A segunda geração do Corvette já estava em gestação por alguns anos e modelos individuais executados aqui e ali. Zora Arkus-Duntov e Bill Mitchell assumiram o desafio de desenhar o novo Corvette. Com a proibição da AMA (Automobiles Manufacturer’s Association) em 1957, impedindo os fabricantes de disponibilizar uma versão “raceready” aos consumidores, planejar a nova geração do Corvette, um carro tipicamente esportivo, e portanto passível de ser utilizado em competições, certamente era um dilema.
Dilema este resolvido com a
disponibilização de equipamentos opcionais vendidos separadamente, e que podiam
ser encomendados pelos clientes para configurar uma combinação de itens que
transformavam o Corvette de rua numa máquina de competição.
Após desenvolver o
Corvette Super Sport (XP-64), com o qual Duntov planejava participar das 24
Horas de Le Mans, a proibição da AMA permitiu ao modelo participar apenas das
12 horas de Sebring em 1957, abandonando por problemas na suspensão depois de
23 voltas. Assim o Corvette Super Sport acabou se tornando um Show Car,
presente em diversos eventos da GM depois de 1957.
A partir deste ano, o
Departamento de Estilo começou a desenvolver o Q Corvette, um modelo menor, na
configuração cupê, inicialmente previsto para ser lançado em 1960. Projetado em
parte por Larry Shinoda, tinha uma suspensão traseira independente com transeixo,
freios da disco nas quatro rodas, sendo os traseiros in-board. O visual externo
ficou a cargo de Bob McLean, que já havia trabalhado no layout do Corvette da
Motorama de 1953.
O projeto tinha os para-lamas salientes, uma frente longa e traseira curta. O design deveria ser aplicado para uma linha completa de novos carros, onde o câmbio e o diferencial se posicionavam na traseira, para melhorar a distribuição de pesos para ganhar em maneabilidade. Duntov esperava iniciar o planejamento das unidades motoras, mas o conceito foi considerado muito radical e os custos mais elevados de produção condenaram o projeto à morte. (Veja mais sobre o Q-Corvette em https://leotogashi.blogspot.com/2021/11/o-q-corvette-origem-do-sting-ray-1963-67.html)
Mesmo com estes
contratempos, Mitchell ainda sentia a necessidade de avançar com o
desenvolvimento do Corvette SS Sebring. Usando seu próprio dinheiro e sem as
bênçãos da GM, Mitchell comprou o carro usado como “mula” para o SS por US$
500, decidiu transformar o “mule-test” num carro de corridas que tanto ele como
Duntov aspiravam que o Corvette se tornasse.
Usando as linhas do
malfadado Q Corvette, Mitchell criou um layout inteiramente novo, um carro
aberto, ao qual Larry Shinoda contribuiu para o design elegante, ajudando
Mitchell a dar à luz o que viria rapidamente a ser conhecido como Stingray Racer.
O Stingray Special, com Bill Mitchell ao seu lado |
O desenvolvimento do Stingray Racer ocorreu no “Studio X”, a área de projetos especiais no Tech Center da GM em Warren, Michigan. Com os elementos visuais do Q-Corvette, 92 polegadas de entre-eixos, o novo carro era excepcionalmente leve, com um peso a seco de 997 kg, 453 kg mais leve que o Corvette de linha. Equipado com o V8 de 283 cid (4,6 litros) produzindo 315 hp a 6200 rpm, o carro tinha uma carroceria de fibra-de-vidro com menor espessura, inicialmente reforçada com alumínio, e depois com madeira balsa, nas áreas críticas de tensão. Tinha um câmbio de quatro marchas manual, suspensão traseira com eixo DeDion e uso intenso de alumínio. Hoje, ele está equipado com um motor de 327 cid (5,4 litros), com injeção de combustível e 375 hp de potência. (Veja mais sobre o Stingray Racer, ou XP-87 no link: https://leotogashi.blogspot.com/2021/11/1959-corvette-stingray-racer.html).
