| Porsche 911 Carrera RS 2,7 - 1973 |
O modelo foi apresentado no Salão de Paris de 1972, com o
seu enorme aerofólio traseiro, era o que mais chamava atenção do público, e a
ficha técnica destacava que este era o primeiro Porsche a superar os 200 CV no
motor. Pintado de branco, cor padrão dos carros de corrida alemães, o logotipo
Carrera em toda a extensão na lateral inferior em vermelho combinava com a
pintura das rodas Fuchs.
A sigla RS significava Rennsport em alemão (Esportivo de Corrida), e foi desenvolvida para homologação no Grupo 4 (Classe GT e GTS) da FIA para o Campeonato Mundial de Marcas. Os poderosos 917 estariam fora do regulamento depois de 1973, e as Ferrari Daytona e os De Tomaso Pantera dominavam o Grupo 4. Além disso, a VW anunciou que seus futuros modelos teriam tração dianteira e refrigeração liquida, baseada nos carros da AUDI, reduzindo os investimentos da parceria com a Porsche.
Projetar e construir um novo carro a partir do zero estava
fora de cogitação, assim, Ernst Fuhrmann, Diretor Técnico da Porsche, decidiu trabalhar
com o que tinha em mãos, e propôs criar um 911 capaz de liderar o Grupo 4 da
FIA na Classe de 2500-3000cc. Um dos maiores desafios da engenharia, era tornar
o carro mais controlável nas saídas de traseira nas curvas, devido ao
posicionamento clássico do motor atrás do eixo traseiro.
Partindo do 911S ̶ cujo motor de seis cilindros de 2,4 litros
gerava 190 CV, chegando aos 228 km/h
̶ havia o problema que este bloco
havia sido projetado para ter 2,0 litros, e as paredes entre os cilindros já
estavam no limite para aumento de cilindrada.
Hans Mezger, engenheiro de motores aplicou a tecnologia
que haviam desenvolvido para os 917: revestiram internamento os cilindros com
uma liga de níquel e carbeto de silício, conhecida mais tarde como Nikasil. O
problema era a pouca espessura entre as paredes dos cilindros, impossibilitando
a inserção de uma camisa; então utilizaram uma tecnologia para depositar
eletroliticamente a liga de Nikasil diretamente nas paredes de alumínio do
bloco, criando uma camada de centésimos de milímetro. Isso permitiu o aumento da
cilindrada para 2.687cc, e uma curva de torque mais plana. Equipado com injeção
mecânica Kugelfischer BOSCH, o
motor gerava 210 PS (150 KW ou 210 hp) a 6500 rpm, com 26 m.kgf (188.0 ft lbs) de
torque a 5200 rpm.
Para lidar com esta potência, Norbert Singer, engenheiro que colaborou para o sucesso do 917, testou vários aerofólios na traseira, com o carro no túnel de vento, confirmando que a pressão gerada tornaria o Carrera RS um devorador de curvas.
Outras alterações eram a suspensão revisada e reforçada, um
pequeno spoiler abaixo do para choque dianteiro, o grande spoiler
traseiro, que ganhou o apelido de “ducktail” (rabo de pato), freios com
discos maiores, rodas e paralamas alargados para acomodar os largos pneus de
11” de tala Pirelli Cinturato CN36 185/70VR15 e 215/60VR15. A versão RS Touring
pesava 1.075 kg, e a Sport Lightweight era cerca de 100 kg mais leve, devido às
chapas de aço mais finas da carroçaria, para choques em fibra de vidro; e
vidros também com menos espessura deixaram o carro com apenas 960 kg. Para
aliviar o peso, os bancos eram mais finos e quase não tinham estofamento; não
havia maçaneta interna para abrir a porta, apenas uma tira de couro para puxar
o trinco; todos os instrumentos desnecessários foram removidos do painel, não
havia porta luvas, nem o para sol do passageiro; não havia molas para manter o
capô dianteiro aberto; nem o emblema Porsche no capô dianteiro escapou: foi
trocado por um adesivo.
| Porsche 911 Carrera RS 2.7 Lightweight |
A Porsche precisava produzir 500 exemplares para a homologação do modelo, mas tanto o Departamento de Marketing como o de Vendas sabiam que o carro assim “depenado” não seria um sucesso de público, ainda mais que não atendia à regulamentação dos Estados Unidos, o principal mercado da Porsche.
A solução foi oferecer o “Touring Package” por US$ 893, um
kit com todos os acessórios e revestimentos internos de um carro de rua, assim
como para choques de aço, e não de fibra de vidro. O kit seguia com o carro, e
a revenda instalava tudo antes de entregar o carro para quem desejava o mais
rápido Porsche para rodar nas ruas com os confortos “normais”.
