Lotus Esprit, 1976
A história do Lotus Esprit começa com Tony Rudd, que
veio para a Lotus em 1969, encarregado de desenvolver dois novos projetos de
carros de rua para a Lotus. O primeiro criado por Rudd resultou no Elite, de
1974, e o segundo, denominado Project M70, era para substituir o Lotus Europa, um
cupê duas portas, de teto rígido e motor central.
Uma reunião entre Colin Chapman e Giorgetto Giugiaro
foi promovida pelo designer Oliver Winterbotton, que sugeriu a Giugiaro
utilizar o design do Maserati Boomerang Concept como inspiração para o novo
Lotus.
Maserati Boomerang,
a inspiração para o Esprit
Os trabalhos começaram em meados de 1971, e conforme
relatos da Italdesign, Chapman ficou desapontado com os resultados aerodinâmicos
dos modelos 1:4 no túnel de vento, e interrompeu o projeto. No entanto a
Italdesign pressionou Chapman e construiu um mock-up em tamanho real sobre o chassi
modificado de um Lotus Europa. O protótipo sem nome, chamado apenas “The Silver
Car”, foi mostrado no estande da Italdesign no Turim Auto Show de 1972, e a boa
receptividade do público convenceu Chapman a dar continuidade ao projeto.
Foi construído um novo protótipo, o “IDGG 01”, pintado
de vermelho, ficou chamado “The Red Car”, um modelo funcional, e mesmo ainda
não ter sido concluído, foi denominado oficialmente de Esprit. Segundo o Concise
Oxford Dictionary, “Esprit” tem o significado de “vivacidade, sagacidade”.
Mike Kimberley, Diretor Geral da Lotus Cars, lembra
que a reação do público ao protótipo concluído do Esprit foi tão favorável que
uma equipe de design e desenvolvimento foi imediatamente criada para trabalhar
com Giugiaro, e eles permaneceram na Itália por pelo menos 18 meses. Chapman e
Kimberley voavam para Turim pelo menos duas vezes por semana, durante as quais
o estilo da carroceria era refinado e se transformava em uma proposta
produtiva.
Lotus Esprit, 1976
Lançado no Paris Motor Show em outubro de 1975, o
Lotus Esprit S1 (de Series 1), entrou em produção em junho de 1976, conforme
planejado, substituindo o Lotus Europa.
Equipado com o motor Lotus Type 907, com bloco e
cabeçote de alumínio, quatro cilindros com 1973 cc (120,4 cid) e 160 hp a 6200
rpm para a Europa e 140 hp para o mercado americano. O torque era de 140 lb/ft
a 4900 rpm, com o motor montado longitudinalmente atrás do compartimento dos
passageiros, inclinado para a esquerda a 45° para manter o centro de gravidade
baixo. Este motor recebeu um cabeçote com quatro válvulas e duplo comando,
alimentado por dois carburadores Dellorto progressivos 45 DHLA e 9,5:1 de taxa
de compressão. A tração nas rodas traseiras era por meio do câmbio Citroen C35
de cinco marchas manual aplicado no SM e no Maserati Merak, e o diferencial de
deslizamento limitado proporcionava uma boa manobrabilidade ao Esprit. Os
freios Girling a disco sólidos, nas quatro rodas tinham duplo circuito, e os traseiros
eram inboard, as suspensões dianteiras tinham braços em “A” superiores e barras
laterais inferiores triangulares com barras estabilizadoras. A suspensão
traseira consistia em braços de arrasto cônicos e links laterais inferiores.
Havia conjuntos de amortecedores/molas e as rodas de liga em 14 polegadas
Wolfrace tinham 7 polegadas de tala na traseira e 6 na dianteira. A direção era
feita por cremalheira e pinhão não assistidos.
O Chassi tinha uma trave central em aço e a carroçaria
em fibra de vidro seguia o princípio da Lotus “Performance através do menor
peso”, com o Esprit pesando apenas 953 kg. A aceleração de 0-97 km/h era de 6,8
segundos e a máxima atingia 222 km/h (18 mph), valores de fábrica, que os
testes indicavam 0-97 km/h em 8 segundos e máxima de 214 km/h (133 mph).
O Esprit tinha vidros elétricos, o imenso para-brisa
era laminado, desembaçador no vidro traseiro, pisca-alerta, cintos de segurança
de dois estágios, espelhos com ajuste elétrico, e a falta de relógio, limpador
no vidro traseiro e acendedor de cigarros eram omissões não comuns da época.
