sexta-feira, 28 de abril de 2017

Lancia Stratos HF - Imbatível nos Rallies

Stratos Zero - 1970
O nome Stratos surgiu pela primeira vez num carro-conceito desenhado pelo Estúdio Bertone no Turim Motor Show de 1970. O modelo esguio e baixo, com um imenso para-brisas, que servia também de porta para entrar no carro era a idéia de Bertone para sensibilizar a Lancia e pegar o trabalho para substituir o Fulvia, campeão de rallies que precisava se atualizar.
O problema era que a Lancia era parceira de Pininfarina, e Bertone necessitava dar um lance alto para ganhar a preferência para o projeto. Em 1969, ele havia comprado um Fulvia de um amigo e usou o motor para montar um carro conceito que convencesse a diretoria da Lancia a passar o projeto do novo carro para ele.
Desenvolvido em segredo por Bertone, na mostra de Turim a Lancia foi surpreendida pelo protótipo com design agressivo e revolucionário, ganhando a simpatia e uma chance de levá-lo à fábrica para mostrar aos diretores e engenheiros da Lancia.
Abertura incomum para entrada no carro
Bertone recordou anos mais tarde: "Uma manhã, no final de fevereiro de 1971, Ugo Gobbato, então presidente da Lancia, me telefonou." Gobbato queria ver o carro - e naquela mesma tarde Bertone dirigiu pessoalmente a Via San Paolo, sede da Lancia onde trabalha a equipe de corrida. "Eu dirigi até o portão principal, onde um atordoado porteiro olhava fixamente para aquele objeto estranho que era tão baixo que poderia passar por baixo da cancela. Enquanto isso, o ronco do motor (naquela época, um Fulvia 1,6 litro V4) trouxera todas as pessoas da equipe de corridas da Lancia que estavam esperando por nós para o pátio. Então o porteiro levantou a cancela. Foi uma entrada inesquecível. No meio da multidão, desliguei o motor e saí da minha 'nave espacial'. " Bertone foi então rapidamente contratado para construir um protótipo de rali prático.
O protótipo de 1971
Apresentado um ano depois, pelo Estúdio Bertone no Turim Motor Show, em 1971, o Lancia Stratos HF foi planejado para substituir o Fulvia, sucesso nos Rallies. Com uma frente em cunha, o protótipo pintado em vermelho fluorescente tinha um para-brisas envolvente, bastante inclinado e estreitas colunas A, com visibilidade traseira quase nula (desnecessária nos Rallies).
O Stratos foi equipado inicialmente com o motor do Fulvia, e no decorrer do desenvolvimento do carro, passou para o motor do Lancia Beta; mas Bertone queria que ele fosse equipado com o motor do Ferrari Dino. Enzo estava reticente para permitir isso, pois achava que seria um concorrente para o Dino 246 GT, mas com o final da produção do Dino em 1974, Enzo acabou concordando e enviou 500 unidades do V6 do Dino.
Equipado com o motor da Ferrari Dino, um V6 de 2,4 litros, produzindo 190 hp, que fazia de 0-100 km/h em 6,8 segundos e levava o Stratos a 232 km/h de máxima. O carro foi um sucesso durante a década de 1970 e início dos anos 1980, boa parte dele creditado ao trio que comandou a equipe Lancia no período: Cesare Fiorio, chefe de equipe, Mike Parkes, piloto e engenheiro inglês e Sandro Munari, piloto oficial da Equipe Lancia de Rally; que contaram com Marcelo Gandini, designer da Casa Bertone, que teve um interesse pessoal para desenhar, desenvolver e produzir o carro. Foi o primeiro carro projetado desde os esboços voltado para as competições de Rally.
Com a produção de 500 exemplares, foi homologado para correr no Grupo 4 da FIA, em 1973. Homologado para o Grupo 5 da FIA, em 1975 foi equipado com um turbo que produzia 275 hp no motor Dino V6 2,4 litros, e 320 hp com o cabeçote de 24 válvulas, que foi banido em 1976 por não ser equipamento de fábrica. Mesmo assim, e não sendo inicialmente projetado como um carro de competição, duas unidades foram preparadas com um Turbo KKK e rendiam 560 hp no V6 da Ferrari, tornando-se o adversário a ser batido em todas as etapas do campeonato. Caso não sofresse nenhum acidente ou quebra mecânica, o Stratos tinha grandes chances de ser o vencedor, tamanha era a eficiência do conjunto Motor-Chassis, combinado com a habilidade de Sandro Munari, que correu com diversos parceiros durante os anos em que a Equipe Lancia participava do Campeonato Mundial de Rally.
O carro venceu os campeonatos de 1974, 1975  e 1976 nas mãos de Sandro Munari e Björn Waldegärd, e poderia ter vencido mais se a política interna do Grupo FIAT não tivesse preterido o Stratos em prol do FIAT 131 Abarth. Notáveis também as vitórias do Stratos no Rally de Monte Carlo em 1975 (Sandro Munari e Mario Manucci), 1976 (Sandro Munari e Mario Manucci) e 1977 (Sandro Munari e Silvio Maiga), e em 1979 com Bernard Darniche e Alain Mahé correndo pela equipe Chardonnet. Sua competitividade era marcante, e no decorrer dos anos, era um concorrente sério em todas as competições que participava. Sua última vitória foi no ano de 1981, no Tour de Corse Automobile, do Mundial de Rally, com Bernard Darniche numa equipe privada, fechando uma série de 18 vitórias no Campeonato Mundial de Rally.

