O esboço de Ben Pon, de 1947 |
A Kombi, como conhecemos no Brasil, foi o segundo carro
produzido pela VW no período pós-guerra. A recuperação da economia pedia
veículos comerciais para trabalho e a VW criou o Type 2, com cinco variações,
do T1 ao T5 para o mercado.
A ideia para a Kombi veio de Ben Pon, importador da VW na
Holanda, que fez um esboço em sua agenda no ano de 1947. Um fato interessante
no desenvolvimento da Kombi é que seu formato de tijolo não é aerodinamicamente
favorável, mas o protótipo foi levado para o túnel de vento da Universidade
Técnica de Braunschweig, e seus detalhes foram otimizados, ficando mais
eficiente do que o Beetle, no qual era baseado. Montado sobre a plataforma do
Fusca, não ficou tão resistente como necessitava um veículo de carga, portanto,
uma nova base foi construída para ela, no conceito de chassi monobloco.
O protótipo de 1949 e o modelo lançado em 1950. |
Considera-se que a VW inaugurou o segmento dos MPV (Multi
Purpose Vehicles – veículos de uso múltiplo), e apesar de outros fabricantes
tentarem imitar a Kombi, nenhuma conseguiu realizar um design tão simpático e
amigável para competir com a minivan da VW.
A flexibilidade de usos da Kombi foi a chave do seu sucesso. |
Fillmore era a personagem de uma Kombi Hippie em Cars. |
Fabricada na Alemanha até 1979, ela prosseguiu no mercado,
aqui no Brasil até 18 de dezembro de 2013. Lançada no país em 2 de setembro de
1957, era o mais antigo veículo em produção até aquela data.
A KOMBI NO BRASIL
Lançada em 1950, logo ela foi importada pelo Grupo
Brasmotor, que começou a montá-la em 1953, no sistema CKD (Completely Knocked
Down), com peças importadas da matriz na Alemanha.
Inicialmente com motor 1.100 cc e 25 cv, tinha partida
elétrica ou manual (na manivela). O câmbio tinha somente a segunda, terceira e
quarta marchas sincronizadas, já vinham também a versão pick-up e a de
passageiros, com 15 janelas. Em 1954 recebeu o motor de 1200 cc e 36 cv, e em 1957
a VW assume a produção da Kombi com um índice de nacionalização de 50% (motor e
câmbio ainda eram importados); o sistema elétrico ainda é de 6 volts.
Em 1959 o motor passa a ser produzido no Brasil e o câmbio
ganha as 4 marchas totalmente sincronizadas, tornando-se o primeiro veículo
brasileiro a ter a primeira sincronizada. Abandona-se a partida por manivela.
Nos anos 1960, a Kombi recebeu vários aperfeiçoamentos
(técnicos e de conforto), como marcador de combustível elétrico (antes tinha
uma torneira para abria a reserva quando o combustível estivesse no fim), luzes
de seta acima do farol (devido ao seu formato, foram apelidadas de “tetinhas”),
vidro na curva traseira para melhorar a visibilidade, chave de ignição e trava
na coluna de direção, esguichos de água para os limpadores do para brisa, motor
1500 com 44 cv (em 1967), sistema de 12 volts em 1968 e cintos de segurança e
extintor de incêndio em 1970. A estabilidade melhorou um pouco com a adoção das
rodas de 14 polegadas. Surgiu a versão de seis portas, destinada a taxistas e
hotéis, e uma versão Turismo, adaptada para camping, com um toldo que era
rebatido na lateral; e a versão pick-up ampliava a oferta da linha.
Kombi Furgão 1976 com a nova frente |
Kombi diesel com o motor do Passat. |
A década de 1990 finalmente vemos o corpo da Kombi passar a
ser o da Clipper, com porta lateral corrediça; e um teto elevado exclusivo no
Brasil. O novo formato aumentou em 11 cm o espaço interior e eliminou a
divisória entre a cabine e o compartimento de carga/passageiros. O motor recebe
injeção eletrônica, catalizador e cânister, sem muito a fazer em tecnologia, a
VW faz marketing, lançando a Kombi de luxo, denominada Carat.
Série Prata de 2005 - último motor a ar. |
A última grande mudança técnica no veículo foi o motor
Flex, adotando o 1,4 EA-111, exclusivo no Brasil e utilizado apenas em versões
de exportação do Fox. Ele vinha com 80 cv a 4.800 rpm e torque de 12,7 kgfm aso
3.500 rpm quando abastecido com etanol. Agora a velocidade máxima chegava a 130
km/h, mas o cambio ainda continuava com as quatro marchas.