A segunda geração do Corvette foi apresentada em 26 de setembro de 1962, e trouxe a expressão Sting Ray (em duas palavras separadas) ao modelo, mantendo a carroceria de fibra-de-vidro e no total, era menor do que a geração C1. Media 4,45 m de comprimento, 1,77 m de largura e 1,26 m de altura. O carro foi desenhado por Larry Shinoda, com forte inspiração no Q-Corvette, que foi criado por Pete Brock e Chuck Pohlmann sob a direção de estilo de Bill Mitchell. Outro carro que teve influência nas linhas da segunda geração foi o Stingray Racer, construído por Mitchell sobre o chassi do “mule-test” das 12 Horas de Sebring de 1957. A terceira inspiração veio do protótipo Mako Shark I, que Mitchell havia desenvolvido depois de capturar um tubarão numa pescaria em alto-mar. (Veja mais sobre o Mako Shark I: https://leotogashi.blogspot.com/2021/12/mako-shark-i-mako-shark-ii-e-manta-ray.html)
A nova suspensão traseira com a mola transversal tinha muitas vantagens: era econômica, inovadora, eficiente e de alto desempenho, além de economizar no peso não-suspenso. |
Aperfeiçoamentos introduzidos eram a suspensão traseira independente, baseada no veículo experimental CERV I, que se mantém até os nossos dias. Era tão avançada que somente 29 anos depois, apareceu em um esportivo americano, o Viper de 1992.
Esta suspensão foi uma mudança radical e posicionou o Corvette como um carro de esportivo sério. A melhoria foi dramática e os entusiastas de automóveis perceberam. No geral, o manuseio foi muito melhor, assim como a sensação de segurança pela aior estabilidade em curvas. O novo Corvette não era apenas mais rápido na pista de corrida, mas também se rodava melhor nas estradas. Em comparação, os Corvettes anteriores pareciam mais pesados. A sensação de direção, agilidade, capacidade de resposta e fator de "diversão para dirigir" eram tais que até mesmo os aficionados de carros estrangeiros notaram.
O mecanismo era acionado eletricamente e foi um recurso de estilo que se manteve até a Geração C6 |
O motor 327 cid com 250 hp. |
O V8 de 327 cid, com injeção de combustível e 360 hp. |
Comentário de Zora Arkus-Duntov:
“Pela primeira vez, agora tenho um Corvette que tenho orgulho em dirigir na
Europa”.
Duntov sabia que os
consumidores continuariam a correr com os Corvette. Ao mesmo tempo em que
desenvolvia a geração C2, Duntov sugeriu à diretoria que seria interessante
para a GM continuar a produzir peças para beneficiar tais pilotos. Então,
Duntov e seus companheiros criaram o “RPO Z06”, um pacote especial de
equipamentos para performance.
Corvette Sting Ray com o pacote Z-06 |
O Corvette Sting Ray Z-06 de chassi #614 |
A produção do ano
atingiu 10.594 unidades do cupê e 10.919 do conversível. Como o motor estava
situado atrás do eixo dianteiro, o novo Corvette ganhou uma distribuição de
peso próxima do ideal (49/51).
Anuncios do Corvette Sting Ray 1963 |
Para o modelo 1964, Duntov, que era chefe da engenharia, eliminou as entradas de ar decorativas, bem como a polêmica divisão do vidro traseiro. Hoje, os sobreviventes dos 10.594 exemplares construídos do modelo 1963 são mais valorizados exatamente pelo vidro traseiro dividido em dois. O Corvette ganhou poucos refinamentos: as molas e amortecedores foram retrabalhadas para proporcionar uma viagem mais confortável, sem prejuízo da maneabilidade. Isolamento melhor de ruídos e alterações nas buchas dos varões do câmbio tornaram o veículo mais silencioso para o uso no dia-a-dia.
As novidades no
trem-de-força eram um comando com maior abertura, produzindo 365 cv e
respirando pelo enorme Carburador Quádruplo Holley. A versão com injeção
ganhava mais 15 cv, chegando a 375 hp.
