Com o visual esportivo ─ que tanto atraiu os presentes na Motorama de 1953 ─ não estava correspondendo ao desempenho que o Corvette oferecia, algo urgente precisava ser feito para resgatar o modelo de um futuro sombrio que se desenhava; e em fevereiro de 1956, Zora Arkus Duntov ao volante de um Corvette modificado com motor de 240 hp passou de 150 mph (241 km/h). Com um pouco mais de preparo, a potência chegou a 255 hp, e o carro atingiu a média de 147,3 mph, cerca de 15 milhas mais rápido do que os Ford Thunderbird.
Duntov e sua equipe prepararam três carros, e conseguiram
o primeiro e segundo lugares na classe Production Sports Car, e também o
recorde de velocidade máxima na Classe Modified, com John Fitch ao volante
contra os Ford e Chrysler.

Corvette SR, Sebring 1956 
Corvette SR, Sebring 1956 
Corvette SR, Sebring 1956
Logo em março, levou os mesmos carros e mais um para
as 12 Horas de Sebring, onde obteve o nono lugar na geral e a vitória na Classe
B-Production com John Fitch e Walt Hansgen, notável para um estreante, pois
todos os que chegaram à sua frente eram Ferrari, Jaguar, Maserati e Porsche. Estes
tinham a opção RPO SR, e o quarto, ainda não testado em competições, era equipado
com o Small Block de 307 cid (5,03 litros), injeção mecânica de combustível
Rochester, câmbio ZF mais curto com quatro marchas, freios com pastilhas de
Cerametallic, tambores especiais, condutos para refrigeração dos freios e as
rodas Hallibrand de cubo rápido, calçadas com os Firestone Super Sports 170,
suspensão reforçada, comando Duntov, tanque com 37.5 galões (141 litros) e
diferencial de deslizamento limitado. Outro Corvette SR, correndo com o número
6, pilotado por Max Goldman e Ray Crawford chegou em 15º na geral e 6º na
classe C-Production. Don Davis e Robert Gatz, com outro Corvette, chegou em 23º,
Ernie Erickson com Charles Hassam abandonaram por quebra de um pistão, e Dale
Duncan com Guilherme Ansioso também, por problemas na roda traseira.
Enquanto isso, Dick Thompson, o “Dentista Voador”,
vencia o Campeonato da SCCA na classe C-Production, com um Corvette 56. Em
dezembro de 1956, os quatro Corvette participaram da Nassau Speed Week, nas
Bahamas, com Fred Windridge chegando em 15º, Warren Flickinger em 19º, Dick
Thompson em 20º e Ray Crawford em 27º com o SR-2 com motor 307 cid.
Com estes resultados animadores, alguns executivos da
GM ficaram incomodados pelo fato do filho de Harley Earl ─ Chefe de Design da
GM ─ Jerome estar correndo com uma Ferrari. Com isso, Earl praticamente
subornou seu filho para desistir da Ferrari com a promessa de fazer um Corvette
de corrida especialmente para ele correr. Coisas do poder de quem está no topo
da pirâmide corporativa...
Um exemplar do Corvette 1956 (chassi #1522 – VIN E56S002522)
foi retirado da linha de montagem em St. Louis e levado para Warren, Michigan,
com a ordem para “modificações de corrida e adições cosméticas”, juntamente com
a mobilização de 17 engenheiros para trabalhar neste projeto.
Desmontado inteiramente, e reconstruído com diversas
alterações, recebeu um novo VIN, trocando o “S”, que identificava a fábrica de
St. Louis, para “F”, não se sabe por que, mas alguns deduzem que o “F” era de
“Flint”, onde o centro de estilo era localizado.
Aplicaram todas as modificações do Corvette que correu
em Sebring, e personalizaram a carroçaria segundo o design de Robert Cumberford,
ganhando a sigla de SR-2, de “Sports Racing”. Suspensão reforçada, freios a
tambor maiores do que os normais de linha, mas com pastilhas Bendix
Cerametalix; a traseira com amortecedores de maior diâmetro complementados com
amortecedores rotativos Houdaille. O motor do SR-2 era o V8 de 265 cid (4,4
litros) com o comando Duntov, com dois carburadores quádruplos, acoplado a um
câmbio manual de três velocidades.

O primeiro Corvette SR sendo montado 
Este tinha a barbatana central no capô traseiro
Cumberford rebaixou o nariz do carro e prolongou o
bico com a grade 14 polegadas à frente, com o capô com diversas aberturas para
saída de ar do cofre, cobrindo os faróis com cones aerodinâmicos. As lanternas
dianteiras foram substituídas por faróis de neblina, e depois foram retiradas
para dar lugar a aberturas para refrigeração dos freios dianteiros. O recorte
atrás das caixas das rodas dianteiras foi revestido de alumínio polido, e ao
final deles havia entradas de ar para refrigerar os freios traseiros.
Finalizando, dois pequenos para brisas foram colocados no lugar do original
mais alto, e uma pequena barbatana central após os bancos. As lanternas
traseiras foram alteradas, com design similar ao que seria usado no modelo de
1958. Foi pintado de azul metálico, e as rodas eram uma imitação das Halibrand,
deixando o modelo pronto para rugir nas pistas.
Com o número 144, o SR-2 estreou na corrida inaugural
da SSCA June Sprints, de seis horas, na Road America, em Elkhart Lake,
Wisconsin, causando sensação no paddock, mas não foi bem na corrida, pois Jerry
Earl rodou com o carro nos treinos, sem sofrer ferimentos. Quem pilotou o SR-2
foi Dick Thompson, que ficou conhecido como “The Flying Dentist” (O Dentista
Voador, pois era formado nesta especialidade), apenas terminando a corrida. Sua
impressão depois da prova era que o carro precisava de mais potência, e também
era muito pesado; pontos que foram considerados para o próximo Corvette de
competição durante o inverno de 1956-57. Um segundo SR-2 foi construído para
Bill Mitchell, diretor de Design da GM, mas com motor 283 cid com injeção
direta de combustível.
O próximo SR-2 veio em 1957, com câmbio de quatro marchas, peso reduzido em 300 libras, com eliminação de diversos acessórios, especialmente os bancos tipo concha da Porsche no lugar dos originais do Corvette, e os painéis de porta em fibra-de-vidro mais leves. Um domo atrás do piloto foi instalado, com uma enorme barbatana no estilo dos Jaguar D-Type. O motor 283 cid foi trocado pelo Small Block V8 de 331 cid (5,5 litros), também com injeção de combustível com bicos duplos, e uma caixa de câmbio de quatro marchas totalmente nova.

O Corvette SR-2 em Road America, em Elkhart Lake, Wisconsin
Henry “Smokey” Yunick famoso piloto de corridas e
engenheiro, colaborou com a GM, revisando o duto de freios e adicionando saídas
de ar nos para-lamas dianteiros para aumentar a eficiência da refrigeração no
cofre do motor. Sua maior contribuição foi na preparação do motor, aumentando a
capacidade do V8 de 331 cid para 336 cid, equipado com uma injeção eletrônica
Rochester, o novo câmbio e um tanque de combustível com 37,5 galões (142
litros), deram um folego a mais para o Corvette SR-2.
Na Nassau Speed Week, em dezembro de 1957, o piloto da
NASCAR Curtis Turner conduziu o novo SR-2, conseguindo a vitória no Memorial GT
Race. Dick Thompson e John Fitch, que havia quebrado recorde de velocidade em
Daytona Beach também correram com outros SR-2, mas abandonaram com problemas
mecânicos. Na Daytona Speed Week de 1957, com Buck Baker ao volante, o carro
atingiu 152,886 mph (245,99 km/h) de velocidade máxima.
O SR-2 se mostrava melhor com as alterações, e prometia obter sucesso com a Chevrolet acelerando seu programa de competição; mas o aumento da potência e velocidade dos automóveis começou a causar acidentes, com mortos e feridos, preocupando as autoridades, de modo que a Associação dos Fabricantes de Automóveis concordou em interromper sua participação e apoio às corridas. Ironicamente, a ideia partiu de Harlow “Red” Curtice, na época presidente da GM, pelo receio de possíveis regulamentações do governo contra as corridas de carros; e ele mesmo possuía um SR-2 como de Bill Mitchell, mas com a aleta traseira menor, central no capô traseiro, rodas raiadas em vez da Hallibrand, e a mecânica era a de um modelo normal de linha e não com os equipamentos de corrida. O modelo foi apresentado pela GM em muitos eventos no circuito de feiras e exposições.
O destino dos SR-2
O SR-2 de Earl foi vendido para o piloto Jim Jeffords, que tinha o patrocínio da revenda Nickey, de Chicago. Jeffords correu com ele em Sebring em 1957, pintado em roxo, que era a cor da Nickey, mas não terminou a prova; mas em 1958 e 1959, ele venceu o campeonato da SCCA classe B-Production, com o SR-2, apelidado de “Purple People Eater”, referindo-se à música de Sheb Wooley, que fazia sucesso na época. Mais tarde, ele vendeu o Corvette para o piloto da SCCA Bud Gates, dono de uma revenda em Indianápolis.
Gates correu com o carro por alguns anos, e depois o deixou no pátio de sua loja de carros usados em 1962. Vernon Kispert, um piloto de arrancada de Terre Haute, comprou o carro e o rebatizou de "O Terror de Terre Haute". Depois de alguns anos competindo, o carro acabou à venda em frente a um ferro-velho em Indiana, por US$ 5,000; parecia que o seria um triste fim para o Corvette SR-2, mas Gene Marquis o resgatou e começou uma lenta restauração no carro, mas acabou pintando-o de vermelho, com assentos de um Ford Thunderbird.
Rich Mason, um entusiasta de longa data do Corvette, teve mais de 50 deles ao longo dos anos, e procurava um Corvette “vintage”, e depois de muito negociar com Marquis, comprou o carro em 1986, restaurou-o, pintou-o de azul e correu com ele em eventos antigos por quase três décadas. Colocou um V8 Small Block de 333 cid no lugar do 283 cid, e venceu a Monterey Cup de 1987 tanto pelo desempenho como pela apresentação do carro. O volante de madeira original estava lá, e conseguiu um tacômetro de 8000 rpm montado na coluna que estava faltando. “Esse item é uma unidade original de um Corvette 1957, muito difícil de encontrar, e caro também” disse ele. Ele o vendeu para um colecionador em Seattle e Kroiz o comprou em 2015.
Irwin Kroiz é um colecionador e o restaurou como uma peça histórica e fez um serviço digno de colocá-lo num museu. Para tanto, ele enviou o carro para a Corvette Repair, de Kevin MacKay, em Valley Stream, Nova York, famoso por suas restaurações de carros de corrida históricos. “Foi uma peça incrível”, diz MacKay, e ainda elogiou Rich Mason por preservar a história e não sofrer nenhum acidente com ele durante o tempo em que participou das Racing Vintage.

Na celebração dos 50 anos da estréia do Corvette em Sebring
No trabalho de restauração, MacKay buscou com Mason
peças que ele substituiu durante o tempo que ficou com o Corvette, como o
radiador e o motor de partida. Ele instalou mangueiras, correias e braçadeiras
correspondentes à época, assim com a bateria. Lixando o carro, debaixo do azul
que Manson havia pintado, havia o vermelho, o roxo da Nickey, e o azul
original. O SR-2 ainda tinha suas rodas Hallibrand originais, mas faltava o
estepe, que MacKay conseguiu localizar e repor ao carro. Assim também conseguiu
um conjunto de pneus de corrida NOS Firestone, refez todo o estofamento,
incluindo o couro do apoio de cabeça no domo e a manopla do câmbio. Ele
conclui: “Foi um verdadeiro prazer trabalhar neste carro”. Kroiz levou o carro
para o Amelia Island Concours d’Elegance em 2018, e ganhou o prêmio de “Best in
Class – Racing Cars” (1946-1957), iniciando uma série de prêmios em diversos
eventos em que foi inscrito.
Após o Amelia Island Concours, o SR-2 ganhou o prêmio
de “Best in Class - All Racing” no Cincinnati Concours d' Elegance e o Carro
General Motors Mais Significativo no Concours d'Elegance of America no Inn de
St. John's em Plymouth, Michigan. No outono passado, o SR-2 adicionou o Best in
Show - Sport, o primeiro lugar para o Historic Race Car e um prêmio Historical
Vehicle Association Heritage no Radnor Hunt Concours, na Pensilvânia.
O SR-2 está concorrendo a um American Heritage Award
na National Corvette Restorers Society em maio, e Kroiz também o exibirá no The
Elegance da Hershey em junho; assim o carro vai aumentando sua coleção de
troféus com o tempo.
![]() |
| O Corvette SR-2 feito para Billl Mitchell |
O Mitchell SR-2 e o de Curtice SR-2 Styling Car
permanecem nas mãos de outros colecionadores.
Da minha coleção
O Corvette SR-2 é um Hot Wheels, Mainline de 2002, uma variação de cor do carro pintado em vermelho que saiu como ‘2002 First Editions’. Ele reproduz o modelo 1957, com a grade avançada e o domo atrás do piloto com a barbatana vertical. Também traz as coberturas cônicas nos faróis principais e detalha as aberturas abaixo deles para resfriar os freios dianteiros. Uma pena o detalhamento padrão da Mattel, poderia ser uma mini mais atrativa pelo design e o valor histórico do carro real.
Referências:
https://leotogashi.blogspot.com/2021/01/corvette-geracao-c1-1953-1962.html
https://hotwheels.fandom.com/wiki/Corvette_SR-2
https://www.hagerty.com/media/car-profiles/first-corvette-sr-2-crash-free-trophy-winning/
https://www.corvsport.com/corvette-sr-2-guide/
https://en.wikipedia.org/wiki/Dick_Thompson_(racing_driver)
https://www.conceptcarz.com/vehicle/series.aspx?makeID=31&modelID=2430&h=13141#13141
https://www.conceptcarz.com/z20194/chevrolet-corvette-sr.aspx
http://www.wsrp.cz/nassau1957.html
https://www.racingsportscars.com/results/Nassau-1956-12-09.html














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