sábado, 23 de setembro de 2023

Cunningham C4R

Capa da Time, e abril de 1954

Briggs Swift Cunningham foi um empresário e esportista americano, mais conhecido por vencer a America’s Cup de iatismo com o veleiro Columbia, em 1958; mas também participou de corridas, foi proprietário de equipe e construtor de carros esportivos.

Ele começou a correr no início dos anos 1930, e fundou o Automobile Racing Club of America (ARCA), que mais tarde veio a se tornar o Sports Car Club of America (SCCA) em 1944. Sua equipe era conhecida por ser uma das mais numerosas e mais bem equipadas, com os maiores caminhões de transporte nas competições.

Cunningham começou a adaptar carros para correr no final da década de 1930, e depois da II Guerra, colocou motores Cadillac V8 em dois Healey Silverstone que havia trazido da Europa; participou de poucas corridas, mas obteve sempre bons resultados com eles.

O Cadillac "Le Monstre", com que correu em Le Mans, 1950

Participou nas 24 Horas de Le Mans em 1950 com dois Cadillac, um deles com preparação mínima, dois carburadores, novos coletores, dutos para refrigeração dos freios, dois tanques de combustível e faróis adicionais para a fase noturna. Como o regulamento permitia modificações na carroçaria, Cunningham removeu a carroçaria do outro Cadillac, adaptou o chassi com tubos de aço e com a ajuda de Howard Weinmann, da Grumman Aircraft, construiu um roadster, mais baixo e aerodinâmico, que foi apelidado de “Le Monstre”, devido ao seu estilo inusitado.

O Healey-Cadillac (final dos anos 1940)

Para participar da próxima edição em Le Mans, Cunningham adquiriu a Frick-Tappet Motors, de Long Island, Nova York, e transferiu suas operações para Palm Beach, na Florida, com o nome de B.S. Cunningham Company.

O Cunningham C-1

O primeiro modelo que construiu era o C-1, equipado com um V8 da Cadillac com 331 cid (5,42 litros), e apenas um foi finalizado. Vieram na sequência três C-2R, com especificações para participar de competições, e estes foram equipados com motores FirePower V8 da Chrysler, com a mesma cilindrada, no lugar do Cadillac; e com eles Cunningham correu nas 24 Horas de Le Mans em 1951.

Cunningham C-2


O C-3 Cabriolet para rodar nas estradas

Para ser homologado como fabricante, Cunningham planejou construir 25 exemplares do C-3 para rodar em estradas, com motores FirePower V8 da Chrysler. O carro tinha um estilo elegante, com linhas similares aos roadster ingleses da época e os raros exemplares que sobreviveram estão nas mãos de colecionadores.



O Cunningham C-4R Roadster

O próximo carro foi o C-4R, projetado por G. Briggs Weaver, quase uma cópia do AC Ace britânico, que deu origem ao Cobra de Carroll Shelby. Dois exemplares roadsters e um C-4RK coupe foram construídos para participar de Le Mans em 1952 (veja mais detalhes sobre o modelo mais abaixo).

Cunninghan C-5R

Para 1953, apenas um C-5R foi construído, também com motor V8 da Chrysler, preparado para mais potência. Ao chegar na França, os jornalistas franceses o apelidaram de “Le Requin Souriant”, ou “O Tubarão Sorridente”.

O Cunningham C-6R em Le Mans, 1955

O C-6R foi o último carro com que Cunningham participou de Le Mans em 1955, deixou o motor Chrysler e tinha um quatro cilindros de 3,0 litros da Offenhauser, da Meyer & Drake. O C-6R abandonou na volta 202.

