Depois da década de 1950, com a consolidação dos grandes sedãs, as montadoras começaram a considerar diferentes segmentos de mercado para criar novos modelos de carros. As pesquisas indicavam que o público buscava carros menores, mais baratos, mas sem abrir mão do desempenho, e por tabela, mais esportivos e joviais.
A Ford tinha o Thunderbird, mas sua esportividade se foi na reformulação de 1957, quando ganhou mais dois lugares e virou mais um cupê de luxo do mercado; enquanto o Corvette da GM subia nas vendas com o V8 sob o capô afirmando toda a esportividade que o mercado ansiava.
Mustang Concept: Roadster com inspiração européia |
Mustang Concept: motor traseiro e arco tipo "Targa" |
Henri Ford II então, solicitou a Lee Iacocca, presidente da Divisão Ford, que desenvolvesse um “carro pessoal”, barato com apelo esportivo, estilo jovial e de pequeno porte (para os padrões americanos). John Najjar e Philip T. Clark criaram então o conceito Mustang em 1961 (depois que veio o Mustang II, este foi nomeado Mustang I), um roadster de dois lugares, com design futurista, carroçaria de alumínio com uma frente em cunha (mais tarde esse mesmo design apareceu na frente do Dodge Charger Daytona) e chassi tubular, como convinha a um verdadeiro esportivo. Havia grades tomadas de ar nas laterais à frente da caixa das rodas traseiras, uma barra de proteção larga, e escapes saindo do painel traseiro. Sua primeira apresentação foi em 7 de outubro de 1962, no GP dos Estados Unidos, em Watkins Glenn, onde teve boa repercussão entre o público. Dan Gurney deu algumas voltas de demonstração na pista com o segundo protótipo “Racer”, este, um exemplar plenamente funcional, ao passo que o outro era apenas um “mock-up” estático.
Este protótipo tinha suspensões independentes nas quatro rodas, ao invés do eixo rígido na traseira. O motor entre eixos na traseira era um quatro cilindros em V, do Taunus da Ford Europa, com apenas 90 hp. O câmbio de quatro marchas e o diferencial (transeixo) formavam um conjunto só, a direção era por pinhão e cremalheira, e os freios dianteiros já eram a disco. Com 3,91m de comprimento e 2,28m nos entre eixos, pesava apenas 700 kg; não tinha capota, e como era um protótipo, não tinha diversos acessórios como um carro de linha.
O protótipo foi levado para vários “focus group” para avaliação de vários aspectos, tanto o design como configuração mecânica; e os resultados demonstravam que este protótipo tinha apelo limitado junto ao público em geral. Também, os executivos da Ford se preocupavam que um carro esportivo de motor central trazia complexidade para entrar numa produção regular.
Iacocca lançou um desafio entre os designers dos três estúdios de design: Ford, Mercury e Advanced Corporate Design para encontrar o modelo ideal deste carro que por enquanto estava somente em sua cabeça. Entre vários esboços e propostas que recebeu, deparou-se com um desenho feito por Gale Halderman e soube imediatamente que aquele era o carro que a Ford precisava fabricar agora.
Mustang II: frente longa, traseira curta |
No verão de 1962, numa tarde quente de agosto, cada estúdio exibiu no pátio da Ford Design seus projetos esculpidos em argila, e a opção de Oros/Ash/Halderman foi claramente o vencedor. Era inspirador, evocava emoção, e foi unânime.
Em 1963, o protótipo foi construído, designado como "X 8902-SB-208", com um layout mais tradicional, motor dianteiro, frente longa, quatro lugares mas com pouco espaço no banco traseiro, no que se convencionou classificar como 2+2. Os bancos dianteiros eram individuais, teto rebaixado em 2,7 polegadas (para destacar a esportividade), a grade dianteira já apresentava sua forma característica, só que vários estudos foram feitos e alguns modelos feitos em argila traziam o logotipo do Cougar na grade dianteira, pois era uma opção de nome nos grupos de pesquisa. O chefe de projeto Joe Oros, junto com L. David Ash, Gale Halderman e John Foster, trabalhando nos estúdios da Divisão Lincoln-Mercury produziram o design vencedor daquele esboço que Iacocca escolheu.
Mustang II |
Relata-se que o Mustang II foi baseado na plataforma do Ford Falcon, mas isso não é comprovado. Apesar do Mustang e o Falcon compartilharem alguns painéis e elementos mecânicos, eles têm plataformas diferentes com medidas diferentes de comprimento e largura. O protótipo estava equipado com um V8 de 289 High Performance com 271 hp, com dois carburadores quádruplos.
