O Pontiac GTO
era um dos primeiros “muscle-car”
americanos, carros compactos com enormes motores V8 que faziam as delícias nos
rachas de semáforo na década de 1960. Baseado no Pontiac Tempest, John De
Lorean, Bill Collins e Russ Gee decidiram colocar o motor V8 de 389 cid (6,4
litros) do Bonneville e Catalina no cofre do pequeno Tempest, que estava para
receber uma reestilização.
A ideia era embarcar no mercado recém descoberto por
Lee Iacocca, onde o Mustang estava fazendo sucesso entre os jovens e a Ford já
preparava um upgrade para o seu Falcon.
A expressão
GTO foi inspirada na nomenclatura da Ferrari 250 GTO (Gran Turismo Omologato), que significa um carro oficialmente
certificado para competir na classe GT. GTO era na verdade um pacote do Tempest
em 1964, que por US$ 295 podiam colocar um motor V8 de 389 cid com 325 hp, com
carburador quádruplo simples, com duplo escapamento, tampas de válvulas e caixa
do filtro de ar cromados, ventilador com sete lâminas, câmbio no chão com três
marchas manuais e alavanca da Hurst, molas mais rígidas e barra estabilizadora
de maior diâmetro, largas rodas de 7,5 polegadas de tala e aro 14, calçadas com
pneus com um friso vermelho em torno, abertura (falsa) no capô do motor e
emblemas GTO por todos os lados.
Os opcionais
ainda podiam ser um câmbio de quatro marchas manual, um automático Super
Turbine com duas marchas, uma carburação mais potente “Tri-Power” (Rochester
2G) que levava a potência a 348 hp, tubulação metálica do sistema de freios,
diferencial com deslizamento limitado, radiador maior, amortecedores mais
firmes e direção mais rápida.
Na
reestilização de 1965, o GTO acabou ganhando status de modelo diferenciado do
Tempest, com seus quatro faróis na vertical e uma nova carroçaria com design
mais limpo. O V8 de 389 cid foi revisado e gerava 335 hp a 5000 rpm com
carburador quádruplo e 360 hp com o Tri-Power. Ele incorporou a transmissão de
três marchas manual, com opcional de quatro ou automático de duas marchas. O
pacote “Tri-Power” vinha com direção hidráulica, freios com pastilhas
metálicas, rodas Rally, diferencial com deslizamento limitado com relação 4:11.
Outras
modificações foram os freios com mais eficiência, amortecedores recalibrados,
uma barra estabilizadora dianteira de maior diâmetro, ignição transistorizada,
cabeçotes retrabalhados e coletor de admissão maior, painel redesenhado com
conta-giros e pressão do óleo mais legíveis.
Num teste da
revista Car Life, o GTO de 1965 fez de 0-60 mph em 5,8 segundos, o
quarto-de-milha em 14,5 segundos a 160 km/h, chegando numa máxima de 182,4
km/h.
A versão de
1967 tinha poucas modificações, entre elas o pacote “Tri-Power” vinha com um
novo carburador Quadrajet quádruplo; o motor V8 389 foi ampliado para 400 cid
(6,5 litros), com três configurações: Economy, Standard e High Output.
A Economy
vinha com um carburador duplo apenas e produzia 265 hp a 4400 rpm e 397 lb-ft
de torque a 3400 rpm. O Standard produzia 335 hp a 5000 rpm e tinha o maior
torque dos três: 441 lb-ft a 3400 rpm. O High Output tinha a maior potência:
360 hp a 5100 rpm e 438 lb-ft de torque a 3600 rpm. Os carros vendidos na
California já tinham os equipamentos de controle de emissões exigidos no
estado.
Equipamentos
de segurança para atender às normas do governo eram a coluna de direção
retrátil em caso de colisões, painel de instrumentos acolchoado, com botões não
protuberantes e Pisca-alerta para emergências. Cinto de segurança e sistema de
freios com cilindros duplos e circuito hidráulico de reserva em caso de falha
no principal; e freios a disco eram opcionais.
O câmbio
automático de duas marchas foi substituído pelo de três Turbo-Hidramatic TH-400.
Esta caixa vinha equipada com o trambulador da Hurst denominado Dual Gate. O
condutor podia escolher entre deixar o câmbio no automático normal, ou encaixar
a alavanca no trilho da direita, tornando o câmbio para mudanças no manual.
