Bill Mitchell, nomeado chefe de Design e Estilo da GM, era
prolífico em criar e produzir carros conceitos, e apaixonado por carros esporte, junto com Zora Arkus-Duntov, contribuiu muito para a consolidação do Corvette como um verdadeiro carro
esportivo americano.
Entre os vários protótipos que criou estavam o Corvette
SR-2, o Stingray Racer, os Mako Shark I e II e o Manta Ray. Vale a pena
conhecer um pouco sobre estes três últimos, porque foram modificados em suas
configurações, até porque eram “estudos de estilo”, o Mako Shark I (1961) foi renomeado
assim depois que surgiu o Mako Shark II (1965), e este foi transformado no
Manta Ray em 1969.
1961 Mako Shark Corvette
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O XP-755 depois das alterações no teto de dupla bolha. |
O show-car Chevrolet
Corvette Mako Shark (XP-755 Shark, 1961) foi desenhado por Larry Shinoda, sob a
direção do Chefe de Design Bill Mitchell como um conceito para o futuro dos
Corvettes.
Conta-se que Mitchell
havia empalhado o tubarão Mako que pescara na costa da Florida, e o instalou no
seu escritório, servindo de inspiração para a criação do Mako Shark. Ele
ordenou à equipe que seguisse o padrão de cor do tubarão, um tom de azul nas
laterais e topo do corpo, passando num degradê para o branco da parte inferior
do peixe. Depois de inúmeras tentativas de reproduzir as cores do tubarão no
protótipo XP-755, sempre recusadas por Mitchell, alguém teve a brilhante idéia
de pintar o tubarão na cor que estavam usando no carro; então numa noite,
removeram o troféu do escritório de Mitchell, pintaram-no conforme o protótipo
e o reinstalaram de manhã no lugar em que estava. Mitchell nunca notou a
diferença e até elogiou a equipe por ter conseguido duplicar o tom exato que a
natureza havia dado ao tubarão.
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O Mako Shark com o teto bolha e as seis lanternas traseiras. |
De
acordo com o nome, o fluxo do design, o nariz pontudo e outros detalhes foram inspirados
no elegante e rápido tubarão Mako. A traseira do Corvette de 1961 já trazia as
linhas do Q-Corvette, mas no Mako Shark foram instalados mais duas lanternas
adicionais (seis no total) para este carro-conceito; e foi claramente inspirado
no Stingray Racer XP-87 de 1959, e ambos contribuíram para o estilo esguio do
Corvette 1963, com os ressaltos sobre os paralamas dianteiros no modelo de
produção.
Como um conceito,
entretanto, o design do Mako Shark era dramaticamente diferente do Corvette, com
as seis lanternas traseiras ao invés da quatro, além do longo capô que
terminava numa frente que lembrava o aspecto do nariz de um tubarão, e o
exclusivo teto de lexan com um periscópio para a visão posterior.
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Mako Shark I - Interior |
Bill Mitchell estava muito entusiasmado com o duplo teto-bolha feito em lexan,
os escapes laterais e o periscópio no teto como retrovisor. Alguns da equipe
argumentavam contra o teto que era transparente, mas Mitchell insistiu em
mantê-lo. Tecnicamente, era avançado, pois recebeu um revestimento de alumínio
vaporizado internamente, para reduzir o aquecimento pelo sol. O Carro foi apresentado
no 6º International Automobile Show, no Coliseum de Nova York.
O acabamento do Mako
era uma pintura com um azul iridescente na parte superior do carro, ao passo
que a parte inferior passava num degradeé para o branco, lembrando a combinação
de cor do tubarão que Mitchell havia pescado.
Vários motores foram
testados no Mako, incluindo um super-comprimido com quatro carburadores
laterais, um com injeção de combustível e outro V8 com dois Carburadores
quádruplos. O motor com que está equipado atualmente é um de produção de 1969,
um V8 Big-Block com 427 cid da versão ZL-1. O bloco é todo em alumínio, assim
como os cabeçotes e os condutos de alimentação. Está equipado com um carburador
quádruplo simples e produz cerca de 425 hp.
Segundo informações de
Mark Jordan, filho do designer da GM Charles M.Jordan, o Mako Shark foi
construído sobre o XP-700, justificando o desaparecimento deste protótipo. Ele
tinha um chassi levemente modificado do Corvette de produção, e as rodas eram de
magnésio fundido. Em maio de 1954, Bill Mitchell foi nomeado Diretor de Estilo.
Ele estava Nessa função quando foi selecionado para chefiar a Equipe de Design
após a aposentadoria de Harley Earl em 1958. Como vice-Presidente de Design,
Mitchell forjou uma identidade que era somente sua. Ao passo que Earl gostava
que seus carros fossem recobertos de cromados, Mitchell preferia linhas como se
fossem lâminas afiadas. Entre os destaques do time de design de Mitchell estavam
o Buick Riviera e o Corvette Sting Ray, ambos de 1963; e Mitchell gostava de
construir os “carros de sonho”, protótipos e estudos de estilo para futuros
carros de rua da GM. Muitos deles eram carros de produção muito modificados, ou
veículos com foco em design e performance. O XP-755 Mako Shark, depois
renomeado Mako Shark I, o Corvette Aero Coupe são exemplos da visão do que
Mitchell imaginava.
O Mako Shark foi um
tremendo sucesso no circuito das exposições da época. Na verdade, hoje todos
notam as similaridades do design assemelhado ao do Corvette de 1963. Muitos dos
elementos de design do Mako Shark foram efetivamente aplicados do Corvette de ’63;
mas ele não era o único “peixe” deste tipo na General Motors.
Como curiosidade, o XP-755
Mako Shark foi usado no seriado “Rota 66”, que foi ao ar em outubro de 1961. A
GM fornecia a maioria dos veículos que eram utilizados na série. Os personagens
Buzz e Tod conduziam um Corvette 1962 conversível, e neste episódio em
particular, outro personagem, Prudie Adams dirigia o bem exótico XP-755 Mako
Shark, com seu teto bolha e os escapes laterais.
Corvette Mako
Shark II
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Bill Mitchel junto ao Mako Shar II |
Este carro-conceito
reinvidica a fama de ter influenciado no design totalmente novo do Corvette
para 1968. O Mako Shark II (XP-830) estreou como um Show-Car no New York Auto Show
em janeiro de 1965, embora não divulgado, era a projeção do design para o
Corvette de 1968.
A Chevrolet construiu
dois deles, mas apenas um era funcional. O modelo estático, que foi exibido no
New York Auto Show ostentava interessantes e futurísticos detalhes, tais como
os escapes laterais de seção quadrada, assim como o volante trazia esta forma,
ficando parecido com um manche de avião. Enquanto o modelo funcional não
tivesse estes detalhes, ainda assim vinha com um spoiler traseiro retrátil, e para-choques
emborrachados de seção quadrada que poderiam ser estendidos para maior proteção,
como no Aston Martin de James Bond.
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O interior do modelo estático |
Este exemplar foi apresentado no Salão de
Paris, em outubro de 1965. O Mako Shark II era movido por um motor V8 de 427
cid Mark IV, inicialmente preparado para a Serie Can-Am, posteriormente foi disponibilizado para os Corvettes de linha. Esse motor produzia 524 hp e 550 lb.-ft de
torque. O padrão de pintura continuou com a tradição do primeiro Mako Shark, que passou
a ser denominado “Mako Shark I”, com
o azul iridescente na parte superior e um prata/branco na parte inferior do
modelo.
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A traseira com as persianas do vidro e as seis lanternas traseiras |
O caimento do teto
fastback remetia ao visual que ficou conhecido como “boat-tail”, pois lembrava
o formato de canoas; e tinha persianas cobrindo a vigia traseira. Para facilitar
o acesso, o teto sobre a cabine se abria para trás, e o banco não se movia, para
ajustar a posição do motorista, o volante era ajustável em altura e profundidade,
e o conjunto dos pedais também se moviam para a posição desejada. O interior já
era bem diferente do modelo estático, com um volante convencional e um painel mais
limpo do que os inúmeros mostradores que avançavam até o lado do passageiro no
modelo estático.
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As escotilhas para acesso no capô dianteiro |
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O interior do modelo funcional, com design mais "clean". |
Vale a pena citar as
aberturas como escotilhas no capô dianteiro, para acessar rapidamente a mecânica
sem ter de abrir o capô totalmente, no estilo Flip-Nose, que apareceu efetivamente
no Corvette de quarta geração. Anos depois, elas também apareceram no Datsun
240Z. Vale destacar os flaps sobre os paralamas traseiros que se erguiam nas
frenagens de emergência, aumentando a resistência aerodinâmica e contribuindo
para reduzir os espaços de frenagem. A parte interna destes flaps tinham
espelhos, que refletiam as luzes de freio dentro dos nichos.
