quarta-feira, 2 de outubro de 2024

FERRARI DINO 206 e 246 GT/GTS

Ferrari Dino 246 GT

Colocar o motor atrás do piloto foi a tendência aplicada para vencer corridas no início da década de 1960. A Ferrari experimentou as vantagens em primeira mão deste design, vencendo o Campeonato de Fórmula 1 de 1961 com a 156 F1, e dois anos depois venceu as 24 Horas de Le Mans com o primeiro carro com motor central, o 250 P.

Foi assim que Sergio Pininfarina e diversos concessionários da Ferrari começaram a pressionar Enzo a fazer um carro de motor central para as estradas.

“Ele continuou insistindo que era muito perigoso”. Diz Sergio Pininfarina. “Enquanto ele sentia que era bom para corridas e pilotos profissionais, Enzo era contra fazer carros esportivos com motor central para os clientes. Ele receava pela segurança, por construir um carro assim”.

Ferrari finalmente cedeu em 1965. “Quando Ferrari finalmente disse que sim, Pininfarina disse: ‘Ok, você faz não com a Ferrari, mas com um Dino’”. Isso significava que o carro iria usar um motor de seis cilindros em vez de um dos mais poderosos V-12’s da Ferrari. “Em sua mente, menos poderoso significou ‘menos perigo para os clientes’”, explicou Pininfarina. “E, portanto, eu tinha a permissão para desenvolver o Dino”.

O nome Dino, ficou imortalizado por causa de Alfredo Ferrari, filho único de Enzo, apelidado carinhosamente de “Dino”. Ele prometia ser um engenheiro tão talentoso quanto o pai, e depois de sua formatura, começou a trabalhar nas oficinas da Ferrari, em Maranello.

Em seu livro de memórias, Enzo Ferrari relatou como, no inverno de 1955/56, passou horas à cabeceira da cama de seu filho, juntamente com o engenheiro Vitorio Jano, discutindo os prós e contras do uso de um motor de quatro ou seis cilindros em linha ou de um V6, ou ainda um V8. Ferrari afirma que “por razões de eficiência mecânica, ele (Dino) chegou à conclusão de que o motor deveria ser um V6, e nós acatamos essa decisão...”. Muitos achavam, contudo, em vista da brilhante experiência de Jano, que a ideia do V6 tenha sido realmente dele. Dino Ferrari estava perdendo sua batalha contra a leucemia, piorou naquele inverno, e faleceu em 30 de junho de 1956, aos 24 anos.


Enzo decidiu então homenagear a memória do filho, dando o seu nome a toda uma série de motores de corrida menores. O protótipo foi projetado pelo próprio Dino e por Vitório Jano, que partiu para a criação de um pequeno V6 de 1,5 litros
na verdade, a metade dos admiradíssimos Ferrari V12.

Cinco meses depois da morte de Dino, o primeiro protótipo construído foi experimentado em uma bancada de testes na fábrica da Ferrari. Os carros britânicos de Fórmula 2 que estavam sendo desenvolvidos pela Cooper e pela Lotus usavam o motor Coventry Climax de quatro cilindros em linha, que rendiam 140 hp a 7000 rpm. No banco de testes da Ferrari, o protótipo deste novo V6 rendeu quase 180 hp a 9000 rpm...

Esta unidade começou a ser aplicada aos carros de Fórmula 2, em 1957, e o carro ficou conhecido como Ferrari Dino 156 (motor de 1,5 litro, seis cilindros), uma codificação diferente da que se aplicava aos Ferrari que tinham motores V12, que recebiam os números relativos à cilindrada de cada um dos cilindros).

Jano preocupou-se basicamente com o espaço disponível dentro do “V” do motor, para que permitisse instalar o sistema de alimentação entre os duplos comandos de válvulas no cabeçote. Este foi o começo de uma série de motores desenvolvida em dez anos de corridas e subidas de montanha. Em algumas versões, o ângulo em V foi reduzido para 60 graus e em outras foi aumentado para 120.

