sexta-feira, 28 de abril de 2017

Lancia Stratos HF - Imbatível nos Rallies

Stratos Zero - 1970
O nome Stratos surgiu pela primeira vez num carro-conceito desenhado pelo Estúdio Bertone no Turim Motor Show de 1970. O modelo esguio e baixo, com um imenso para-brisas, que servia também de porta para entrar no carro era a idéia de Bertone para sensibilizar a Lancia e pegar o trabalho para substituir o Fulvia, campeão de rallies que precisava se atualizar.
O problema era que a Lancia era parceira de Pininfarina, e Bertone necessitava dar um lance alto para ganhar a preferência para o projeto. Em 1969, ele havia comprado um Fulvia de um amigo e usou o motor para montar um carro conceito que convencesse a diretoria da Lancia a passar o projeto do novo carro para ele.
Desenvolvido em segredo por Bertone, na mostra de Turim a Lancia foi surpreendida pelo protótipo com design agressivo e revolucionário, ganhando a simpatia e uma chance de levá-lo à fábrica para mostrar aos diretores e engenheiros da Lancia.
Abertura incomum para entrada no carro
Bertone recordou anos mais tarde: "Uma manhã, no final de fevereiro de 1971, Ugo Gobbato, então presidente da Lancia, me telefonou." Gobbato queria ver o carro - e naquela mesma tarde Bertone dirigiu pessoalmente a Via San Paolo, sede da Lancia onde trabalha a equipe de corrida. "Eu dirigi até o portão principal, onde um atordoado porteiro olhava fixamente para aquele objeto estranho que era tão baixo que poderia passar por baixo da cancela. Enquanto isso, o ronco do motor (naquela época, um Fulvia 1,6 litro V4) trouxera todas as pessoas da equipe de corridas da Lancia que estavam esperando por nós para o pátio. Então o porteiro levantou a cancela. Foi uma entrada inesquecível. No meio da multidão, desliguei o motor e saí da minha 'nave espacial'. " Bertone foi então rapidamente contratado para construir um protótipo de rali prático.
O protótipo de 1971
Apresentado um ano depois, pelo Estúdio Bertone no Turim Motor Show, em 1971, o Lancia Stratos HF foi planejado para substituir o Fulvia, sucesso nos Rallies. Com uma frente em cunha, o protótipo pintado em vermelho fluorescente tinha um para-brisas envolvente, bastante inclinado e estreitas colunas A, com visibilidade traseira quase nula (desnecessária nos Rallies).
O Stratos foi equipado inicialmente com o motor do Fulvia, e no decorrer do desenvolvimento do carro, passou para o motor do Lancia Beta; mas Bertone queria que ele fosse equipado com o motor do Ferrari Dino. Enzo estava reticente para permitir isso, pois achava que seria um concorrente para o Dino 246 GT, mas com o final da produção do Dino em 1974, Enzo acabou concordando e enviou 500 unidades do V6 do Dino.
Equipado com o motor da Ferrari Dino, um V6 de 2,4 litros, produzindo 190 hp, que fazia de 0-100 km/h em 6,8 segundos e levava o Stratos a 232 km/h de máxima. O carro foi um sucesso durante a década de 1970 e início dos anos 1980, boa parte dele creditado ao trio que comandou a equipe Lancia no período: Cesare Fiorio, chefe de equipe, Mike Parkes, piloto e engenheiro inglês e Sandro Munari, piloto oficial da Equipe Lancia de Rally; que contaram com Marcelo Gandini, designer da Casa Bertone, que teve um interesse pessoal para desenhar, desenvolver e produzir o carro. Foi o primeiro carro projetado desde os esboços voltado para as competições de Rally.
Com a produção de 500 exemplares, foi homologado para correr no Grupo 4 da FIA, em 1973. Homologado para o Grupo 5 da FIA, em 1975 foi equipado com um turbo que produzia 275 hp no motor Dino V6 2,4 litros, e 320 hp com o cabeçote de 24 válvulas, que foi banido em 1976 por não ser equipamento de fábrica. Mesmo assim, e não sendo inicialmente projetado como um carro de competição, duas unidades foram preparadas com um Turbo KKK e rendiam 560 hp no V6 da Ferrari, tornando-se o adversário a ser batido em todas as etapas do campeonato. Caso não sofresse nenhum acidente ou quebra mecânica, o Stratos tinha grandes chances de ser o vencedor, tamanha era a eficiência do conjunto Motor-Chassis, combinado com a habilidade de Sandro Munari, que correu com diversos parceiros durante os anos em que a Equipe Lancia participava do Campeonato Mundial de Rally.
O carro venceu os campeonatos de 1974, 1975  e 1976 nas mãos de Sandro Munari e Björn Waldegärd, e poderia ter vencido mais se a política interna do Grupo FIAT não tivesse preterido o Stratos em prol do FIAT 131 Abarth. Notáveis também as vitórias do Stratos no Rally de Monte Carlo em 1975 (Sandro Munari e Mario Manucci), 1976 (Sandro Munari e Mario Manucci) e 1977 (Sandro Munari e Silvio Maiga), e em 1979 com Bernard Darniche e Alain Mahé correndo pela equipe Chardonnet. Sua competitividade era marcante, e no decorrer dos anos, era um concorrente sério em todas as competições que participava. Sua última vitória foi no ano de 1981, no Tour de Corse Automobile, do Mundial de Rally, com Bernard Darniche numa equipe privada, fechando uma série de 18 vitórias no Campeonato Mundial de Rally.

