sábado, 31 de dezembro de 2016

Carros e Filmes - Mustang 390 em "Bullit"

O Mustang fastback 1968, na cor Dark Highland Green, era movido por um V8 Big Block de 390 cid (cubic inch displacement, ou deslocamento em polegadas cúbicas). As modificações necessárias para o filme foram feitas por Max Balchowsky, um amigo de McQueen em 5 semanas de trabalho. Retratando um carro dirigido por um policial, o Mustang teve seus emblemas removidos, inclusive o “cavalinho” na grade frontal, e os faróis de neblina.
Dois veículos foram preparados, e de acordo com McQueen, um deles praticamente se desintegrou durante os saltos nas ladeiras de São Francisco, apesar das molas reforçadas e amortecedores Koni na suspensão, e as barras de amarração extra no subchassi. Eles tinham números de chassi sequenciais: 8R02S125558 e 8R02S125559, e o de final 8 foi usado para as tomadas de ação, ao passo que o outro ficou para as tomadas internas, fotos e promoção do filme, e foi o que sobreviveu para contar a história. Balchowsky colocou um comando de válvulas de competição, usinou os cabeçotes aumentando a taxa de compressão, modificou o sistema de ignição para alto desempenho e os carburadores foram retrabalhados. As rodas eram as Torq Thrust, da American Racing, calçadas com pneus BF Goodrich Radiais. O detalhismo de McQueen o levou a instalar um volante Secura e refazer todos os bancos em couro preto com o tapeceiro Tony Nancy.
Em 1968, o auge da guerra de potência entre os muscle-cars levou a Ford a oferecer o novo motor V8 de 390 cid no lugar do small block de 289 cid (4,7 litros) e 315 hp. O novo motor exigiu diversas alterações na plataforma do Mustang, para acomodar o motor maior, aumentando a largura do carro em 6,5 cm e as bitolas em duas polegadas, de modo que a carroçaria rolava menos. O Mustang ganhou em estabilidade e o desempenho em curvas ficou muito melhor.
O motor V8 390 cid (correspondendo a 6.388 cc) tinha 325 hp, com um câmbio manual de quatro marchas, e os carros foram emprestados pela Ford Motor Company, para a Warner Bros, como parte de um acordo promocional. Tanto o motor, freios e suspensões foram profundamente modificados, para suportar os saltos nas colinas de San Francisco, que a produção imaginava que as filmagens exigiriam dos veículos. Inicialmente, a Ford cedeu dois Galaxies, para usarem nas cenas com o Mustang, mas com poucos testes, os produtores perceberam que eles eram muito pesados para fazer os saltos. Eles foram substituídos por dois Dodge Charger 1968, um azul (não R/T) e outro amarelo, equipado com o V8 Magnum 440 cid de 375 hp, cujos motores foram deixados como originais, mas as suspensões receberam vários ajustes para as performances dos dublês.
O planejamento das sequências indicava um máximo de 75-80 mph (121-129 km/h) para as velocidades dos veículos, mas em alguns momentos, chegou-se a 110 mph (180 km/h). Em muitas tomadas, usou-se o ponto de vista dos pilotos para os enquadramentos de cena, para dar aos espectadores a real sensação da perseguição.
As filmagens levaram três semanas, resultando em 9 minutos e 42 segundos de perseguição. Com as habituais refilmagens, há problemas com a continuidade: a lateral do passageiro do Mustang mostra danos bem antes dos choques que os causaram. O Dodge perde oito calotas nas ruas de São Francisco, e ainda assim, numa cena da estrada, ele aparece com a calota na roda traseira.
As tomadas de uma mesma cena em vários angulos, após a edição, dão a impressão que os carros percorrem diversas ruas, mas um Volkswagen acaba se sobrepondo em duas delas, assim como um Pontiac Firebird branco 1968, um Cadillac e outros carros se repetem nas tomadas. Uma das razões era que diversos carros estacionados nas ruas eram da Warner, para o caso do Mustang ou do Dodge perderem o controle, evitariam ressarcir os danos a muitos proprietários.
Quando McQueen pilota o Mustang, o espelho retrovisor interno reflete seu rosto, mas quando o dublê de McQueen, Loren Janes pilota, o espelho está virado para baixo.
Um dos dois Mustangs usados nas gravações acabou destruído após as cenas, mas o outro estava praticamente inteiro; e ambos foram vendidos a um funcionário da Warner Bros, Robert M. Ross. Quando o editor do site Mustang360º (www.mustangandfords.com) o contactou, depois de localizar o carro remanescente, Ross concordou em prestar algumas informações, pois estava firmemente disposto a não falar nada, devido às anteriores tentativas de outros jornalistas não resultarem em matérias fidedignas sobre o carro.
Robert sugeriu que falasse com Bill Norton, que era dono de uma loja de carros em North Hollywood, e que havia dirigido o Mustang algumas vezes. Bill disse que o carro não estava tão danificado como o outro que fez os saltos. “Era muito divertido de pilotar. Muito potente e arisco, também era muito barulhento, porque haviam removido todo o material de isolamento acústico. O pessoal do filme deve ter feito isso para gravar diretamente de dentro do carro as acelerações que ouvimos no filme”.
Bill ainda conta que Robert ficou com o carro por um ano ou mais, e depois o colocou à venda na Hemmings Motor News. “Ele foi vendido para um policial do leste, e foi enviado por trem, pois era mais barato do que transportar de caminhão”. Os faróis de neblina estavam numa caixa de papelão quando Robert comprou os carros, mas eles acabaram não indo para o novo dono.
Ninguém sabe o nome do segundo dono. Robert não forneceu o dado, e Bill não conseguiu lembrar o nome dele, nem tinha nenhum registro disso em  outras entrevistas que dera. Sabiam apenas que ele era da Costa Leste, e o palpite era que ele ficou com o carro por cerca de dois anos, após o que o atual proprietário o viu em um anúncio num jornal.
Em 1972 o carro foi adquirido pelo seu proprietário atual, com a condição de permanecer anônimo. Na época, ele tinha 24 anos de idade e fez o negócio de sua vida, ao pagar um “preço incrivelmente baixo” pelo Mustang Bullit. Hoje um empresário bem sucedido, não tem intenção de vender o carro, mas o editor do site conseguiu convencê-lo a dar informações sob a condição de manter o seu anonimato.
Ele forneceu diversos documentos, incluindo o cartão do primeiro proprietário (em nome de Robert Ross em 14 de dezembro de 1968) e o registrado em seu nome em 7 de março de 1978. Eles contém o VIN 8R02S12559, que corresponde ao número da documentação da Warner Bros, confirmando que este e um outro identico foram os carros enviados para o sul da California para as filmagens de Bullit.
Ele não fez nenhuma alteração no carro, a não ser trocar a alavanca de câmbio e o volante na época em que o comprou. Em uma ocasião em que ele dirigia o carro em uma tempestade, perdeu o controle e rodou com o veículo, danificando-o levemente. O carro tinha 40.000 milhas no hodômetro, e o compartimento do motor, o interior e a pintura estão como no original.
O próprio McQueen fez uma tentativa frustrada de compra em 1977, mas apesar de lisonjeado com a oferta, o dono não cogita em se desfazer do carro.
Em 1997, o editor do site Mustang360º conheceu Chad McQueen, filho de Steve, e este ficou muito interessado ao saber que o Mustang ainda existia. Chad ficou entusiasmado para fazer algo com o carro, e junto com o editor, tentou adquirir o carro, mas sem sucesso.
Um ano mais tarde, o Museu Automotivo de Petersen, em Los Angeles, planejou uma mostra comemorativa dos 30 anos de Bullit, com vários itens de memorabilia do filme. O contato do Museu até mesmo aventou a possibilidade de Jay Leno, que era membro do conselho, telefonar para o dono do Mustang.
No contato que fizeram, o dono não ficou muito satisfeito com as demandas sobre o carro, que havia sido transferido de lugar por duas vezes em 10 anos. Ele foi levado para a garagem de seu pai em 1990, e depois, foi levado para um haras da família no meio-oeste, onde ficou armazenado num celeiro. Enquanto esteve lá, um empregado da fazenda comentou com um entusiasta de Mustang sobre um fastback verde escondido na fazenda com uma história interessante. As suspeitas de que era o Mustang Bullit foram imediatas, e este fanático conseguiu fazer algumas fotos sem permissão. Assim que o fato vazou para o público, o dono removeu o carro de lá e o trouxe para sua garagem no Sudeste, onde ele recebeu o editor do site nesta ocasião. Ele agradeceu por manter sua identidade em segredo, e mais uma vez reforçou sua intenção de não considerar qualquer oferta para vender ou mesmo exibir o carro. O Museu acabou realizando sua mostra exibindo uma réplica do Mustang, de propriedade de Dave Kunz.
Em 2000, em novo contato do editor com o proprietário, este relatou que ele não era o único a saber da existência do Mustang. Os produtores do filme “As Panteras” o localizaram e queriam que a atriz Drew Barrymore tivesse sua personagem dirigindo o Mustang. Fizeram várias tentativas para convencê-lo a ceder o carro, enviando presentes e aumentando substancialmente a oferta em dinheiro; além de uma viagem a Hollywood, e até um jantar com Drew Barrymore. Porém, como sua privacidade é muito prezada, ele teve de ameaçar os produtores com um processo caso não deixassem de incomodá-lo com suas investidas. Ele argumentou que ainda manterá o carro em segredo, pois seu filho quer dirigí-lo, assim que puder tirar a licença de motorista.
No entanto, ele considera que num futuro próximo, ele poderá exibir o carro ao público, se e quando um museu oficial do Mustang for organizado. “Caso contrário” diz ele, “é ficar na minha garagem”.

