica, recebendo até uma homenagem como a Fillmore, da animação “Cars”, da Pixar.
Fabricada na Alemanha até 1979, ela prosseguiu no mercado, aqui no Brasil até 18 de dezembro de 2013. Lançada no país em 2 de setembro de 1957, era o mais antigo veículo em produção até aquela data.
A KOMBI NO BRASIL
Lançada em 1950, logo ela foi importada pelo Grupo Brasmotor, que começou a montá-la em 1953, no sistema CKD (Completely Knocked Down), com peças importadas da matriz na Alemanha.
Inicialmente com motor 1.100 cc e 25 cv, tinha partida elétrica ou manual (na manivela). O câmbio tinha somente a segunda, terceira e quarta marchas sincronizadas, já vinham também a versão pick-up e a de passageiros, com 15 janelas. Em 1954 recebeu o motor de 1200 cc e 36 cv, e em 1957 a VW assume a produção da Kombi com um índice de nacionalização de 50% (motor e câmbio ainda eram importados); o sistema elétrico ainda é de 6 volts.
Em 1959 o motor passa a ser produzido no Brasil e o câmbio ganha as 4 marchas totalmente sincronizadas, tornando-se o primeiro veículo brasileiro a ter a primeira sincronizada. Abandona-se a partida por manivela.
Nos anos 1960, a Kombi recebeu vários aperfeiçoamentos (técnicos e de conforto), como marcador de combustível elétrico (antes tinha uma torneira para abria a reserva quando o combustível estivesse no fim), luzes de seta acima do farol (devido ao seu formato, foram apelidadas de “tetinhas”), vidro na curva traseira para melhorar a visibilidade, chave de ignição e trava na coluna de direção, esguichos de água para os limpadores do para brisa, motor 1500 com 44 cv (em 1967), sistema de 12 volts em 1968 e cintos de segurança e extintor de incêndio em 1970. A estabilidade melhorou um pouco com a adoção das rodas de 14 polegadas. Surgiu a versão de seis portas, destinada a taxistas e hotéis, e uma versão Turismo, adaptada para camping, com um toldo que era rebatido na lateral; e a versão pick-up ampliava a oferta da linha.
Kombi Furgão 1976 com a nova frente
Na década de 1970, a Kombi recebeu mais avanços técnicos, devido ao aumento da concorrência e o avanço da tecnologia automobilística em todo o mundo. Nova embreagem, filtro de ar em papel, motor 1600cc com 52 hp a 4200 rpm, cruzetas nos semieixos traseiros, logo substituídas por juntas homocinéticas, dupla carburação (1978), reforços para aumentar a rigidez da carroçaria, e a primeira reestilização visual. Esperava-se que adotássemos a Clipper, com a porta lateral corrediça, mas a VW brasileira resolveu economizar nos custos e manteve o corpo central com 12 janelas, trocando apenas a frente e a traseira do modelo internacional. Assim, o modelo brasileiro de 1976 a 1996 é um modelo único, que refletia a estratégia da montadora em manter produtos defasados tecnologicamente, e um dos motivos que a fez perder a liderança do mercado local para a Fiat.
Kombi diesel com o motor do Passat.
Os anos 1980 viram o motor diesel refrigerado a agua, 1500cc, quatro cilindros do Passat de exportação de 50 cv e 9,5 kgfm de torque, com o radiador na dianteira. Apesar de parecer uma boa solução, o motor diesel tornou-se uma grande dor de cabeça para os proprietários, com vários casos de motor fundido com menos de 100 mil quilômetros. Em 1985 surgiu a versão pick-up de cabine dupla, freios a disco na dianteira, encostos de cabeça e cintos de três pontos nos bancos dianteiros. No ano seguinte, é lançado o motor a álcool de 57 cv.
A década de 1990 finalmente vemos o corpo da Kombi passar a ser o da Clipper, com porta lateral corrediça; e um teto elevado exclusivo no Brasil. O novo formato aumentou em 11 cm o espaço interior e eliminou a divisória entre a cabine e o compartimento de carga/passageiros. O motor recebe injeção eletrônica, catalizador e cânister, sem muito a fazer em tecnologia, a VW faz marketing, lançando a Kombi de luxo, denominada Carat.
Série Prata de 2005 - último motor a ar.
Nos anos 2000, a pick-up deixa de ser fabricada, vem o motor 1400 cc flex (2005), refrigerado a água, aperfeiçoamento do sistema de refrigeração no radiador dianteiro, novo painel de instrumentos (semelhante ao do Fox da época). Para fechar a produção do motor a ar, é lançada a Serie Prata, limitada a 200 unidades, destinada a colecionadores; trazia vidros verdes, acabamentos nos faróis e para choques em ‘Cinza Cross’, piscas dianteiros com lentes brancas, lanternas traseiras fumês, desembaçador no vidro traseiro e identificação pelo logotipo “Kombi Série Prata”.