Uma opção do Mustang para a Mercury, com o logotipo do Cougar no lugar do cavalinho galopante |
Joe Oros comenta: “Eu disse à equipe que queria um carro que atraísse as mulheres, mas que os homens também o desejassem. Um Maserati, mas por favor, não um Trident – e eu queria entradas de ar na lateral para resfriar os freios traseiros. Eu disse que deveria ser o mais esportivo possível e parecer relacionado ao design europeu.”
Ao mesmo tempo em que o design do Mustang II foi aprovado e começou a construção do protótipo funcional, o Depto. de Design e Engenharia trabalhava simultaneamente no Mustang que deveria ser lançado como modelo 65. Estilistas, engenheiros e marketing planners trabalharam sete dias por semana em rodízio, para o carro ficar pronto na primavera de 1964 a tempo de ser exibido na Feira Mundial de Nova York.
Há relatos divergentes sobre a origem do nome “Mustang”. O primeiro deles nos diz que John Najjar era um fã dos caças P-51 Mustang da II Guerra, e batizou o projeto com o mesmo nome.
A outra versão conta que Robert J. Eggert, gerente de pesquisa de mercado da Ford, era um criador de cavalos Quarto-de-milha, e recebeu de presente de aniversário de sua esposa o livro intitulado “Os Mustangs”, escrito por J. Frank Dobie em 1960. Enquanto fazia a pesquisa para nomear o novo projeto, Cougar e Torino já eram registrados pela Ford (até uma campanha publicitária usando o nome Torino havia sido preparada), e Henry Ford queria “T-Bird II” – Eggert adicionou “Mustang” na listagem dos “focus group” para testar a receptividade dos nomes propostos. “Mustang” ganhou por larga margem.
De todo modo, ao registrar o novo nome nos países onde a Ford fabricava carros, “Mustang” não pode ser usado na Alemanha, pois a Krupp, fabricante de caminhões, detinha a propriedade da marca em veículos fabricados desde 1951 até 1964, e a Kreidler, fabricante de ciclomotores também usava este nome nos seus produtos. A Ford recusou a comprar os direitos de marca por US$ 10,000 na época, então os Mustang eram comercializados na Alemanha com o nome de “T-5” até dezembro de 1978.
Apesar do Mustang II ser chamado de protótipo, ele era mais um exercício de estilo e ferramenta de vendas do que um protótipo. Era um Concept-Car e um instrumento de marketing para captar as respostas do público e nada mais. Mesmo tendo já estudos com o teto em Fastback, optou-se por apresentar o modelo como uma prévia do conversível, com uma capota de fibra-de-vidro destacável, para a versão hard-top. Seguindo o que foi feito com o Mustang I, o exemplar funcional do Mustang II foi apresentado no GP dos Estados Unidos, em Watkins Glenn, no dia 5 de outubro de 1963, apenas sete meses antes do lançamento oficial do Mustang (7 de abril de 1964) no mercado americano.
Lançamento de Impacto
Como bom homem de vendas, Iacocca planejou fazer o lançamento do Mustang num período em que não tivesse de dividir as atenções com nenhum outro fabricante, e num local em que poderia maximizar a cobertura de mídia. Finalmente, depois de muito discutir com o seu time, decidiu junto com Henry Ford II apresentar o Mustang na Feira Mundial de Nova York, em 17 de abril de 1964.
O que ajudou em muito as vendas do Mustang foram os protótipos, mas também os rumores sobre o carro. Quando as pessoas viram o Mustang II, isto foi uma bomba emocional que fez exatamente o que precisava: fazer as pessoas e a mídia falarem sobre ele, criando uma enorme expectativa sobre o novo carro esportivo da Ford.
Mustang Conversível 1964 1/2 |
Mustang Coupé 1964 1/2 |
Na sexta-feira, 16 de abril de 1964 a Ford colocou no ar comerciais do lançamento do Mustang nas três principais redes de televisão americanas com um impacto nunca visto antes. No sábado, dia 17 de abril, todos os revendedores Ford de costa a costa tinham pelo menos um exemplar do Mustang em seus Showrooms. O resultado foi um número recorde de 22.000 pedidos fechados naquele primeiro dia após o lançamento. A estratégia de Iacocca deu certo, pois ganhou uma “publicidade gratuita” por parte da mídia com mais de 2.600 artigos referentes ao Mustang nos jornais do dia seguinte em que foi revelado ao público.