O PONTIAC GTO 1967 DE TRIPLO X
O modelo 1967
foi escolhido por Eddie Paul da E.P. Industries, contratado para produzir o
carro para as filmagens de Triplo X. Com um histórico de mais de 30 anos
fornecendo seus serviços para a indústria de filmes em Hollywood, Eddie já
havia feito o Mercury de Stallone/Cobra, 58 carros tunados para o primeiro The Fast and The Furious, e o segundo "2 Fast 2 Furious", Grease, "Streets of Fire", e havia sido
piloto-duble em Gone in 60 Seconds.
Foram adquiridos
sete exemplares do Pontiac GTO, em diversos estados de conservação e configurações de motor e acabamento, desde um
impecável do Arizona, e o único Le Mans legítimo não tinha motor nem
transmissão, e era um poço de ferrugem. Só nele foram gastos 1.500 dolares para
cortar a capota e deixa-lo como conversível. Na média, foram investidos de 15 a
20 mil dolares em cada veículo para deixá-los prontos para as filmagens.
Cerca de 10
pessoas de sua oficina, mais 20 contratados para as diversas áreas (Mecânica,
funilaria, elétrica, pintura, tapeçaria e painel) trabalharam nos veículos para
deixarem todos prontos em tempo hábil. .
“Todos tinham
motores GM, mas decidimos preparar dois com unidades ZZ4 Chevy 350 cid, por
conta dos custos, ” diz Eddie. “Inicialmente, pensamos que estes seriam usados
como veículos dublê nas filmagens, mas ao retornarem à oficina, notamos que não
tinham nenhuma marca de danos ou arranhões, e concluímos que eles foram usados
apenas para as tomadas em close e não em movimento ou ação. ” finaliza Eddie.
“Levamos um
mês para terminar todos os carros, o que é tempo mais do que suficiente.
Drenamos os tanques de combustível e outros fluidos, limpamos e lavamos os
carros, verificamos as suspensões, freios, porcas, parafusos e condutos de
combustível e freios. Aliás, todos foram equipados com ABS e tinham freios a
disco nas quatro rodas. Colocamos portas com comando elétrico de abertura
remota, amortecedores triplos e reforços com barras de aço nas torres de
suspensão.
Os carros com câmbio
manual foram convertidos para automáticos, para facilitar a condução pelos
pilotos-dublês. O que mais deu trabalho foi o sistema elétrico, em todos os
carros havia um problema diferente, e piorava naqueles que tinham os gadgets
especiais de um agente secreto. ” conclui Eddie.
Outro problema
surgiu quando Rob Cohen, diretor do filme, decidiu pintar os carros num tom de
púrpura da Dupont. Eddie recebeu uma amostra da cor e ao consultar a Dupont,
foi informado que a cor estava fora de linha naquele ano, e que somente no ano
seguinte poderia voltar ao catálogo.
Eddie contatou
rapidamente a House of Kolor, que tinha um tom bastante similar, chamado
Dazzleberry. Entregues no dia seguinte, cada carro recebeu um galão de tinta e
outro de verniz, e todos os belos Pontiac ficaram prontos para serem enviados a
Praga para as filmagens.
Claro, os
carros foram bastante judiados durante as tomadas; relata-se que consumiram
pelo menos 200 jogos de pneus para todas as cenas. Alguns carros que ficaram
mais danificados foram deixados em Praga (não se sabe o destino deles). Quanto
ao resto, um deles foi vendido no eBay, outros devem ter ficado com a
Revolution Studios (que produziu o filme) e foram construídos alguns clones
para ações promocionais.
George Barris
colaborou para dar um charme em três exemplares do GTO: acrescentou foguetes,
lança-chamas e escapes laterais e viraram carros de exibição. Um par de carros
construídos por uma terceira empresa rodou pelo país em exposições e eventos
automobilísticos.
Um GTO Le Mans
apareceu no eBay ofertado pela empresa Rainmakers, de Los Angeles, que vende
objetos de filmes e memorabilia cinematográfica no site da Internet. Kurt
Brenlinger, da Rainmakers, afirma que este é um dos veículos dublê equipado com
o Chevy ZZ4 350 cid, e o vendeu por US$ 38,300. Quanto a outros, permanecem
dissimulados do público, talvez na espera para uma sequência de Triplo X.
TRIPLO X - 2002
Xander Cage (Vin Diesel), um entusiasta de esportes
radicais, dublê e atleta-rebelde, é cooptado para ser espião da Agência de
Segurança Nacional (para não passar a vida numa prisão). Ele recebe uma missão
de se infiltrar no Anarchy 99, um grupo de potenciais terroristas russos na
Europa Central, que pretende disparar uma arma bioquímica chamada “Silent Night”, desaparecida desde a
queda da União Soviética.