STRATOS GRUPO 5
Stratos Grupo 5 Silhouette
A Lancia construiu também dois exemplares do Stratos (turbo comprimidos) para o Grupo 5 Silhouette para provas de resistência em circuitos fechados; mas não foram bem sucedidos contra os Porsche 935. Um deles foi destruído num incêndio em Zeltweg, e o outro venceu o Giro d’Italia por dois anos, antes de ser enviado para competir no Fuji Speedway na Formula Silhouette, mas a corrida não chegou a ser realizada. O carro então foi vendido para a Coleção Matsuda, e posteriormente foi adquirido pelo colecionador Christian Hrabalek, um designer de automóveis e fundador da Fenomenon Ltd., que tem a maior coleção de Lancia Stratos do mundo, onze carros exclusivos, incluindo o protótipo vermelho fluorescente de 1971 e o vencedor do Rally Safari de 1977. Seu interesse pelo carro o levou a desenvolver o Fenomenon Stratos em 2005.
Fenomenon Stratos - 2005

Lancia Stratos Rallycross
Outro carro exclusivo do Grupo 5 é o Lancia Stratos HF do piloto austríaco de Rallycross Andy Bentza. O carro foi conduzido primeiramente por seu companheiro da equipe Memphis Franz Wurz, pai do piloto de Formula Um Alexander Wurz. Em 1976, Wurz reinvindicou o primeiro título europeu e Rallycross reconhecido pela FIA com o carro, que tinha um motor 2,4 com um cabeçote de 12 válvulas e depois recebeu um de 24 válvulas. Para a temporada de 1977, Mike Parkes cedeu a Wurz um motor com 24 válvulas e um virabrequim especial que aumentava a capacidade do motor para quase 3000 cc. Para 1978, Bentza assumiu o carro de Wurz, vendeu o seu próprio 12 válvulas para seu compatriota Reneé Vontsina, e ganhou o título na Divisão GT do ERC (European Rallycross Championship). Bentza correu com seu Stratos até 1983, e manteve o carro por mais de 30 anos, e depois o vendeu para Alexander Wurz.
Este exemplar único foi então restaurado por longos dois anos e exibido em 2016, com sua decoração original da equipe Memphis no campeonato de Rallycross de 1976.

NEW STRATOS
New Stratos, baseado na plataforma da Ferrari F430
Em 2010, Michael Stoschek (um entusiasta piloto de Rally e presidente do Brose Group), junto com seu filho Maximilian, anunciou o New Stratos, uma releitura moderna do Stratos original dos anos 1970, projetado e desenvolvido por Pininfarina.
Com base numa Ferrari F430 Scuderia, com chassi encurtado em 200 mm, para chegar a um entre eixos de 2400mm, mantendo o motor Ferrari V8 de 4,3 litros e 540 cv (400 kW) a 8.200 rpm, produzindo um torque de 519 Nm (383 lb-ft) a 3750 rpm. Pesando 1.247 kg, o New Stratos acelera de 0-100 km/h em 3,3 segundos, atingindo 320 km/h de velocidade máxima. Embora seja mais curto do que o seu carro doador, o New Stratos é um pouco maior que o Stratos original, com um comprimento de 4.181 mm (164.6 pol.), 1.971 mm (77.6 pol.) de largura e 1.240 mm (48.8 pol.) de altura.
Aventou-se a possibilidade do carro entrar numa produção limitada de até 25 carros, porém a Ferrari não concordou com o plano, proibindo até mesmo seus fornecedores de apoiar o projeto. Certamente, Enzo não veria com bons olhos que seus carros fossem travestidos de Stratos, apesar de toda a reputação que o carro conseguiu nas competições, seria inaceitável uma F430 descer tanto na hierarquia automobilística.

EM ESCALA
O exemplar da foto é o carro que venceu o Rally de Montecarlo em 1977, sendo pilotado por Sandro Munari e Silvio Maiga, patrocinado pela Alitalia. Fabricado pela SOLIDO francesa, escala 1:18, abre portas e capô traseiro, o motor Ferrari Dino 2,4 transversal bem detalhado traz os cabos de velas acoplados.





REFERÊNCIAS:



Nenhum comentário:

Postar um comentário