quarta-feira, 15 de maio de 2024

Ferrari 365 GTB/4

Ferrari 365 GTB/4, 1969

Apresentada no Paris Auto Salon de 1968, a Ferrari 365 GTB/4 com chassi 11795, era o terceiro protótipo construído pela Pininfarina, e tinha as especificações para produção do modelo. Sucedeu a 275 GTB/4; e a versão conversível recebia a sigla GTS/4. O modelo também é chamado extra-oficialmente de 365 Daytona, termo aplicado em referência à vitória da Ferrari nas 24 Horas de Daytona, em 1967, quando as Ferrari 330 P3/4, 330 P4 e uma 412 P cruzaram juntas a linha de chegada, numa resposta à Ford ─ em território americano ─ que havia vencido as 24 Horas de Le Mans, em 1966, fazendo 1-2-3 com os GT40.

A Ferrari 365 GTB/4 foi o último modelo com motor V12 antes da FIAT assumir o controle sobre os Ferrari de rua em 1969, quando adquiriram 40% do controle acionário da Ferrari. Também foi o último modelo exportado para os Estados Unidos, até a chegada da Testarossa em 1984; devido às normas da legislação americana sobre segurança veicular na época.

Ferrari 365 GTB/4, compartimento do motor V12, 1973

O motor da 365 GTB/4 era o mesmo da 275, um desenvolvimento do V12 a 60º criado por Gioacchino Colombo, mas ampliado para 4.390 cc (267,9 cid), com aumento de 4mm no diâmetro (81mm) e 12,2 mm no curso (71mm) em relação ao 275. Como de costume, a denominação da Ferrari seguia o volume de cada cilindro, e este motor tinha 365 cc em cada um dos doze cilindros. Era alimentado por seis carburadores duplos WEBER 40 DCN/20 (alguns exemplares tinham seis SOLEX 40mm duplo como alternativa). A Ferrari produzia este mesmo motor para equipar as 365 GT e 365 GTC/GTS, mas com comando simples no cabeçote, ao passo que a GTB/4 tinha dois comandos por bancada de cilindros.

Interior

Com taxa de compressão de 9,3:1, o motor produzia 347 hp a 7500 rpm, com torque máximo de 431 N-m (318 lb-ft) a 5500 rpm. O modelo atingia 280 km/h (174 mph) de velocidade máxima, e fazia de 0-60 mph (97 km/h) em apenas 5,4 segundos. O câmbio manual de cinco marchas era posicionado junto ao diferencial traseiro, para melhorar a distribuição de peso, e as suspensões eram independentes nas quatro rodas, com braços triangulares e molas espirais envolvendo os amortecedores telescópicos, cm barra estabilizadoras. Os freios eram Girling a disco, com assistência a vácuo, rodas de cinco raios Comodora com 15x7,5 polegadas calçadas com pneus Michelin 215/70 VR15 nas quatro rodas. A Ferrari também disponibilizava as rodas Borrani raiadas como opcionais para os clientes. O chassi era tubular de aço, designado Tipo 605, com entre eixos de 2400 mm.

Os dados de performance indicavam de 0-6- mph em 5,4 segundos, 0-100 mph em 12,0 segundos e fazia o quarto de milha em 13,4 segundos.

Versão para os Estados Unidos, com os faróis escamoteáveis


O design tinha a assinatura da Pininfarina, feito por Leonardo Fioravanti, que já havia trabalhado no design do Dino 245. Ele comentou: “Trabalhei sete dias sem descanso e depois mostrei minhas ideias para Sergio Pininfarina. Ele gostou deles, assim como Enzo Ferrari, e foi assim que aconteceu”. Em 2008 Fioravanti descreveu o 365 GTB/4 como “o melhor que já fiz e aquele de que mais me orgulho; não há muito que eu mudaria nele”.

O 365 marcou uma transição do design arredondado, para linhas mais retilíneas e contemporâneas no design das Ferrari. As versões exportadas para os Estados Unidos tinham a taxa de compressão de 8,8:1; dois distribuidores Marelli Dinoplex ao invés de um só, com carburadores WEBER 40 DCN 21A; e um sistema de escapes com um enorme silenciador, alterando o visual da traseira. O tanque de combustível era selado e o painel tinha algumas luzes de alerta a mais do que a versão europeia. Já na dianteira, a legislação de segurança americana não permitia faróis cobertos, mesmo que a cobertura fosse transparente; por isso os modelos tinham faróis escamoteáveis a partir de 1971. Também pelo mesmo motivo, as rodas tinham parafusos octogonais no lugar das porcas Knock-Off tradicionais. Com todos os aparatos adicionais, a versão americana passou a pesar 1.575 kg, em vez dos 1.280 kg da versão original.

A Ferrari 365 GTB/4 Spider

Os registros de produção indicam um total de 1.406 exemplares da Ferrari 365 GTB/4. Entre elas, 156 unidades com volante à direita exportadas para o Reino Unido; 122 versões conversíveis, ou Spyder (dos quais 7 com volante à direita); e 15 unidades destinadas às competições. Estas são divididas em três séries, com carroçarias modificadas com painéis de alumínio e vários graus de preparação do motor. Exceto o primeiro exemplar feito pela Pininfarina, todas as outras 365 GTB/4 foram construídas por Scaglietti, fornecedor tradicional de carroçarias para a Ferrari.

Diversos 365 GTB/4 exportados para o mundo tiveram seus tetos removidos, transformados em Spyders, por oficinas independentes, para aumentar seu valor de revenda ou apenas pela preferência do proprietário por um carro aberto.

As Ferrari 365 GTB/4 de competição

O primeiro exemplar preparado para participar das 24 Horas de Le Mans em 1969 tinha uma carroçaria totalmente feita em alumínio, foi inscrito pela NART (North American Racing Team) mas o carro sofreu um acidente durante os treinos e não participou da corrida.

