quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Ford Torino Talladega - NASCAR

O Torino nas cores Wimbledon White, 
Royal Maroon e Presidential Blue



A NASCAR (National Association for Stock Car Auto Racing) era a vitrine onde as fabricantes americanas precisavam brilhar, e a disputa estava um tanto equilibrada, até que a Chrysler introduziu o revolucionário 426 HEMI em 1964, dominando a categoria, até que o motor foi proibido de correr em 1965, mas apesar das restrições, a Chrysler volta em 1966 retomando vitórias, com David Pearson num Dodge acumulando 15 pódios e faturando o campeonato de 1966.

Para a temporada de 1967, o time da MOPAR conquistaram 36 vitórias, além do recorde de Richard Petty, ao volante do Plymouth Belvedere com motor HEMI. Pelo lado da Ford, com a segunda vitória consecutiva em Le Mans, a diretoria ficou animada e encomendou aos projetistas que precisavam ser competitivos também no quintal de casa.

David Pearson, com o Torino em 1967

Novos Mercury Montego, Cyclone, Fairlane 500 e o Torino, uma versão dos Fairlane com teto SportsRoof (como eram chamados os Fastback na Ford), que se tornou um Muscle-Car com três motores V8 de alta potência, aliados à sua boa aerodinâmica, renderam à Ford 27 vitórias em 49 corridas; com David Pearson no seu Torino Nº 17, preparado pela Holman-Moody conquistando o título da temporada de 1967.

Com a Chrysler se mexendo para melhorar a aerodinâmica de seus carros, a Ford, com a ajuda da Holman-Moody começaram a preparar uma versão ainda melhor do Torino, batizado de Talladega, em homenagem ao novo Superspeedway que seria inaugurado no Alabama.

Ford Torino Talladega, 1969

Testando alterações no túnel de vento, Ralph Moody e os engenheiros da Ford mudaram o painel frontal, redesenhado com uma nova inclinação de 30º, uma grade mais lisa e faróis expostos, e não atrás da grade como no anterior. Este design deixou a frente seis polegadas (15,2 cm) mais avançada, e ganhou o apelido de “Drop Snoot” (algo como “nariz caído”)

O para choque dianteiro (curiosamente construído a partir do traseiro do Fairlane) ficou mais aerodinâmico, para lamas moldados à mão, a seção abaixo das portas com maior rigidez e com menos turbulência, altura rebaixada em uma polegada, melhorou a pressão aerodinâmica para aumentar a velocidade nas curvas. Os Talladega receberam o V8 de 429 recentemente homologados para uma edição limitada do Mustang, e os Dodge e Plymouth não foram páreo para a Ford, que venceu 26 corridas durante a temporada de 1968.

Richard Petty, com o Torino Talladega, 1968

O maior golpe foi a mudança de Richard Petty abandonando os Belvedere para correr com os Talladega, porque a Chrysler não permitiu que a Plymouth fizesse a sua versão do Dodge Charger Daytona. Petty venceu dez corridas com o Talladega, mas terminou o campeonato em segundo, atrás de Davi Pearson, campeão de 1968.

O regulamento da NASCAR pedia no mínimo 500 exemplares de rua para homologação, e todos foram construídos pela Holman-Moody, de Atlanta, GA. Estes eram diferenciados dos Torino normais pelo capô pintado de preto, seu interior era espartano, o banco dianteiro era inteiriço, disponível apenas nas cores Wimbledon White, Royal Maroon ou Presidential Blue, apenas direção hidráulica, freios assistidos, espelhos escurecidos, rodas de aço prateadas com pneus F70x14 e rádio AM eram oferecidos como opcionais.

O V8 FE 429 Cobra Jet

Debaixo do capô, um V8 FE 428 Cobra Jet em vez do 429 Boss, mais acessível do que o motor de corrida. Com torque de 440 lb-ft a 3400 rpm e 335 hp a 5200 rpm declarados por causa dos prêmios de seguro, alguns argumentam que a potência chegava a reais 450 hp. A taxa de compressão era de 10,6:1 e o carburador quádruplo Holley de 735 CFM alimentava o V8.

Era equipado com radiadores de óleo para o motor e a direção hidráulica, uma caixa de câmbio C6 Cruise-O-Matic de três velocidades, diferencial de deslizamento limitado Traction-Lok e a suspensão Competition para alta performance, com amortecedores de duplo estágio.

Holman-Moody tinha limitações para produção, mas ninguém fora da Ford sabia disso, e Bill France, chefe da NASCAR, desconfiava que a Ford pudesse ter o mínimo de 100 unidades para homologar o carro a tempo. Então Big Bill (como era carinhosamente chamado) foi convidado a ver os carros por si mesmo. A Ford o recebeu em um depósito e conta a lenda que lhe deram uma confortável poltrona para se sentar, enquanto os Talladega passavam na sua frente. Big Bill contou 100 carros, e liberou o modelo para correr; mas o que ele não se apercebeu é que a Ford só tinha 40 carros prontos. Depois que as unidades passavam na frente de Big Bill, eles davam a volta e entravam novamente, completando assim a contagem!

No final da história, a Ford construiu um total de 754 exemplares do Torino Talladega, em janeiro e fevereiro de 1969; excedendo o mínimo de 500 carros para homologação da NASCAR.


O Torino Talladega foi o primeiro carro da NASCAR que teve estudos aerodinâmicos para aumentar sua eficiência nas altas velocidades das pistas, e foi responsável para que a Chrysler criasse o Plymouth Superbird de 1970, fazendo Richard Petty retornar aos Plymouth e conquistar outro título em sua brilhante carreira.

Os “Aero Warriors” ganharam tantas corridas que a NASCAR teve de limitar seus motores a 305 cid (5 L) a partir de 1970, mas a importância da aerodinâmica começou a mudar os modelos, distanciando-os cada vez mais dos modelos de rua “normais”. Credita-se ao Torino Talladega esta herança técnica, na busca incessante de conseguir maior desempenho e velocidade nas pistas da NASCAR.

Da minha coleção

Torino Talladega, Hot Wheels


O Torino Talladega de 1969 é um Hot Wheels, saiu na Serie HW Speed Graphics em 2016. Tem uma decoração fantasia, com a logotipia da UNION, e estilo das pinturas dos carros que competiam na NASCAR nos anos 1960-70. Sendo um Mainline, o chassi é de plástico, assim como as rodas 5SP da maioria dos Hot Wheels, mas estas pintadas de cinza. A grade dianteira e o painel traseiro são cromados, integrados ao chassi, sem nenhum decal de faróis ou lanternas. O casting é bem feito, inclusive o rebaixamento parece coerente com o carro real.





Referências:

https://en.wikipedia.org/wiki/Ford_Torino_Talladega

https://hotwheels.fandom.com/wiki/%2769_Ford_Torino_Talladega

https://leotogashi.blogspot.com/2023/03/carros-e-filmes-gran-torino-clint.html

https://www.oldcarsweekly.com/features/car-of-the-week-1969-ford-talladega

https://www.streetmusclemag.com/features/rare-rides-the-1969-ford-torino-talladega/

sábado, 19 de outubro de 2024

Lotus Type 49

Lotus 49, pilotado por Jim Clark, 1967

Colin Chapman marcou para sempre a história da Formula Um com os carros que construiu, fundando a Lotus em 1952 e implementando seus conhecimentos de engenharia aeronáutica para criar verdadeiras inovações no mundo da Formula Um. Entre suas criações, estão o chassi monocoque com o motor sendo parte integrante da estrutura do Lotus 25 (1965), a aplicação dos aerofólios (1968) e o carro-asa Lotus 78 (1977), cujo fundo era uma asa invertida, criando um downforce que colava o carro nas curvas. Também leva o crédito por ser o primeiro a ter o patrocínio estampado nos seus carros, gerando enorme riqueza para as equipes depois disso.
Colin Chapman



O Lotus 49, projetado junto com Maurice Philippe era o carro para a temporada de 1967, o primeiro Formula Um equipado com o motor Ford Cosworth DFV de 3 litros; outro crédito atribuído a Chapman, que convenceu a Ford a construir o motor que passou a década de 1970 equipando quase a totalidade dos monopostos de Formula Um. O motor era preso diretamente na parte posterior do monocoque e tinha as suspensões traseiras afixadas no motor, com tirantes para alinhar e manter os movimentos das rodas.

Jim Clark no Lotus 49, GP Holanda, 1967

Jim Clark venceu a corrida de estreia do Lotus 49, o Grande Prêmio da Holanda, em 1967, e foi nele que venceu sua última corrida, o Grande Prêmio da África do Sul, antes de morrer na prova de Formula Dois pilotando um Lotus 48, em Hockenheim no dia 7 de abril de 1968.

Os primeiros aerofólios eram bem altos

Grahan Hill acabou vencendo a temporada de 1968, provando a competitividade do Lotus 49, que recebeu a sigla 49B quando foi equipado com os primeiros aerofólios na Formula Um. Estes eram instalados diretamente nas suspensões, em suportes bem altos, para máxima eficiência, porém, depois de vários acidentes, estas asas altas foram banidas e a Lotus foi forçada a montar as asas fixas no corpo do próprio carro.



O ano de 1968 também marcou a entrada da Imperial Tobacco, patrocinando o Team Lotus, que trocou o British Racing Green/Yellow pelas cores da embalagem dos cigarros Gold Leaf: branco, vermelho e dourado, mudando para sempre o lado financeiro das equipes, não só da Formula Um, mas de todas as categorias do automobilismo de competição. Entre 1968 e 1971, a Lotus venceu dois campeonatos de pilotos, dois de construtores, prosseguindo a parceria com a Imperial Tobacco com o negro e dourado da John Player Special até a temporada de 1986.

Como curiosidade, Wilson Fittipaldi correu com um Lotus 49C, obtendo o nono lugar no Grande Prêmio da Argentina de 1971, e Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna também pilotaram os Lotus. No total, doze exemplares do Lotus 49 foram construídos, entre as várias versões A, B e C; e sete delas foram preservadas: o chassi #R3, pilotado por Grahan Hill, foi vendido ao colecionador John Love, hoje está em exibição no National Motor Museum, em Hampshire, Inglaterra.

O Lotus 49 vencedor do GP da Holanda, em 1967, com Jim Clark

O chassi #R4, com que Jim Clark correu e venceu o Grande Prêmio da África do Sul em 1968, foi depois vendido para o Rob Walker Team, correndo com Jo Siffert ao volante. Na Corrida dos Campeões, em Brands Hatch, Siffert bateu o carro e ele foi enviado à sede da Rob Walker Team para reparos. Lá, ele foi vítima de um incêndio, que quase reduziu a cinzas diversos veículos valiosos. Vinte anos depois, Walker concordou em restaurar o 49B #R4, e John Chisman, ex-mecânico-chefe da equipe foi encarregado da tarefa, mas não conseguiu concluir  o trabalho. Tom Wheatcroft, então proprietário do autódromo de Donington Park, assumiu a restauração do carro, mas nenhum progresso foi feito até 1995. Neste ano, um consórcio liderado por David McLaughlin assumiu o desafio de finalmente colocar o carro de volta à glória que realmente merecia, e o carro foi levado para as oficinas dos renomados especialistas em carros de Grande Prêmio Hall & Fowler. Concluído em 1998, foi exibido no Lotus 5th Anniversary Meeting, em Brands Hatch, e no ano seguinte, Jackie Oliver pilotou o carro em Goodwood, apenas para se chocar com Sir Jack Brabham ao volante de uma Mclaren M5A. Nesta exibição, o 49 carregava as cores do Rob Walker Team.

Reparado, ficou decidido que seria restaurado com as cores que correu no GP da África do Sul de 1968, e para manter a fidelidade, foram utilizados como referência dois exemplares genuínos do 49. Coincidentemente, o GP da África do Sul de 1968 foi a última corrida vencida por Clark, e a última com as cores verde e amarela, antes de vestir as cores da Gold Leaf.

Mais de duas décadas depois de ser ressuscitado, o #R4 foi vendido a um colecionador japonês, e em abril de 2020, foi colocado em leilão pela ChromeCars, na Alemanha, sendo estimado em atingir a cota do milhão de dolares para trocar de mãos.

Da minha coleção

Lotus 25, Matchbox

Uma das primeiras miniaturas que tenho é um Lotus 25, da Matchbox, dos idos anos 1960, que está na minha coleção até hoje. Ela tem o acabamento da época, e foi customizada com decalques de carrinhos de autorama. Tem muitos sinais de desgaste, mas é assim que ela irá permanecer comigo.

Jim Clark, Lotus 49, Quartzo, 1:43

Grahan Hill, Lotus 49B, Quartzo, 1:43

O Lotus 49 da Quartzo é na escala 1:43, reproduz o carro da última vitória de Clark na Formula Um, e o 49B de Grahan Hill, também da Quartzo, é da quarta vitória dele em Mônaco, em 1968. Ambas tem um excelente acabamento, com detalhes de motor e decoração bastante fiéis aos originais, peças bem valorizadas em qualquer coleção.

Hot Wheels, Serie Race Day, 2024






Em 2024, a Hot Wheels lançou o Lotus Type 49, com o número 5 de 1967, reproduzindo o carro de Jim Clark, e o número 4, de Graham Hill, um casting muito bem-feito, o piloto em branco foi escolhido para homenagear os uniformes brancos utilizados pelos pilotos da Lotus na época. Uma versão idêntica foi produzida com o piloto na cor Metalflake gray.



Podemos comparar a diferença de 60 anos entre o meu Matchbox antigo e os novos castings da Mattel, sem dúvida um progresso muito bom nos detalhes.



Em 2025, a Hot Wheels lança o Lotus 49 nas cores do Gold Leaf Team Lotus, pela primeira vez, um patrocinador muda o nome da equipe, e Colin Chapman inova mais uma vez na categoria, pintando seus carros nas cores da embalagem dos cigarros Gold Leaf, e injetando dinheiro para investir na equipe para construir carros que fizeram a história da Formula Um.



O detalhe é que o logo da Gold Leaf não foi licenciado, então a Mattel faz um “fake” e põe Team Lotus/Team Lotus na lateral do modelo, e assim também o casting é o mesmo do Lotus 49 de 1967, mas a cartela traz a identificação como “’68 Lotus Type 49”.




Referências:

https://primotipo.com/2015/02/17/jim-clark-taking-a-deep-breath-lotus-43-brm/

https://www.topspeed.com/cars/car-news/history-of-the-1967-lotus-49-and-how-you-can-own-one/

https://en.wikipedia.org/wiki/Lotus_49

https://hotwheels.fandom.com/wiki/%2767_Lotus_Type_49

domingo, 13 de outubro de 2024

Lotus Esprit S1 - James Bond: The Spy Who Loves Me

Lotus Esprit, 1976

A história do Lotus Esprit começa com Tony Rudd, que veio para a Lotus em 1969, encarregado de desenvolver dois novos projetos de carros de rua para a Lotus. O primeiro criado por Rudd resultou no Elite, de 1974, e o segundo, denominado Project M70, era para substituir o Lotus Europa, um cupê duas portas, de teto rígido e motor central.

Uma reunião entre Colin Chapman e Giorgetto Giugiaro foi promovida pelo designer Oliver Winterbotton, que sugeriu a Giugiaro utilizar o design do Maserati Boomerang Concept como inspiração para o novo Lotus.

Maserati Boomerang,
a inspiração para o Esprit

Os trabalhos começaram em meados de 1971, e conforme relatos da Italdesign, Chapman ficou desapontado com os resultados aerodinâmicos dos modelos 1:4 no túnel de vento, e interrompeu o projeto. No entanto a Italdesign pressionou Chapman e construiu um mock-up em tamanho real sobre o chassi modificado de um Lotus Europa. O protótipo sem nome, chamado apenas “The Silver Car”, foi mostrado no estande da Italdesign no Turim Auto Show de 1972, e a boa receptividade do público convenceu Chapman a dar continuidade ao projeto.

Foi construído um novo protótipo, o “IDGG 01”, pintado de vermelho, ficou chamado “The Red Car”, um modelo funcional, e mesmo ainda não ter sido concluído, foi denominado oficialmente de Esprit. Segundo o Concise Oxford Dictionary, “Esprit” tem o significado de “vivacidade, sagacidade”.

Mike Kimberley, Diretor Geral da Lotus Cars, lembra que a reação do público ao protótipo concluído do Esprit foi tão favorável que uma equipe de design e desenvolvimento foi imediatamente criada para trabalhar com Giugiaro, e eles permaneceram na Itália por pelo menos 18 meses. Chapman e Kimberley voavam para Turim pelo menos duas vezes por semana, durante as quais o estilo da carroceria era refinado e se transformava em uma proposta produtiva.

Lotus Esprit, 1976

Lançado no Paris Motor Show em outubro de 1975, o Lotus Esprit S1 (de Series 1), entrou em produção em junho de 1976, conforme planejado, substituindo o Lotus Europa.

Equipado com o motor Lotus Type 907, com bloco e cabeçote de alumínio, quatro cilindros com 1973 cc (120,4 cid) e 160 hp a 6200 rpm para a Europa e 140 hp para o mercado americano. O torque era de 140 lb/ft a 4900 rpm, com o motor montado longitudinalmente atrás do compartimento dos passageiros, inclinado para a esquerda a 45° para manter o centro de gravidade baixo. Este motor recebeu um cabeçote com quatro válvulas e duplo comando, alimentado por dois carburadores Dellorto progressivos 45 DHLA e 9,5:1 de taxa de compressão. A tração nas rodas traseiras era por meio do câmbio Citroen C35 de cinco marchas manual aplicado no SM e no Maserati Merak, e o diferencial de deslizamento limitado proporcionava uma boa manobrabilidade ao Esprit. Os freios Girling a disco sólidos, nas quatro rodas tinham duplo circuito, e os traseiros eram inboard, as suspensões dianteiras tinham braços em “A” superiores e barras laterais inferiores triangulares com barras estabilizadoras. A suspensão traseira consistia em braços de arrasto cônicos e links laterais inferiores. Havia conjuntos de amortecedores/molas e as rodas de liga em 14 polegadas Wolfrace tinham 7 polegadas de tala na traseira e 6 na dianteira. A direção era feita por cremalheira e pinhão não assistidos.

O Chassi tinha uma trave central em aço e a carroçaria em fibra de vidro seguia o princípio da Lotus “Performance através do menor peso”, com o Esprit pesando apenas 953 kg. A aceleração de 0-97 km/h era de 6,8 segundos e a máxima atingia 222 km/h (18 mph), valores de fábrica, que os testes indicavam 0-97 km/h em 8 segundos e máxima de 214 km/h (133 mph).

O Esprit tinha vidros elétricos, o imenso para-brisa era laminado, desembaçador no vidro traseiro, pisca-alerta, cintos de segurança de dois estágios, espelhos com ajuste elétrico, e a falta de relógio, limpador no vidro traseiro e acendedor de cigarros eram omissões não comuns da época.

Com o Esprit, a Lotus entrava no mercado dos supercarros modernos, com seu design exótico, a produção se estendeu de 1976 até 2004, com suas várias versões.

O Esprit de James Bond


Don McLaughlan, então chefe de relações públicas da Lotus Cars, ouviu dizer que a produtora Eon estava comprando um novo carro para as filmagens de James Bond, no início de 1976. Ele dirigiu um protótipo do Esprit com a marca Lotus colada e o estacionou em frente aos escritórios da Eon nos estúdios Pinewood; ao ver o carro, a Eon pediu à Lotus que emprestasse os dois protótipos para as filmagens. As filmagens iniciais da sequência de perseguição de carros resultaram em sequências de ação decepcionantes. Enquanto pilotava o carro nas filmagens, o piloto de testes da Lotus, Roger Becker, impressionou tanto a equipe com seu desempenho do carro que, durante o resto das filmagens na Sardenha, Becker se tornou o dublê.


Como todos os carros de 007, o Esprit também tinha recursos para que Bond pudesse enfrentar todas as situações, e o roteiro pedia um carro que navegasse debaixo d’água. A produção preparou seis modelos para as filmagens: além do “Hero-Car”, três carroçarias (somente as carcaças) foram preparadas para a transição submarina, dois eram mock-ups sem motor para a tomada de entrada na água (lançado por um canhão de ar comprimido no píer) e saída da água (puxado por uma corda camuflada na areia), e outro carro foi preparado pelo engenheiro naval de Derby, Alex Leam, um submarino totalmente operacional, chamado de “Wet Nellie”, equipado com um motor construído pela Perry Oceanographics de Riviera Beach, Florida.


O nome faz referência à Little Nellie, um autogiro utilizado por Bond no filme You Only Live Twice, que por sua vez, recebeu este nome por causa da atriz britânica Nellie Wallace (*). Wet Nellie foi pilotado nas filmagens pelo ex-SEAL da Marinha dos EUA, Don Griffin.

Em outubro de 2013, o Wet Nellie foi a leilão, e arrematado por US$ 616,000 por Elon Musk, da Tesla, que tinha intenção de restaurar o veículo de modo a ter a capacidade de ser utilizado tanto na terra como na água, movido, claro, por motores elétricos.

O Lotus Esprit “Hero-Car” foi devolvido à Lotus depois das gravações, e reformado para o acabamento padrão e vendido. O suporte do relógio foi removido, os bancos e encostos de cabeça voltaram aos originais, o motor foi reparado e um emblema preto da Lotus foi recolocado. Um colecionador alemão acabou ficando com o carro por um longo tempo.

Da minha coleção



O Lotus Esprit branco é uma variação do modelo de lançamento, da Série HW Workshop: HW Garage, de 2015. O casting é trabalho de Ryu Asada, e adquiri esta mini no estado, fora da cartela, então tem alguns detalhes nos filetes laterais e na placa traseira. Ele tem apenas o logo Esprit na coluna traseira, no mais, reproduz as linhas limpas e belas do desenho de Giugiaro. 




O Wet Nellie foi reproduzido pela Hot Wheels em apenas uma edição, saiu na Série Hot Wheels Entertainment: The Spy Who Loves Me, em 2014, casting de Fraser Campbell, e desde então, não teve reedições.


Lotus Esprit Submariner






Referências:

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Lotus_Esprit_S1

https://en.wikipedia.org/wiki/Lotus_Esprit

https://www.imdb.com/title/tt0076752/?ref_=tt_mv_close

https://en.wikipedia.org/wiki/The_Spy_Who_Loved_Me_(film)

https://www.supercars.net/blog/1976%E2%86%921980-lotus-esprit-s1/

https://hotwheels.fandom.com/wiki/Lotus_Esprit_S1_(submarine)

(*) Nellie Wallace (1870-1948) foi uma artista britânica, atriz, dançarina, cantora, comediante e compositora que veio a ser uma das mais famosas e admiradas de seu tempo. Durante a II Guerra, criou-se o costume de apelidar as pessoas com sobrenome de Wallis ou Wallace de “Nellie”. Como o autogiro utilizado no filme de Bond You Only Live Twice era fabricado pelo ex-comandante da RAF Ken Wallis, ele recebeu o nome de “Little Nellie”; e o Esprit S1 submarino acabou sendo chamado de “Wet Nellie”.