quarta-feira, 14 de junho de 2017

Carros e Filmes - Batmóvel 1989 (“Keaton Batmobile”) - Parte 3

O Batmóvel do filme de 1989.
No verão de 1989, Batman voltou às telas pela primeira vez desde 1966. Graças ao fantástico trabalho de Frank Miller, revitalizando o personagem com O Retorno do Cavaleiro das Trevas (1986), o público estava pronto para um novo e soturno Cruzado da Capa. A Warner Brothers chamou Tim Burton, e este trouxe Anton Furst para ser o designer de produção para materializar a nova Gotham City e o Batmóvel. Ele queria um carro que fosse diferente de qualquer coisa anteriormente vista, uma combinação de força bruta e uma estética clássica.
Desenhado especificamente para o filme de 1989, Batman, por Anton Furst, Designer de Produção do filme, inspirou-se em elementos de aeronaves a jato, veículos de guerra, e outros veículos que contribuíssem para o ar mais soturno do que visto anteriormente nas histórias do Homem-Morcego. As influências impressionistas na produção se juntaram às linhas dos carros “Flat Racers” da década de 1930 e o famoso Sting Ray dos anos 1950 para produzir um carro que transmitisse a força bruta e ao mesmo tempo tivesse um estilo atemporal para o Batman.
Nas discussões prévias de Tim Burton com Anton Furst havia um grande preocupação com o Batmóvel, pois era um desafio definir um “novo” Batmóvel, sem ‘derrapar’ no conceito e transformá-lo numa piada. Diversos sketches foram preparados, até que se chegasse a um desenho que estivesse à altura da importância do Batmóvel no universo de Batman. Furst tinha a visão de que o Batmóvel deveria ser como uma armadura para o Batman, então desenhou o carro como se fosse uma extensão do próprio Batman.
- “Eu nunca vi realmente o Batmóvel como apenas um carro”, disse Furst. “Sempre pensei nele como se fosse um complemento, uma extensão do próprio Batman, como o seu capuz e sua capa. Eu temia que o carro ficasse com uma imagem caricata do personagem, como às vezes acontece com alguns que não foram adequadamente desenvolvidos. Para mim, o Batmóvel era um elemento puramente impressionista, e eu tentei dar a ele aquele ar de um cavaleiro em sua armadura, agregando elementos dos carros que corriam em Salt Flats, Utah, nos anos 1940, assim como linhas do Corvette Sting Ray dos anos 1960, combinando-os com componentes de aviões a jato, para criar uma máquina coerente em todo o seu design”.
Ele queria um carro com um ar ameaçador, como uma combinação de um avião Stealth e uma armadura medieval; e também que tivesse referências do design dos carros de recordes de 1950/60, porém modernizados com elementos dos carros esportivos atuais. O resultado final era um carro que Furst se referia como “alguma coisa que tinha uma força bruta, um poder proibido, e uma forma esculpida. Uma coisa, francamente, tipo ‘rude’ ”.
A equipe que construiu o Batmóvel era formada por Terry Ackland-Snow, John Evans e Keith Short. John Evans e sua equipe de 12 técnicos prepararam dois carros num intervalo de oito semanas. É citado em muitos artigos como “Keaton Batmobile”, pois rapidamente, alcançou a fama do Batmóvel criado por George Barris para a Série de TV dos anos 1960. Mesmo os admiradores do Batmóvel de 1966 rapidamente se apaixonaram por ele, e muitos adotaram o seu design como o melhor Batmóvel de todos os tempos (até o momento). Até mesmo Bob Kane, o criador do Batman, ficou impressionado com ele:
- “Fantástico! Eu realmente amei o que foi feito. Parece algo grandioso”, disse ele. Infelizmente, Furst não pode continuar seu trabalho depois de Batman. Cláusulas contratuais o impediram de trabalhar na sequencia Batman – O Retorno, e em novembro de 1991, ele cometeu suicídio depois de uma série de dificuldades, incluindo a separação de sua esposa Penny e problemas com abuso de drogas.
A Bat-máscara frontal se foi, substituída por uma enorme entrada de ar da turbina a jato, ladeada pelos para-lamas como se fossem mandíbulas. Haviam as enormes tomadas de ar à frente das rodas traseiras, que eram calçadas por gigantescos pneus Mickey Thompson, típicos dos Dragster de arrancada. A traseira lembrava carros da década de 1930, com as famosas aletas lembrando as asas de morcego.
O carro foi construído sobre dois chassis de Chevrolet Impala comprados num desmanche, equipado com um motor V8, e sua carroceria foi baseada num Corvette 1970 modificado, depois que tentativas feitas num Jaguar e num Mustang falharam. Foi construído um segundo carro, desta vez, baseado num Oldsmobile Cutlass conversível. Como o carro não tem retrovisores, duas câmeras de vídeo projetam a visão traseira numa tela do painel.
Furst precisava fazer um Batmóvel de grande impacto visual, mas também funcional, para que o carro pudesse desempenhar as cenas de ação a contento. Furst comentou: “A GM leva dez anos para projetar e construir um novo carro, e nós temos de fazer isto em apenas cinco meses”.
Todos os equipamentos do carro eram funcionais (à exceção da blindagem externa), e o exaustor traseiro demorava cerca de 15 segundos para desligar, devido ao combustível que precisava ser consumido. A turbina era alimentada por uma mistura de gasolina, ar e pyrothane. Para conseguir o efeito visual, a quantidade de chama produzida era muito grande, e isto produzia muito calor no exaustor. Havia extintores de CO2 preparados para qualquer emergência, e o piloto podia acioná-los se necessário. Devido ao calor, a parte traseira recebeu um isolamento térmico para evitar que o calor danificasse qualquer outra parte do carro.
O teto do carro e o assento tiveram de ser alterados no decorrer das filmagens, por causa da altura das “orelhas” do Batman, que precisavam de mais espaço no interior da cabine.O Batmóvel de Batman Returns (1992) tinha limpadores de para-brisa, que não equipavam o modelo do filme anterior. Como o carro foi esculpido artesanalmente, uma das barbatanas traseiras tem uma curvatura diferente da outra, e devido ao carro ter sido escaneado para a produção de modelos em miniatura, estes modelos também tem esta característica. Um dos exemplares utilizados no filme foi adquirido pelo comediante Jeff Dunham, e é habilitado para circular nas ruas normalmente. O carro tem placas normais, que são ocultas quando o carro é ligado.
Apesar de o carro não ultrapassar os 100 km/h nas tomadas de ação, depois que as filmagens terminaram, a equipe o levou para uma pista e atingiu a velocidade de 94,7 mph (152 km/h) – “nada mal para um carro feito em nossas oficinas”, disse John Evans.