Sobre o outro exemplar do Mustang, que ficou danificado, surgiu uma notícia no forum Vintage Mustang de que ele havia sido levado ao Mexico e ficado lá desde o final das filmagens, e que seu proprietário tinha intenções de transformá-lo numa réplica do Mustang GT 500 Eleanor. Fede Garza, que tem uma loja de distribuição de parafusos, teve acesso ao dono da oficina que iria transformar o Mustang, e o mesmo forneceu o número do chassi e a documentação que comprova a origem do carro.

Garza, então, decidiu olhar o carro por conta própria e ficou surpreso ao constatar que o número de chassi batia com o do Mustang usado no filme. Ele também encontrou os reforços estruturais nas torres dos amortecedores, alguns buracos onde provavelmente foram instalados equipamentos de filmagem e um diferencial Ford de 9”, outra modificação realizada nos carros do filme.
Além disso, o carro tem várias avarias, como o assoalho amassado e uma das longarinas trincadas, comprovando que foi bastante judiado.
Alguns participantes do fórum ficaram bastante entusiasmados com a possibilidade do carro ser o outro exemplar do Mustang Bullit, usado por McQueen, mas outros expressaram ceticismo, argumentando que pode-se muito bem forjar um número de chassi. De todo modo, aparentemente o dono desistiu de transformar o carro num clone do GT 500 Eleanor, e em vez disso, vai restaurá-lo para recuperar a forma que tinha quando as gravações de Bullit foram feitas.
Historicamente, isso pode ser um erro, pois veículos como este podem ter o seu valor aumentado no estado em que se encontram, pois trazem as marcas como cicatrizes de guerra, feitas por Steve McQueen ao pilotar o Mustang nas ruas de São Francisco.
Em 2018, a Ford deve apresentar uma edição do Mustang Bullit em comemoração aos 50 anos do lançamento do filme, no North American International Auto Show em Detroit, e no momento, estão sendo feitos preparativos para exibir o Mustang original que foi pilotado por Steve McQueen nas gravações de 1968. Depois de vários anos em que se proprietário permaneceu no anonimato, revelou-se que o carro pertence a Sean Kiernan, cujo pai Robert Kiernan Jr. o havia comprado em 1974 por míseros 6.000 dolares.

