O Scania L111 |
O capítulo brasileiro começa com Carlo Pareto, proprietário
da Santa Luzia, usina de açúcar e álcool, que já importava veículos da Volvo nos
anos 1930; e que numa das visitas à Suécia, conheceu a Scania-Vabis. Mas a 2ª
Guerra impediu seus planos e somente em 1949, Pareto conseguiu trazer o
primeiro caminhão, que vinham de navio, sem pneus e bateria. Era um modelo L65,
chassis 81221, e claro, entrou em serviço na usina de Carlo Pareto.
Scania-Vabis L65 |
A partir de 1954, vieram 625 unidades do L71, na cor cinza, importados agora pela VEMAG e montados na fábrica do bairro do Ipiranga. Dois anos depois, em 1956 começaram os planejamentos do GEIA (Grupo Executivo da Indústria Automotiva), estabelecendo parâmetros para o estabelecimento das montadoras de veículos no país, e fixava o índice de 35% de peças nacionais para começar as atividades no Brasil.
Em 1956, 726 unidades do Modelo L71 foram montadas, e
em 1959 é nomeada a primeira concessionária Scania, a Brasdiesel, em Caxias do
Sul, RS. Três anos depois, em 1962, A Scania muda-se para sua fábrica própria,
em São Bernardo do Campo, onde está presente até os dias atuais. Neste mesmo
ano, o colaborador Giuseppe Mazzei criou o slogan “Rei da Estrada”, que se
tornou a alma da marca pelos anos à frente.
O modelo L-76 foi lançado no ano de 1963, estabelecendo
a cor laranja que se tornaria padrão da Scania; já com índice de nacionalização
aumentado, seguido pelo L-7638 e LS-7650 em 1965, ampliando os modelos para os
L-76S, LS-76 e LT-76S em 1967. No final dos anos 1960 e início de 1970, entrou
em linha o modelo L110, substituindo os L-76, fabricado desde 1963. Como
curiosidade, o L-75 era presença constante nos canteiros de obras na construção
de Brasília, no início dos anos 1960, e o apelido de “Rei das Estradas” se
justificava plenamente, pela imponência e potência do motor, desbancando o FNM
(Fenemê). O cavalo mecânico, com eixo simples na traseira e depois trucado, era
o modelo mais comum encontrado em todas as estradas do Brasil, e “aterrorizava”
os motoristas dos Fusquinhas quando viam um deles no espelho retrovisor.
Scania L111 |
Em 1975, chegou ao mercado o L-111 S, da Série 1, com melhorias no primeiro motor DS 11 turbinado para caminhões, potência de 396 cv e torque de 111 kgfm (pode ser deste número que a série foi denominada). Mesmo com esta ousadia tecnológica, o conjunto mecânico era prático e funcional, com um painel com botões de fácil operação, baixo nível de ruído e cabina leito (mais conforto para o motorista), além da opção de direção hidráulica e câmbio sincronizado.
O motor DS 11 tinha 11,02 litros. Com seis cilindros
em linha; 296 cv a 2200 rpm e torque máximo de 111 m.kgf a 1400 rpm. O câmbio
tinha 10 velocidades, cinco marchas básicas e as demais cinco acionadas por um botão
na alavanca de marchas. Seu consumo médio de 1,98 km/l de óleo diesel era
considerado bom, e a média se mantinha regular mesmo em trajetos com subidas de
serra e relevos acidentados.
Sendo o caminhão mais potente do mercado na época,
rapidamente dominou as estradas, e firmou sua preferência entre os irmãos de
estrada, pela robustez, facilidade de manutenção, força e durabilidade. Mesmo
com um preço mais alto do que a média, todos sabiam que valia a pena investir
num produto de comprovada qualidade e fácil de revender se necessário. Hoje
estes modelos ainda podem ser encontrados trabalhando, mas muitos deles estão
nas mãos de colecionadores, ou fazem parte da herança de muitos caminhoneiros
que os deixaram para seus filhos e netos, tal a durabilidade dos “brutos”.
Scania "Jacaré". |
Este modelo ganhou o apelido de “jacaré”, porque quando o capô era aberto, ficava semelhante a um jacaré de boca aberta (só abre a mandíbula superior) quando tomava sol à beira dos rios. Também, a tradicional cor laranja, o tamanho e a imponência do caminhão mais forte do Brasil na época, faziam lembrar um predador que estava pronto a devorar tudo o que encontrasse pela frente.
Além do L111 S, a Scania comercializava os modelos L
(4x2), o LS (6x2) e o LT (6x4); esta geração foi recebendo melhorias a cada ano,
até o modelo de 1981, último da Série 1.
Da minha coleção
Scania L111 - Harpy Miniaturas |
O Scania L111 cavalo mecânico é um modelo da Harpy Miniaturas, que fez uma série de caminhões para a celebração dos 50 anos da Scania no Brasil, todos na escala 1:43. Consegui este modelo numa visita que fiz à Scania, a trabalho, e ganhei o caminhão de brinde, junto com uma caneca comemorativa também.
O casting reproduz bem o original, cavalo mecânico com
eixo simples na traseira, cores bem fiéis, lanternas do teto e faróis bem
caprichados, grade dianteira também. Apenas o eixo dianteiro parece um pouco
elevado do que o normal, faltam os limpadores de para brisa, e as lanternas
traseiras deixam a desejar, para esta escala de 1:43 poderiam ser melhor
detalhadas. O capô se abre e mostra um motor simplificado no cofre, e os
tanques de Diesel poderiam ter os bocais de abastecimento. Talvez sejam os
itens para customizar esta mini e deixar uma peça valiosa na coleção.
A "boca do Jacaré" |
Kit 50 Anos Scania no Brasil |
Todos os modelos comemorativos dos 50 Anos da Scania no Brasil |
Referências:
https://www.asmaquinaspesadas.com/2022/05/porque-o-scania-111-e-jacare.html
https://www.scania.com/br/pt/home/about-scania/newsroom/news/2021/news-article-template-simple9.html
https://www.revistacaminhoneiro.com.br/conheca-o-l-65-azul-um-dos-primeiros-scania-no-brasil
https://planetacaminhao.com.br/noticias/ver/2383/voc-conhece-a-histria-da-scania
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