segunda-feira, 17 de julho de 2023

Ford Gran Torino 1976, de Starsky & Hutch

 

Gran Torino 1976, da Greenlight em 1:64
Da minha coleção

O Gran Torino de Starsky & Hutch na escala 1:64 é da Greenlight. O acabamento e detalhes são muito bons, faróis, grade. Moldura do para brisa e janelas, lanternas traseiras de plástico e as rodas com pneus de borracha, bem fiéis ao original. Detalhe para a luz de emergência colada no teto, e o capô do motor que abre, mostrando o V8 dentro. No interior, bancos bem reproduzidos, volante com aro. Chassi de metal, com detalhes do escapamento e tanque de gasolina, e os tradicionais rebites de fixação.




1976 Ford Gran Torino

Torino 1969

O Gran Torino começou sua carreira como Torino, em homenagem à Detroit Italiana, a cidade de Turim. Em 1968, era uma variação superior do Ford Fairlane, no segmento intermediário do mercado americano, num posicionamento similar ao Galaxie LTD; e três anos depois, o nome Fairlane desapareceu, permanecendo a marca Torino no segmento intermediário, compartilhando sua plataforma com o Mercury Montego.

A Ford usou o Torino nas versões mais potentes, com motores de 428 cid ou os 429 “Cobra Jet” para entrar no segmento dos “muscle-cars” que estava em ascensão no início doa anos 1970, e o modelo teve muito sucesso participando da NASCAR em várias equipes.

A primeira geração, lançada em 1968, baseada na já antiga plataforma dos Fairlane, durou até 1969, quando a segunda geração recebeu uma renovação, com linhas similares aos Ford de segmento superior, no estilo que ficou conhecido como “coke bottle”, com um longo capô dianteiro, e a linha superior dos para lamas traseiros se elevava, deixando uma “cintura” na linha das janelas laterais, semelhante ao perfil das garrafas de Coca-Cola.

Torino 1970

Torino 1972

Com o mercado aquecido, antes da crise do petróleo, a terceira geração do Torino surgiu em 1972, como Torino, Gran Torino e Gran Torino Sport, principais versões na época. A maior das alterações foi a mudança para a carroçaria monobloco, ao invés da combinação Chassi-Carroçaria até então; e a suspensão traseira four-link em vez do eixo rígido e molas semielípticas tradicionais. O Torino cresceu em comprimento e largura, e as versões de quatro portas e Station-Wagon tinham um entre eixos maior do que os sedan e cupê duas portas, enfatizando seu perfil esportivo. Em 1973, devido às regulamentações federais de segurança, recebeu uma reestilização com os para choques maiores e resistentes a choques até 4 km/h. O Torino continuava crescendo em tamanho e peso, com as versões de duas portas com 5,37m, as de quatro portas com 5,47m e as wagons chegando a 5,64m de comprimento e o peso entre 1.592 e 1.928 kg. Os motores V8 começavam com um Windsor 302 cid, passando pelos de 351 cid Cleveland e os dois maiores de 400 cid (6,6 litros) e 460 cid (7,5 litros), com câmbios de quatro velocidades manual ou três automático.

Gran Torino 1975 

Os conversores catalíticos vieram na linha 1975, com as novas regras de emissões de poluentes, reduzindo também a potência dos motores para atender às novas normas governamentais, dando início a um movimento de redução de potência em direção à economia de combustível e carros “mais verdes”. Assim, o ano de 1976 viu os últimos Torino com poucas alterações, saindo de cena num mercado com novas exigências, com a Ford lançando mão de novos modelos para renovar a imagem que atendessem a um novo consumidor preocupado com a economia de combustível e mais favorável ao meio ambiente.

O Gran Torino de Starsky & Hutch



Quando a Spelling-Goldberg Productions preparava para a ABC o seriado Starsky & Hutch (no Brasil: “Justiça em dobro”, estrelada por David Soul e Paul Michael Glaser), e precisavam de um carro para a dupla de detetives, fizeram um pedido à GM para usar um Camaro na cor verde, mas a Chevrolet não conseguiu atender à solicitação do Estúdio. Eles consultaram a Ford, pois ela tinha o Studio-TV Car Loan Program, que alugava ou emprestava carros para as produtoras de cinema e TV como uma forma de alavancar a imagem dos carros no mercado, pois era uma forma de propaganda “gratuita” que criava simpatia da marca junto aos telespectadores dos filmes e séries de TV.