Ele mantém sua intenção de não se desfazer do Mustang, apesar de algumas estimativas o avaliarem em quatro milhões de dolares, quantia que os especialistas consideram que seria facilmente atingida caso fosse a leilão.
DODGE CHARGER – COADJUVANTE DE PESO
Derivado da plataforma do Coronet, o Charger foi uma resposta da Chrysler para ter um competidor à altura do Mustang da Ford. Com design elaborado por Carl “CAM” Cameron, que definiu o perfil da capota em fastback e os faróis escamoteáveis, o Charger começou a conquistar seu espaço no mercado.
Em 1967, o motor 440 cid “Magnum” (7.210 cc) foi agregado ao 361 que substituiu o 383 cid. Ele produzia 375 hp e era alimentado por um carburador quádruplo. Vinha com um câmbio Torqueflite de três marchas automático. Fazia de 0-60 mph em 5.2 segundos, atingia 136 mph (218 km/h). O comentário dos pilotos sobre o Dodge era “brutalmente rápido, com manejo inadequado”.
Em 1968 Richard Sias realizou uma reestilização que ficou conhecida como perfil “Coke Bottle” devido às curvas dos para-lamas traseiros. A frente e traseira foram idealizadas por Harvey J. Winn, com as lanternas duplas que identificam o ano-modelo.
Os motores eram o V8 318 cid (5,2 litros); o 383 que voltava à linha e um novo pacote de alta performance R/T (“Road/Track” sem o “and” entre as palavras) era de série para o motor 440 cid e opcional para o 426 cid. Bill Hickman trocou os pneus, colocando mais estreitos, para reduzir a estabilidade do Dodge, de modo ao Mustang poder acompanhá-lo mais facilmente; mas mesmo assim, em alguns momentos, tinha de aliviar o pé para não se distanciar demais do Mustang de McQueen.
Estes modelos foram os selecionados pela produção para as filmagens, e diversos reforços nas suspensões foram feitos para suportar os saltos e melhorar a performance em alta velocidade.
Mike (Phil Genge) e Phil (Bill Hickman) no Charger R/T

Pilotado por Bill Hickman nas ruas de São Francisco, fazendo o papel de um dos gangsters que começam a seguir o Mustang de Frank Bullit, passam de repente de caçadores para caça, e tem de acelerar forte para escapar do Mustang que insiste em permanecer no seu retrovisor. Indo para a estrada, os bandidos perdem o controle e acabam numa explosão quando se chocam com o posto de combustível à beira da rodovia.
O Dodge Charger remanescente das filmagens também foi utilizado como Camera-Car, em algumas tomadas, originalmente era amarelo, sendo pintado de preto pela produção. Foi vendido de volta para a Glendale Dodge, concessionária onde havia sido comprado; repintado de amarelo e depois recebeu outra pintura, em dourado, ao ser vendido na California em 1970. Bill Hickman (o dublê que pilotou o Charger), que participou na compra dos carros para a produção, relatou que adquiriram um azul e outro amarelo (este era R/T, VIN XS29L8B259549), e os dois foram repintados de preto.
Arnold Welch é um aficcionado dos carros MOPAR, e claro, dos carros da Chrysler. Ele havia tentado comprar um Dodge Charger em 1996, mas o dono não quis fazer o negócio. Cinco anos depois (2002), ele soube que havia três Dodge Charger 1968 da California sendo anunciados em Tucson, no Arizona, e foi até lá para ver os carros. Ele encontrou o Dodge amarelo, e argumentou com o vendedor que não era a cor original, e também que as rodas de 10 polegadas não eram originais. Conseguiu fechar o negócio por um preço abaixo do pedido e ao reformar o carro, retirando as forrações do porta-malas, encontrou vários furos que não deveriam estar lá. Encontrou também diversas outras perfurações no piso do passageiro, na soleira das portas e em outras áreas do carro.
Com 62,000 milhas, aparentemente, o vendedor desconhecia a origem do carro, buscando mais informações do veículo, não houve como confirmar sua origem pelo VIN (Vehicle Identification Number) pois a Warner Bros alegou que a documentação sobre o assunto havia sido perdida ou destruída. Os dados referentes ao carro existente são de que sua construção terminou em 15 de janeiro de 1968, sendo que as filmagens de Bullit começaram em abril de 1968; e o carro foi revendido em outubro de 1968.
Arnold restaurou o carro durante os anos seguintes e o levou para exibição no SEMA SHOW em outubro de 2011, como o “Mais conhecido dos Chargers”. Em janeiro de 2013 o carro foi colocado à venda por 1 milhão de dolares, mas não há informações se o carro mudou de dono.



