terça-feira, 9 de maio de 2023

Amphicar


Hans Trippel, um conceituado engenheiro alemão, já havia produzido veículos anfíbios para o exército alemão durante a II Guerra, e o conceito de um veículo que podia se locomover tanto na terra como na água sempre atraiu os inovadores. Os desafios para tal veículo eram conseguir uma forma adequada para navegação, que não ficasse ridícula na aparência quando em terra, além de ter mecanismos funcionais para os dois ambientes em que precisaria se deslocar.

No Salão de Genebra de 1959, Tripper apresentou um protótipo denominado Eurocar Alligator. Sua configuração era um conversível para quatro passageiros, com chassi e carroçaria de aço, e duas portas convencionais, porém estanques, que não permitiam a entrada de água ao navegar. O motor ficava posicionado atrás do eixo traseiro; com um conjunto especial de engrenagens localizadas na frente da caixa de câmbio, e uma alavanca entre os bancos acoplava e desacoplava a tração, acionando as hélices duplas na parte traseira. As rodas traseiras funcionavam como quilhas para manter o carro na direção escolhida, e as rodas dianteiras serviam como “lemes” para mudar a trajetória do veículo.


O nome do carro foi mudado em 1960 para Amphicar, e foi exibido no Salão de Nova York deste ano. Tinha um motor BMC de 948 cc, e sua ficha técnica constava que atingia 120 km/h em terra e 12 nós (cerca de 22 km/h) na água.

Em 1961, problemas comerciais para o uso do motor BMC obrigaram Trippel a mudar o projeto, trocando o motor para o Triumph Herald com 1.147 cc, instalado invertido, com a ventoinha para trás.


Lançado oficialmente em 1962, Tripper fizera diversas modificações no protótipo, mantendo sempre as especificações originais; era pouco maior e mais pesado e fez uma reestilização, acrescentando as aletas traseiras, que ajudavam a não respingar água sobre a tampa do motor. Pesava, sem carga, 1.050 kg, e com os 38 hp que o motor Triumph produzia, apesar de ter pouco mais de potência devido a um escapamento menor e mais livre, não tinha o desempenho de carros similares da época, seu estilo era controverso, e o manejo um tanto desajeitado.

Trippel comercializou a maioria dos Amphicar nos Estados Unidos, mais receptivos às novidades de um mercado automobilístico em crescimento, e nunca se teve a notícia de um naufrágio do Amphicar, comprovando sua competência em se deslocar na água.


Trippel promoveu a travessia do Canal da Mancha por um Amphicar em 1962, proeza repetida por dois exemplares numa travessia conjunta em 1965, de Dover até Calais, em oito horas. Ainda em 1965, dois exemplares navegaram com sucesso no rio Yukon, no Alaska. O carro apareceu em diversos filmes e seriados americanos, e até mesmo o presidente Lyndon B. Johnson possuiu um deles. Nos tempos modernos, um deles pode ser visto num episódio dos Simpsons, mostrando uma fábrica de “acqua-cars”, em que um Amphicar sai da linha de montagem e vai direto para a água. Em 2015, a Disney adquiriu oito exemplares do Amphicar, reformou-os e oferece passeios para grupos de três pessoas (o piloto é funcionário do parque), no Walt Disney World, em Disney Springs, Orlando, na Florida.

Mesmo com essas divulgações, o Amphicar tinha um desempenho medíocre como automóvel, com baixa relação peso/potência, e o alto centro de gravidade e peso concentrado na traseira, fazia de 0 a 100 km/h em 40 segundos. As últimas versões tinham um motor com 1296cc e no final um com 1493cc que gerava 75 hp.

Junte-se o fato de que motoristas não estavam familiarizados com pilotagem de barcos, a utilização de luzes de navegação e bandeiras exigidos pela Guarda Costeira; ao entrar na água através de rampas, parecia que o carro iria se afundar, até que o empuxo fazia o nariz do carro flutuar, e mudar de direção na água exigia três vezes mais de distância do que em terra. Para paradas rápidas, podia-se inverter a rotação das hélices com aceleração total, mas o carro se desestabilizava no rumo, produzindo ondas e marolas que perturbavam o piloto e os passageiros. Todos estes fatores contribuíram para que o Amphicar tivesse a fabricação suspensa no ano de 1965, mas as unidades remanescentes foram comercializadas até 1968.

Toda a produção foi realizada pelo Quandt Group, primeiro em Lübek, e depois em Berlin-Borsigwalde, num total de 3.878 unidades.

Da minha coleção


O Amphicar foi reproduzido pela Hot Wheels na Série Boulevard: Underdogs em 2012, com rodas especiais e pneus de borracha. Como diversas miniaturas Hot Wheels, o Amphicar ganhou um enorme motor com um compressor se projetando muito além do capô traseiro onde ficava o motor de verdade,e os escapes, pela lógica, se posicionavam acima da linha d'água. Além desse ano, o modelo saiu em mais três edições (que não são da  minha coleção): em 2012 mesmo, num pack com 30 outros carros, set comercializado exclusivamente nas lojas Wal-Mart; em 2013 na Série Flying Customs, na cor azul claro perolizado; e em 2014 na Série Cool Classics, na cor vermelha Spectraflame. O casting era o mesmo, apenas a combinação de cores da carroçaria e do interior, além das rodas, mudava.

Amphicar, Série Flying Customs - 2013

Amphicar, do Set com 30 carros - 2012

Amphicar, Série Cool Classics - 2014


Referências:

O CARRO Nº 12 – Nova Cultural, pgs. 176-181

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Amphicar

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