FICHA TÉCNICA:
Comprimento: 260,7 in. (6,62 m)
Largura: 94,4 in. (2,40 m)
Altura: 51,2 in. (1,30 m)
Entre-eixos: 141,0 in. (3,58 m)
Rodas e pneus: de liga, aro 15 polegadas com pneus Dragster Mickey Thompson L60-15 de 24 polegadas de tala.
Motor: Turbina a jato, empuxo de 1500 lbs a 103% ROS
Torque: 1750 lbs./fr a 98.7 % ROS
Combustível: Gasolina de alta octanagem 97% Special
Aceleração: 0-60 mph em 3,7 segundos
Velocidade Máxima: 530 km/h com compressor

ARSENAL:
Lançadores laterais de ganchos, lançadores de projéteis-disco e bombas.
Macaco hidráulico central para rotação em 180º.
Armadura blindada para estacionamento protegido
Lançadores de óleo e emissor de fumaça traseiros.
Duas metralhadoras frontais Browning.
Exaustor da turbina
Modo operacional “BatMissil”, que descarta partes do veículo e reconfigura eixos e rodas para passagem em espaços estreitos. Uma vez empregado, necessita ser reconstruído para voltar a operar no modo normal.

BATMAN, THE MOVIE
Direção: TIM BURTON
Com Michael Keaton, Jack Nicholson, Kim Bassinger, Robert Wuhl, Pat Hingle, Billy Dee Williamns, Michael Gough, Jerry Hall e Jack Palance.
Numa Gotham City escura, perigosa, protegida apenas por um departamento de polícia cheio de corrupção, Harvey Dent (Billy Dee Williams), promotor de justiça, e Jim Gordon (Pat Hingle), comissário de polícia, tentam torná-la um pouco mais segura. Criminosos covardes e supersticiosos começam a ser aterrorizados por um morcego gigante, despertando o antagonismo da polícia, e a curiosidade de Vicky Vale (Kim Bassinger), uma repórter fotográfica que se propõe a descobrir o segredo do misterioso “bat-man”.
Carl Grissom (Jack Palance), que comanda o crime organizado em Gotham, descobre que Jack Napier (Jack Nicholson), seu braço direito, está de caso com sua mulher. Grissom envia Napier para a Axis Química, e usando um policial corrupto, planeja eliminá-lo. Napier acaba matando o tira, mas Batman aparece e enfrenta Jack Napier, que cai em um tanque de produtos químicos, desaparecendo com a chegada da polícia. Sobrevivendo ao tiroteio e desfigurado pelos produtos químicos do tanque em que caiu, Napier volta para vingar-se de Grissom, que descobre um Jack Napier com sua sanidade mental totalmente perdida. Na figura do Palhaço do Crime, o Coringa toma o controle do submundo de Gotham e planeja envenenar toda a população com seu gás do riso, durante as festividades do bicentenário da cidade.