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Abertura do capô (flip-nose) e o teto que se abria. |
Apesar do nariz baixo
e da traseira alta, o protótipo tinha a tendência de ficar com a frente leve em
velocidade, deixando “nervosos” até mesmo os pilotos mais experientes que
andaram com ele. O pilotos também reclamavam da falta de visibilidade traseira
e a altura dos ressaltos nos paralamas dianteiros também incomodavam os que o
testavam.
Manta Ray
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O Manta Ray, com a frente modificada, mas os faróis ainda não tinham sido alterados |
Em 1969 o Mako Shark
retornou aos estúdios da GM e foi transformado no Manta Ray. As modificações
incluíam um spoiler dianteiro e uma grade redesenhados, e os escapes voltaram a
ser posicionados na lateral do carro. Os faróis receberam uma cobertura de plexiglass
e tinham três unidades halógenas em cada bancada. Foram feitas modificações na
traseira, que foi alongada, eliminando as persianas e instalando uma vigia, mas
mesmo assim não melhorou muito a visibilidade. Os pneus Firestone foram
trocados pelos Goodyear. Foram mantidos os flaps aerodinâmicos sobre os
paralamas traseiros.
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O interior futurista do Manta Ray |
O Manta Ray tinha
outros elementos avançados para a época: o painel vinha equipado com dois instrumentos
digitais, que apareceram nos modelos de rua somente nos anos 1980; havia alto-falantes
nos encostos de cabeça do motorista e do passageiro. Todos os botões e
alavancas do painel ficavam em recessos, para evitar ferimentos nos passageiros
em caso de acidente. Também era equipado com um rudimentar Sistema de
auto-diagnóstico: quando uma das lâmpadas halógenas queimava, o motorista
recebia um alerta sobre isso no painel.
Foi instalado um novo
motor, o V8 “Big-Block” ZL-1 de 427 cid (7,0 litros), que produzia 430 hp. Hoje, tanto o Mako
Shark I como o Manta Ray fazem parte do GM Heritage Center Collection.
DA MINHA COLEÇÃO
O Mako Shark I na
escala 1:18 é da Motormax, que reproduz o protótipo depois das modificações,
eliminando o teto de dupla bolha e o periscópio. Ele traz a pintura controversa
do azul iridescente e branco degradê. O interior é bem detalhado, com o volante
e o painel de instrumentos fiéis aos originais. As portas se abrem e o volante
esterça as rodas dianteiras.
Estão lá as seis lanternas traseiras, e os escapes laterais saindo logo após as caixas das rodas dianteiras, simulando as guelras do tubarão.
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O Manta Ray da AutoArt. |
O Manta Ray da
AutoArt, também em 1:18 reproduz com o tradicional detalhismo os vários
aspectos que o Manta Ray original apresenta. O acabamento da pintura brilhante nos
tons azul e branco estão lá, as rodas com as porcas
knock-off, os faróis
halógenos dentro de seus recessos no nariz do carro. As aberturas do capô tem
grades em
photo-etched, o emblemas e logotipos, as escotilhas no capô dianteiro
e os painéis de freio aerodinâmico nos paralamas traseiros. O interior bem caprichado,
com o volante e o painel de instrumentos e seus mostradores, o console com a
alavanca de câmbio, os bancos simulando couro e seus cintos, além do extintor
de incêndio entre os bancos estão ali.
O compartimento do motor
se abre para a frente (flip-nose) exibindo o V8 ZL-1 com vários cabos e
mangueiras, os cabeçotes e a caixa e filtro de ar cromadas, bem como detalhes
dos braços superiores da suspensão dianteira.
REFERÊNCIAS
https://www.hemmings.com/stories/2014/03/06/cars-of-futures-past-1965-corvette-mako-shark-ii
http://en.wikipedia.org/wiki/Mako_Shark_%28concept_car%29
https://www.corvettes.nl/gm_prototypes/xp755/index.html
https://en.wikipedia.org/wiki/Mako_Shark_%28concept_car%29
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=20027353
https://www.corvettes.nl/gm_prototypes/manta_ray/index.html
https://www.musclecardefinition.com/ultra-rare-1969-chevrolet-corvette-manta-ray-mako-shark-ii-in-motion/