STRATOS GRUPO 5
Stratos Grupo 5 Silhouette
A Lancia construiu também dois exemplares do Stratos (turbo comprimidos) para o Grupo 5 Silhouette para provas de resistência em circuitos fechados; mas não foram bem sucedidos contra os Porsche 935. Um deles foi destruído num incêndio em Zeltweg, e o outro venceu o Giro d’Italia por dois anos, antes de ser enviado para competir no Fuji Speedway na Formula Silhouette, mas a corrida não chegou a ser realizada. O carro então foi vendido para a Coleção Matsuda, e posteriormente foi adquirido pelo colecionador Christian Hrabalek, um designer de automóveis e fundador da Fenomenon Ltd., que tem a maior coleção de Lancia Stratos do mundo, onze carros exclusivos, incluindo o protótipo vermelho fluorescente de 1971 e o vencedor do Rally Safari de 1977. Seu interesse pelo carro o levou a desenvolver o Fenomenon Stratos em 2005.
Fenomenon Stratos - 2005

Lancia Stratos Rallycross
Outro carro exclusivo do Grupo 5 é o Lancia Stratos HF do piloto austríaco de Rallycross Andy Bentza. O carro foi conduzido primeiramente por seu companheiro da equipe Memphis Franz Wurz, pai do piloto de Formula Um Alexander Wurz. Em 1976, Wurz reinvindicou o primeiro título europeu e Rallycross reconhecido pela FIA com o carro, que tinha um motor 2,4 com um cabeçote de 12 válvulas e depois recebeu um de 24 válvulas. Para a temporada de 1977, Mike Parkes cedeu a Wurz um motor com 24 válvulas e um virabrequim especial que aumentava a capacidade do motor para quase 3000 cc. Para 1978, Bentza assumiu o carro de Wurz, vendeu o seu próprio 12 válvulas para seu compatriota Reneé Vontsina, e ganhou o título na Divisão GT do ERC (European Rallycross Championship). Bentza correu com seu Stratos até 1983, e manteve o carro por mais de 30 anos, e depois o vendeu para Alexander Wurz.
Este exemplar único foi então restaurado por longos dois anos e exibido em 2016, com sua decoração original da equipe Memphis no campeonato de Rallycross de 1976.