A Ferrari não construiu nenhum outro exemplar até o ano seguinte, mas os fez em lotes de cinco carros por vez, nos anos 1970-71; 1972 e 1973. Todos estes possuíam a carroçaria feita em alumínio e painéis de fibra de vidro, e as janelas eram de Plexiglass, para reduzir o peso. No início, os motores eram os mesmos das versões de rua, mas no segundo e terceiro lote, a potência era de 440 bhp em 1972 e 450 bhp em 1973.

A Ferrari 365 GTB/4 da equipe NART, vencedora de Le Mans em 1972

Os carros não corriam pela equipe de fábrica Scuderia Ferrari, mas por várias equipes privadas. Nas 24 Horas de Le Mans de 1971, a Ferrari 365 GTB/4 com chassi 12467, pilotada por Bob Grossman e Luigi Chinetti Jr., pela NART, conquistaram a 5ª posição na classificação geral; na edição de 1972, a 365 chegou nos cinco primeiros lugares de sua classe (GTS 5000), novamente a partir do quinto ao nono lugar na geral. No mesmo ano, a 365 fez dobradinha no Tour de France.



Em 1973, a 365 conquistou novamente a vitória na sua classe (GTS 5000) e ficou em sexto (além dos outros que terminaram em 9º, 13º e 20º) na geral. Em 1974, a 365 chegou em 5º (vitória na classe GTS 5000), 6º, 11º e 16º lugares. O último resultado de destaque conseguido pela 365 GTB/4 foi em 1979, cinco anos após ter saído de linha, quando um modelo de 1973 chegou em segundo lugar na geral das 24 Horas de Daytona (a pista que lhe rendeu o apelido) e a vitória em sua classe.

Outro evento em que a 365 ficou em destaque foi na inauguração da Cannonball Baker Sea-to-Shining-Sea Memorial Trophy Dash (mais comumente conhecida como Cannonball Run), em 1971. A Ferrari 365 GTB/4 com chassis 14271, pilotada por Dan Gurney e Brock Yates, jornalista da revista Road&Track; percorrendo 2,876 milhas (4.628 km) de Manhattan’s Red Ball Garage (Nova York) a Portofino Inn em Redondo Beach (Los Angeles) em 35 horas e 54 minutos, à média de 80,1 mph (129 km/h). Mais tarde, Gurney comentou: “Nunca ultrapassamos 175 milhas por hora (281 km/h)”.

A 365 na cultura Pop

As participações do Daytona na cultura pop foram a capa de Now & Then, o quinto álbum da dupla The Carpenters, em 1973. O modelo foi dirigido (e batido) pelo personagem de Kris Kristoferson na versão de 1976 do filme “A Star is Born”, com Barbra Streisand.


A Ferrari 365 GTB/4, de Miami Vice, que na verdade era um
Kit Car montado num chassi do Corvette C3

Nos anos 1980, o Daytona participou das duas temporadas do seriado para TV Miami Vice, da NBC. O carro na cor preta, na verdade eram dois Kit Cars (comuns nos Estados Unidos) do Corvette C3 customizados para parecer uma Ferrari Daytona. Quando a Ferrari soube do fato, processou o fabricante dos Kits por violação de direitos de propriedade e prejuízo de imagem de marca. Na terceira temporada, os Kit Cars foram aposentados e a Ferrari cedeu à produção do seriado duas Testarossa, o mais novo modelo top de linha na época.

Um exemplar Spyder participou do filme “Gumball Rally” de 1976, e foi vendida a um comprador, que se mantém em sigilo, pela quantia de US$ 1,65 milhões pela RM Sotheby’s.

Exemplar especial

A extravagante 365 Shooting Brake

Uma Ferrari 365 GTB/4 com chassi 15275 (805º exemplar produzido) foi entregue ao distribuidor Chinetti-Garthwaite Motors, na Philadelphia. Luigi Chinetti Jr., dono da revenda, contratou o arquiteto Bob Gittleman para realizar um projeto único para ele: uma 365 Shooting Brake, como são chamadas as “peruas” ou “Station-Wagon” nos Estados Unidos. O carro foi enviado para a Panther Westwinds, em Surrey, na Inglaterra, para ser adaptada conforme o projeto proposto. Em 2016, o modelo foi listado para leilão pela Gooding and Co’s Pebble Beach, certificado com 4.500 milhas rodadas e estimado em US$ 750,000 a 1,000,000, porém não foi arrematado.

Da minha coleção

A Ferrari 365 GTB/4, da Kyosho, em 1:64

Faróis, lanternas e grade bem detalhada

A Ferrari 365 GTB/4 amarela é da Kyosho, tem um casting muito caprichado para a escala. Tem os faróis atrás da cobertura transparente, com os piscas integrados, e o logotipo Ferrari no centro da grade dianteira. As molduras do para brisa e janelas são prateadas, e os limpadores de para brisa estão lá. As rodas correspondem às originais, e até a porca Knock-Off está reproduzida no centro delas. Depois da cor vermelha, a amarela está presente em muitas Ferrari, porque é a cor do brasão de Maranello.

As rodas Comodora, com cinco raios e as porcas Knock-Off




Referências:

https://en.wikipedia.org/wiki/Ferrari_Daytona

https://www.ferrari.com/en-EN/auto/365-gtb4

https://supercarnostalgia.com/blog/ferrari-365-gtb4-and-365-gts4

https://www.supercars.net/blog/1968%E2%86%921973-ferrari-365-gtb4-daytona/

https://sportscardigest.com/ferrari-365-gtb4-daytona-competizione-car-profile/

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