Lançado nas versões conversível e Notchback (ou Hardtop), os exemplares comercializados nos meses seguintes acabaram sendo identificados como 1964 ½, pois abril era muito cedo para classificá-lo como modelo 1965; no entanto, o VIN (Vehicle Identification Number) de todos consta como ano-modelo 1965.
Mustang Fastback 1965 |
Essa denominação de 1964½ mudou quando o modelo Fastback veio a fazer parte da linha em 17 de agosto de 1964, já como ano-modelo 1965. A Ford tinha previsão de vender 100 mil carros no primeiro ano, mas o sucesso foi tão grande que as vendas atingiram 681.000 unidades até o final de 1965, e bateu em um milhão de unidades no dia 1 de março de 1966.
Depois de sair dos holofotes, conta-se que o Mustang II chegou a ser colocado em um trailer para seguir para o triturador, mas alguns engenheiros pensaram um usá-lo como carro-mula para testar alguns componentes e evitaram que ele fosse destruído. O único exemplar do Mustang II acabou perdido em algum armazém, próximo a Dearborn até o final dos anos 1960. Em meados da década de 1970 ele foi doado ao Museu Histórico de Detroit, mas não recebeu muita atenção pelos próximos 30 anos, sendo posto em funcionamento ocasionalmente para mantê-lo mecanicamente operacional. No entanto, com o passar do tempo, ficou quieto e em triste deterioração; até que em 1996 o Owl Head Transportation Museum, do Maine solicitou o carro por empréstimo, onde foi carinhosamente restaurado por uma equipe de voluntários; e após cinco anos, voltou ao Museu Histórico de Detroit como a peça-chave na história de sucesso do Mustang.
DA MINHA COLEÇÃO
Os protótipos iniciais do Mustang são mais facilmente encontrados na linha da Mattell, os pequenos Hot Wheels na escala 1:64. Tenho o Mustang I e II na cor branca com as faixas azuis como nos originais. O nível do detalhamento é o padrão da Mattell, mas pode-se dizer que reproduzem adequadamente os carros originais, com as habituais rodas padrão que sacrificam a fidelidade e não fazem jus aos icônicos modelos da história do Mustang.
Mustang I Concept - 1962 |
Mustang Concept II 1963 |
Hot Wheels 1965 cinza |
Hot Wheels 1965 laranja |
Hot Wheels 1965 vermelho |
Hot Wheels 1965 branco com faixas azuis - original e customizado |
Na escala 1:18, consta o Mustang Fastback da Mira, numa decoração de pista, em azul escuro e faixas brancas, uma inversão das cores oficiais dos carros americanos em competições, padrão convencionado no final dos anos 1950 e 1960. Design classico que consagrou o Mustang, pintura bem feita, decalques bem finalizados, faróis, limpadores, maçanetas, grades e lanternas e parachoques são bem feitos. As rodas são bem detalhadas. O interior tem acabamento normal, bancos, painel com instrumentos, volante e pedais, console com a alavanca de câmbio e espelho retrovisor interno corretos. Revestimento das portas com manivelas de vidro, sem vidro nas janelas.
Mustang Fastback 1965 - Mira 1:18 |
REFERÊNCIAS
https://www.imnpal.com/ford-mustang/
https://en.wikipedia.org/wiki/Ford_Mustang
https://en.wikipedia.org/wiki/Ford_Mustang_II_(concept_car)?msclkid=5f025128c04111ecb770c28c473f092f
https://www.motortrend.com/news/from-concept-to-showroom-1965-ford-mustang-sketches-241873
https://en.wikipedia.org/wiki/Joe_Oros?msclkid=b5e2e434c03511ecad92b6cec61e98d5
https://www.motortrend.com/features/one-off-the-mustang-ii-styling-exercise-that-set-world-on-fire/
mustang?msclkid=f6bce887c03611eca2e3b0fc4c34bf5f
https://www.customponycars.com/pony-car-vs-muscle-car/
https://classicmustang.com/1964-mustang-information/
https://www.netcarshow.com/ford/1964-mustang/
https://en.wikipedia.org/wiki/Shelby_Mustang
https://en.wikipedia.org/wiki/Ford_Mustang_(second_generation)
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