NEW STRATOS
New Stratos, baseado na plataforma da Ferrari F430
Em 2010, Michael Stoschek (um entusiasta piloto de Rally e presidente do Brose Group), junto com seu filho Maximilian, anunciou o New Stratos, uma releitura moderna do Stratos original dos anos 1970, projetado e desenvolvido por Pininfarina.
Com base numa Ferrari F430 Scuderia, com chassi encurtado em 200 mm, para chegar a um entre eixos de 2400mm, mantendo o motor Ferrari V8 de 4,3 litros e 540 cv (400 kW) a 8.200 rpm, produzindo um torque de 519 Nm (383 lb-ft) a 3750 rpm. Pesando 1.247 kg, o New Stratos acelera de 0-100 km/h em 3,3 segundos, atingindo 320 km/h de velocidade máxima. Embora seja mais curto do que o seu carro doador, o New Stratos é um pouco maior que o Stratos original, com um comprimento de 4.181 mm (164.6 pol.), 1.971 mm (77.6 pol.) de largura e 1.240 mm (48.8 pol.) de altura.
Aventou-se a possibilidade do carro entrar numa produção limitada de até 25 carros, porém a Ferrari não concordou com o plano, proibindo até mesmo seus fornecedores de apoiar o projeto. Certamente, Enzo não veria com bons olhos que seus carros fossem travestidos de Stratos, apesar de toda a reputação que o carro conseguiu nas competições, seria inaceitável uma F430 descer tanto na hierarquia automobilística.

EM ESCALA
O exemplar da foto é o carro que venceu o Rally de Montecarlo em 1977, sendo pilotado por Sandro Munari e Silvio Maiga, patrocinado pela Alitalia. Fabricado pela SOLIDO francesa, escala 1:18, abre portas e capô traseiro, o motor Ferrari Dino 2,4 transversal bem detalhado traz os cabos de velas acoplados.





REFERÊNCIAS:



quinta-feira, 20 de abril de 2017

Nomofobia - Tá ligado?