A última grande mudança técnica no veículo foi o motor Flex, adotando o 1,4 EA-111, exclusivo no Brasil e utilizado apenas em versões de exportação do Fox. Ele vinha com 80 cv a 4.800 rpm e torque de 12,7 kgfm aso 3.500 rpm quando abastecido com etanol. Agora a velocidade máxima chegava a 130 km/h, mas o cambio ainda continuava com as quatro marchas.
Kombi 50 anos em 2007
Em alusão aos 50 anos da Kombi, em 2007 foi lançada a Kombi Edição 50 Anos, limitada a apenas 50 exemplares; tornando-a bastante rara e colecionável. Neste ano, ela respondia por 7,2% das vendas de veículos comerciais no páis, mostrando ainda sua força concorrendo com inúmeros competidores, especialmente os comerciais chineses. O destaque era a pintura ‘Saia e Blusa’, teto branco e corpo vermelho, como na primeira geração da Kombi. Vinha com vidros verdes, para brisa degradê, piscas dianteiros com lente cristal, lanternas traseiras fumê, desembaçador do vidro traseiro, luz no cofre do motor e adesivos externos identificando o modelo, inclusive acima do local do rádio no painel. A Série vinha com uma carta de congratulação assinada pelo presidente da VW no Brasil.
KOMBI LAST EDITION
A última Kombi produzida saiu da linha de montagem às 22:00 hs. do dia 18 de dezembro de 2013. A unidade de chassi “EP022.526” foi reservada para o acervo da empresa, finalizando um ciclo de 56 anos desde o seu lançamento na Alemanha, superando até mesmo o carro que lhe deu origem, o Fusca.
Devido à Resolução 311 e 312 do Contran, exigindo airbag duplo e freios com ABS em 100% dos veículos produzidos no Brasil a partir de 1º de janeiro de 2014, e a impossibilidade de instalar tais itens na Kombi, fez com que a produção se encerrasse, depois de 56 anos em linha e mais de 1,5 milhão de unidades vendidas.
Kombi Last Edition 2013
Para lembrar o evento, foi lançada a “Last Edition”, com 1200 exemplares, com teto branco e corpo azul. Vinha com pneus de faixa branca, e rodas e calotas também em branco, cortinas azuis nas janelas laterais e vigia traseira, com braçadeiras com o logo ‘Kombi’ bordados, uma decoração típica de versões luxuosas das décadas de 1960 e 1970. Os bancos vinham com forração especial de vinil: bordas em Azul Atlanta e faixas centrais de duas cores (azul e branca); as laterais e costas dos assentos vinham com acabamento de vinil expandido em Cinza Lotus. As laterais dos bancos vinham com costuras pespontadas; o assoalho e porta malas revestidos por tapetes com insertos em carpete dilour Basalto, o mesmo material que revestia o estepe, fechando com chave de ouro o interior mais nostálgico de todas as versões.
O sistema de som em LEDs vermelhos, lê arquivos em MP3, com entradas auxiliares USB. O porta luvas tinha o manual do proprietário com uma capa especial comemorativa alusiva à série. Inicialmente prevista para 600 exemplares, felizmente foi ampliada para 1200, devido à demanda e procura do modelo, com colecionadores e amantes da Kombi interessados até do exterior.
"Quando anunciamos a Last Edition foi um fenômeno mundial. Tivemos pedidos dos cinco continentes. No início acreditamos que 600 seriam suficientes, tivemos que dobrar e ainda temos demanda para muito mais. Isso justifica o preço mais alto que a versão branca; temos mais de 5 mil interessados. Mas, além disso, se você ver o equipamento e o amor que colocamos, justifica o valor", afirma Jochen Funk, diretor da Volkswagen. Esta série foi produzida pela empresa Rontan, de Tatuí, especializada em customizar veículos para utilidades específicas, como Polícia, Ambulâncias, etc.
Para um carro com tantas histórias, não poderiam deixar de contar a última história sobre a Kombi; então a agencia da VW do Brasil - Almap/BBDO - elaborou uma campanha para a despedida da Kombi.
Os últimos desejos da Kombi
Na primeira fase, foi criado um hotsite da Kombi, onde os seus fãs contaram  as experiências que passaram com ela, enviando fotos, textos e vídeos. As melhores experiências foram reunidas num livro digital de “Memórias da Kombi” e fizeram parte do anúncio “Testamento da Kombi”, em que ela viajava pelo Brasil, entregando aos escolhidos lembranças relacionadas com os fatos que vivenciaram. Por exemplo, Carlos Alberto Valentim, que viajou com a Kombi para acompanhar os jogos da Seleção Brasileira de Futebol, recebeu uma calota da Kombi autografada pelo Rei Pelé. A campanha foi agraciada em sete categorias no renomado Festival de Cannes, uma das mais importantes do mundo na área da publicidade.

