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O caderno do Professor Porsche |
Ferdinand Porsche
(1875-1951), se formou engenheiro e já em 1898 apresentou seu primeiro projeto,
o Egger-Lohner C2 Phaeton, quando trabalhava na Jacob Lohner. Guardado numa
sala à prova de incêndio, no Museu da Porsche, há um caderno com o primeiro
registro de trabalho do escritório de design do professor Porsche, datado de 21
de Agosto 1930. E no mesmo caderno, o pedido Nº 7 era intitulado “Projeto de um
carro pequeno”. A Wanderer planejava motorizar as massas e necessitava de um
conceito que devia ser econômico e barato de se desenvolver, do que se
considerava um item luxuoso para um “carro do povo”, ou Volks Wagen. Os
primeiros cinco projetos foram iniciados em St. Ulrich, Áustria, com a prancheta
de desenho no quarto de seu filho Ferdinand Porsche, que era conhecido por “Ferry”,
para se diferenciar de seu pai. Em 25 de abril de 1931, abriu sua empresa de consultoria
automotiva - Dr. Ing. h. c. F. Porsche GmBH, Konstruktion und Beratung für Motoren - estabelecendo-se na Kronenstraße 24, em Stuttgart, Alemanha. O local não era muito longe da Estação Central, e 20 pessoas trabalhavam com Porsche, onde desenvolveram projetos de automóveis para a Zundapp e NSU.
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Ferdinand Porsche |
Em 1934, desenhou seu carro mais famoso,
o Volkswagen, sob o égide do governo que queria o “carro do Povo”. Porsche
ainda não tinha intenção de construir seus próprios carros, e seu objetivo era
realizar projetos técnicos para diversos clientes, além de cobrar taxas de
licenciamento e royalties de patentes. A primeira carteira de pedidos ilustra
de forma impressionante como o escritório da Porsche se tornou um foco de
inovação para a indústria automotiva alemã.
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VW: o mais famoso carro projetado por Porsche |
Nos anos 1930, os imbatíveis
Auto Union de Grand Prix fizeram a fama do escritório de Porsche, e o famoso Volkswagen
havia sido apresentado a Hitler, e tinha carta branca para produção. No
entanto, a II Guerra postergou o lançamento do Fusca, mas sua base mecânica foi
aplicada no Kubelwagen, que levava os soldados da infantaria alemã por toda a
Europa e Norte da África; e no Schwimmwagen, que podia andar em qualquer
terreno e até atravessar rios e lagos se necessário.
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Ferry Porsche com três de seus filhos |
Ferdinand teve dois
filhos, Louise e Ferdinand Anton Ernst Porsche (1909-1998), que ficou conhecido
pelo apelido de “Ferry”. Criado no meio dos carros e motores, assumiu a empresa
do pai em 1946; e com muitos projetos bem sucedidos, a Porsche veio a ser
sinônimo de carros esportivos e de corrida.
Devido à Guerra, a
família se refugia em Gmünd, Áustria, onde Ferry cria o 356 (Number 1), o
primeiro carro com o símbolo da Porsche, no ano de 1948 (veja a matéria completa sobre este modelo no link: https://leotogashi.blogspot.com/2022/01/porsche-356-number-1.html).
O Porsche 356 teve 50
unidades produzidas em Gmünd, mas depois que se transferiram para Stuttgart, as
carroçarias eram de aço, ao invés de alumínio. Outros relatos informam 44 unidades produzidas, e na mudança para Stuttgart as 11 inacabadas foram finalizadas por trabalhadores da Tatra Motors e posteriormente enviadas para Stuttgart. O 356 logo ganhou fama entre os aficionados
pelo desempenho e competitividade frente aos modelos da época, e em 1956 chegou
aos 10.000 exemplares comercializados.
Nos anos seguintes, o
modelo recebeu vários aperfeiçoamentos, sendo nomeados com letras após o número
356 (Veja a matéria completa sobre este modelo no link: ………)
Em 1952 surgiu o 550 Spyder,
um roadster com chassi tubular e motor entre eixos, como o Number One, voltado
para as competições. Era equipado com um motor com quatro comandos de válvulas
no cabeçote, ao invés do comando central no bloco do motor. Seu sucesso foi tão
grande que ganhou o apelido de “Giant Killer” (Matador de Gigantes), pois
vencia carros maiores e mais potentes em confrontos diretos, em pistas fechadas
ou nas provas de endurance nas estradas abertas.
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Ferdinand Butzi Porsche |
Ferry também teve um
filho, que batizou de Ferdinand Alexander Porsche (1935-2012), e ganhou o
apelido de “Butzi”, para diferenciá-lo do pai e do avô. A década de 1950 estava
chegando ao final e Ferry delegou a tarefa de projetar um novo modelo para
Butzi: um cupê 2+2 (dois passageiros e um pequeno banco traseiro para mais
dois); mantendo as linhas mestras do 356, mas que fosse uma evolução, e não uma
revolução. Surgiu assim o protótipo 754 em 1960; mas Ferry achava que as linhas
deveriam ser mais suaves, e Butzi reformulou o design, nascendo o 901,
apresentado no Salão de Frankfurt, em 1963.
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Porsche 911 |
O carro de produção
foi mostrado no Salão de Paris, no ano seguinte, mas a Peugeot já tinha o
registro do nome “901”, e Porsche acabou mudando o algarismo para 911. Como o
356 ainda se mantinha em produção, e o 911 acabou precificado com um valor 50%
mais alto, surgiu o 902, que virou 912. Este era o mesmo 911, mas equipado com
o motor 616/36 do 356C, com potência levemente reduzida para 90 hp, com o mesmo
preço do 356C. O 912 vendeu mais de 33.000 exemplares, até que o 911 tivesse se
firmado no mercado, com seu novo design e muito mais performance do que os 356
que o antecederam.
O resto é história, e
bem conhecida por todos.
REFERÊNCIAS:
http://en.wikipedia.org/wiki/Porsche_356
https://pt.wikipedia.org/wiki/Porsche_64
https://en.wikipedia.org/wiki/Porsche_912
https://www.porsche.com/international/aboutporsche/christophorusmagazine/archive/379/articleoverview/article14/
https://press.porsche.com/prod/presse_pag/PressResources.nsf/jumppage/unternehmen-pcna-history?OpenDocument
https://moranosclassicos.blogosfera.uol.com.br/2018/06/15/ferdinand-ferry-e-butzi-entenda-quem-fez-quais-carros-da-porsche/
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