domingo, 14 de julho de 2024

Toyota Land Cruiser - Toyota Bandeirante

O Land Cruiser foi a base do nosso Bandeirante

Durante a II Guerra Mundial, os japoneses fizeram um ataque surpresa às bases americanas nas Filipinas, e um dos equipamentos que mais chamaram a atenção deles foi o Bantam Mk II, que o exército americano já estava usando como veículo tático e de apoio às tropas. A Bantam, a Willys e a Ford eram as três empresas que participaram da criação do Jeep, nome que a Willys consagrou, depois do acordo que o governo americano fez para produção em massa do pequeno 4x4.

Com 250 kg, tração integral e um design simples, era ágil, tinha bom torque e permitia um rápido reconhecimento e movimentação nos campos de batalha. A Toyota foi imediatamente encarregada de construir um veículo semelhante para suas campanhas militares, mas com um espaço traseiro maior, que ficou conhecido pela sigla AK10.

Toyota AK10


Copiando as especificações do Jeep, equipado com 0 motor de 2259 cc, quatro cilindros Type C do Toyota Model AE Sedan, com câmbio manual de três marchas e caixa de transferência com duas velocidades, teve uma pequena produção e não foi tão utilizado como os militares planejaram, pois logo a Guerra chegou ao término.

 Protótipo do Toyota Jeep BJ, de 1951


Em 1951, a Toyota iniciou a fabricação do Toyota Jeep BJ, sob pedidos da Japanese National Police Force, e nos dois anos seguintes, toda a produção foi direcionada para as forças governamentais. A partir de 1953, a Toyota começou a comercializar o modelo BJ ao público, e em 1954, passou a ter o nome de Land Cruiser, e assim, surgiu um dos melhores veículos off-road de todos os tempos.

O Toyota-BJT_de 1953, exemplar nº 159 das 298 produzidos


O Toyota Jeep BJ era equipado com o motor 3,4 litros, com seis cilindros em linha, produzindo 84 hp a 3600 rpm e 215 Nm de torque a 1600 rpm. Os modelos voltados para os Corpos de Bombeiros recebiam o motor Type-F na linha 1954.

A linha era composta por quatro modelos:

- BJ-T – Civilian Touring Chassis

- BJ-R – Radio Chassis

- BJ-F e FJ-F – Fire Truck Chassis

A Série BJ era uma pickup leve, equipado com o sistema de tração nas quatro rodas, que podia ser ligada/desligada pelo motorista, conforme a necessidade do terreno em que transitava. O câmbio era manual de três velocidades, sem sincronizador. O Jeep americano começava a fazer sucesso, especialmente porque os americanos o utilizavam nas bases militares que estabeleceram no Pacífico, então quando o diretor técnico Hanji Umehara precisou dar um nome ao modelo, considerou o Land Rover, como um concorrente digno do Toyota BJ, e trocou o Rover por “Cruiser”, e a partir de 1955 ficou sendo o Toyota Land Cruiser.

O Land Cruiser de 1955, já com o design que o consagrou

A Segunda Geração com o código J20 ganhou o design que perdurou até os anos 2000. Com diversos aperfeiçoamentos, interior mais confortável, molas semielípticas com quatro lâminas, motor 3,9 litros com 133 hp, e câmbio com a terceira e quarta marchas sincronizadas. O modelo foi o primeiro carro a ser exportado pelo Japão em base regular a partir de 1957. Vale citar aqui que em 1958, o FJ25 começou a ser produzido no Brasil, como Toyota Bandeirante, o primeiro carro da Toyota a ser fabricado em outro país. A partir de 1962, o Bandeirante passou a ter o motor Mercedes-Benz diesel, e foi fabricado até o ano de 1968, quando foi substituído pelo J40, que no Japão já era fabricado desde 1960, e em 1968 atingiu a marca das 100.000 unidades vendidas em todo o mundo.

Terceira Geração, FJ40, 1974

Em 1974, foi introduzido na linha o motor diesel quatro cilindros de 3,0 litros, e isto foi um fator decisivo para alavancar as vendas, pois se posicionava numa categoria de pick-ups compactas com menor incidência de impostos, comparado aos equipados com o motor 3,9 litros.

Cabine de aço, FJ40, 1978

Em 1975, o motor 3,9 litros a gasolina foi substituído por outro, mais potente de 4,2 litros 2F e o FJ55 recebeu freios a disco nas rodas dianteiras. O motor diesel de 3,6 litros era disponível opcionalmente em alguns mercados no modelo HJ45. Nos anos seguintes, o modelo manteve sua identidade, e recebeu poucas mudanças no estilo, mas ganhou direção hidráulica e ar condicionado na versão norte-americana em 1979; o motor 3,0 foi aumentado para 3,2 litros no Japão neste mesmo ano, e dois anos depois foi ampliado novamente para 3,4 litros.

Cabine de Aço, FJ40, 1981

Picape HJ47, com entre-eixos mais longo, de 1981

Os derradeiros exemplares desta geração (BJ42) foram os do ano de 1984, restritos ao Canadá, que tinham cambio de cinco marchas, com a quinta overdrive, e era muito procurada ainda, quando foi substituída pelos novos Land Cruiser J70.

Toyota Bandeirante – o capítulo brasileiro


Produzido desde 1962, o FJ20 era construído pela Brasinca, e equipado com o motor diesel Mercedes-Benz OM-324 de 3,4 litros no lugar do 2F de seis cilindros a gasolina, vinha nas configurações de jipe com capota de aço, perua com distância maior entre eixos e uma picape com caçamba metálica, que diversos clientes substituíam por outra de madeira, com as laterais basculantes para facilitar as operações de carga e descarga.