Em última análise,
isto significou o fim do sistema de injeção Rochester; como o carburador para o
motor 396 cid com 425 hp custava US$ 292,70 e o motor injetado de 327 cid com
375 hp saia por US$ 538,00, não se justificava pagar mais por menos potência,
mesmo os freios maiores não atraíam os compradores. Depois de 711 carros com o
motor injetado construídos em 1965, a Chevrolet interrompeu sua produção.
Levaria 18 anos para o Corvette apresentar novamente esta opção.
Freios a disco foram
introduzidos como padrão em 1965; equipados com pinças de quatro pistões, com
uma área de 461 cm2 de contato, frente aos 328 cm2 do
sistema a tambor. Havia sistemas independentes para os freios dianteiros e
traseiros, por regulamentação federal de segurança. Testes conduzidos
exaustivamente à velocidade de 100 m/h (160 km/h) não detectaram queda na
eficiência de frenagem, até mesmo quando simulavam paradas de emergência
mantinham a progressividade de operação e estabilidade direcional do veículo.
Duntov e sua equipe
lançaram, em 1967, o modelo L88, equipado com o V8 427, um "Big-Block" de 7,0
litros (6.999 cm3), que utilizava cabeçotes de alumínio com câmaras
semi-hemisféricas e três carburadores de corpo duplo Holley. Comenta-se que na
verdade chegava a 550 hp, mas a fábrica declarava apenas 430 hp, para confortar
as seguradoras. Também houve modificações na aparência, com uma entrada de ar
central que se unia ao vinco do capô. Dos 28 mil Corvettes vendidos nesse ano,
apenas 20 eram desta versão. O modelo foi pilotado por Dick Guldstrand e Bob
Bondurant em Le Mans, estabelecendo o recorde de velocidade na reta de Mulsanne
com 274,4 km/h (embora não tenha terminado a corrida). Atualmente os L88 de
1967 estão avaliados em até US$ 650 mil.
Corvette 1967 |
DA MINHA COLEÇÃO
O Corvette Sting Ray C2 da Exoto reproduz o modelo de 1965, com um bom nível de detalhamento. A pintura brilhante, os cromados, emblemas e logotipos; assim como as rodas raiadas com a porca única (knock-off) e os pneus com o desenho da banda de rodagem valorizam de imediato a miniatura. As portas e o capô dianteiro se abrem, mas os faróis escamoteáveis não se abrem. Como destacado a matéria, a geração C2 não tinha abertura do porta-malas, e o bocal de abastecimento do tanque era justamente o emblema logo abaixo da vigia traseira, que a partir de 1964 perdeu a divisão central.
O Corvette 63 da Jada preparado como Dragster |
O modelo 63 é reproduzido pela Jada Toys na versão Dragster, preparação típica dos americanos para as corridas de 1/4 de milha. Os pneus traseiros são maiores, e o destaque fica por conta do motor com o blower com os captadores de ar cromados. As portas e o capô vazado se abrem, e podemos ver o motor bem detalhado com cabos e mangueiras.
O modelo 63 "Tuning" da Jada |
O outro Corvette da Jada também é um 63, mas "tuning", em que há uma preparação para mais desempenho, mas se busca tornar um carro "cool", não necessariamente para atender um regulamento de competição. Destaque para a pintura em dois tons, e as rodas cromadas de aros avantajados. O design clean acabou embutindo os escapes laterais característicos do 'Vette.
Corvette Sting Ray Conversível 1964 |
Corvette Sting Ray 1963 da Greenlight, prata |
Corvette Sting Ray coupe 1964, da Greenlight, vermelho |
Corvette C2 63 Split Window, da Johnny Lightning, veio com um estojo metálico para acomodar a mini. |
Corvette Sting Ray 1963, Hot Wheels MainLine, Azul |
Corvette Sting Ray 1963, Hot Wheels MainLine, Azul Escuro |
Corvette Sting Ray 1963, Hot Wheels MainLine, Preto |
Os exemplares Hot Wheels são os chamados MainLine, de anos variados e decorações idem. Já o exemplar laranja era um Real Riders, da Série Larry's Garage, que acabei customizando, a foto mostra o famoso "Antes-Depois". Há um post na minha página da "Hot Customs Garage", onde postei as fotos do "Passo-a-passo" da customização desta miniatura.
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