Dino 206 S - Competizione, 1967

Ferrari Dino 206 S, 1966

Um protótipo do Dino 206 S surgiu no Paris Auto Show em outubro de 1965. O carro foi construído sobre o chassi do 206 SP de corridas, e vinha com um motor V6 de 2 litros montado longitudinalmente. O carro foi bem recebido pelo público, e um ano depois um segundo protótipo do Dino 206 S foi apresentado no Turim Motor Show. Denominado Dino Berlinetta GT, mantinha o V6 longitudinal, mas as linhas ficaram mais suaves e vinha com uma atrativa cobertura para os faróis dianteiros.

Dino Berlinetta Speciale, Geneva Motor Show 

Dino Berlinetta Speciale, Petersen Museum

Um protótipo para linha de produção foi mostrado no Turim Motor show de 1967, trazendo poucas modificações em relação ao Dino Berlinetta GT anterior, mas o motor agora estava montado transversalmente, diretamente acoplado ao câmbio e diferencial, entre a cabine do piloto e o eixo traseiro.

Fiat Dino Spyder, 1970

Fiat Dino coupé, 1968

Como a Ferrari intencionava utilizar o motor para a Formula 2, e o regulamento pedia para ser um motor oriundo de um carro de produção, Ferrari combinou com a FIAT para ela fabricar e usar o motor num carro de série, o Fiat Dino Coupé e Spider, mas com o motor posicionado na dianteira, e com apenas 160 hp declarados. A Fiat construía os motores e os enviava para a Ferrari montar os 206 GT e posteriormente os 246 GT e GTS até saírem de linha em 1974.

Dino 206 GT, 1968

O 206 Dino GT entrou em produção no ano de 1968, com um dos mais belos desenhos da década, de autoria de Aldo Brovarone e Leonardo Fioravanti, do Estúdio Pininfarina, e construído por Scaglietti, conquistando a admiração do público e da imprensa especializada. O carro de produção era equipado com um V6 transversal de 1.987cc, todo em alumínio, com 178 hp a 8.000 rpm. O V6 de 65 graus entre as bancadas de cilindros vinha com duplo comando no cabeçote e 9,7:1 de taxa de compressão. O torque atingia 19,3 m.kgf a 6.000 rpm, e era alimentado por três carburadores duplos Weber 40 DCN/4. O 206 GT foi o primeiro carro da Ferrari em que foi instalada uma ignição eletrônica, a Dinoplex C desenvolvida pela Magneti Marelli para o V6 de alta rotação do Dino. Também foi o primeiro Ferrari a ter uma direção de pinhão e cremalheira, favorecido pelo baixo peso que recaía sobre as rodas dianteiras. Atingia mais de 146 mph (235 km/h) de velocidade máxima, e tinha um incrível equilíbrio em dirigibilidade, agradando imediatamente os que gostavam de andar rápido. A caixa de marchas era montada debaixo do motor, tinha cinco velocidades, acoplada a um diferencial autoblocante.


O projeto das suspensões permitia poucos ajustes, já que o Dino tinha braços triangulares duplos na frente e atrás. Os conjuntos de braços dianteiros superior e inferior tinham comprimentos praticamente iguais e molas espirais coaxiais com amortecedores. Na traseira, o triângulo inferior era consideravelmente maior que o superior, e o conjunto mola/amortecedor agia sobre o triângulo superior no sentido de abrir espaço para o semieixo. Para prevenir qualquer bloqueio do eixo, havia juntas homocinéticas.


As rodas de liga, relativamente grandes, calçadas com pneus 185/V R14 polegadas, deixava espaço para os grandes freios a disco com 10,6 polegadas de diâmetro, suficientes para um carro de 907 kg. O estepe ficava na dianteira do carro, junto com o reservatório de água para o para brisas e do cilindro principal dos freios, deixando um pequeno espaço para bagagens. Havia um bagageiro maior na traseira, atrás do motor.

“O Dino é um carro espetacular... uma obra-prima de engenharia”, disse a revista America’s Sport Cars Graphic. Outra publicação, a revista inglesa Car arrematou com a opinião: “O Dino 206 GT se posiciona como um dos mais avançados carros Grã-turismo de nossos dias”.