A reação do público na apresentação no Salão de Paris foi
muito boa, começando com 51 pedidos, e antes do fechamento do evento, 500
pedidos foram fechados. O milésimo exemplar do Carrera RS foi terminado em 9 de
abril de 1973, permitindo à Porsche reclassificar o modelo no Grupo 3 GT da
FIA. A Porsche não perdeu tempo e construiu mais 55 exemplares do RSR, com
motor 2808cc somente para competição.
Foram construídos 1.580 exemplares do RS, de novembro de
1972 a julho de 1973. Das 500 unidades construídas para homologação na FIA, 17 receberam
a sigla RS H (de Homologação); 200 unidades foram convertidas para a versão
M471 Lightweight Sports, recebendo acessórios como janelas traseiras
basculantes, carpetes e revestimentos internos, bancos esportivos Recaro e barra estabilizadora de
maior diâmetro. Outras 1308 unidades eram da versão M472, com acabamento um
pouco melhor, similar ao do 911S, com exceção do volante com 38 cm de diâmetro.
A versão M491, exclusiva para as pistas, teve 55 exemplares, ganhando a sigla
RSR, com motores aumentados para 2.808cc gerando 300 PS (220 KW ou 300 hp); com
eliminação de todos os elementos supérfluos para competição, rodas mais largas
ainda e gaiola de proteção interna.
PORSCHE 911 CARRERA RSR 2.8
| Porsche 911 Carrera RS 2.7 e 2.8 |
Baseada na RS H, 55 unidades sem motor e transmissões eram levadas para uma parte separada da fábrica, chamada Werk 1. Ali era feita a preparação do modelo para as equipes privadas de corrida. O coração deste carro era o motor ampliado para 2808cc, com o aumento do diâmetro dos cilindros para 92mm, e a taxa de compressão de 10,3:1.
O cabeçote foi modificado com válvulas maiores e comando
utilizado no Porsche 906. Duas velas por cilindro, borboletas maiores na
admissão, e componentes internos aliviados em peso levaram a potência de 210
para mais de 300 hp a 8000 rpm, com 291,5 Nm/215,0 ft lbs de torque a 6300 rpm.
Atingia 286 km/h (178 mph), fazendo de 0-60 mph em 5,6 segundos; 0-100 mph em
12 segundos.
Outras modificações eram enormes alargadores para cobrir as
ultra largas rodas Fuchs com 11 polegadas na traseira e 9 na dianteira;
abertura para o radiador de óleo; os freios tinham componentes do 917, com
pinças axiais de quatro pistões e discos perfurados e ventilados; a suspensão foi revisada e
rebaixada; e tinha mais opções de ajustes para melhor desempenho.
O alívio de peso era um objetivo perseguido pela Porsche,
e conseguiram reduzir em quase 80 kg comparado à versão Lightweight (839 kg de
peso a seco). Era muito significativo porque o chassi do RSR era mais reforçado
em três áreas-chaves na traseira do modelo, devido às rodas mais largas e à
suspensão modificada para suportar o downforce gerado pelo grande aerofólio.
Internamente, quase não havia revestimentos, apenas
pedaços de feltro e um tapete de borracha; a gaiola de proteção, banco de
competição com cintos de quatro pontos, e um conta-giros que marcava até 10.000
rpm.
| Porsche 911 Carrera RSR 2.8 |
Com tudo isto feito, o RSR se mostrou o mais leve, ágil, rápido e poderoso 911 jamais visto nas corridas de GT. O carro venceu o primeiro Campeonato de Marcas que participou; conseguindo vitórias nas 24 Horas de Daytona, nas 12 Horas de Sebring, na Targa Florio e em seis das nove etapas do Campeonato Europeu de GT.
Em 1974, a Porsche realizou mais alterações no modelo,
especialmente um motor de 3.0 litros, largas rodas com cubo rápido (knock-off)
e aerodinâmica aperfeiçoada. O carro dominou a categoria GT em várias
competições em todo o mundo. Muitos RSR 2,8 foram atualizados com os acessórios
aerodinâmicos do RSR 3.0 litros, buscando competir em igualdade de condições
com esta última versão do 911 para corridas.
| Porsche 911 Carrera RSR 3.0 |
Comparativamente ao RS H, o mais caro Porsche da época, tabelado em US$ 11,785 para venda ao público, o RSR custava US$ 8,940 a mais pelas alterações e maior desempenho. Nada mal para quem comprou um dos 55 exemplares, porque hoje não encontraria um RSR por menos de US$ 1 milhão.
PORSCHE CARRERA 2.7/G e H (1974-1975)
| Porsche Carrera 2.7 MFI |
Esta geração do 911 ainda teve as versões do Carrera 2.7 MFI, mecanicamente similar ao RS de 1973, gerando 210 hp (157 KW) e pesando os mesmos 1075 kg. O modelo também trazia o mesmo aerofólio no capô traseiro (exceto as unidades comercializadas no mercado germânico), e tinha as versões Coupe e Targa.
