O Land Cruiser foi a base do nosso Bandeirante |
Durante a II Guerra Mundial, os japoneses fizeram um ataque surpresa às bases americanas nas Filipinas, e um dos equipamentos que mais chamaram a atenção deles foi o Bantam Mk II, que o exército americano já estava usando como veículo tático e de apoio às tropas. A Bantam, a Willys e a Ford eram as três empresas que participaram da criação do Jeep, nome que a Willys consagrou, depois do acordo que o governo americano fez para produção em massa do pequeno 4x4.
Com 250 kg, tração integral e um design simples, era
ágil, tinha bom torque e permitia um rápido reconhecimento e movimentação nos
campos de batalha. A Toyota foi imediatamente encarregada de construir um
veículo semelhante para suas campanhas militares, mas com um espaço traseiro
maior, que ficou conhecido pela sigla AK10.
Toyota AK10 |
Copiando as especificações do Jeep, equipado com 0 motor de 2259 cc, quatro cilindros Type C do Toyota Model AE Sedan, com câmbio manual de três marchas e caixa de transferência com duas velocidades, teve uma pequena produção e não foi tão utilizado como os militares planejaram, pois logo a Guerra chegou ao término.
Protótipo do Toyota Jeep BJ, de 1951 |
Em 1951, a Toyota iniciou a fabricação do Toyota Jeep BJ, sob pedidos da Japanese National Police Force, e nos dois anos seguintes, toda a produção foi direcionada para as forças governamentais. A partir de 1953, a Toyota começou a comercializar o modelo BJ ao público, e em 1954, passou a ter o nome de Land Cruiser, e assim, surgiu um dos melhores veículos off-road de todos os tempos.
O Toyota-BJT_de 1953, exemplar nº 159 das 298 produzidos |
O Toyota Jeep BJ era equipado com o motor 3,4 litros, com seis cilindros em linha, produzindo 84 hp a 3600 rpm e 215 Nm de torque a 1600 rpm. Os modelos voltados para os Corpos de Bombeiros recebiam o motor Type-F na linha 1954.
A linha era composta por quatro modelos:
- BJ-T –
Civilian Touring Chassis
- BJ-R – Radio
Chassis
- BJ-F e FJ-F –
Fire Truck Chassis
A Série BJ era uma pickup leve, equipado com o sistema
de tração nas quatro rodas, que podia ser ligada/desligada pelo motorista,
conforme a necessidade do terreno em que transitava. O câmbio era manual de
três velocidades, sem sincronizador. O Jeep americano começava a fazer sucesso,
especialmente porque os americanos o utilizavam nas bases militares que estabeleceram
no Pacífico, então quando o diretor técnico Hanji Umehara precisou dar um nome
ao modelo, considerou o Land Rover, como um concorrente digno do Toyota BJ, e
trocou o Rover por “Cruiser”, e a partir de 1955 ficou sendo o Toyota Land
Cruiser.
O Land Cruiser de 1955, já com o design que o consagrou |
A Segunda Geração com o código J20 ganhou o design que perdurou até os anos 2000. Com diversos aperfeiçoamentos, interior mais confortável, molas semielípticas com quatro lâminas, motor 3,9 litros com 133 hp, e câmbio com a terceira e quarta marchas sincronizadas. O modelo foi o primeiro carro a ser exportado pelo Japão em base regular a partir de 1957. Vale citar aqui que em 1958, o FJ25 começou a ser produzido no Brasil, como Toyota Bandeirante, o primeiro carro da Toyota a ser fabricado em outro país. A partir de 1962, o Bandeirante passou a ter o motor Mercedes-Benz diesel, e foi fabricado até o ano de 1968, quando foi substituído pelo J40, que no Japão já era fabricado desde 1960, e em 1968 atingiu a marca das 100.000 unidades vendidas em todo o mundo.
Terceira Geração, FJ40, 1974 |
Em 1974, foi introduzido na linha o motor diesel
quatro cilindros de 3,0 litros, e isto foi um fator decisivo para alavancar as
vendas, pois se posicionava numa categoria de pick-ups compactas com menor
incidência de impostos, comparado aos equipados com o motor 3,9 litros.
Cabine de aço, FJ40, 1978 |
Em 1975, o motor 3,9 litros a gasolina foi substituído por outro, mais potente de 4,2 litros 2F e o FJ55 recebeu freios a disco nas rodas dianteiras. O motor diesel de 3,6 litros era disponível opcionalmente em alguns mercados no modelo HJ45. Nos anos seguintes, o modelo manteve sua identidade, e recebeu poucas mudanças no estilo, mas ganhou direção hidráulica e ar condicionado na versão norte-americana em 1979; o motor 3,0 foi aumentado para 3,2 litros no Japão neste mesmo ano, e dois anos depois foi ampliado novamente para 3,4 litros.
Cabine de Aço, FJ40, 1981 |
Picape HJ47, com entre-eixos mais longo, de 1981 |
Os derradeiros exemplares desta geração (BJ42) foram os do ano de 1984, restritos ao Canadá, que tinham cambio de cinco marchas, com a quinta overdrive, e era muito procurada ainda, quando foi substituída pelos novos Land Cruiser J70.
Toyota Bandeirante – o capítulo brasileiro
Produzido desde 1962, o FJ20 era construído pela Brasinca, e equipado com o motor diesel Mercedes-Benz OM-324 de 3,4 litros no lugar do 2F de seis cilindros a gasolina, vinha nas configurações de jipe com capota de aço, perua com distância maior entre eixos e uma picape com caçamba metálica, que diversos clientes substituíam por outra de madeira, com as laterais basculantes para facilitar as operações de carga e descarga.