A transmissão tinha quatro velocidades, com a primeira bem curta, e caixa de transferência simples, sem reduzida, para a tração nas quatro rodas. A embreagem era hidráulica, e o câmbio só tinha a terceira e quarta sincronizadas.

O acabamento era simples e espartano, condizente com sua vocação para o trabalho, motor de baixa potência mas com bom torque e durabilidade, freios a tambor nas quatro rodas, sem assistência, eixos rígidos e molas semi-elípticas não permitiam velocidades muito acima dos 100/110 km/h.

Era fumacento, barulhento e cheio de vibrações, ganhando o apelido de “Quebra-Costas”, e a Toyota não estava bem frente aos concorrentes, até considrando fechar sua filial brasileira; mas um incêndio de grandes proporções atingiu a área de pintura da vizinha Volkswagen do Brasil, em dezembro de 1970. A pintura dos fuscas e outros modelos garantiu uma receita bem-vinda à operação brasileira da Toyota, dando um fôlego à montadora, até a crise do petróleo, em 1973.


Neste ano, o Bandeirante recebe o motor Mercedes-Benz OM-314, com 3,8 litros e 85 hp, mudança que foi essencial para que a produção do Bandeirante quase quintuplicasse na virada para a década de 1980.

Em 1981, ele ganhou a caixa de transferência com duas velocidades, junto com o câmbio totalmente sincronizado, e o sistema de freios com hidrovácuo.

Em 1983, chega a picape com chassi longo, com cabine simples ou dupla; e em 1985 o Bandeirante passa a oferecer opcionais inéditos, como rádio, direção hidráulica e ar-condicionado, aumentando o conforto para quem trabalhava duro com eles.

Toyota Bandeirante picape, 1999

Os faróis retangulares vieram em 1989, com o motor Mercedes-Benz OM-364, de 4 litros e 90 hp. Vieram também os freios dianteiros a disco e o câmbio de cinco marchas no modelo 1993. Depois de muitos anos com o motor Mercedes-Benz, em 1994 o motor passou a ser o Toyota 14B de 3,7 litros e 96 hp. As quatro portas vieram para a picape cabine dupla em 1999.

Com a mesma identidade da segunda geração do Land Cruiser de 1955, o Bandeirante virou o milênio com o mesmo espirito do Jeep que lhe deu origem, mas as normas de emissões, cada vez mais severas, e com utilitários e picapes cada vez mais modernas e tecnológicas, fizeram o Bandeirante entoar seu canto de cisne e os últimos exemplares deixaram a fábrica de São Bernardo do Campo em novembro de 2001. Num período de quase 40 anos, 103.750 unidades foram produzidas no Brasil.

Toyota Bandeirante 1992, exportada para os Estados Unidos

A picape cabine dupla de 1991 Toyota Bandeirante OJ55LP-2BL foi reformada no Brasil, e exportada para os Estados Unidos, através de um revendedor da Geórgia, e acabou sendo leiloada em dezembro de 2020, pela bagatela de US$ 40,250 (cerca de R$ 212.000)

A Toyota foi repintada na cor Heat Grey com o teto branco, recebeu novos freios a disco nas rodas dianteiras no lugar dos tambores, e um motor diesel quatro cilindros Mercedes-Benz 4,0 litros. Todas as mangueiras, correias, juntas, buchas e filtros foram substituídos, assim como o chicote elétrico e a caixa de fusíveis. O câmbio se manteve manual com quatro marchas, a caixa de transferência de duas velocidades, rodas de aço de 16”, calçadas com pneus BF Goodrich KO2; freios a tambor na traseira. Os bancos foram reformados em vinil em tom caramelo, ganhando novos cintos de segurança de três pontos para o motorista e passageiro, com cintos abdominais para o banco traseiro.

Da minha coleção

Toyota Land Cruiser, Hot Wheels 56 years


O Toyota Land Cruiser FJ45 Pickup tem o casting baseado no modelo de 1963, quando teve o chassi alongado para acomodar uma caçamba para levar cargas. O design foi feito numa colaboração entre Ryu Asada e Manson Cheung, onde Ryu criou a cabine e Manson criou a caçamba; Ryu tomou como base o casting que ele mesmo havia feito para a Matchbox, e na ocasião em que foi lançado, o material de divulgação do Hot Wheels Design Team no Instagram fazia referência a este casting como um “refresh” do original Toyota Land Cruiser FJ40 desenhado por Jun Imai, que a Mattel teve de descontinuar devido à problemas com o licenciamento.





O Land Cruiser faz parte da Série Green and Gold, comemorativa dos 56 anos de lançamento dos Hot Wheels em 1968, trazendo o número 56 associado ao logo Hot Wheels. Tem a cor especial Metalflake Teal, igual aos outros modelos que fazem parte desta série; assim como as rodas em Orange Chrome, que são de plástico, normais dos Mainline.

Referências:

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Toyota_Land_Cruiser

https://www.emanualonline.com/blog/the-history-of-the-toyota-land-cruiser-part-1-off-road-oriented-models/

https://offroadaction.ca/2011/01/19/toyota-ak10-the-grandfather-of-all-land-cruisers/

https://en.wikipedia.org/wiki/Toyota_Land_Cruiser#BJ

https://quatrorodas.abril.com.br/carros-classicos/classicos-toyota-bandeirante-picape-desbravou-o-brasil-com-motor-mercedes/

https://autopapo.uol.com.br/curta/toyota-bandeirante-jipessauro-vendido-212-mil/

https://bringatrailer.com/listing/1992-toyota-bandeirante-2/

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