As versões exportadas para os Estados Unidos tinham o
motor 2.7 com injeção K-Jetronic, que atendia às normas de emissão. A potência
era de 175 cv (130 KW), mais tarde reduzida para 165 cv (123 KW) e 160 cv (119
KW) no estado da California.
PORSCHE CARRERA 3.0 (1976-1977)
Penúltima encarnação desta geração do 911 Carrera RS 2.7
litros apresentada em 1972, utilizava o mesmo motor de 2993cc com bloco de
alumínio do 911 RSR. Gerava 200 cv a 6000 rpm, com 188 ft/lb de torque a 4200
rpm, e era 10% mais leve.
Durante o curto período em que esteve em produção, apenas
3687 exemplares foram construídos: 2564 Coupés e 1123 Targa.
DA MINHA COLEÇÃO
| Porsche 911 Carrera RS 2,7 - 1973 - JOUEF 1:18 |
O Porsche 911 Carrera RS de 1973 é da Jouef, na escala 1:18. O modelo tem um acabamento correto, boa pintura, decalques e emblemas. Faróis e lanternas adequados, limpadores de parabrisas; rodas com pintura combinando com o adesivo “Carrera” na lateral. As portas, capô dianteiro e traseiro se abrem, as rodas esterçam ao virar o volante; reprodução do motor correta, com poucos detalhes, nada que uma customização não o deixe mais atraente, com os cabos, mangueiras e outros acessórios no cofre do motor 2.7 litros.
O interior reproduz bem o painel, instrumentos e volante
da época; console com a alavanca de câmbio, pedais, bancos e cintos de
segurança. O porta-malas dianteiro é simples, e traz o estepe.
| Porsche 911 Carrera RS 1973 - TOMICA 1:61 |
O Porsche 911 Carrera RS 1973 da TOMICA vem na escala 1:61, reproduz o modelo apresentado no Salão de Paris em 1972, na cor branca e o logo “Carrera” em vermelho, combinando com as rodas Fuchs com o miolo em vermelho também. Modelo da Linha Premium da TOMICA, tem um acabamento muito bom para a escala, especialmente quando observamos os faróis e lanternas, moldura do para brisas e janelas, decalques, maçanetas e interior.
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| Porsche 911 Carrera 2,7 - Hot Wheels Mainline 2022 |
O Porsche 911 Carrera RS 2,7 da Hot Wheels é da Série Retro Racers, de 2022, saiu na cor branca como no lançamento do carro real, mas como é um Mainline, a decoração se resume à faixa azul lateral e os logos na traseira. O destaque fica por conta das lanternas dianteiras e traseiras feitas em conjunto com os vidros escurecidos, acabamento que não é usual na linha básica dos Hot Wheels.
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| Majorette 1:56 |
Já o modelo da Majorette, que tem ampliado sua distribuição nos anos recentes, tem um acabamento bem melhor, apesar da escala em 1:56, traz a abertura do motor, mas com elementos bem simplificados. As rodas são mais próximas das originais, e os faróis são elementos integrados à peça dos vidros. Os decalques laterais tem os frisos que avançam para os para-choques e as lanternas dianteiras e traseiras são pintadas no casting. O detalhe do espelho retrovisor somente do lado do motorista reproduz o original, que na época não tinha o retrovisor direito.
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| Majorette, 1:56 |
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| Ela vem com um estojo de metal para guardar a miniatura |
O outro exemplar também é da Majorette, mas reproduz a versão 911 ST 2,3 ou 2,4 litros, com apenas 24 unidades que foram construídas entre 1971 e 1974, para participar de corridas, esta decoração ficou famosa, e a Majorette reproduz o carro que hoje participa de corridas vintage.
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| TOMICA, Hot Wheels e Majorette |
O tradicional branco com logo e rodas em vermelho é da California Minis, distribuidora brasileira que comercializa minis de vários fabricantes sob marca própria. Este é da WELLY, bem acabado para a escala, e as rodas em vermelho remetem ao modelo original, lançado em 1973.
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| Porsche 911 Carrera RS 2,7 - WELLY 1:64 |
REFERÊNCIAS
https://en.wikipedia.org/wiki/Porsche_911
https://www.supercars.net/blog/porsche-911-carrera-rs-2-7/
https://www.supercars.net/blog/1973-porsche-911-carrera-rsr-2-8/
https://www.porscheroadandrace.com/the-rise-of-the-porsche-911-carrera-rsr-turbo/
https://en.wikipedia.org/wiki/Porsche_911_(classic)
https://carrera3.wordpress.com/
Porsche 911 ST conversion / restoration - Welcome to ClassiCarGarage
Revista Quatro Rodas, Edição Especial Clássicos, 1999; págs. 58, 59.
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