Apenas 152 exemplares foram construídos em 1968 e 1969, todos com direção à esquerda.

Seguindo o costume dos fabricantes para atualizar seus modelos – inclusive para dar uma resposta à Porsche, que aumentava constantemente o tamanho do motor do seu 911 – Maranello deu sequência ao 206 GT com o Ferrari Dino 246 GT e GTS, este designava a versão Spyder. Este carro parecia idêntico ao anterior, exceto pela adição do símbolo do Cavalinno Rampante no bocal do tanque de combustível.

Dino 246 GT

A dificuldade de identificar as diferenças visuais entre o 206 e o 246 devem-se a Pininfarina e sua equipe, pois os carros tinham um entre eixos aumentado, de 2280mm no 206 para 2340 mm no 246. Também a carroçaria agora era feita em aço, ao invés do alumínio para baixar os custos. Colocados lado a lado, só era possível distingui-los pela diferença nas rodas eram do tipo chapado no 206 e pela tampa do tanque de gasolina, que no 206 era cromada e saliente, ao passo que estava numa reentrância no 246.


Antes de liga de alumínio, o bloco do motor era de ferro fundido, ainda produzido pela FIAT, com diâmetro aumentado para 92,5 mm e curso para 60 mm, resultando em 2.418 cc. Mantendo-se os mesmos carburadores, mas mudando os perfis dos comandos de válvulas, o torque foi para 23 m.kgf a 5.500 rpm, e a potência saltou para 195 hp a 7.600 rpm.


Com estes números, a Ferrari declarava que velocidade máxima atingia 146 mph (235 km/h), apesar de a revista inglesa Motor, em julho de 1971, realizou um road test em que reportou a máxima de 148 mph (238 km/h), que era muito favorável contra os 136 mph (219 km/h) atingidos pelo recentemente renovado Porsche 911S. Com uma aceleração de 0-50 mph (80 km/h) em 5,5 segundos (0-100 km/h em 7,1 segundos), o Dino bateu novamente o Porsche neste quesito. Seus dois tanques de combustível tinham 66 litros, e seu consumo era relativamente baixo para o desempenho que apresentava: 5,7 km/litro.

O processo de produção do Dino era bastante complexo. O conjunto chassi/carroceria feito em Modena pela Scaglietti era levado até a fábrica da Ferrari para a colocação do motor que vinha da Fiat, da transmissão e da suspensão. Então, voltava à Scaglietti para ser equipado, ornamentado e receber o acabamento.

O pequeno aumento do entre eixos e a maior potência tornaram o que já era bom em algo muito melhor. “De todos os carros com motor central que eu já tive oportunidade de dirigir, o Ferrari Dino 246 GT mantém nossas cabeças e ombros colados ao banco...” escreveu Dennis Jenkinson na revista Motor Sport. “Uma vez que você tem esta experiência, os carros com motor dianteiro ou traseiro (referindo-se aos Porsches) ficam obsoletos”.

Dino 246 GTS, Targa, modelo para os Estados Unidos, com as rodas Campagnolo

Doino 246 GTS, Targa

Alguns aperfeiçoamentos foram sendo incorporados ao modelo, recebendo três designações das séries: Type L, Type M e Type E. A maior mudança no 246 veio em março de 1972, no Geneva Auto Show, apresentado a versão 246 GTS com um painel de teto removível no estilo Targa.

A versão GT pesava 2,380 lb (1.080 kg), ao passo que a GTS pesava 2,426 lb (1.100 kg) devido aos reforços necessários para o teto Targa. A produção atingiu 2.295 GT’s e 1.274 Spyders, estes construídos somente de 1972 a 1974. Três séries do Dino foram construídas, com diferenças nas rodas, cobertura dos limpadores de para brisas, e ventilação do motor. Dos carros Type L (também conhecidos como Série I), 357 foram construídos até o verão de 1970, com as mesmas rodas de presilha central como no 206. Os carros Type M (Série II - construídos até julho de 1971 em 507 exemplares) receberam as rodas Comodora de liga com cinco parafusos e limpadores “clap-hands”. Os carros Type E (Série III) tinham poucas diferenças e foram construídos visando atender às exigências legais do mercado norte-americano; foram 1.431 GT’s e 1.274 GTS.



