Capa da Time, e abril de 1954 |
Briggs Swift Cunningham foi um empresário e esportista americano, mais conhecido por vencer a America’s Cup de iatismo com o veleiro Columbia, em 1958; mas também participou de corridas, foi proprietário de equipe e construtor de carros esportivos.
Ele começou a correr no início dos anos 1930, e fundou
o Automobile Racing Club of America (ARCA), que mais tarde veio a se tornar o
Sports Car Club of America (SCCA) em 1944. Sua equipe era conhecida por ser uma
das mais numerosas e mais bem equipadas, com os maiores caminhões de transporte
nas competições.
Cunningham começou a adaptar carros para correr no
final da década de 1930, e depois da II Guerra, colocou motores Cadillac V8 em
dois Healey Silverstone que havia trazido da Europa; participou de poucas corridas,
mas obteve sempre bons resultados com eles.
O Cadillac "Le Monstre", com que correu em Le Mans, 1950 |
Participou nas 24 Horas de Le Mans em 1950 com dois Cadillac, um deles com preparação mínima, dois carburadores, novos coletores, dutos para refrigeração dos freios, dois tanques de combustível e faróis adicionais para a fase noturna. Como o regulamento permitia modificações na carroçaria, Cunningham removeu a carroçaria do outro Cadillac, adaptou o chassi com tubos de aço e com a ajuda de Howard Weinmann, da Grumman Aircraft, construiu um roadster, mais baixo e aerodinâmico, que foi apelidado de “Le Monstre”, devido ao seu estilo inusitado.
O Healey-Cadillac (final dos anos 1940) |
Para participar da próxima edição em Le Mans, Cunningham adquiriu a Frick-Tappet Motors, de Long Island, Nova York, e transferiu suas operações para Palm Beach, na Florida, com o nome de B.S. Cunningham Company.
O Cunningham C-1 |
O primeiro modelo que construiu era o C-1, equipado com um V8 da Cadillac com 331 cid (5,42 litros), e apenas um foi finalizado. Vieram na sequência três C-2R, com especificações para participar de competições, e estes foram equipados com motores FirePower V8 da Chrysler, com a mesma cilindrada, no lugar do Cadillac; e com eles Cunningham correu nas 24 Horas de Le Mans em 1951.
Cunningham C-2 |
O C-3 Cabriolet para rodar nas estradas |
Para ser homologado como fabricante, Cunningham planejou construir 25 exemplares do C-3 para rodar em estradas, com motores FirePower V8 da Chrysler. O carro tinha um estilo elegante, com linhas similares aos roadster ingleses da época e os raros exemplares que sobreviveram estão nas mãos de colecionadores.
O Cunningham C-4R Roadster |
O próximo carro foi o C-4R, projetado por G. Briggs Weaver, quase uma cópia do AC Ace britânico, que deu origem ao Cobra de Carroll Shelby. Dois exemplares roadsters e um C-4RK coupe foram construídos para participar de Le Mans em 1952 (veja mais detalhes sobre o modelo mais abaixo).
Cunninghan C-5R |
Para 1953, apenas um C-5R foi construído, também com motor V8 da Chrysler, preparado para mais potência. Ao chegar na França, os jornalistas franceses o apelidaram de “Le Requin Souriant”, ou “O Tubarão Sorridente”.
O Cunningham C-6R em Le Mans, 1955 |
O C-6R foi o último carro com que Cunningham participou de Le Mans em 1955, deixou o motor Chrysler e tinha um quatro cilindros de 3,0 litros da Offenhauser, da Meyer & Drake. O C-6R abandonou na volta 202.
Cunningham participou de muitas corridas com outras
marcas, entre elas, MG, Ferrari, O.S.C.A., Jaguar D-Type, Maserati, Lister-Jaguar,
Cooper, Corvette, Porsche e Fiat-Abarth, entre os anos 1940 e 1966. Em 1960, o
regulamento de Le Mans permitiu que carros com motores maiores do que 3,0
litros também competissem; então contactou Zora Arkus-Duntov, da GM, para
preparar três Corvettes para Le Mans de 1960. O trio dos Cunningham Corvette
participou das 12 Horas de Sebring, como teste, mas nenhum chegou ao final. Cunningham
preparou os três e mais um Jaguar E-Type para correr em Le Mans, com Cunningham
e Bill Kimbery no Corvette #1, Dick Thompson e Fred Windridge no #2 e John
Fitch e Bob Grossman no #3; Dan Gurney e Walt Hansgen corriam no Jaguar.