Selecionado o Gran Torino 1976, decoraram o caro com uma larga faixa lateral branca para dar um diferencial no visual, e criar uma personalidade para o carro de Starsky & Hutch. Também trocaram as rodas pelas de cinco raios mais largas do que o normal, e a suspensão foi rebaixada para dar um ar mais agressivo. No entanto, nem Paul Glaser, nem David Soul gostaram do carro no início, e Glaser odiava a direção pesada do Torino, apelidando o carro de “Tomate Listrado”.

No mínimo, 10 unidades do Gran Torino foram preparadas para as gravações, e poucos sobreviveram aos saltos e perseguições dos episódios de Starsky & Hutch. A produção utilizava várias câmeras dentro e fora do veículo, além de tomadas feitas com carros correndo ao lado deles nas cenas de velocidade.


Com o sucesso de público do seriado, e como em muitos casos, o carro acabou se tornando o personagem mais atrativo da série, e a Ford decidiu produzir uma versão réplica do carro de Starsky & Hutch na primavera de 1976, e já em março deste ano, os modelos começaram a chegar nas revendas. A pintura, claro, era vermelha com a larga faixa branca na lateral, os para choques de luxo e espelhos esportivos eram obrigatórios, mas as rodas esportivas foram as Magnum 500, diferentes das que apareciam no carro do seriado. Assim também, as réplicas não vinham com a suspensão rebaixada, nem com os amortecedores a ar, mas diversos compradores fizeram estas adaptações nos exemplares que adquiriram.


Os 1.100 exemplares programados eram equipados com o V8 de 5,7 litros, gerando 200 hp de potência e 353 lb-ft de torque; e relata-se que um destes acabou sendo enviado para os estúdios para fazer parte dos vários carros utilizados nas filmagens do seriado. Hoje (2023) alguns exemplares vendidos em leilões, como da RM Sotheby’s atingem mais de US$ 60 mil para mudar de mãos. O sucesso foi tanto que mais 100 unidades tiveram de ser produzidas para atender os fãs canadenses do seriado.

O toque de ironia nesta história era o fato de a Chevrolet e a Dodge patrocinarem algumas temporadas do seriado nos anos setenta, embora o carro dos astros fosse da Ford. De todo modo, parece que os anunciantes estavam mais interessados nos pontos, ou índices de audiência do programa, não importando qual carro estava em destaque; mas nos corredores da produção, corria a piada interna de que era a Ford que estava realmente tirando o melhor proveito da situação.

Na época, a CBS lançou “The Dukes of Hazzard” (Os Gatões, no Brasil) em que o Dodge Charger 1969 se tornou o astro, e quis zombar do Gran Torino (que era muito mais lento e pesado do que o Charger), apresentando-o no episódio de estreia do seriado. Mas parece que os espectadores de TV não entendem muito de carros, e o Gran Torino acabou tendo uma propaganda gratuita, e o tiro da CBS saiu pela culatra! A febre pelo Gran Torino tomava conta do país, com diversos produtos licenciados com a “grife” Starsky & Hutch, engordando ainda mais a receita da ABC na época.

Ben Stiller, David Soul, Paul Michael Glaser e Owen Wilson, em 2004

Em 2004, Starsky & Hutch voltaram à mídia cinematográfica como um filme (talvez um piloto visando ressuscitar a Série), estrelada por Ben Stiller e Owen Wilson como Starsky & Hutch, com Snoop Dog interpretando o personagem Huggy Bear. Também Paul Glaser e David Soul tiveram uma participação especial, e o roteiro permaneceu fiel às raízes originais do seriado, constando um Gran Torino de 1975, fielmente reproduzido com a tradicional faixa branca na lateral, e diversos carros da década de 1970 foram coadjuvantes para compor o cenário dos anos setenta.

John Sepe, David Soul e Lou Telano

Como curiosidade, com o sucesso que o seriado alcançou, houve alguns rumores de que o tema do show era baseado em fatos. Isso se provou verdade quando Lou Telano e John Sepe, policiais verdadeiros de Nova York se pronunciaram, declarando que os roteiros muitas vezes mostravam o que eles passaram de verdade nas ruas, combatendo as drogas, trabalhando duro com seus colegas de delegacia e lidando também com seus problemas pessoais e familiares. Os produtores se desculparam por não declararem a fonte de inspiração do programa e pagaram US$ 10 mil para cada um como um cachê simbólico.

Referências:

https://www.hotcars.com/heres-where-the-ford-gran-torino-from-starsky-hutch-is-today/

https://www.hotcars.com/starsky-hutch-facts-about-the-duos-gran-torino/

https://en.wikipedia.org/wiki/Ford_Torino

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