Havia também algumas diferenças de acabamento para os vários mercados para os quais o Dino foi exportado, e o mais evidente deles eram as luzes de posicionamento para o mercado americano. Alargadores dos para-lamas no estilo dos carros do Grupo 4 eram opcionais, assim como bancos iguais aos da 365 GTB/4 Daytona, estes, em conjunto com as largas rodas de liga Campagnolo.

As grandes qualidades do Dino eram a sua rodagem e dirigibilidade, bem compatíveis com sua aparência esportiva. Em parte, devido ao baixo peso, e o 246 T vinha com pneus mais largos (205 x 14), o que melhorava seu controle na estrada sem provocar nenhum inconveniente na suavidade e precisão da direção. Os engates do câmbio eram suaves e as relações de marchas bem adequadas para se dirigir em alta velocidade.

Nem tudo eram elogios. O barulho do motor (agradável para uns, excessivo para outros), a posição do velocímetro e conta-giros (meio escondidos pelo volante) e a má visibilidade traseira, o deficiente sistema de aquecimento e ventilação e alguns problemas da ferrugem a longo prazo eram alguns pontos destacados pelos críticos.



Foram produzidos perto de 4000 exemplares desta pequena, mas significativa Ferrari, a primeira com motor central e que veio a se tornar o modelo Ferrari mais vendido de sua época. Apesar de ter todo o DNA da Ferrari, Enzo não batizou a Dino 206 e 246 oficialmente como Ferrari, talvez por causa do motor V6, em vez dos tradicionais V12, e porque ele era feito na Fiat, de modo que alguns comentavam maldosamente que o Dino era uma Ferrari com motor Fiat.

Enzo Ferrari e o Dino 246 GT

O Ferrari Dino 246 GT e GTS são considerados carros clássicos, que ganharam em agilidade o que perderam em relação aos possantes Ferrari V12 até então. Os fãs do modelo lamentaram muito quando ele foi retirado de linha em 1974, sendo substituído pelo Dino 308 GT, um 2+2 para atender o mercado, equipado com um motor V8. Mais tarde, contudo, surgiu ainda o 308 GTB, que, retomando os conceitos do projeto do 246 GTB, comprovou que o Dino tinha conquistado uma sólida reputação entre os clássicos da Ferrari.

Um exemplar em boas condições, foi leiloado nos Estados Unidos por US$ 165,000, enquanto outro em condições de participar de exposições atingiu US$ 630,000. Em 2015, um exemplar do Dino 246 GT ano 1970 (uma das 357 unidades da L-Series), com chassi nº 01040, na cor amarela, estava sendo ofertada pela RM Auctions Paris por 320,000 EUROS.

DA MINHA COLEÇÃO

O Dino 246 GT da ANSON, na escala 1:18


A Ferrari Dino 246 GT feita pela ANSON, fabricante com vários modelos da Ferrari em seu catálogo, tem um detalhamento médio na escala 1:18. Na cor Amarelo Ferrari, abre as portas, capô dianteiro e traseiro, esterça as rodas dianteiras e retrata o belo design de Pininfarina.

O Dino 246 GT da TOMICA, na escala 1:61

O modelo da TOMICA, na escala 1:61, reproduz com bom detalhamento, inclusive o design das rodas, que muitos fabricantes acabam sacrificando nesta escala.

REFERÊNCIAS

http://silodrome.com/ferrari-dino-246gt/

http://www.sportscar2.com/sports-car-ferrari-dino-246-gt.html

http://www.collectorscarworld.com/Newsletter/Detail2.aspx?d=2013-03-13&c=profile

https://www.flatout.com.br/dino-206-berlinetta-speciale-a-origem-de-todas-as-ferrari-de-motor-central-traseiro/

https://www.ultimatespecs.com/car-specs/Ferrari/14893/Ferrari-Dino-206-GT.html#google_vignette

https://www.supercars.net/blog/1969-dino-246-gt/

https://en.wikipedia.org/wiki/Fiat_Dino




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