Suprido com os
mais avançados equipamentos de espionagem, Xander Cage vai para a República
Tcheca e descobre que o grupo vai disparar o “Ahab” em Praga, carregando a
“Silent Night” e contaminando milhões de pessoas.
Yelena (Asia Argento), namorada de Yorgi (Marton Csokas), o líder terrorista, é
uma agente da FSB (Federal Security
Service) infiltrada no grupo, mas que perdeu os contatos com a agência
russa, com a queda da União Soviética, e sobrevive como pode, sem o apoio dos
russos.
Quando Xander
ataca a Anarchy 99, ela vê uma chance de sabotar os planos de Yorgi e se alia a
Xander para conseguirem seu intento. Ainda assim, Yorgi consegue disparar o
Ahab pelo rio, em direção a Praga, onde explodirá, contaminando toda a cidade.
Xander e
Yelena conseguem matar Yorgi e perseguem o Ahab com o Pontiac, valendo-se de
todo o armamento do carro. Xander consegue interceptar o Ahab e pouco antes da
bomba bioquímica explodir, faz o foguete afundar no rio, e mesmo explodindo, a
água neutraliza o poder da bomba, tornando-a inofensiva.
A franquia
teve uma sequência xXx: State of Union,
estrelado pelo rapper Ice Cube e dirigido por Lee Tamahori. Nem Vin diesel, Rob
Cohen ou Rich Wilkes (criador de xXx)
estiveram envolvidos na produção desta sequência. O estilo do filme mudou,
abandonando o cunho dos esportes radicais e da trilha sonora (hip hop e rap no
lugar do rock); recebeu duras críticas do público e foi um fracasso de
bilheteria.
Diesel
retornou à franquia em xXx: Return of
Xander Cage (2017), dirigido por D.J. Caruso e escrito por F. Scott Frazier.
Samuel L. Jackson retorna como Gibbons, recrutando ninguém menos do que Neymar
Jr; quando um satélite é desviado de órbita e cai no local onde estão,
aparentemente, matando os dois. Um equipamento chamado de “Caixa de Pandora”, capaz
de controlar qualquer satélite é roubado da CIA por Xiang (Donnie Yen) em Nova York, e Cage é chamado para recuperá-lo.
Perseguindo-o
nas Filipinas, Cage descobre que Xiang faz parte do Programa xXx, recrutado por Gibbons, que receava que o equipamento
seria usado para o mal, e não para o bem. Os russos também estão atrás da Caixa
de Pandora, e atacam Cage e Xiang numa ilha remota, que conseguem destruir o
equipamento.
No entanto,
logo depois, um satélite cai na Rússia, e eles concluem que apenas destruíram
um protótipo, e que o Diretor da CIA Anderson estava envolvido numa conspiração
e a Caixa de Pandora estava em suas mãos.
Cage e Xiang
unem suas equipes e perseguem Anderson até Detroit, seguindo o sinal da Caixa
de Pandora. Anderson revela que ele provocou a queda do satélite no Brasil para
matar Gibbons, e acaba morto por Adele Wolff (Ruby Rose).
Xiang é preso
pela CIA, que pretende treiná-lo para futuras ações contra a Russia, e Cage é
avisado que o Programa xXx será
encerrado. A Agencia envia assassinos para eliminar Cage e sua equipe, que
aguardam sua extração em um armazém da NSA, mas recebem ajuda de outro operativo
do xXx, Darius Stone (Ice Cube), e conseguem escapar do
ataque.
O filme
termina no funeral de Gibbons, onde Cage é abordado pelo próprio, que simulou
sua morte e elogia Cage pelo bom trabalho, e comunica que está reorganizando o Programa xXx da sua própria maneira,
começando com Neymar Jr, como o mais novo recruta. Cage decide então continuar
em serviço, para novas missões visando preservar a liberdade.
DA MINHA COLEÇÃO
O carro de Xander Cage é reproduzido pela ERTL na escala 1:18, bem fiel ao modelo desenvolvido para o filme, na cor púrpura e com o painel cheio dos instrumentos para controlar as traquitanas dignas de um espião moderno. As linhas do Pontiac são bem desenhadas e a customização feita por Eddie Paul está bem representada, especialmente no painel cheio de instrumentos da AutoMeter no carro real.
O Pontiac GTO abaixo é da Série Hot Wheels Garage: GM, de
2011. Saiu na cor Metallic Copper, com base de metal sem pintura (um pouco
oxidada com o tempo), rodas especiais e pneus de borracha (Real Riders).
Reproduz o modelo de 1967, com uma decoração discreta; e o casting foi trabalho
de Mark Jones.