BATMÓVEL 1992 – “Batmissile”
Para as filmagens de Batman Returns, foi utilizado o mesmo veículo do primeiro filme de Tim Burton e Michael Keaton, com as mesmas especificações. O detalhe mais visível do segundo filme era que este modelo estava equipado com limpadores de para-brisa, inexistentes no primeiro. O designer de produção responsável pela atualização do Batmóvel para  Batman Returns era Bo Welch.
- “Para mim, como designer, não há nada em comum entre o primeiro e o segundo Batman, exceto para o próprio personagem. A sequência apenas nos deu a licença para alavancar todas as idéias do primeiro filme e levá-las mais longe e além”, comentou Welch.
O trabalho empreendido por Welch se concentrou em atualizar a arquitetura de Gotham, nos ‘gadgets’, e os novos veículos – Batmíssil, Batski e Duckmobile mantendo praticamente inalterado o design do Batmóvel.
Na sequencia de perseguição pela polícia de Gotham, Batman usa o recurso de transformar o Batmóvel no Batmíssil, descartando as partes laterais do carro e permitindo escapar por um espaço muito estreito, onde os perseguidores não puderam prosseguir.
Criado por Jay Ohrberg e sua equipe, o Batmíssil foi originalmente concebido para ser uma carcaça com uma motocicleta por dentro para movimentá-lo. Os problemas de produção fizeram com que a equipe “fraudasse” o míssil, de modo que na filmagem, o carro foi puxado ao longo de trilhos, com um cabo de aço.
O conceito retornou com o segundo filme de Christopher Nolan, com Christian Bale como Batman, quando o Tumbler sofre um acidente em que fica inoperante, Batman consegue escapar com o Batpod, motocicleta que se forma com partes do Batmóvel danificado.
Quando Batman Returns chegou às telas, muitos espectadores reclamaram que o filme era muito sombrio e violento, sendo a diretriz de Tim Burton continuar nesta direção, portanto, a Warner optou por atender os fãs amenizando o clima soturno, contratando Joel Schumacher como o novo diretor para seguir com a franquia do Batman.

BATMAN RETURNS – 1992
Dos esgotos de Gotham City para cobertura mais luxuosa da cidade, o Pinguim (Danny DeVito) nasceu como uma criança deformada, que foi lançado pelos pais nos esgotos de Gotham, indo parar na ala “Artic World” do zoológico. Salvo pelos pinguins, depois foi sequestrado pelo circo de horrores “Triângulo Vermelho”, sendo apresentado como “O Garoto Ave Aquática” devido às deformidades em seu nariz e mãos que lembravam as nadadeiras de um pinguim. Trinta e três anos depois, ele ressurge, adulto, chantageando Max Shreck (Christopher Walken) pelos crimes corporativos que cometeu. O objetivo do Pinguim é descobrir a identidade de seus verdadeiros pais. Max planeja construir uma usina nuclear para sugar toda a energia de Gotham, e junto com o Pinguim, sequestra o filho do prefeito de Gotham, para depois transformar o Pinguim num herói ao resgatar o filho do prefeito.
A secretária de Max, Selina Kyle (Michelle Pfeiffer), descobre os planos de Shreck e no confronto com Max, acaba sendo jogada do alto do prédio. Sobrevive à queda, mas devido ao choque, tem sua personalidade alterada, pelo amor que tem aos gatos, transforma-se na “Mulher-Gato”, e busca vingança contra Shreck.
O Pinguim monta um ataque para matar todas as crianças primogênitas de Gotham, enviando pinguins com mísseis amarrados nas costas para as casas dos que estão numa festa da alta sociedade de Gotham. Batman frustra os planos do Pinguim e precisa controlar a Mulher Gato que quer matar o Pinguim. Numa explosão, ela aparentemente sacrifica a vida para conseguir seu intento, e o Pinguim ferido é resgatado por seus pinguins e levado novamente aos esgotos.

EM ESCALA
O Batmóvel de 1989, da Hot Wheels na escala 1:18.
O Batmóvel de 1989 contribuiu para alavancar toda a iconografia do Morcego, e dividia as atenções do público. Feito pela Hot Wheels, bem reproduzido e proporcionado, impressiona pelo tamanho e o nariz de turbina, assim como a cabine recuada e as agressivas barbatanas traseiras.

O Batmóvel com o giro de 180 graus.

Na versão Batmissile, em que perde as laterais para escapar da Polícia de Gotham, não há um modelo na escala 1:18, mas a Hot Wheels tem o modelo com o mecanismo de 180 graus visto no filme. Vários fabricantes de kits plásticos disponibilizaram em 1:25 (AMT) e o modelo da Kenner em 1:14 separa as laterais como mostrado no filme..

Kit Batmissile da Kenner em 1:14 e Die-Cast da Hot Wheels em 1:50
A Hot Wheels lançou uma série do Batmissile na escala 1:50, nas versões encarroçada e somente o corpo principal, mas é raro encontrar um exemplar, mesmo na Internet.
Interessante o modelo da Estrela, feito em plástico apenas, mas bastante fiel ao modelo do filme, com o mecanismo de descarte das laterais, e ainda traz a figura do Batman.
O Batmissile da Estrela
REFERÊNCIAS:
https://en.wikipedia.org/wiki/Batman_Returns

http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-776364212-batmovel-41cm-estrela-batman-filme-frete-free-batmissile-_JM
http://geoffstoys.blogspot.com.br/2010_12_01_archive.html


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