Sendo o último desejo da “Velha Senhora”, “voltar para casa”, o último exemplar, de numeração 1200/1200 foi levada para a matriz na Alemanha e ganhou um lugar reservado no museu de veículos comerciais do grupo Volks em Hannover.
Assista ao vídeo de despedida da Kombi:

EM ESCALA
Kombi da Welly na escala 1:18
O modelo da Welly na escala 1:18 reproduz a Kombi de 1962, vendida nos Estados Unidos como Samba Bus, a versão chamada de T1, com 5 janelas laterais e teto solar.
A pintura em duas cores, apelidada no Brasil de “saia e blusa” é bem-feita e os acabamentos de frisos, cromados, maçanetas de portas e molduras dos faróis e lanternas são bem caprichados. Este modelo traz os piscas que ganharam o apelido de "tetinhas", por razões obvias...
Diversos fabricantes produzem a Kombi nos seus diversos modelos, anos e escalas. Jada Toys, Greenlight, Maisto, Schuco, Sun Star, Motor Max, YatMing e outras em 1:18 e 1:24; Minichamps, Premium Classixxs, Motor City, Vitesse, Cararama, Brumm, Road Signature e outras em 1:43; Hot Wheels, M2, Greenlight, Matchbox e outras em 1:64; além de muitas outras em outras escalas menos populares.
Kombi da coleção Veículos de Serviço do Brasil
A Altaya, famosa por suas coleções, lançou no Brasil a Kombi T2 (1976-1996) no tema Veículos de Serviço do Brasil, com a decoração de perua Escolar, outra com a pintura da Telesp, e dos Correios, estes na versão Furgão, com a escada no teto; uma ambulância, uma da Polícia Feminina (estas últimas na versão T1), e uma pick-up com baú da Elma Chips (T2). 
Kombis da Coleção Carros Inesquecíveis do Brasil.
Na coleção Carros Inesquecíveis do Brasil, aparece a Kombi (T1) de 1957 com 4 janelas laterais e pintura saia-e-blusa; uma pick-up cabine dupla (T2) e uma Clipper (T2 pós 1996). Há também a Kombi Last Edition, na pintura azul e branca de 2013.
Hot Wheels Brazil Convention 2010 e 2011
Por ocasião da Convenção da Hot Wheels no Brasil em 2010 e 2011, tivemos modelos comemorativos com decoração alusiva ao evento, uma Kombi mais normal, e outra bem radical. A Kombi era um prato cheio para os customizadores, por isso, a Hot Wheels fez uma Drag Bus, para as arrancadas de Dragsters, tipo de competição muito popular nos Estados Unidos.
VW Drag Bus - Hot Wheels 1:18

REFERÊNCIAS:

CRÉDITOS DE FOTOS:





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