BULLIT – O FILME
Filme de ação dirigido por Peter Yates e produzido por Philip D’Antoni. Estrelado por Steve McQueen, Robert Vaughn e Jacqueline Bisset. O roteiro foi escrito por Alan R. Trustman e Harry Kleiner; baseado no romance Testemunha Muda, de Robert L. Fish (cujo pseudônimo era Robert L. Pike), em 1963. Lalo Schifrin compôs a trilha original, inspirada na pontuação do jazz, marcada para metais e percussão. Robert Duvall faz uma ponta como um motorista de taxi que fornece informações para McQueen.
O filme foi feito pela empresa Solar Productions de McQueen, com seu então parceiro Robert E. Relyea como produtor executivo. Originalmente, os direitos para produção foram comprados pela produtora de televisão de Philip D’Antoni como uma “virada para a aposentadoria” de Spencer Tracy, que fizera vários filmes no papel de policial. O interesse de McQueen trouxe várias mudanças no roteiro, incluindo a adição de cenas de perseguição intensa. O diretor britânico Peter Yates entrou no projeto pois era um ex-piloto que trabalhara como chefe de equipe com Stirling Moss. McQueen era diretamente interessado no filme, e credita-se a ele o poder de persuasão para com a prefeitura de San Francisco para conseguir as licenças para as filmagens de dois carros disparando nas ruas da cidade a 100 milhas por hora.
Lançado pela Warner Bros-Seven Arts em 17 de outubro de 1968, o filme foi um sucesso de crítica e de bilheteria, depois de ganhar o Oscar de Melhor Montagem (para Frank P. Keller) e receber uma nomeação para Melhor Trilha Sonora. Os roteiristas Trustman e Kleiner ganharam o Edgar Award em 1969 promovido pela Mystery Writers of America para Melhor Roteiro de Filme. Bullit é notável pela cena de perseguição de carro pelas ruas de San Francisco, e é considerado um dos mais influentes da história do cinema; sendo incluída na listagem das “Melhores seqüências de edição de todos os tempos”. McQueen praticamente rodou todas as cenas da perseguição, pilotando seu Mustang na cola do Dodge Charger preto, que era pilotado por Bill Hickman, um dos melhores dublês para este tipo de trabalho. Há um relato não confirmado que McQueen capotou três vezes numa das curvas mais difíceis do trajeto, e acabou substituído por dublês nas cenas mais arriscadas, mas boa parte delas foi feita por ele mesmo.
O realismo das cenas foi conseguido com o uso da nova câmera Arriflex, um equipamento leve que deu ao diretor de fotografia William Fraker uma tremenda mobilidade e flexibilidade. As cenas que acompanhavam os carros em disparada eram feitas de um Corvette, que foi adaptado como Camera-Car.
Além do Mustang e do Dodge, Jacqueline Bisset, a namorada de Bullit dirige um Porsche 356B Cabriolet.
SINOPSE
Frank Bullit (Steve McQueen) é tenente da polícia de São Francisco, e junto com mais dois policiais, são designados por Walter Chalmers(Robert Vaughn), um político ambicioso, para proteger Johnny Ross (Pat Renella), uma testemunha que deporá na segunda feira contra sua organização criminosa. Ross é baleado no sábado, sob custódia dos policiais, e levado ao hospital, ainda sofre uma segunda tentativa de assassinato, que é frustrada por Bullit.
Perseguindo os assassinos com seu Mustang verde pelas ruas de São Francisco em alta velocidade, protagoniza uma das melhores sequências de perseguição automobilística do cinema. Ambos vão para a estrada e o Dodge Charger em que estão os criminosos acaba explodindo em um posto de gasolina, matando os seus ocupantes.
A trama se complica quando Ross morre devido aos ferimentos e se descobre que ele ligou para Dorothy Renick (Brandy Carroll) em um hotel na cidade vizinha de San Mateo. Os policiais encontram uma mulher estrangulada no quarto de Dorothy Renick, juntamente com a bagagem, passaportes, folhetos de viagem sobre Roma, e vários milhares de dólares em cheques de viagem feitas em nome de Albert e Dorothy Renick.
Chalmers confronta Bullit, querendo sua cabeça por Ross morrer enquanto estava sob sua custódia, frustrando seus planos de conseguir projeção política em cima da delação de Ross contra sua antiga organização criminosa.
Descobrem que o Ross baleado e agora morto é na verdade Albert Renick, um vendedor de carros usados de Chicago. Bullit conclui que Ross usou Chalmers para que Renick fosse morto em seu lugar, e depois matou a esposa dele para não deixar rastros.
Ross, com os documentos de Renick, tenta embarcar para Roma, mas o avião é interceptado na pista, obrigando Ross a fugir pela pista e dentro do terminal de passageiros numa tensa perseguição de gato-e-rato entre a multidão inocente.
Bullit consegue atirar em Ross, matando-o e deixando Chalmers de mãos vazias.
EM ESCALA
Mustang 390 - AutoAt, ERTL e Greenlight
Há três fabricantes produzindo o Mustang de Frank Bullit na escala 1:18 – a ERTL, a Greenlight e a AutoArt. Num primeiro exame, o modelo da AutoArt parece mais exato. Os espelhos retrovisores são redondos como no carro do filme (o da ERTL e o da Greenlight tem espenhos retangulares), e a parte traseira do retrovisor interno é preta (AutoArt e Greenlight) como no filme (o da ERTL é prateado). 

Mustang 390 - AutoArt
As maçanetas das portas no AutoArt e a fechadura são corretos, ao passo que no ERTL são ligeiramente diferentes; mas na dianteira, o ERTL reproduz corretamente a frente do carro, sem o friso cromado em torno dos faróis (AutoArt e Greenlight tem cromado), e não traz nenhum emblema (ERTL e Greenlight - característica de um carro de policial nos EUA), ao passo que o da AutoArt traz a palavra Mustang no capô traseiro.
Mustang 390 da AutoArt
Em todos os casos, os modelos abrem as portas, capô dianteiro e porta-malas, e as rodas dianteiras esterçam. O da AutoArt é mais detalhado, o compartimento do motor apresenta cabos de velas, mangueiras de água, filtro de ar e carburação detalhados, com decalques de fábrica; freios a disco dianteiros, suspensão detalhada e estepe no porta-malas. A grade dianteira em metal reproduz o padrão do carro do filme, e os frisos que emolduram as janelas são bem acabados, e trazem até os pinos de travas das portas. Os cintos de segurança são feitos de tecido e os terminais de travas são feitos de metal, e o interior é carpetado. Por sua vez, o modelo da Greenlight traz a figura de McQueen ao volante.