O uso intenso da tecnologia acaba nos deixando tão dependentes dela que alguns estão desenvolvendo a Nomofobia - do inglês "no mobile phobia", ou em português "medo de ficar sem o celular".
E não é de surpreender que as pessoas demonstrem um nível de ansiedade ou sinais de abstenção similares à drogas, fumo ou álcool.
O abuso no uso do celular pode se tornar um transtorno psicológico, e pode desencadear depressão, ou gerar uma distorção do comportamento, similar ao de pessoas que ficam dependentes de um vício.
Consultar o aparelho diversas vezes em intervalos cada vez mais curtos, mesmo que não haja o aviso de que chegou alguma mensagem; não desligar o celular nunca, dormir com ele debaixo do travesseiro e consultá-lo assim que despertar de manhã, são alguns sintomas de que você poderá estar desenvolvendo a Nomofobia.
Uma pesquisa do Datafolha em 2014 indicou que mais de 62 milhões de pessoas acessam a Internet via celular no Brasil; e mesmo que tenham acesso à rede em casa, continuam usando o acesso pelo celular, ao invés de utilizar um computador. Outra estatística indica que 66% da população brasileira acima dos 10 anos possuía um celular (IBGE 2013); e de acordo com Dora Goes, psicóloga do Programa de Transtornos do Impulso, do Instituto de Psiquiatria da USP; os mais jovens, entre 13 e 25 anos, tem mais propensão a desenvolver o vício, pois é uma fase em que a opinião de outros ainda é muito influente.
A contínua exposição nas redes sociais acaba trocando os relacionamentos reais pelos virtuais, dando uma falsa impressão de que são mais felizes se um post recebe "x" curtidas e compartilhamentos. Os efeitos podem se desdobrar em aumento da ansiedade, perda da qualidade do sono, redução da produtividade profissional ou escolar, sem contar o perigo de dirigir e falar/consultar o celular.
O Dr. Larry Rosen, psicólogo da Universidade do Estado da Califórnia, num trabalho que está conduzindo sobre como a tecnologia afeta o cérebro das pessoas, comenta:
- "...nosso corpo está sendo inundado por substâncias químicas que sinalizam a ansiedade, como o cortisol e a adrenalina...substâncias produzidas pela glândula supra renal quando o cérebro alerta para uma situação de perigo, para lutar ou fugir. Isso era muito útil quando precisávamos sobreviver na selva, mas agora, estas substâncias nos compelem a checar nossos smartphones".
Ele compara a recompensa de receber mensagens, posts ou curtidas como se estivéssemos diante de uma máquina caça-níqueis. "A maioria dos posts é enfadonho ou lixo de verdade; mas você continua passando o dedo na tela, até achar uma pérola, o que te coloca um sorriso no rosto. E você continua fazendo aquilo constantemente, para reproduzir mais uma vez a mesma sensação."
A experiência mais conhecida realizada por Ivan Pavlov, um fisiologista russo, no início do século 20, foi sobre os cães que recebiam um pedaço de carne assim que ouviam um apito sonoro, e desenvolveram o que ele chamou de 'reflexo condicionado'. Os animais passavam a salivar mesmo quando não recebiam a carne; e Pavlov concluiu que o organismo dos seres humanos também reage a estímulos repetitivos que produzem alguma recompensa (positiva ou negativa).
Será que o bip de mensagem chegando no seu celular está deixando a todos nós parecidos demais com os cães de Pavlov?
As pesquisas citadas acima mostram que esta tendência não vai mudar, e cada vez mais estaremos à mercê da tecnologia para as tarefas mais triviais de nossa vida. Então, a conscientização é o primeiro passo para não cairmos nesta armadilha.
A Nomofobia é um sintoma, como a febre; se você tem algum problema psicológico, ou tem dificuldades de sociabilização, trate do problema e não do sintoma, se não descobrir a infecção, não adianta tratar da febre.
A dona de um restaurante de Curitiba ficou impressionada com o fato de os clientes darem mais atenção ao celular do que às pessoas com quem dividiam a mesa, e decidiu criar uma ação chamada "Detox Eletrônico". Toda sexta-feira, na hora do almoço, quem se dispõe a guardar o celular até o final da refeição ganha um brigadeiro, ou outro docinho como sobremesa. Ela comenta que a iniciativa criou um clima mais agradável entre as pessoas, primeiro desafiando entre elas a ficarem sem o celular e no decorrer da refeição, conversando mais entre si. "Não somos contra a tecnologia, mas queremos ajudar as pessoas a encontrar o equilíbrio" comenta ela.
Relacionamentos enriquecedores só acontecem face a face, e são construídos através da comunicação presencial, não apenas por imagens ou palavras digitadas numa rede social, mas pela interação verbal e gestual com outra(s) pessoa(s). Não percamos a chance de encontrar um amigo(a), sorrir e abraçar alguém que você gosta, e ver nos olhos do(a) outro(a) aquele brilho de estar contente por estar juntos, naquela hora e naquele lugar.
Assim, a sabedoria antiga ainda é válida quando a Bíblia diz: "Assim como o ferro afia o ferro, assim o homem afia o seu amigo." (Provérbios 27:17 - NM)

Referências:
http://noticias.r7.com/saude/nomofobia-uso-excessivo-de-celular-pode-levar-a-ansiedade-tremor-e-ate-depressao-19072015
http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/04/14/psicologo-diz-que-midia-social-esta-afetando-o-cerebro-das-pessoas/
http://www.foodjobs.com.br/noticias/restaurante-de-curitiba-premia-quem-nao-usa-o-telefone-celular/

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Carros e Filmes: Mach 5 e Shooting Star

