Stratos Zero - 1970 |
O nome Stratos surgiu pela
primeira vez num carro-conceito desenhado pelo Estúdio Bertone no Turim Motor
Show de 1970. O modelo esguio e baixo, com um imenso para-brisas, que servia
também de porta para entrar no carro era a idéia de Bertone para sensibilizar a
Lancia e pegar o trabalho para substituir o Fulvia, campeão de rallies que
precisava se atualizar.
O problema era que a Lancia
era parceira de Pininfarina, e Bertone necessitava dar um lance alto para ganhar
a preferência para o projeto. Em 1969, ele havia comprado um Fulvia de um amigo
e usou o motor para montar um carro conceito que convencesse a diretoria da
Lancia a passar o projeto do novo carro para ele.
Desenvolvido em segredo por
Bertone, na mostra de Turim a Lancia foi surpreendida pelo protótipo com design
agressivo e revolucionário, ganhando a simpatia e uma chance de levá-lo à
fábrica para mostrar aos diretores e engenheiros da Lancia.
Abertura incomum para entrada no carro |
Bertone recordou anos mais tarde: "Uma manhã, no final de fevereiro de
1971, Ugo Gobbato, então presidente da Lancia, me telefonou." Gobbato
queria ver o carro - e naquela mesma tarde Bertone dirigiu pessoalmente a Via
San Paolo, sede da Lancia onde trabalha a equipe de corrida. "Eu dirigi
até o portão principal, onde um atordoado porteiro olhava fixamente para aquele
objeto estranho que era tão baixo que poderia passar por baixo da cancela.
Enquanto isso, o ronco do motor (naquela época, um Fulvia 1,6 litro V4)
trouxera todas as pessoas da equipe de corridas da Lancia que estavam esperando
por nós para o pátio. Então o porteiro levantou a cancela. Foi uma entrada
inesquecível. No meio da multidão, desliguei o motor e saí da minha 'nave
espacial'. " Bertone foi então rapidamente contratado para construir um
protótipo de rali prático.
O protótipo de 1971 |
Apresentado um ano depois, pelo
Estúdio Bertone no Turim Motor Show, em 1971, o Lancia Stratos HF foi planejado
para substituir o Fulvia, sucesso nos Rallies. Com uma frente em cunha, o
protótipo pintado em vermelho fluorescente tinha um para-brisas envolvente,
bastante inclinado e estreitas colunas A, com visibilidade traseira quase nula
(desnecessária nos Rallies).
O Stratos foi equipado
inicialmente com o motor do Fulvia, e no decorrer do desenvolvimento do carro,
passou para o motor do Lancia Beta; mas Bertone queria que ele fosse equipado
com o motor do Ferrari Dino. Enzo estava reticente para permitir isso, pois
achava que seria um concorrente para o Dino 246 GT, mas com o final da produção
do Dino em 1974, Enzo acabou concordando e enviou 500 unidades do V6 do Dino.
Equipado com o motor da
Ferrari Dino, um V6 de 2,4 litros, produzindo 190 hp, que fazia de 0-100 km/h
em 6,8 segundos e levava o Stratos a 232 km/h de máxima. O carro foi um sucesso
durante a década de 1970 e início dos anos 1980, boa parte dele creditado ao
trio que comandou a equipe Lancia no período: Cesare Fiorio, chefe de equipe,
Mike Parkes, piloto e engenheiro inglês e Sandro Munari, piloto oficial da
Equipe Lancia de Rally; que contaram com Marcelo Gandini, designer da Casa
Bertone, que teve um interesse pessoal para desenhar, desenvolver e produzir o
carro. Foi o primeiro carro projetado desde os esboços voltado para as
competições de Rally.
Com a produção de 500
exemplares, foi homologado para correr no Grupo 4 da FIA, em 1973. Homologado
para o Grupo 5 da FIA, em 1975 foi equipado com um turbo que produzia 275 hp no
motor Dino V6 2,4 litros, e 320 hp com o cabeçote de 24 válvulas, que foi banido
em 1976 por não ser equipamento de fábrica. Mesmo assim, e não sendo
inicialmente projetado como um carro de competição, duas unidades foram
preparadas com um Turbo KKK e rendiam 560 hp no V6 da Ferrari, tornando-se o
adversário a ser batido em todas as etapas do campeonato. Caso não sofresse
nenhum acidente ou quebra mecânica, o Stratos tinha grandes chances de ser o
vencedor, tamanha era a eficiência do conjunto Motor-Chassis, combinado com a
habilidade de Sandro Munari, que correu com diversos parceiros durante os anos
em que a Equipe Lancia participava do Campeonato Mundial de Rally.
