quinta-feira, 20 de abril de 2017

Nomofobia - Tá ligado?

O uso intenso da tecnologia acaba nos deixando tão dependentes dela que alguns estão desenvolvendo a Nomofobia - do inglês "no mobile phobia", ou em português "medo de ficar sem o celular".
E não é de surpreender que as pessoas demonstrem um nível de ansiedade ou sinais de abstenção similares à drogas, fumo ou álcool.
O abuso no uso do celular pode se tornar um transtorno psicológico, e pode desencadear depressão, ou gerar uma distorção do comportamento, similar ao de pessoas que ficam dependentes de um vício.
Consultar o aparelho diversas vezes em intervalos cada vez mais curtos, mesmo que não haja o aviso de que chegou alguma mensagem; não desligar o celular nunca, dormir com ele debaixo do travesseiro e consultá-lo assim que despertar de manhã, são alguns sintomas de que você poderá estar desenvolvendo a Nomofobia.
Uma pesquisa do Datafolha em 2014 indicou que mais de 62 milhões de pessoas acessam a Internet via celular no Brasil; e mesmo que tenham acesso à rede em casa, continuam usando o acesso pelo celular, ao invés de utilizar um computador. Outra estatística indica que 66% da população brasileira acima dos 10 anos possuía um celular (IBGE 2013); e de acordo com Dora Goes, psicóloga do Programa de Transtornos do Impulso, do Instituto de Psiquiatria da USP; os mais jovens, entre 13 e 25 anos, tem mais propensão a desenvolver o vício, pois é uma fase em que a opinião de outros ainda é muito influente.
A contínua exposição nas redes sociais acaba trocando os relacionamentos reais pelos virtuais, dando uma falsa impressão de que são mais felizes se um post recebe "x" curtidas e compartilhamentos. Os efeitos podem se desdobrar em aumento da ansiedade, perda da qualidade do sono, redução da produtividade profissional ou escolar, sem contar o perigo de dirigir e falar/consultar o celular.
O Dr. Larry Rosen, psicólogo da Universidade do Estado da Califórnia, num trabalho que está conduzindo sobre como a tecnologia afeta o cérebro das pessoas, comenta:
- "...nosso corpo está sendo inundado por substâncias químicas que sinalizam a ansiedade, como o cortisol e a adrenalina...substâncias produzidas pela glândula supra renal quando o cérebro alerta para uma situação de perigo, para lutar ou fugir. Isso era muito útil quando precisávamos sobreviver na selva, mas agora, estas substâncias nos compelem a checar nossos smartphones".
Ele compara a recompensa de receber mensagens, posts ou curtidas como se estivéssemos diante de uma máquina caça-níqueis. "A maioria dos posts é enfadonho ou lixo de verdade; mas você continua passando o dedo na tela, até achar uma pérola, o que te coloca um sorriso no rosto. E você continua fazendo aquilo constantemente, para reproduzir mais uma vez a mesma sensação."
A experiência mais conhecida realizada por Ivan Pavlov, um fisiologista russo, no início do século 20, foi sobre os cães que recebiam um pedaço de carne assim que ouviam um apito sonoro, e desenvolveram o que ele chamou de 'reflexo condicionado'. Os animais passavam a salivar mesmo quando não recebiam a carne; e Pavlov concluiu que o organismo dos seres humanos também reage a estímulos repetitivos que produzem alguma recompensa (positiva ou negativa).
Será que o bip de mensagem chegando no seu celular está deixando a todos nós parecidos demais com os cães de Pavlov?
As pesquisas citadas acima mostram que esta tendência não vai mudar, e cada vez mais estaremos à mercê da tecnologia para as tarefas mais triviais de nossa vida. Então, a conscientização é o primeiro passo para não cairmos nesta armadilha.
A Nomofobia é um sintoma, como a febre; se você tem algum problema psicológico, ou tem dificuldades de sociabilização, trate do problema e não do sintoma, se não descobrir a infecção, não adianta tratar da febre.
A dona de um restaurante de Curitiba ficou impressionada com o fato de os clientes darem mais atenção ao celular do que às pessoas com quem dividiam a mesa, e decidiu criar uma ação chamada "Detox Eletrônico". Toda sexta-feira, na hora do almoço, quem se dispõe a guardar o celular até o final da refeição ganha um brigadeiro, ou outro docinho como sobremesa. Ela comenta que a iniciativa criou um clima mais agradável entre as pessoas, primeiro desafiando entre elas a ficarem sem o celular e no decorrer da refeição, conversando mais entre si. "Não somos contra a tecnologia, mas queremos ajudar as pessoas a encontrar o equilíbrio" comenta ela.
Relacionamentos enriquecedores só acontecem face a face, e são construídos através da comunicação presencial, não apenas por imagens ou palavras digitadas numa rede social, mas pela interação verbal e gestual com outra(s) pessoa(s). Não percamos a chance de encontrar um amigo(a), sorrir e abraçar alguém que você gosta, e ver nos olhos do(a) outro(a) aquele brilho de estar contente por estar juntos, naquela hora e naquele lugar.
Assim, a sabedoria antiga ainda é válida quando a Bíblia diz: "Assim como o ferro afia o ferro, assim o homem afia o seu amigo." (Provérbios 27:17 - NM)

Referências:
http://noticias.r7.com/saude/nomofobia-uso-excessivo-de-celular-pode-levar-a-ansiedade-tremor-e-ate-depressao-19072015
http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/04/14/psicologo-diz-que-midia-social-esta-afetando-o-cerebro-das-pessoas/
http://www.foodjobs.com.br/noticias/restaurante-de-curitiba-premia-quem-nao-usa-o-telefone-celular/

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