Speed Racer e o Corredor X protagonizavam as maiores aventuras nas pistas de todo o mundo, onde seus concorrentes nunca jogavam limpo.
Iniciando como um mangá em 1960, criado por Tatsuo Yoshida, em 1967 passaram à série animada que correu o mundo depois que um sindicato americano comprou os direitos de exibição na TV. Assim, Go Mifune (no original japonês) virou Speed Racer, atraindo imediatamente a audiência para acompanhar suas tramas sofisticadas, envolvendo conspirações diabólicas, ação violenta nas corridas tipo vale-tudo, com seus personagens marcantes e carros de corrida poderosos.
O Mach 5 (pronuncia-se Méqui-Five) tem seu nome referindo-se à unidade de velocidade supersônica, e o número 5 identifica o quinto carro construído pela Mifune Motors (daí o "M" vermelho no capô do carro), que virou Racer Motors em inglês. Construído por Pops, pai de Speed, tem diversos gadgets inspirados no Aston Martin de James Bond (007 contra Goldfinger) e Speed utiliza todos os recursos para driblar os adversários nas competições.
Speed conta sempre com Sparky, seu ajudante mecânico e Trixie, suposta namorada (pois nunca se beijaram em cena), de 18 anos, pilota um helicóptero e auxilia nosso herói sempre que precisa. Gorducho (irmão mais novo de Speed) e Zequinha, um chimpanzé de estimação, sempre viajam no porta-malas do Mach 5 para participar das aventuras.
O último personagem (e muitos o consideram o melhor) é o Corredor X, piloto mascarado que corre com o Shooting Star (Estrela Cadente), e é na verdade irmão mais velho de Speed, Rex Racer, e trabalha como agente da Interpol combatendo as gangues e  nas corridas e protegendo Speed sempre que necessita.
Anos atrás, Pops havia dito a Rex antes de uma corrida, que ele ainda não estava preparado para competir no nível de competência profissional. Durante a corrida, Rex foi para a liderança e com menos de uma volta para chegar à vitória em sua primeira corrida importante, perdeu o controle do carro e destruiu-o. Pops explodiu de raiva e deu a maior bronca nele. Rex, então, saiu de casa e desapareceu, não antes de fazer a promessa de que iria se tornar o maior piloto de carros de corrida do mundo.

MACH 5
Há várias empresas licenciadas para fazer os modelos do Mach 5, entre elas, a ERTL, Jada Toys, Mattel (HotWheels), AutoWorld, Racing Champions e outras.
Alguns fabricantes não reproduzem corretamente as caixas das rodas, especialmente as traseiras, e no caso das rodas, há imagens originais em que as rodas tem seis ou cinco furos redondos (o modelo da ERTL tem seis), e os da Jada tem rodas semelhantes aos da Ferrari, com cinco raios em estrela e pneus com perfil bem baixo. Os modelos da Toynami e Unifive trazem as figuras de Speed, Gorducho e Zequinha, e uma série da ERTL também foi vendida com figuras do Gorducho e  Zequinha. Em forma de Kits para montar, temos a Polar Lights, AMT  e a Streamline Productions faz um modelo em resina.
Outro detalhe interessante é que a posição do piloto é à esquerda (diferente do Japão que é à direita), mas o espelho retrovisor (único) é posicionado sobre o para-lama da direita, não havendo retrovisor no lado do piloto.
A foto mostra o exemplar da ERTL na escala 1:18, que traz os discos de serra dianteiros aparentes sob o bico do carro. O capô dianteiro e as portas são articuladas, e a pintura com a decoração é bem caprichada.

SHOOTING STAR
A foto é o modelo feito pela ERTL, na escala 1:18. Traz o design bem fiel ao carro do desenho animado, e seu acabamento é muito bom, com o interior mostrando o painel e volante que esterça as rodas. Abre as portas e o capô traseiro, revelando o motor com seus escapes para cima. E tem uma camera que se projeta do para-lama dianteiro. A miniatura traz também uma garra articulada que se projeta de baixo do bico do carro.
A brasileira Enigma Models fez tanto o Shooting Star como o Mach 5 em resina, muito bem proporcionados, e acompanhavam as figuras do Corredor X e de Speed Racer.
A Streamline Pictures, estúdio que fazia dublagem de animês japoneses, através de sua divisão 3-D lançou modelos em resina de alta qualidade do Mach 5, Shooting Star e GRX, na escala 1:25. A Johnny Lightning fez os mesmos carros, e outros exemplares (Stock Car, Assassin Car, VW Van e outros), mas na escala 1:64.


