Entre os admiradores dos BMW, este 3.0 CSL com certeza, consta no topo da lista como um dos mais icônicos sedans esportivos da BMW, e quem sabe do mundo. O estilo, a mecânica e sua herança esportiva dão razão para que ele seja um dos favoritos da marca bávara.
Baseado no 3.0 CS/3.0 CSi coupé (codinome interno: E9),
o CSL foi desenvolvido para participar no German Touring Car Championship, recebendo
os upgrades que o regulamento permitia para sua homologação na categoria.
Ademais, foi com esse modelo que surgiu a divisão BMW Motorsport, e a sigla CSL
(Coupe Sport Licht - “L” de Leicht, “leve” em alemão) indicando um modelo aliviado
em peso para alta performance.
Apresentado no Geneva Motor Show de 1971, o BMW 3.0 CSL era equipado com um motor (M30) seis cilindros em linha ─ ampliado de 2.985 cm3 para 3.003 cm3 ─ com carburadores duplos, que logo recebeu uma injeção de combustível BOSCH e na versão final, tinha 3,2 litros (3.153 cm3) com 206 hp e 215 lb-ft de torque. Seu câmbio era manual com quatro velocidades, atingia 220 km/h de velocidade máxima. Mas seu grande trunfo não eram os números de potência e torque, mas sim os materiais com que foi construído: várias peças da carroçaria eram feitas de alumínio, os vidros das janelas e a vigia traseira eram de Perspex (ou Plexiglass), não havia isolamento acústico, sua suspensão especial tinha amortecedores Bilstein pressurizados a gás, molas espirais progressivas com 20mm a menos na altura, o camber incrementado (1.1º na frente e 1.0º na traseira) comparado com os modelos de linha. Mesmo as peças de aço entraram no regime: o teto, a parede do motor, as caixas de roda, e os painéis laterais foram feitos de uma chapa mais fina do que as do modelo normal, e até as molas que mantinham o capô aberto foram eliminadas e substituídas por um varão mais leve. O banco do piloto foi especialmente feito para o CSL, mais leve do que o normal de linha. Não havia vidros elétricos, nem para-choques dianteiro ou traseiro. O peso total do CSL chegava a 1.100 kg, contra 1.310 do modelo normal.
Recebeu também um body kit com um grande spoiler dianteiro, pequenas aletas nos para lamas dianteiros, um spoiler no final do teto sobre a vigia traseira e a asa traseira apoiada em enormes aletas verticais no final dos paralamas traseiros. As caixas das rodas com 2 cm mais largas acomodavam as largas rodas de liga com sete polegadas de tala. O spoiler dianteiro criava pressão no eixo dianteiro e o enorme aerofólio traseiro dava mais tração nas curvas. Devido à proibição dos aerofólios na Alemanha, ele seguia com o modelo para o comprador instalar a peça no momento da compra. Por causa do design do aerofólio traseiro, o modelo ganhou o apelido de “Batmóvel”, e também é conhecido como “Shark” (Tubarão).
A primeira vitória surgiu nas 6 Horas de Nürburgring, com Hans-Joachin Stuck e Chris Amon ao volante, cruzou a linha de chegada depois de 42 voltas liderando desde o início. Em segundo, outro CSL, da Alpina, marcou a volta mais rápida com Niki Lauda cravando 8m21s3.
Correndo com Toine Hezemans em 1973, o CSL venceu o European Touring Car Championship, e com Dieter Quester como copiloto, conseguiu a vitória na classe em Le Mans do mesmo ano. A dupla ficou com o vice-campeonato no German Touring Car Championship de 1973, sendo que o título daquele ano foi obtido por Chris Amon e Hans-Joachin Stuck em outro 3.0 CSL. O BMW 3.0 CSL foi muito bem-sucedido, conquistando seis campeonatos europeus sucessivamente, até o ano de 1979.
Foram produzidos apenas 167 exemplares do BMW 3.0 CSL entre 1973 e 1975, tornando o modelo bem raro, e os que sobreviveram às competições são bem disputados pelos colecionadores, atingindo cifras em torno de 300.000 Euros.
O BMW 3.0 CSL comemorativo dos 50 anos |
Para celebrar os 50 anos do lançamento do BMW 3.0 CSL em 2023, a empresa reeditou o modelo com base no cupê BMW M4 GT4, colocando mais de 100 profissionais para montar 50 unidades de um CSL do século 21, seguindo os mesmos princípios que nortearam a criação do CSL original. Liderados por Christian Waldherr, Diretor de Tecnologia, estará lá o aerofólio traseiro que se tornou a marca registrada do CSL de 1973, além da pintura em Alpine White, e as faixas decorativas azuis e vermelha características do CSL quando foi lançado.
BMW Motorsport GmbH
Von Falkenhausen no Formula 2, em Hockenheim |
No início dos anos 1970, a BMW tinha uma presença tímida no campo esportivo, apenas fornecendo motores e apoiando preparadores como a Schnitzer e ALPINA. Sob a direção técnica do Barão von Falkenhausen, ex-piloto e preparador de motos BMW ─ é dele a criação da suspensão Paralever na segunda metade dos anos 1950 ─ passou para os automóveis BMW em 1957, Falkenhausen assumiu o desenvolvimento de motores, e junto com o engenheiro Paul Rosche criou o motor M10 de quatro cilindros de alta performance, que ficou conhecido como “New Class”, equipando o BMW 1500 de 1961. Em 1966, colocaram um cabeçote de quatro válvulas e um duplo comando na cabeça, tornando o motor de 2 litros recordista em Hockenheim, equipando o Brabham de Fórmula 2, pilotado pelo próprio Falkenhausen, aos 59 anos de idade!