Cunningham participou de muitas corridas com outras marcas, entre elas, MG, Ferrari, O.S.C.A., Jaguar D-Type, Maserati, Lister-Jaguar, Cooper, Corvette, Porsche e Fiat-Abarth, entre os anos 1940 e 1966. Em 1960, o regulamento de Le Mans permitiu que carros com motores maiores do que 3,0 litros também competissem; então contactou Zora Arkus-Duntov, da GM, para preparar três Corvettes para Le Mans de 1960. O trio dos Cunningham Corvette participou das 12 Horas de Sebring, como teste, mas nenhum chegou ao final. Cunningham preparou os três e mais um Jaguar E-Type para correr em Le Mans, com Cunningham e Bill Kimbery no Corvette #1, Dick Thompson e Fred Windridge no #2 e John Fitch e Bob Grossman no #3; Dan Gurney e Walt Hansgen corriam no Jaguar. Durante a corrida, o #1 pegou fogo na volta 32, quando Kimberly pilotava; o #2 abandonou por quebra de motor na volta 89, assim como o Jaguar. O Corvette #3 começou a ter superaquecimento, e a equipe conseguiu resfriar o motor com gelo, retornando à corrida; finalizando em oitavo na geral, quinto na Categoria GT e primeiro na Categoria GT acima de 5,0 litros.

Briggs Swift Cunningham faleceu aos 96 anos, em Las Vegas, devido a complicações da doença de Alzheimer. Era casado com Lucie Bedford Warren (neta do fundador da Standard Oil, Esso, que hoje se chama Exxon), com quem teve três filhos, e casou-se pela segunda vez com Laura Cramer Cunningham, deixando dois enteados.

Recebeu várias homenagens, entre as quais a Cunningham Corner, uma curva no autódromo Sebring International Raceway; recebeu em 1993 o America’s Cup Hall of Fame no Herreshoff Marine Museum, em Bristol, R.I.; o Motorsports Hall of Fame of America em 1997 e o International Motorsports Hall of Fame em 2003.

1952 Cunningham C-4R Roadster

Este modelo foi notável por ser o primeiro carro de fabricação americana com pilotos americanos, Briggs Cunningham e Bill Spear, a vencer as 24 Horas de Le Mans, em 1952, desde o Duesenberg em 1921; fato que somente se repetiria em 1967, com o Ford GT40 pilotados por Dan Gurney e A. J. Foyt. Dois exemplares foram construídos e tinham motor FirePower V8 da Chrysler com comandos de válvulas roletados, carburação especial, virabrequim reforçado, taxa de compressão mais alta, que gerava 325 hp a 5200 rpm. A suspensão dianteira era adaptada de um Ford, e a traseira era de eixo rígido. Depois de alguns testes, Cunningham aplicou um eixo de braços arrastados em paralelo, e barras Panhard duplos. O câmbio de quatro marchas era de um caminhão Siata.

O design de G. Briggs Weaver ficou muito bom, atraente e funcional. Havia um enorme tanque de combustível atrás dos bancos com capacidade de 50 galões. Para as 24 Horas de Le Mans de 1952, Cunningham inscreveu os C-4R, dois roadsters e um coupe, sendo que um roadster e o coupe abandonaram, mas o outro chegou em quarto na geral e conquistou a vitória em sua classe, com Briggs Cunningham e Bill Spears.

A competitividade do C-4R foi notável, pois venceu 74% das corridas que participou, chegando ao final de 84% das competições em que largou. Como prova disso, o engenheiro da Mercedes-Benz Rudolf Uhlenhaut comentou, após fazer um test-drive com um C-4R: “Este é o carro de corrida mais seguro que já dirigi”. Hoje (2023) o Cunningham C-4R com chassi 5217 vencedor de sua classe em Le Mans de 1952 está na coleção da Simeone Foundation Automotive Museum, totalmente restaurado.

Da minha coleção





O Cunningham C-4R da Hot Wheels saiu em 2001, na Série First Editions, na tradicional cor branca com faixas azuis, identificando os carros de corrida americanos nas competições internacionais. O modelo saiu na Mainline, então tem rodas padrão, de plástico, assim como a base; e a decoração se reduz ao mínimo, apenas as faixas com o logo Hot Wheels na traseira.

Referências:

https://simeonemuseum.org/collection/1952-cunningham-c-4r-roadster/

https://www.racingsportscars.com/type/Cunningham/C-4R.html

https://en.wikipedia.org/wiki/Cunningham_C-4R

https://en.wikipedia.org/wiki/Healey_Silverstone

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Cunningham_C4R

https://networthpost.org/net-worth/briggs-cunningham-net-worth/

Cunningham C-5R - Wikipedia


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