A transmissão tinha quatro velocidades, com a primeira
bem curta, e caixa de transferência simples, sem reduzida, para a tração nas
quatro rodas. A embreagem era hidráulica, e o câmbio só tinha a terceira e
quarta sincronizadas.
O acabamento era simples e espartano, condizente com
sua vocação para o trabalho, motor de baixa potência mas com bom torque e
durabilidade, freios a tambor nas quatro rodas, sem assistência, eixos rígidos
e molas semi-elípticas não permitiam velocidades muito acima dos 100/110 km/h.
Era fumacento, barulhento e cheio de vibrações,
ganhando o apelido de “Quebra-Costas”, e a Toyota não estava bem frente aos
concorrentes, até considrando fechar sua filial brasileira; mas um incêndio de grandes proporções atingiu a área de pintura
da vizinha Volkswagen do Brasil, em dezembro de 1970. A pintura dos fuscas e
outros modelos garantiu uma receita bem-vinda à operação brasileira da Toyota,
dando um fôlego à montadora, até a crise do petróleo, em 1973.
Neste ano, o Bandeirante recebe o motor Mercedes-Benz OM-314, com 3,8 litros e 85 hp, mudança que foi essencial para que a produção do Bandeirante quase quintuplicasse na virada para a década de 1980.
Em 1981, ele ganhou a caixa de transferência com duas
velocidades, junto com o câmbio totalmente sincronizado, e o sistema de freios
com hidrovácuo.
Em 1983, chega a picape com chassi longo, com cabine
simples ou dupla; e em 1985 o Bandeirante passa a oferecer opcionais inéditos,
como rádio, direção hidráulica e ar-condicionado, aumentando o conforto para
quem trabalhava duro com eles.
Toyota Bandeirante picape, 1999 |
Os faróis retangulares vieram em 1989, com o motor Mercedes-Benz OM-364, de 4 litros e 90 hp. Vieram também os freios dianteiros a disco e o câmbio de cinco marchas no modelo 1993. Depois de muitos anos com o motor Mercedes-Benz, em 1994 o motor passou a ser o Toyota 14B de 3,7 litros e 96 hp. As quatro portas vieram para a picape cabine dupla em 1999.
Com a mesma identidade da segunda geração do Land
Cruiser de 1955, o Bandeirante virou o milênio com o mesmo espirito do Jeep que
lhe deu origem, mas as normas de emissões, cada vez mais severas, e com
utilitários e picapes cada vez mais modernas e tecnológicas, fizeram o
Bandeirante entoar seu canto de cisne e os últimos exemplares deixaram a
fábrica de São Bernardo do Campo em novembro de 2001. Num período de quase 40
anos, 103.750 unidades foram produzidas no Brasil.
Toyota Bandeirante 1992, exportada para os Estados Unidos |
A picape cabine dupla de 1991 Toyota Bandeirante OJ55LP-2BL foi reformada no Brasil, e exportada para os Estados Unidos, através de um revendedor da Geórgia, e acabou sendo leiloada em dezembro de 2020, pela bagatela de US$ 40,250 (cerca de R$ 212.000)
A Toyota foi repintada na cor Heat Grey com o teto
branco, recebeu novos freios a disco nas rodas dianteiras no lugar dos tambores,
e um motor diesel quatro cilindros Mercedes-Benz 4,0 litros. Todas as
mangueiras, correias, juntas, buchas e filtros foram substituídos, assim como o
chicote elétrico e a caixa de fusíveis. O câmbio se manteve manual com quatro
marchas, a caixa de transferência de duas velocidades, rodas de aço de 16”, calçadas
com pneus BF Goodrich KO2; freios a tambor na traseira. Os bancos foram
reformados em vinil em tom caramelo, ganhando novos cintos de segurança de três
pontos para o motorista e passageiro, com cintos abdominais para o banco
traseiro.
Da minha coleção
Toyota Land Cruiser, Hot Wheels 56 years |
O Toyota Land Cruiser FJ45 Pickup tem o casting baseado no modelo de 1963, quando teve o chassi alongado para acomodar uma caçamba para levar cargas. O design foi feito numa colaboração entre Ryu Asada e Manson Cheung, onde Ryu criou a cabine e Manson criou a caçamba; Ryu tomou como base o casting que ele mesmo havia feito para a Matchbox, e na ocasião em que foi lançado, o material de divulgação do Hot Wheels Design Team no Instagram fazia referência a este casting como um “refresh” do original Toyota Land Cruiser FJ40 desenhado por Jun Imai, que a Mattel teve de descontinuar devido à problemas com o licenciamento.
O Land Cruiser faz parte da Série Green and Gold, comemorativa dos 56 anos de lançamento dos Hot Wheels em 1968, trazendo o número 56 associado ao logo Hot Wheels. Tem a cor especial Metalflake Teal, igual aos outros modelos que fazem parte desta série; assim como as rodas em Orange Chrome, que são de plástico, normais dos Mainline.
Referências:
https://hotwheels.fandom.com/wiki/Toyota_Land_Cruiser
https://offroadaction.ca/2011/01/19/toyota-ak10-the-grandfather-of-all-land-cruisers/
https://en.wikipedia.org/wiki/Toyota_Land_Cruiser#BJ
https://autopapo.uol.com.br/curta/toyota-bandeirante-jipessauro-vendido-212-mil/
https://bringatrailer.com/listing/1992-toyota-bandeirante-2/
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