Esse motor passou a equipar o novo modelo pequeno da BMW, serie 2, e recebeu o código 2002, tornando o modelo um sucesso entre os pilotos pois era muito competitivo, e muitos creditam ao seu sucesso a recuperação da BMW no mercado automobilístico e financeiro.
A decisão da BMW criar sua divisão esportiva era o
passo natural para consolidar sua imagem, e o sucesso nas pistas seria uma
ferramenta de marketing perfeita para estabelecer uma imagem jovial e dinâmica,
ao contrário da Mercedes-Benz, focada em clientes mais maduros. Falkenhauser
estava se aposentando, então Paul Rosche foi convidado a chefiar a nova divisão
esportiva.
Bob Lutz, um apaixonado entusiasta do automobilismo,
assumiu a Direção das Vendas em 1972. Ele resolveu “roubar” o chefe de equipe da
Ford Alemanha Jochen Neerpasch. Ele trouxe junto o piloto Hans-Joachin Stuck, e
o engenheiro Martin Braungart, e seu primeiro trabalho era lançar o BMW 3.0 CSL.
Além de Stuck, outros pilotos fizeram história com o CSL: o sueco Ronnie
Peterson, o holandês Toine Hezemans e o austríaco Dieter Quester, correndo na
Europa e nos Estados Unidos (IMSA GT).
O logotipo da divisão Motorsport |
Neste ponto, o logotipo da Divisão BMW Motorsport merece um aparte. A formação da Divisão envolvia a captação de um patrocinador, e a BMW decidiu abordar a TEXACO, que justamente era a patrocinadora da Ford alemã, para fazer a parceria nas competições. Os designers elaboraram então um logotipo com a letra “M” e três faixas coloridas, sendo uma delas na cor vermelha, da TEXACO. A faixa azul identificava a BMW, cor presente no logo circular da BMW, cor da bandeira da Baviera. Entre as duas faixas, uma na cor roxa (ou púrpura), que seria a cor resultante da mistura de azul e vermelho. No entanto, a negociação com a TEXACO não se concretizou, por motivos até hoje não divulgados. Mesmo assim, o logo já estava pronto e a direção da BMW gostou dele, mantendo o design, e com o tempo, a faixa central roxa mudou para um azul escuro.
O CSL no projeto BMW Art Cars
O CSL decorado com a arte de ALexander Calder |
O BMW Art Car Project foi apresentado pelo piloto e leiloeiro francês Hervé Poulain, que queria convidar um artista para criar uma tela em um automóvel. Em 1975, Poulain contratou o artista e amigo americano Alexander Calder para pintar o primeiro BMW Art Car. Este primeiro exemplo seria um BMW 3.0 CSL que o próprio Poulain correria nas 24 Horas de Le Mans de 1975. Desde então mais de vinte carros da BMW foram decorados por renomados artistas com vários estilos, dentre os quais, o M1 pintado por Andy Warhol é o mais valioso entre os colecionadores.
O CSL decorado por Roy Lichtenstein, em 1977 |
O CSL decorado por Frank Stella, em 1976 |
Da minha coleção
O BMW CSL 3.0 da Hot Wheels, com o número 68 |
O modelo da Hot Wheels é baseado no CSL que venceu o European Touring Car Championship (ETCC), e nos modelos de 1975 a 1979. O primeiro modelo Hot Wheels veio na cor Alpine White e as faixas decorativas do logotipo da Divisão M, mas saiu com o número 68 na sportas, ao invés do original, que tinha o número 12.
O CSL da Série Retro Racers, de 2024 |
A miniatura da foto é da Série Retro Racers, de 2022; e sua decoração é inspirada nas cores da bandeira alemã.
O modelo laranja é um Matchbox, lançamento de 2024, da Série Moving Parts, com abertura do capô dianteiro (pouca) e um detalhamento mais caprichado, mas sacrificado no estilo e tamanho das rodas, que deixam a desejar.
Referências:
https://hotwheels.fandom.com/wiki/%2773_BMW_3.0_CSL_Race_Car
1973 BMW CSL 3.0 | Matchbox Cars Wiki | Fandom
https://www.bmwblog.com/2020/04/24/bmw-3-0-csl-one-of-the-most-iconic-cars-in-the-world/
https://www.bmwblog.com/2020/03/09/the-true-story-behind-the-meaning-of-the-bmw-m-colors/
https://www.bmwblog.com/2018/03/01/the-m-legacy-a-profile-on-jochen-neerpasch/
https://www.cbsnews.com/pictures/bmw-art-cars/39/
https://www.bmw-m.com/en/topics/magazine-article-pool/bmw-3-0-csl.html
https://www.hemmings.com/stories/article/baron-alexander-von-falkenhausen
https://flatout.com.br/paul-rosche-o-homem-que-inventou-os-supermotores-da-bmw/
https://www.bmw-m.com/en/topics/magazine-article-pool/bmw-3-0-csl-manufaktur.html
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