Kombi 50 anos em 2007 |
KOMBI LAST EDITION
Devido à Resolução 311 e 312 do Contran, exigindo airbag
duplo e freios com ABS em 100% dos veículos produzidos no Brasil a partir de 1º
de janeiro de 2014, e a impossibilidade de instalar tais itens na Kombi, fez
com que a produção se encerrasse, depois de 56 anos em linha e mais de 1,5
milhão de unidades vendidas.
Kombi Last Edition 2013 |
O sistema de som em LEDs vermelhos, lê arquivos em MP3,
com entradas auxiliares USB. O porta luvas tinha o manual do proprietário com
uma capa especial comemorativa alusiva à série. Inicialmente prevista para 600
exemplares, felizmente foi ampliada para 1200, devido à demanda e procura do
modelo, com colecionadores e amantes da Kombi interessados até do exterior.
"Quando anunciamos a Last Edition foi um fenômeno
mundial. Tivemos pedidos dos cinco continentes. No início acreditamos que 600
seriam suficientes, tivemos que dobrar e ainda temos demanda para muito mais.
Isso justifica o preço mais alto que a versão branca; temos mais de 5 mil
interessados. Mas, além disso, se você ver o equipamento e o amor que
colocamos, justifica o valor", afirma Jochen Funk, diretor da Volkswagen. Esta
série foi produzida pela empresa Rontan, de Tatuí, especializada em customizar
veículos para utilidades específicas, como Polícia, Ambulâncias, etc.
Para um carro com tantas histórias, não poderiam deixar de
contar a última história sobre a Kombi; então a agencia da VW do Brasil - Almap/BBDO - elaborou uma campanha para a despedida da Kombi.
Os últimos desejos da Kombi |
Na primeira fase, foi criado um hotsite da Kombi, onde os
seus fãs contaram as experiências que
passaram com ela, enviando fotos, textos e vídeos. As melhores experiências
foram reunidas num livro digital de “Memórias da Kombi” e fizeram parte do
anúncio “Testamento da Kombi”, em que ela viajava pelo Brasil, entregando aos
escolhidos lembranças relacionadas com os fatos que vivenciaram. Por exemplo, Carlos
Alberto Valentim, que viajou com a Kombi para acompanhar os jogos da Seleção
Brasileira de Futebol, recebeu uma calota da Kombi autografada pelo Rei Pelé. A
campanha foi agraciada em sete categorias no renomado Festival de Cannes, uma
das mais importantes do mundo na área da publicidade.
Sendo o último desejo da “Velha Senhora”, “voltar para
casa”, o último exemplar, de numeração 1200/1200 foi levada para a matriz na
Alemanha e ganhou um lugar reservado no museu de veículos comerciais do grupo
Volks em Hannover.
Assista ao vídeo de despedida da Kombi:
EM ESCALA
Kombi da Welly na escala 1:18 |
A pintura em duas cores, apelidada no Brasil de “saia e
blusa” é bem-feita e os acabamentos de frisos, cromados, maçanetas de portas e
molduras dos faróis e lanternas são bem caprichados. Este modelo traz os piscas que ganharam o apelido de "tetinhas", por razões obvias...
Diversos fabricantes produzem a Kombi nos seus diversos
modelos, anos e escalas. Jada Toys, Greenlight, Maisto, Schuco, Sun Star, Motor
Max, YatMing e outras em 1:18 e 1:24; Minichamps, Premium Classixxs, Motor City, Vitesse,
Cararama, Brumm, Road Signature e outras em 1:43; Hot Wheels, M2, Greenlight, Matchbox
e outras em 1:64; além de muitas outras em outras escalas menos populares.
Kombi da coleção Veículos de Serviço do Brasil |
Kombis da Coleção Carros Inesquecíveis do Brasil. |
Hot Wheels Brazil Convention 2010 e 2011 |
Por ocasião da Convenção da Hot Wheels no Brasil em 2010
e 2011, tivemos modelos comemorativos com decoração alusiva ao evento, uma
Kombi mais normal, e outra bem radical. A Kombi era um prato cheio para os
customizadores, por isso, a Hot Wheels fez uma Drag Bus, para as arrancadas de
Dragsters, tipo de competição muito popular nos Estados Unidos.
REFERÊNCIAS:
CRÉDITOS DE FOTOS:
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