Leia as matérias completas em:
http://leotogashi.blogspot.com.br/2017/04/carros-e-filmes-mach-5-de-speed-racer.html
http://leotogashi.blogspot.com.br/2017/04/carros-e-filmes-shooting-star-e-o.html

Carros e Filmes - Shooting Star e o Corredor X

O Corredor X é um herói, misterioso, flamboyant, altruísta, simpático, muitas vezes chamado de Soldado da Fortuna. Sua identidade real é Rex Racer (Kenichi Mifune, no original) filho mais velho de Pops Racer e Mom, e irmão de Speed Racer e Zequinha. Seu pseudônimo é realmente uma recombinação das letras de seu primeiro nome, Rex > Racer-EX. Em alguns países, foi chamado de Corredor Mascarado.
Anos atrás, aos 18 anos, Rex havia sofrido um acidente com o Mach One (o primeiro carro que Pops construiu), na primeira corrida em que participava como piloto profissional. Ele corre com o número 9, e seu carro é o Shooting Star (Estrela Cadente).
A identidade do Corredor X é constantemente revelada em quase todos os episódios do Seriado, sempre que ele aparece, enquanto que Speed não tem conhecimento disso. Mas nos episódios 3 e 4  “Challenge of the Masked Racer” (Desafio do Corredor Mascarado), Speed começa a suspeitar que o Corredor X pode ser, de fato, o seu irmão mais velho. Speed só irá descobrir a verdade sobre o Corredor X, que é realmente o seu irmão desaparecido há muito, perto do final da série, no episódio “The Trick Race”.
Ele foi reconhecido tanto por Speed como por Pops de que era um piloto melhor do que Speed, e o melhor que já havia competido. As suspeitas começaram porque o Corredor X inexplicavelmente sacrificava as vitórias e repetidamente protegia Speed dos outros pilotos que queriam prejudicá-lo. Em muitas corridas, o Corredor X vencia as competições, com Speed chegando em segundo lugar. Ele sempre saia de cena sem ser notado, e nunca tinha fatos de sua vida particular revelados ao público.
Corredor X, numa das raras cenas em que Rex Racer
aparece com a face exposta, sem a máscara.
Isto não aconteceu até o episódio “Challenge os the Masked Racer Part 2”, em que os fãs finalmente puderam ver a face do Corredor X. Em outra ocasião em que isto ocorreu foi ao final da série em “The Trick Race”.
Speed tem então, a chance de perguntar ao Corredor X se ele é mesmo Rex Racer, mas é interrompido com um soco no estômago. Com Speed inconsciente, o Capitão Terror, da Equipe Acrobática, logo reconhece Rex Racer debaixo da máscara do Corredor X, e este confirma o fato. Ele faz, então um voto de que sairá das corridas para tornar-se um agente secreto internacional, afirmando a Speed, que está ainda inconsciente, de que ele vai cuidar dele onde quer que vá. Quando Speed acorda, encontra a máscara do Corredor X no chão ao seu lado, e fica convencido de que o Corredor X é de fato seu irmão mais velho.
Caracterização do personagem
Pops havia dito a Rex antes da corrida, que ele ainda não estava preparado para competir no nível de competência profissional. Durante a corrida, Rex foi para a liderança e com menos de uma volta para chegar à vitória em sua primeira corrida importante, perdeu o controle do carro e destruiu-o. Pops explodiu de raiva e deu a maior bronca nele. Rex, então, saiu de casa e desapareceu, não antes de fazer a promessa de que iria se tornar o maior piloto de carros de corrida do mundo.
Durante o seu exílio, ele assume a identidade do misterioso Corredor X (também chamado de Corredor Mascarado), prosseguindo em sua carreira de piloto.