O Dodge Charger R/T na escala 1:18 é feito pela Greenlight e AutoWorld, ambos com otimo nível de detalhamento, abrem as portas, capô dianteiro e traseiro. O motor tem cabos de velas e o modelo da Greenlight reproduz o mecanismo de abertura com molas por baixo do capô dianteiro.
Charger R/T da Greenlight





O Mustang 390 da Greenlight na escala 1:64

O Dodge Charger R/T 440, Greenlight 1:64






REFERÊNCIAS



domingo, 25 de dezembro de 2016

O MUSTANG ELEANOR DE “60 SEGUNDOS”

É o único Mustang a receber crédito como personagem de um filme, Gone in 60 seconds, de 1974, refilmado por Jerry Bruckheimer em 2000.
Randal “Memphis” Raines (Nicolas Cage) é o maior ladrão de carros de Los Angeles, mas está aposentado a pedido da mãe, que temia que seu irmão mais novo, Kip, seguisse sua carreira de crimes. De todo modo, Kip (Giovanni Ribisi) acabou se tornando um, e pisou na bola com uma encomenda de 48 carros (no original de 1974 e 50 no remake de 2000) que deveriam ser roubados e entregues por Raymond Calitri (Christopher Eccleston) a um traficante de drogas sul-americano.
Memphis volta para livrar seu irmão e para isso tem de roubar os 50 carros para Calitri. Os carros recebem nomes de mulheres, para despistar a polícia, e Eleanor é o Mustang que ele nunca conseguiu roubar, seu Unicórnio, um ser mitológico que não podia ser capturado.
A produção usou um sketch de Steve Stanford, um famoso ilustrador de Hot Rods, e contratou Chip Foose para torná-lo realidade. A CVS (Cinema Vehicle Services) construiu onze carros (doze segundo algumas fontes), sendo três deles os “hero cars”, aqueles em que o personagem utiliza efetivamente nas filmagens.
Todos os Mustangs são de 1967, com motores de 289 ou 390 cid (cubic inch displacement, polegadas cúbicas de deslocamento, ou cilindrada), mas nenhum era uma real versão do Mustang Shelby alegado no filme.

EM ESCALA
O Mustang GT 500E da Shelby Collectibles, na escala 1:18, é o modelo licenciado pela Touchstone Pictures, e reproduz com grande fidelidade as linhas clássicas do Mustang, com todas as modificações feitas para o filme.
A frente modificada, com os faróis deslocados para o centro e abaixo da grade, e as faixas avançando pelo capô, os apliques na carroceria e as rodas especiais indicam um carro de alto desempenho. A miniatura abre as portas e o capô dianteiro, que ao abrir revela a boa reprodução do motor, com cabos de vela, radiador especial, correias nas polias e as traves de reforço das torres de suspensão, e a bateria. O item discrepante são os cabos de velas, em que as fotos do carro real indicam que são vermelhos, e no modelo são azuis.
Abrindo o porta-malas, encontramos o cilindro de NOS (Nitrous Oxide System) com um desenho um tanto diferente do carro real; passando ao interior do modelo, temos os bancos em couro, os pedais customizados, o volante com aro de madeira e o painel de instrumentos. A alavanca de câmbio original tem o pomo de cambio com um botão vermelho para acionamento do NOS, mas o modelo em escala traz uma alavanca tradicional, sem este detalhe.

Veja a matéria completa em:


Carros e Filmes - Mustang Eleanor

GONE IN 60 SECONDS
Henry Blight “Toby” Halicki começou a trabalhar num posto de gasolina bem jovem, e apaixonado por carros antigos, aos 16 anos já tinha uma pequena coleção deles, e aos 17 anos, abriu sua própria empresa e galgou o sucesso rapidamente, até chegar ao cinema. O amor pelos carros abriu-lhe as portas da indústria cinematográfica, e em 1974, escreveu, produziu, dirigiu e atuou no seu primeiro filme - Gone in 60 seconds - que teve um sucesso relativo, não chegando a ser um “blockbuster” na época.
Depois dele, participou em outras produções, e seu prestígio no setor foi subindo. Assim, em maio de 1989, após se casar com Denice Shakarian, decidiu realizar a sequência de Gone in 60 seconds, onde sua esposa atuaria e seria também a produtora executiva da nova versão. Infelizmente, durante a preparação de uma cena de perseguição para o filme, acabou sofrendo um grave acidente no set de filmagem e faleceu em 20 de agosto de 1989, aos 48 anos de idade.
O tempo passou e a viúva de Halicki, Denice, decidiu fazer uma homenagem ao marido, e assinou um contrato com a Disney e o produtor Jerry Bruckheimer para uma refilmagem de Gone in 60 seconds, em que seria também a produtora executiva.
Desta forma no ano de 2000, surge nas telas a nova versão de Gone in 60 Seconds, dirigida por Dominic Sena, com Nicolas Cage como Memphis, e Angelina Jolie como Sway.
“Eleanor” é o único Mustang a receber crédito como participante de um filme, Gone in 60 Seconds (na versão de 1974), uma versão Sportsroof de 1971 amarelo, repaginado como 1973 para o filme.
Gone in 60 Seconds conta a história de Randall “Memphis” Raines, o maior ladrão de carros em Los Angeles (“Eu não fazia isso por dinheiro, eu o fazia pelos carros”). Ele se aposentou a pedido de sua mãe, que temia que seu irmão mais novo também seguisse as pegadas de Memphis. De todo modo, Kip (Giovanni Ribisi) acabou se tornando um, e pisou na bola com uma encomenda de 48 carros (no original de 1974 e 50 no remake de 2000) que deveriam ser roubados e entregues por Raymond Calitri (Christopher Eccleston) a um traficante de drogas sul-americano.
Memphis é obrigado a voltar para livrar seu irmão, capturado por Calitri e ameaçado de ser esmagado dentro de um carro no ferro-velho de Calitri. Memphis pode salvá-lo roubando os 50 carros da encomenda que Calitri precisa entregar. Sem opção, tenta contatar seus antigos colegas e formar uma equipe para dar conta do trabalho. Os carros recebem codinomes de mulheres, para despistar a polícia, e Eleanor é o nome do Mustang que Memphis nunca conseguiu roubar.
O remake de 2000, produzido pela Touchstone Pictures e distribuído pela Walt Disney Productions, com o mesmo título, teve o Mustang Shelby GT500 1967 como protagonista. 
Eleanor é a linda e maravilhosa paixão de Memphis, o Unicórnio, um ser mitológico que não podia ser capturado. Qualquer automóvel podia ser roubado por Memphis em 60 segundos, mas com Eleanor era diferente, ele nunca sabia se o final seria feliz. Na preparação para ação, ele conversa com o carro, acertando uma cumplicidade, para que fiquem juntos desta vez; e durante a perseguição, quando o espelho retrovisor se quebra numa manobra imprevista, Eleanor reluta em dar a partida, e Memphis implora a ela que não o deixe na mão, mostrando haver uma paixão entre eles como se um dependesse do outro.
Memphis precisa da ajuda de velhos e novos companheiros para dar conta do recado. Otto Halliwell (Robert Duvall) era o receptador que picotava os carros roubados por Memphis, e agora era um respeitável e talentoso restaurador; Sara “Sway” Wayland (Angelina Jolie), ex-namorada que trabalha numa mecânica e dá duplo expediente como garçonete numa lanchonete para sobreviver; Donny Astricky (Chi McBride), Atley Jackson (Will Patton), The Sphinx (Vinnie Jones), entre outros.
Kip havia formado sua “equipe” com Mirror Man (T.J. Cross), Toby (William Lee Scott), Tumbler (Scott Caan) e Freb (James Duvall). São eles que abrem o filme, ao roubar um Porsche e se envolver num racha de rua em que a polícia os persegue até o galpão onde estão reunindo os carros para Calitri, e são obrigados a abandoná-los, despertando assim a ira de Calitri contra Kip.
Como antagonista, o detetive do departamento de furtos de veículos Roland Castlebeck (Delroy Lindo) fica de olho nos movimentos do grupo, com seu parceiro detetive Drycoff ((Timothy Olyphant) e empreende uma das melhores cenas numa perseguição alucinada a Memphis e Eleanor na área do porto de Los Angeles.
Cage, que é colecionador na vida real, comenta que há uma diferença entre o original de 1974 e a versão de 2000. “O filme de Halicki, foi sim toda a inspiração para a realização deste novo ’60 Segundos’. Porém, Halicki enfocou as perseguições, os automóveis. Há 40 minutos de perseguições no seu filme. Este se foca mais nas relações humanas”
E Jerry Bruckheimer, Produtor do novo filme afirma: “O filme não é apenas sobre carros, mas sim sobre um homem que quer desesperadamente fazer alguma coisa certa na vida e precisa, para isso, voltar a ser aquilo que outrora havia abandonado. É um filme sobre fazer escolhas, tendo maravilhosas máquinas ao redor”.
 Lançado em 2000, Gone in 60 Seconds não é um filme muito antigo, mas pode ser considerado um clássico do cinema, um daqueles filmes que você deve ter na sua coleção, com outros filmes cool, como Pulp Fiction e Kill Bill entre outros.
Conta-se que a produção queria colocar o Ford GT como Eleanor, mas com o orçamento de US$ 90 milhões, uma frota de Ford GT era proibitiva, então voltaram para o Mustang.
“Nós estávamos olhando para um GT500 de 1967. É um carro legal, sem dúvida", continua Jeff Mann, da equipe de produção. “Mas ele se compara com os outros veículos? Temos Ferraris e outros supercarros em cena. Não vai ser a coisa mais quente passando na tela. Foi quando Jerry abriu a nossa mente para uma variação, uma arte feita pelo famoso ilustrador de Hot Rods Steve Stanford sobre o Mustang GT500 1967”.
O sketch de Steven Stanford
Chip Foose foi contratado pela produção para transformar o sketch de Stanford em realidade. Foose instalou um par de faróis PIAA na grade frontal, customizou o capô, as entradas de ar, o spoiler dianteiro, as saias laterais e outras peças em fibra-de-vidro aplicadas ao carro. A grade dianteira veio de uma Chevy Astrovan e calçou as rodas de 17x8 polegadas com os P245/40ZR17 Goodyear Eagle F1.
Ao todo, Foose levou 250 horas de trabalho para deixar o carro pronto para as filmagens, incluindo a gaiola de segurança com tubos internamente para proteção em caso de capotagens. Este exemplar foi levado para a CVS - Cinema Vehicle Services, já tradicional em preparar carros para muitos filmes de Hollywood.
Dependendo da fonte, onze ou doze carros foram construídos pela CVS para o filme (sem incluir um 13º clone adicional com motor 428 cid, polegadas cúbicas  para o produtor Bruckheimer). Nove eram apenas mock-ups (clones visuais, sem a preparação mecânica, para aparentarem ser o principal, visto que os roteiros exigiam que alguns fossem destruídos nas cenas), e três eram veículos realmente funcionais, denominados “hero cars” ou aquele(s) em que o personagem utiliza efetivamente nas filmagens. Relata-se que sete sobreviveram às filmagens e retornaram à Cinema Vehicle Services. De todos os sobreviventes, três exemplares foram ofertados ao público com certificados de originalidade e atestados de participação no filme.
A coluna CVS traz o número que identificam os carros para produção do filme; o VIN (Vehicle Identification Number) é o número que o fabricante registra o carro quando o comercializa no mercado.
CVS
VIN
Histórico do veículo
Não informado
7R02S211287
Vendido em 2009 para Barret-Jackson, de Scottsdale, Arizona, foi a leilão por US$ 216,700
7
7R02C173895
Vendido no leilão da COYS Autosport International (Birmingham, Reino Unido) por £ 95,000. Em 12 de Dezembro de 2014 foi ofertado no leilão da Mecum, de Austin, Texas por US$ 380,000.
9
7R02C179710
Vendido no leilão da Mecum de Indianapolis, em 18 de maio de 2013 por US$ 1,000,000. É o principal carro do filme e que foi usado para as fotos promocionais.

