segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Ferrari 250 LM

Ferrari 250 LM
Com o sucesso cada vez maior dos carros de corrida com motor entre eixos na traseira, a Ferrari construiu em 1962 a 250 P, um protótipo para correr no Campeonato Mundial da Carros Esporte. O primeiro carro a levar o motor V12 de 3,0 litros da Testarossa na traseira foi um sucesso: em 1963, venceu as 12 Horas de Sebring, as 24 Horas de Le Mans e os 1000 km de Nurburgring.

Para a temporada de 1964, a Ferrari apresentou no Paris Motor Show a 250 LM, praticamente a 250 P com teto fechado. Outras modificações incluíam tubos de maior diâmetro no chassi, para conseguir mais rigidez, e o motor V12 aumentado para 3,3 litros, mas por motivos de homologação, manteve a designação de 250 LM.




No caso da 250 GTO, a Ferrari conseguiu evitar a exigência da FIA de produzir pelo menos 100 unidades, alegando que a GTO era um 250 GTB SWB remodelado (o que definitivamente, não era verdade).  Para o 250 LM, a FIA rapidamente negou o pedido de homologação, pois julgava que a Ferrari jamais iria produzir os 100 exemplares do LM. Enzo ficou muito frustrado coma negativa da FIA e perdeu o interesse em desenvolver a 250 LM, direcionando os exemplares para equipes privadas em vez da equipe de fábrica; assim, a 250 LM veio a ser a primeira Ferrari com motor traseiro a ser vendida para outras equipes. O temor da FIA mostrou ter fundamento, pois apenas 32 chassis do LM foram construídos.

Assim, a Ferrari 250 LM ficou elegível para correr apenas na classe de Protótipos, contra adversários mais bem preparados, mas não a impediu de conquistar dez vitórias em 35 corridas em que foi inscrita.



A Ferrari 250 LM com o chassi 5893, foi a sexta unidade construída em 1964, e vendida para a NART (North American Racing Team), de Luigi Chinetti, ex-piloto vencedor três vezes em Le Mans, e que se tornou distribuidor da Ferrari nos Estados Unidos. Lá, a Ferrari foi vendida para a Sra. Irene Young, de Wilton, Connecticut; ela e seu marido Walter possuíam outra 250 LM, de chassi 5901. Aparentemente, o casal considerou que ter duas Ferrari do mesmo modelo não fazia sentido, então vendeu a 5893 de volta para Luigi Chinetti, que colocou o carro para correr pela NART.

Para as 24 Horas de Le Mans de 1965, cinco Ferrari 250 LM alinharam, e a Nº 21 da Escuderia NART, pilotada por Masten Gregory, Jochen Rindt e Ed Hugus chegou em primeiro, seguida por outra LM de Nº 26, da equipe privada P. Dumay. Outro fato notável é que a 250 LM foi a primeira Ferrari de uma escuderia privada a chegar à frente dos carros de fábrica.

Ed Hugus, em Le Mans, 1965

Normalmente, dois pilotos se revezavam ao volante em Le Mans, mas quando Gregory, exausto demais para continuar pilotando, encostou no box para trocar com Rindt, ele não foi encontrado, e a escuderia colocou Ed Hugus para pilotar por algumas horas, mas ele estava inscrito em outra Ferrari, que não conseguiu a classificação. Hugus não perdeu a oportunidade, e conseguiu reduzir a distância para o líder a cada volta, mas nunca foi reconhecido porque a NART ficou temerosa de ser desclassificada por colocar um piloto não-designado para correr. Tanto os pilotos, como a NART e a Ferrari se mantiveram em silêncio até os anos 2000 sobre este incidente, mas a história real veio a tona quando uma carta que Hugus havia escrito a Hubert Baradat, um torcedor fanático de Le Mans, relatando os fatos, foi publicada na edição de Outubro de 2020 na revista Motor Sport. Hoje, Ed Hugus é alistado como um dos pilotos vencedores das 24 Horas de Le Mans de 1965.