O carro venceu os
campeonatos de 1974, 1975 e 1976 nas
mãos de Sandro Munari e Björn Waldegärd, e poderia ter vencido mais se a
política interna do Grupo FIAT não tivesse preterido o Stratos em prol do FIAT
131 Abarth. Notáveis também as vitórias do Stratos no Rally de Monte Carlo em
1975 (Sandro Munari e Mario Manucci), 1976 (Sandro Munari e Mario Manucci) e
1977 (Sandro Munari e Silvio Maiga), e em 1979 com Bernard Darniche e Alain
Mahé correndo pela equipe Chardonnet. Sua competitividade era marcante, e no
decorrer dos anos, era um concorrente sério em todas as competições que
participava. Sua última vitória foi no ano de 1981, no Tour de Corse
Automobile, do Mundial de Rally, com Bernard Darniche numa equipe privada,
fechando uma série de 18 vitórias no Campeonato Mundial de Rally.
STRATOS GRUPO 5
Stratos Grupo 5 Silhouette |
A Lancia construiu também
dois exemplares do Stratos (turbo comprimidos) para o Grupo 5 Silhouette para
provas de resistência em circuitos fechados; mas não foram bem sucedidos contra
os Porsche 935. Um deles foi destruído num incêndio em Zeltweg, e o outro
venceu o Giro d’Italia por dois anos, antes de ser enviado para competir no
Fuji Speedway na Formula Silhouette, mas a corrida não chegou a ser realizada.
O carro então foi vendido para a Coleção Matsuda, e posteriormente foi
adquirido pelo colecionador Christian Hrabalek, um designer de automóveis e
fundador da Fenomenon Ltd., que tem a maior coleção de Lancia Stratos do mundo,
onze carros exclusivos, incluindo o protótipo vermelho fluorescente de 1971 e o
vencedor do Rally Safari de 1977. Seu interesse pelo carro o levou a
desenvolver o Fenomenon Stratos em 2005.
Fenomenon Stratos - 2005 |
Lancia Stratos Rallycross |
Outro carro exclusivo do
Grupo 5 é o Lancia Stratos HF do piloto austríaco de Rallycross Andy Bentza. O
carro foi conduzido primeiramente por seu companheiro da equipe Memphis Franz
Wurz, pai do piloto de Formula Um Alexander Wurz. Em 1976, Wurz reinvindicou o
primeiro título europeu e Rallycross reconhecido pela FIA com o carro, que
tinha um motor 2,4 com um cabeçote de 12 válvulas e depois recebeu um de 24
válvulas. Para a temporada de 1977, Mike Parkes cedeu a Wurz um motor com 24
válvulas e um virabrequim especial que aumentava a capacidade do motor para
quase 3000 cc. Para 1978, Bentza assumiu o carro de Wurz, vendeu o seu próprio
12 válvulas para seu compatriota Reneé Vontsina, e ganhou o título na Divisão
GT do ERC (European Rallycross Championship). Bentza correu com seu Stratos até
1983, e manteve o carro por mais de 30 anos, e depois o vendeu para Alexander
Wurz.
Este exemplar único foi
então restaurado por longos dois anos e exibido em 2016, com sua decoração
original da equipe Memphis no campeonato de Rallycross de 1976.
NEW STRATOS
New Stratos, baseado na plataforma da Ferrari F430 |
Em 2010, Michael Stoschek
(um entusiasta piloto de Rally e presidente do Brose Group), junto com seu
filho Maximilian, anunciou o New Stratos, uma releitura moderna do Stratos
original dos anos 1970, projetado e desenvolvido por Pininfarina.
Com base numa Ferrari F430
Scuderia, com chassi encurtado em 200 mm, para chegar a um entre eixos de
2400mm, mantendo o motor Ferrari V8 de 4,3 litros e 540 cv (400 kW) a 8.200
rpm, produzindo um torque de 519 Nm (383 lb-ft) a 3750 rpm. Pesando 1.247 kg, o
New Stratos acelera de 0-100 km/h em 3,3 segundos, atingindo 320 km/h de
velocidade máxima. Embora seja mais curto do que o seu carro doador, o New Stratos é um pouco
maior que o Stratos original, com um comprimento de 4.181 mm (164.6 pol.),
1.971 mm (77.6 pol.) de largura e 1.240 mm (48.8 pol.) de altura.
Aventou-se a possibilidade do carro entrar numa produção limitada de até 25
carros, porém a Ferrari não concordou com o plano, proibindo até mesmo seus
fornecedores de apoiar o projeto. Certamente, Enzo não veria com bons olhos que
seus carros fossem travestidos de Stratos, apesar de toda a reputação que o
carro conseguiu nas competições, seria inaceitável uma F430 descer tanto na
hierarquia automobilística.
EM ESCALA
O exemplar da foto é o
carro que venceu o Rally de Montecarlo em 1977, sendo pilotado por Sandro
Munari e Silvio Maiga, patrocinado pela Alitalia. Fabricado pela SOLIDO
francesa, escala 1:18, abre portas e capô traseiro, o motor Ferrari Dino 2,4 transversal bem
detalhado traz os cabos de velas acoplados.
REFERÊNCIAS:
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