Assegura-se que os três eram os carros funcionais do filme, e são considerados como “hero cars”. E que dois deles foram reconstruídos por danos que sofreram durante as gravações, ou eram mock-ups que foram completados na sua adaptação conforme os modelos iniciais. Não há notícias dos demais exemplares.
Um quarto exemplar, com o VIN (Vehicle Identification Number) #7F02C229830, foi colocado à venda em Dubai, alegando ser original do filme, porém sua autenticidade não foi comprovada.
Todos os Mustangs são de 1967, apesar de diversos serem equipados com o motor 289 ou 390 cid, nenhum era efetivamente uma versão da Shelby. Muitos exemplares tinham câmbio automático, o que facilitava algumas manobras feitas pelos dublês nas perseguições pelas ruas de Los Angeles.
Dois carros foram destruídos na cena de salto da ponte Vincent Thomas, no final do filme. Um deles decolou para o salto e se destruiu na aterrissagem. Outro caiu sobre uma pilha de caixas para amortecer o impacto. Apesar de danificado, estava em boas condições para ser reparado. Dois outros exemplares foram destruídos no ferro velho de Calitri, ao serem prensados para reciclagem.
O Mustang Eleanor pilotado por Nicolas Cage não apenas parecia ser rápido, como o é realmente. Sua ficha técnica indica que é equipado com um Ford V8 de 351 cid, de 400 hp e cambio de quatro marchas manual e um diferencial Positraction, com um comando de válvulas de maior abertura, e um carburador Holley 700 cfm (cubic foot meter – pés cúbicos por minuto) quádruplo. O radiador especial de alumínio era da Fluidyne Racing Products. 
 A Total Control Products rebaixou a suspensão, instalou barras de amarração nas torres dos amortecedores, colocou discos Willwood nas quatro rodas, com seis pistões na dianteira e quatro pistões na traseira. As rodas eram estilo Hallibrand, Schmidt 8x17”, com pneus Goodyear F1. A CVS instalou um Body-kit com para-lamas alargados, saias laterais, capô dianteiro com presilhas e traseiro customizados, escapes laterais e o bocal de abastecimento do Mach-1 na coluna traseira. Era equipado com NOS (Nitrous Oxide System), mas não funcional na prática.
As saídas de escapamento laterais não eram funcionais, e algumas cenas mostram as acelerações com a fumaça sendo expelida na traseira do carro; no entanto, a CVS acabou instalando o equipamento nos carros após as filmagens terem terminado.
O interior recebeu o volante da Lecarra, e o painel foi composto por instrumentos da Auto Meter Sport Comp, além do ar condicionado. A pintura foi feita com a cor Pepper Grey da Dupont. A placa do carro era da California, LYN 274.

LEILÃO
O famoso Ford Mustang "Eleanor" que participou a refilmagem de "60 Segundos", no ano 2000, foi leiloado em 18 de maio de 2013 pela Dana Mecum 26th Original Spring Classic Auction em Indianapolis, alcançando o valor de US$ 1 milhão.
Este era o exemplar pilotado por Nicolas Cage na maior parte das filmagens nas perseguições por Los Angeles. O carro é acompanhado por um certificado de autenticidade pela CVS - Cinema Vehicle Services, que preparou todos os carros da produção; e adicionalmente tem uma placa com o VIN – Vehicle Identification Number – código da montadora para registrar o carro quando o coloca no mercado.
Em dezembro de 2014, o proprietário tentou vende-lo também pela Mecum Auction, porém não foi bem sucedido. Comentou-se que ou os compradores não se conscientizaram do real valor do carro (visto que os outros exemplares não atingiram cifra tão elevada), ou o valor pedido estava obscenamente elevado. Não foi desta vez que o icônico veículo mudou de mãos.