A Ferrari 250 LM nas 24 Horas de Daytona, em 1968

A competitividade da Ferrari 250 LM pode ser vista quando a NART voltou a inscrever o chassi 5893 nas 24 Horas de Le Mans em 1969, cinco anos depois de fabricada. Correndo com o nº 17, Sam Posey e Teodoro Zeccoli se qualificaram em 24º lugar e chegaram num honroso 8º lugar na classificação geral, um testamento da longevidade da 250 LM. Mais ainda, em Janeiro de 1970, a NART inscreveu o chassi 5893 nas 24 Horas de Daytona, pilotada por Luigi Chinetti Jr., e Greg Young correndo com o icônico nº 21, classificando-se em 44º lugar no grid e conquistando o 7º lugar na geral. Sete anos depois da sua primeira corrida, a 250 LM correu contra adversários muito mais avançados tecnologicamente, equipados com motores maiores e mais potentes, escrevendo seu nome entre os maiores carros de corrida, e se aposentando com todas as honras possíveis de um grande vitorioso.

A Ferrari 250 LM nas 24 Horas de Daytona, em 1970

Esse modelo é representativo porque foi a última vitória da Ferrari nas 24 Horas de Le Mans, até a edição de 2023, quando James Calado, Antonio Giovinazzi e Alessandro Pier Guidi levaram a Ferrari 499P nº 51 ao primeiro lugar, repetindo a dose com Antonio Fuoco, Miguel Molina e Nicklas Nielsen com outra 499P em 2024. Outros dados apontam a 250 LM como um dos seis modelos Ferrari que correu três vezes em Le Mans, e também o único exemplar que competiu em seis corridas de 24 horas, debaixo da gestão de “Il Commendatore” (1947-1988); o primeiro Ferrari de corrida com motor V12 na traseira, o primeiro Ferrari privado a chegar à frente dos carros de fábrica em Le Mans, um verdadeiro guerreiro de resistência com um registro memorável de sucesso.



Depois que se aposentou, em abril de 1970, o chassi 5893 foi vendido para o Indianapolis Motor Speedway Museum, desde então, mantido como uma jóia da coleção, eventualmente exibido em importantes eventos, exposições e concursos de elegância para carros antigos.

O exemplar é muito bem conservado, junto com extensa documentação histórica, estando equipado com o motor e transmissão original com que venceu em Le Mans em 1965. Entre os documentos do carro, estão os comprovantes de pesagem das inscrições em Le Mans, dos anos de 1965, 1968 e 1969.

Da minha coleção




A Ferrari 250 LM da Hot Wheels reproduz o chassi 5893GT, do carro vencedor das 24 Horas de Le Mans de 1965, mas este exemplar é na cor amarela. Ela é da mesma série de lançamento, em 2007, mas a Mattel produziu cinco variações dela (com os mesmos decais) na Série 2007 New Models: a vermelha, na cor oficial do carro que venceu em 1965, duas versões da amarela (um com base cromada e outra com base preta), e duas na cor azul clara com rodas diferentes.




Além destas, esta modelo só teve reedições em duas versões em 2008 e uma em 2009, porque a Mattel não teve mais licença para continuar reproduzindo as miniaturas da Ferrari; inclusive, é o último casting feito por Mark Jones, designer da Mattel.

Referências:

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Ferrari_250_LM

https://en.wikipedia.org/wiki/1965_24_Hours_of_Le_Mans

ferrari-250-lm-won-1965-24-hours-le-mans-meet-our-concours-field | News | Classic Motorsports

https://rossoautomobili.com/blogs/magazine/ferrari-250-lm-the-last-prancing-horse-to-win-le-mans

https://rmsothebys.com/auctions/pa25/lots/r0008-1964-ferrari-250-lm-by-scaglietti/

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