Em várias histórias, o Corredor X é visto como um espião ou agente secreto internacional, e é muitas vezes, responsável por frustrar planos de domínio do mundo ou combater esquemas corporativos. Nesta identidade, ele é frequentemente retratado vestindo um terno de linho branco e chapéu Panamá e óculos escuros. Ele também trabalha em cooperação com o Inspetor Detector, embora não fique claro se ele realmente faz parte desta organização. O Inspetor Detector parece saber da identidade do Corredor X, embora também não fique claro se esse conhecimento é compartilhado mutuamente através do relacionamento deles; ou se o Inspetor tem um dossiê sobre o Corredor X.
Mangá de Mach Go! Go! Go!
Na série do mangá original de Tatsuo Yoshida, que inspirou o desenho animado Speed Racer, o Corredor X é retratado de forma semelhante ao seu papel no desenho. No primeiro volume do Mangá, havia uma incerteza se o Corredor X era realmente o irmão mais velho de Speed. No entanto, no segundo volume de Yoshida, esta suspeita é confirmada, o Corredor X é na verdade Rex Racer, irmão mais velho de Speed. Neste segundo volume, as origens do personagem são exatamente os mesmos do desenho, o que significa que Rex destruiu o Mach One, e fugiu da família quando Pops o repreendeu.
A história do Corredor X no mangá original é um pouco diferente. O Príncipe Kabala compete com Speed na Fire Race, ao passo que no desenho animado, Rex está disfarçado como o Príncipe Kabala, que era dado como morto. No final desta história, no mangá, o Corredor X revela a Speed a sua identidade e seu trabalho como agente secreto; e a cena final mostra uma reunião em família, em que Speed e Rex prometem um ao outro competir juntos.
O conceito de que o Mach 5 originalmente era o carro do Rex no filme de 2008 provavelmente foi inspirado nesta cena do mangá.
Comic Series 1999/2000
Na história criada por Tommy Yune (escritor e artista coreano) como prelúdio para a série publicada entre 1999 e 2000, Rex é mostrado com tendo morrido enquanto pilotava o Falling Star nº 9, numa corrida contra seu primo Hank Racer, que corria com o Mach 3.
Anos depois, o Corredor X surge pilotando o Shooting Star, que é semelhante ao carro de Rex, chocando e gerando raiva na família Racer, pois acham uma desonra contra o nome de Rex, pela utilização das cores e do número 9 que ele usava. Na história, o Corredor X ajuda Speed a salvar Trixie, agradecendo sua ajuda e declara que um dia irá descobrir sua identidade.
Outra história tipo Prelúdio foi publicada um ano depois e abrangia o período entre o seu acidente e “morte”, dando sequência à de Yune. A série Racer X mostrava Rex correndo e vencendo com o Mach 1, antes de ser banido do time de Pops e lutando por um patrocinador para correr. Ele é convidado pelo Príncipe Kabala, de Kapetapek, que deseja aprimorar as habilidades de pilotagem de Rex e o contrata para ser um diplomata de Kapetapek, ilha-nação do Pacífico Sul contra as nações ocidentais (principalmente os Estados Unidos).
Rex aprende artes marciais, tiro, e treinamento de pilotagem, antes de cometer um crime punível com a morte. Kabala salva Rex, desafiando-o para a Fire Race, através dos vulcões da ilha. Para esta corrida, Rex recebe o carro nº 9 (mais tarde denominado Shooting Star), e vence Kabala, que morre quando um vulcão entra em erupção. 
Ele adota a identidade de Kabala (usando disfarce) a fim de salvar a nação das guerrilhas. No final desta série, Rex é visto usando sua máscara de Corredor X, e levando o corpo de Kabala no Shooting Star; embarcando num navio para a primeira corrida contra Speed Racer.
Speed Racer (2008 film)