O MUSTANG SHELBY GT 500 REAL
Carol Shelby se tornara um construtor porque queria fazer um novo tipo de carro esporte. “Eu não iria muito longe como piloto devido aos problemas com meu coração”, disse ele, “então comecei a fazer planos para construir o meu próprio carro”.
Assim, ele negociou os chassis da Ace inglesa e instalou neles os motores Ford V8, iniciando com o 289 cid, passando para o 350 cid e chegando até os de 427 cid para enfrentar os Corvette da GM. Lee Iacocca, então Gerente de Vendas da Ford, convenceu a montadora a fazer um acordo com Shelby para desenvolver carros de competição, pois Henry Ford queria fazer frente aos Ferrari nas 24 Horas de Le Mans.
Com a ascensão de Iacocca à presidência da Divisão Ford, e o advento do sucesso que o Mustang estava fazendo no mercado, o pedido de Iacocca para que Shelby criasse uma versão esportiva do Mustang foi questão de tempo.
“Eu realmente não queria fazer isso”, confessa Shelby, “porque eu não achava que poderia fazer nada decente com o Mustang”. Começando com o 289 cid que equipava o Cobra roadster, Shelby criou o GT 350, e o passo natural foi elevar a motorização para o 390 cid, e migrar para o motor 427 cid foi um pulo, e nasceria então o GT500.
Em 1965-66, o Mustang havia recebido uma receita que o fazia um verdadeiro carro de pista, equipado com o V8 427 cid (4.23 x 3.78 pol de diâmetro x curso), podia rodar as 500 Milhas de Daytona ou as 24 Horas de Le Mans sem problemas de durabilidade. A Ford, percebendo o interesse dos clientes, pediu que Shelby desse uma “amansada” neles para que motoristas comuns pudessem “pilotar” um Mustang de alto desempenho.
Os motores V8 de 428 cid (4.13 x 3.98 pol de diâmetro x curso, também com 7 litros) apesar de muito parecido com o 427, era um motor de rua, e não de pista. Equipados com dois carburadores quádruplos Holley de 600 cfm (pés cúbicos por minuto, ou 17 m³/min) e outras modificações para obter uma potência conservadora de 360 cv, eram quase 1,000 dolares mais baratos do que o 427. O cambio podia ser um manual de quatro marchas ou automático de três, com uma relação de diferencial variando de 3,5:1 a 4,11:1. Ele fazia de 0-60 mph em 6,2 segundos.
A suspensão era reforçada com molas mais rígidas, freios a disco dianteiros e pneus E70 em rodas de 15 polegadas. Ar condicionado e direção hidráulica eram opcionais, mas o painel vinha equipado com o conta-giros de 8000 rpm e velocímetro de 140 mph (225 km/h), e um arco de proteção acolchoado.
Na parte estética, Shelby equipou o GT 500 com apliques de fibra de vidro, alongando o nariz do carro, instalou tomadas de ar funcionais no capô dianteiro e mais quatro entradas laterais. A traseira tinha um defletor na tampa do porta-malas, as lanternas com os piscas sequenciais foram pirateadas do Mercury Cougar. Faróis de longo alcance foram instalados no centro da grade dianteira, e as faixas duplas “Le Mans” eram opcionais oferecidos pelas concessionárias. Foram fabricadas 2.050 unidades com esta configuração

EM ESCALA
O Mustang Eleanor da Shelby Collectibles na escala 1:18
O Mustang GT 500 Eleanor da Shelby Collectibles, na escala 1:18, é o modelo licenciado pela Touchstone Pictures, e reproduz com grande fidelidade as linhas clássicas do Mustang, com todas as modificações feitas para o filme.
A frente modificada, com os faróis deslocados para o centro e abaixo da grade, e as faixas avançando pelo capô, os apliques na carroceria e as rodas especiais indicam um carro de alto desempenho. A miniatura abre as portas e o capô dianteiro, que ao abrir revela a boa reprodução do motor, com cabos de vela, radiador especial, correias nas polias e as traves de reforço das torres de suspensão, e a bateria.

O item discrepante são os cabos de velas, em que as fotos do carro real indicam que são vermelhos, e no modelo são azuis.
Abrindo o porta-malas, encontramos o cilindro de NOS (Nitrous Oxide System) com um desenho um tanto diferente do carro real; passando ao interior do modelo, temos os bancos em couro, os pedais customizados, o volante com aro de madeira e o painel de instrumentos. 


A alavanca de cambio original tem o pomo de cambio com um botão vermelho para acionamento do NOS, mas o modelo em escala traz uma alavanca tradicional, sem este detalhe.

RÉPLICAS DE ELEANOR

Com o sucesso do filme “60 Segundos”, Carrol Shelby começou a construir réplicas do “Eleanor”, já que o carro do filme foi baseado exatamente num Shelby GT500 de 1967. MaS Denice Halicki, viúva de Henry Halicki, o criador do filme original de 1974, entrou com um processo contra Shelby por infringir os direitos da marca “Eleanor” e de uso da imagem do carro, processo que se arrastou por anos, e vencida por ela em 2008.

A Halicki Films Company, que produziu os filmes, fez um acordo com a Classic Recreations, para licenciar a construção de réplicas do Mustang Eleanor, como aparecem no filme de 2000. Os entusiastas de carros e filmes podem então estacionar em sua garagem um exemplar icônico e exclusivo.


O fato de a Ford ter liberado recentemente a fabricação da carroceria do clássico de 1967 abriu a possibilidade de se ter um exemplar novo, legalizado e licenciado pela Halicki Films. Os clientes podem escolher entre um motor FI de 535 hp, prometendo 172 mph e 4,9 segundos de 0-60 mph, por cerca de US$ 139,900; ou equipá-lo com uma unidade FIS de 770 hp, com modificações na suspensão traseira, por US$ 189,900.

O modelo traz toda a documentação e certificação do licenciamento pela Halicki Films Company, direitos autorais, marcas registradas e comerciais, além do carro trazer os logotipos do filme “Gone in 60 seconds” e “Eleanor”.

A Shelby Estate, entrou com um processo argumentando que “Eleanor” não é um personagem sobre o qual deve incidir direitos de proteção de marca e imagem, e mais recentemente, em 2022, Denice Halicki perdeu o direito de ter exclusividade para “fabricar” réplicas do “Eleanor”.


REFERÊNCIAS: