terça-feira, 26 de junho de 2018

FORD THUNDERBIRD 1957

Assim como a GM, a Ford também percebeu o interesse dos americanos pelos pequenos carros esporte europeus, e quase simultaneamente começou a desenvolver um modelo de dois lugares, com perfil esportivo, conversível com um desempenho mais elevado do que os sedans pelos quais a Ford era mais conhecida.
A criação do Thunderbird veio de um encontro de Lewis D. Crusoe, um executivo aposentado da GM, com George Walker, estilista-chefe e vice-presidente da Ford. Ambos se conheceram na França, em outubro de 1951, e numa ocasião, quando caminhavam pelo Grand Palais no Paris Auto Show, Crusoe apontou para um carro esportivo e perguntou a Walker: “Por que não podemos ter algo assim?”. Algumas versões da história afirmam que Walker respondeu dizendo a Crusoe: “Ah... estamos trabalhando nisso”; mas possivelmente ele se referia apenas a esboços de carros de sonho pela sua equipe de design, cuja maioria acaba nunca se tornando realidade.
Talvez Walker estivesse se referindo ao projeto que Henry Ford havia pedido,  para criarem um pequeno roadster de dois lugares, cujo resultado foi o Vega, em 1953. Os altos custos, o baixo interesse gerado pelo projeto na época e o design europeu acabaram sepultando a idéia, e nunca passou nem a ter um protótipo construído.
Após a conversa com Crusoe, Walker prontamente ligou para a Ford em Dearborn e contou a Frank Hershey (Estilista-Chefe da Divisão Ford) o que havia acontecido, e imediatamente Hershey começou a trabalhar na idéia: um pequeno conversível, com peso por volta de 1.200 kg, motor V8 com válvulas no cabeçote, que estavam preparando para a linha 1954, máxima de 100 mph (160 km/h).
Com a apresentação do Corvette em 17 de janeiro de 1953, na Motorama do Waldorf Astoria, os executivos da Ford se apressaram em retomar as diretrizes do pequeno roadster, mas se o Thunderbird era semelhante em conceito, passou a ter um estilo mais americano, era mais luxuoso e menos esportivo. Para diferenciá-lo e não concorrer no mesmo segmento da GM, a Ford buscou posicioná-lo num novo segmento, denominando-o como “personal luxury car”, enfatizando a individualidade dos que queriam um carro pessoal e sofisticado, mas com espirito jovem e esportivo.
William P. Boyer, designer do Body Development Studio da Ford, foi o estilista líder (se tornou o Gerente do Thunderbird Studio na primavera de 1955) e trabalhou junto com Bill Burnett, engenheiro-chefe, na criação do primeiro Thunderbird de dois lugares de 1955; Frank Hershey era o Estilista-Chefe da Divisão Ford, e todos se reportavam a George Walker, vice-presidente.
A partir de fevereiro de 1953, o Thunderbird passou da idéia para protótipo em cerca de um ano, sendo apresentado ao público no Salão do Automóvel de Detroit em 20 de fevereiro de 1954. O Clay-Model foi mostrado em 18 de maio de 1953, já com o design definitivo, e em setembro de 1953 recebeu a aprovação da diretoria e o 'OK' de Henry Ford, quando voltou do Los Angeles Auto Show.
Era um conversível de dois lugares, com uma capota hardtop removível em fibra-de-vidro e uma capota de lona retrátil. A produção teve início em 9 de setembro de 1954, e as vendas ao mercado começaram em 22 de outubro de 1954.
Com faróis redondos e lanternas semelhantes a outros modelos da Ford, e “rabos-de-peixe” discretos, o design do Thunderbird era mais elegante e atlético; o capô longo e um velocímetro que marcava até 150 mph (240 km/h) sugeria uma natureza mais agressiva em desempenho que outros Ford não possuíam.
Mecanicamente, seu chassi tinha entre-eixos mais curto do que qualquer modelo da linha, mas idêntico ao do Corvette (102 polegadas), e o motor era um padrão com 292 cid (4,8 litros) Y-Block V8 da Divisão Mercury. Gerava 193 hp com uma caixa automática de três velocidades. O Thunderbird tinha uma potência menor do que os motores V8 da GM, mas era suficiente para dar uma boa performance, e sua maneabilidade era melhor do que muitos carros. Numa comparação com outros esportivos importados de sua classe, no Daytona Speed Week de 1955, conseguiu a marca de 124,6 mph (200,48 km/h).
Apesar desta boa performance, o Thunderbird era um carro de imagem para  a Ford. Era estiloso, luxuoso, um modelo de classe médio-alta de passeio, perfeito para exibir sua namorada, esposa ou amante numa volta pela cidade.
Contrariamente ao que ocorreu com o Corvette, que tinha um visual esportivo, mas um motor que não correspondia ao que o carro prometia, e teve dois anos de recessão em vendas, o Thunderbird decolou logo de início, e a previsão de vender 10 mil unidades acabou com 16.155 T-Birds chegando às ruas em 1955, contra 674 Corvettes no mesmo ano.
O kit Continental, com o estepe coberto
Para 1956, o estilo permaneceu o mesmo, a ventilação interna foi melhorada e a condução ficou mais confortável. A potência subiu para 202 hp com cambio manual, e um motor de 315 cid veio a somar na linha, com 215 hp com cambio manual e 225 com a caixa automática. A mudança mais notável foi o Kit Continental, em que o estepe vinha num compartimento fora do porta malas, encaixado no para choque traseiro. Isto não só beneficiou o espaço para bagagens, mas ajudou também na distribuição de peso, equilibrando melhor o carro.
Vendeu menos, 15.631 unidades, mas subiu para 21.380 em 1957, sendo este ano-modelo considerado o melhor dois-lugares dos anos 1950. Ganhou um novo painel de instrumentos e o sistema Dial-O-Matic de regulagem dos bancos, que memorizava posições pre-estabelecidas e ajustava os bancos assim que o carro era ligado.
Em 1957 o motor tinha 292 cid com 212 hp na caixa manual, mas havia os opcionais V8 de 312 cid com 245, 270 ou 285 hp; e este último podia receber um supercharger levando a potência para 300 ou 340 hp, pacote para os que colocavam o T-Bird nas pistas. No Daytona Speed Week de 1957, o T-Bird alcançou 146,3 mph (235,4 km/h).
O T-Bird de 1958, começando a se distanciar do conceito
A partir de 1958 surgiu sua segunda geração, e o T-Bird passou a ter mais uma fileira de bancos, para quatro pessoas, e começou a ser descaracterizado de sua proposta original, ficando mais familiar e sisudo. O estilo acabou perdendo a grande personalidade que o carro conquistara, e o desempenho não era mais uma prioridade no desenvolvimento do modelo. O carro chegou até a décima geração, (1989-1997), como um sedã familiar de duas portas, e sem o brilho e personalidade do início.
O modelo 1962 e o de 1968.
O T-Bird de 1975 e 1978
Os modelos de 1981 e 1985.

A releitura do modelo de 1957 - durou de 2002 até 2005.
A Ford apresentou o Thunderbird Concept em 2001, com elementos do design da primeira geração, como a janela circular na coluna B, a entrada de ar sobre o capô dianteiro, faróis arredondados e de neblina. A Ford tentou relançar o T-Bird na onda retro-style em 2002, e apesar de ter sido considerado o Carro do Ano na promoção da Revista Motor Trend, tinha um estilo insosso, era um carro grande e não despertou paixões como o New Beetle; vendeu pouco e saiu de cena em 2005.

EM ESCALA
O T-Bird da Revell em 1:18
O T-Bird é produzido por vários fabricantes de modelos no mercado, como a Revell, MotorMax, YatMing (55-57), Welly (62), SunStar (60) para a escala de 1:18. Em 1:24 temos modelos da Danbury Mint (60 - diecast) e Franklin Mint (55 - Diecast), Motor Max (56), Revell (2002) e AMT (vários anos) em forma de kits para montar. Neo Models (79), RIO (55), Brooklin Models (56, 59); HighSpeed (55), FABBRI (2002) e Atlas (55) fazem em 1:43, e ARKO em 1:32. Nas escalas menores (1:63/1:64), Mattel e Matchbox (associadas em alguns países), Playing Mantis, Maisto produzem o T-Bird em várias versões (com capota e conversível, com kit Continental). Os acabamentos variam, mas as escalas menores acabam sendo as mais sacrificadas nos detalhes.
O vermelho da foto é da Revell em 1:18, 1957, não possui a janela circular na coluna. As portas e os capôs dianteiros e traseiro abrem, e as rodas dianteiras esterçam. Os pneus (finos da época) com faixa branca ficaram bem, e os cromados são bem acabados. A grade dianteira e a abertura sobre o capô poderiam ser vazados para maior fidelidade.


REFERÊNCIAS



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