Durante a corrida, o #1 pegou fogo na volta 32, quando Kimberly pilotava; o #2
abandonou por quebra de motor na volta 89, assim como o Jaguar. O Corvette #3
começou a ter superaquecimento, e a equipe conseguiu resfriar o motor com gelo,
retornando à corrida; finalizando em oitavo na geral, quinto na Categoria GT e
primeiro na Categoria GT acima de 5,0 litros.
Briggs Swift Cunningham faleceu aos 96 anos, em Las Vegas,
devido a complicações da doença de Alzheimer. Era casado com Lucie Bedford
Warren (neta do fundador da Standard Oil, Esso, que hoje se chama Exxon), com
quem teve três filhos, e casou-se pela segunda vez com Laura Cramer Cunningham,
deixando dois enteados.
Recebeu várias homenagens, entre as quais a Cunningham
Corner, uma curva no autódromo Sebring International Raceway; recebeu em 1993 o
America’s Cup Hall of Fame no Herreshoff Marine Museum, em Bristol, R.I.; o
Motorsports Hall of Fame of America em 1997 e o International Motorsports Hall
of Fame em 2003.
1952 Cunningham C-4R Roadster
Este modelo foi notável por ser o primeiro carro de
fabricação americana com pilotos americanos, Briggs Cunningham e Bill Spear, a
vencer as 24 Horas de Le Mans, em 1952, desde o Duesenberg em 1921; fato que
somente se repetiria em 1967, com o Ford GT40 pilotados por Dan Gurney e A. J.
Foyt. Dois exemplares foram construídos e tinham motor FirePower V8 da Chrysler
com comandos de válvulas roletados, carburação especial, virabrequim reforçado,
taxa de compressão mais alta, que gerava 325 hp a 5200 rpm. A suspensão
dianteira era adaptada de um Ford, e a traseira era de eixo rígido. Depois de
alguns testes, Cunningham aplicou um eixo de braços arrastados em paralelo, e
barras Panhard duplos. O câmbio de quatro marchas era de um caminhão Siata.
O design de G. Briggs Weaver ficou muito bom, atraente
e funcional. Havia um enorme tanque de combustível atrás dos bancos com
capacidade de 50 galões. Para as 24 Horas de Le Mans de 1952, Cunningham
inscreveu os C-4R, dois roadsters e um coupe, sendo que um roadster e o coupe
abandonaram, mas o outro chegou em quarto na geral e conquistou a vitória em
sua classe, com Briggs Cunningham e Bill Spears.
A competitividade do C-4R foi notável, pois venceu 74%
das corridas que participou, chegando ao final de 84% das competições em que
largou. Como prova disso, o engenheiro da Mercedes-Benz Rudolf Uhlenhaut
comentou, após fazer um test-drive com um C-4R: “Este é o carro de corrida mais
seguro que já dirigi”. Hoje (2023) o Cunningham C-4R com chassi 5217 vencedor
de sua classe em Le Mans de 1952 está na coleção da Simeone Foundation
Automotive Museum, totalmente restaurado.
Da minha coleção
O Cunningham C-4R da Hot Wheels saiu em 2001, na Série First Editions, na tradicional cor branca com faixas azuis, identificando os carros de corrida americanos nas competições internacionais. O modelo saiu na Mainline, então tem rodas padrão, de plástico, assim como a base; e a decoração se reduz ao mínimo, apenas as faixas com o logo Hot Wheels na traseira.
Referências:
https://simeonemuseum.org/collection/1952-cunningham-c-4r-roadster/
https://www.racingsportscars.com/type/Cunningham/C-4R.html
https://en.wikipedia.org/wiki/Cunningham_C-4R
https://en.wikipedia.org/wiki/Healey_Silverstone
https://hotwheels.fandom.com/wiki/Cunningham_C4R
https://networthpost.org/net-worth/briggs-cunningham-net-worth/
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