Com o Esprit, a Lotus entrava no mercado dos
supercarros modernos, com seu design exótico, a produção se estendeu de 1976
até 2004, com suas várias versões.
O Esprit de James Bond
Don McLaughlan, então chefe de relações públicas da Lotus Cars, ouviu dizer que a produtora Eon estava comprando um novo carro para as filmagens de James Bond, no início de 1976. Ele dirigiu um protótipo do Esprit com a marca Lotus colada e o estacionou em frente aos escritórios da Eon nos estúdios Pinewood; ao ver o carro, a Eon pediu à Lotus que emprestasse os dois protótipos para as filmagens. As filmagens iniciais da sequência de perseguição de carros resultaram em sequências de ação decepcionantes. Enquanto pilotava o carro nas filmagens, o piloto de testes da Lotus, Roger Becker, impressionou tanto a equipe com seu desempenho do carro que, durante o resto das filmagens na Sardenha, Becker se tornou o dublê.
Como todos os carros de 007, o Esprit também tinha recursos para que Bond pudesse enfrentar todas as situações, e o roteiro pedia um carro que navegasse debaixo d’água. A produção preparou seis modelos para as filmagens: além do “Hero-Car”, três carroçarias (somente as carcaças) foram preparadas para a transição submarina, dois eram mock-ups sem motor para a tomada de entrada na água (lançado por um canhão de ar comprimido no píer) e saída da água (puxado por uma corda camuflada na areia), e outro carro foi preparado pelo engenheiro naval de Derby, Alex Leam, um submarino totalmente operacional, chamado de “Wet Nellie”, equipado com um motor construído pela Perry Oceanographics de Riviera Beach, Florida.
O nome faz referência à Little Nellie, um autogiro utilizado por Bond no filme You Only Live Twice, que por sua vez, recebeu este nome por causa da atriz britânica Nellie Wallace (*). Wet Nellie foi pilotado nas filmagens pelo ex-SEAL da Marinha dos EUA, Don Griffin.
Em outubro de 2013, o Wet Nellie foi a leilão, e arrematado
por US$ 616,000 por Elon Musk, da Tesla, que tinha intenção de restaurar o
veículo de modo a ter a capacidade de ser utilizado tanto na terra como na água,
movido, claro, por motores elétricos.
O Lotus Esprit “Hero-Car” foi devolvido à Lotus depois
das gravações, e reformado para o acabamento padrão e vendido. O suporte do
relógio foi removido, os bancos e encostos de cabeça voltaram aos originais, o
motor foi reparado e um emblema preto da Lotus foi recolocado. Um colecionador
alemão acabou ficando com o carro por um longo tempo.
Da minha coleção
O Lotus Esprit branco é uma variação do modelo de
lançamento, da Série HW Workshop: HW Garage, de 2015. O casting é trabalho de
Ryu Asada, e adquiri esta mini no estado, fora da cartela, então tem alguns
detalhes nos filetes laterais e na placa traseira. Ele tem apenas o logo Esprit
na coluna traseira, no mais, reproduz as linhas limpas e belas do desenho de
Giugiaro.
O Wet Nellie foi reproduzido pela Hot Wheels em apenas
uma edição, saiu na Série Hot Wheels Entertainment: The Spy Who Loves Me, em
2014, casting de Fraser Campbell, e desde então, não teve reedições.
Referências:
https://hotwheels.fandom.com/wiki/Lotus_Esprit_S1
https://en.wikipedia.org/wiki/Lotus_Esprit
https://www.imdb.com/title/tt0076752/?ref_=tt_mv_close
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Spy_Who_Loved_Me_(film)
https://www.supercars.net/blog/1976%E2%86%921980-lotus-esprit-s1/
https://hotwheels.fandom.com/wiki/Lotus_Esprit_S1_(submarine)
(*) Nellie Wallace (1870-1948) foi uma artista
britânica, atriz, dançarina, cantora, comediante e compositora que veio a ser
uma das mais famosas e admiradas de seu tempo. Durante a II Guerra, criou-se o
costume de apelidar as pessoas com sobrenome de Wallis ou Wallace de “Nellie”. Como
o autogiro utilizado no filme de Bond You Only Live Twice era fabricado pelo
ex-comandante da RAF Ken Wallis, ele recebeu o nome de “Little Nellie”; e o
Esprit S1 submarino acabou sendo chamado de “Wet Nellie”.
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