Produzido pela Tatsunoko Productions, e escrito e dirigido pelos irmãos Warchowski, teve os atores Emile Hirsch (Speed), Christina Ricci (Trixie), John Goodman (Pops), Susan Sarandon (Mom), Scott Porter (Rex), Matthew Fox (Corredor X), Benno Furmann (Inspector Detector), Roger Allam (E.P. Arnold Royalton), Kick Gurry (Sparky), Paulie Litt (Spritle ou Gorducho) e os dois  chimpanzés Kenzie e Willie (Chim Chim ou Zequinha). 
Na adaptação do mangá e anime para o filme de 2008, Rex Racer é interpretado por Scott Porter, enquanto o Corredor X é interpretado por Mathew Fox. A relação entre Rex e o jovem Speed é que este o vê como um modelo e deseja pilotar assim como seu irmão mais velho. Rex pilota o Mach 5, mas dá o carro para Speed, quando deixa a equipe de Pops para pilotar por interesses corporativos. Nesta versão, Rex não destrói o Mach 4, mas é retratado como um piloto imprudente a serviço de interesses corporativos, responsável por diversos acidentes, antes de ser morto na entrada das Cavernas de Gelo, na corrida de cross-country Casa Cristo 5000.
Quando o Corredor X aparece no filme, ele está trabalhando como um mercenário, e é temido por pilotos, patrocinadores e pelos que tem interesses corporativos nas corridas. O Corredor X trabalha com o Inspetor Detector para acabar com a corrupção que tomou conta das corridas, e contrata Speed para trabalhar com ele e Taejo Togokhan (testemunha-chave no processo contra a corrupção da Royalton Industries) na Casa Cristo 5000 naquela temporada.
Speed começa a suspeitar que o Corredor X é na verdade seu irmão Rex, observando que o piloto mascarado apareceu exatamente dois anos após a morte de Rex em “The Crucible”, e exibe os mesmos estilos de pilotagem de Rex.
Depois que é revelado que Taejo conduz uma farsa, para aumentar o valor da empresa de sua família para lucrar mais com a proposta da Royalton, Speed derrota uma competição brutal com os pilotos que foram subornados por Cruncher Block (John Benfield). Speed confronta Rex com sua suspeita, e decepciona-se quando o Corredor X tira a máscara, revelando um rosto desconhecido, e diz a Speed que Rex está realmente morto.
O filme fecha o assunto com um flashback sobre o acidente com Rex, forjando a sua morte e depois fazendo uma cirurgia plástica para alterar sua aparência, a fim de poder lutar contra a corrupção sem trazer danos à sua família. O Inspetor Detector pergunta a Rex se ele cometeu um erro ao deixar a família, Rex lhe responde dizendo: “Se eu fiz, é um erro com o qual vou ter de viver com isso”.
EM ESCALA
A foto é o modelo Shooting Star feito pela ERTL, na escala 1:18. Traz o design bem fiel ao carro do desenho animado, e seu acabamento é muito bom, com o interior mostrando o painel e volante que esterça as rodas. Abre as portas e o capô traseiro, revelando o motor com seus escapes para cima. E tem uma camera que se projeta do para-lama dianteiro. A miniatura traz também uma garra articulada que se projeta de baixo do bico do carro.
A brasileira Enigma Models fez tanto o Shooting Star como o Mach 5 em resina, muito bem proporcionados, e acompanhavam as figuras do Corredor X e de Speed Racer. 

O Shooting Star da Johnny Lightning em 1:64 é da Série de Speed Racer, e tem uma boa reprodução do casting e decoração. Está na minha coleção há mais de dez anos, mas sempre pode ser achado na Web, inclusive a versão com a figura do Racer X.
Shooting Star, da Johnny Lightning


A Streamline Pictures, estúdio que fazia dublagem de animês japoneses, através de sua divisão 3-D lançou modelos em resina de alta qualidade do Mach 5, Shooting Star e GRX, na escala 1:25. A Johnny Lightning fez os mesmos carros, e outros exemplares (Stock Car, Assassin Car, VW Van e outros), mas na escala 1:64.

Referência:
https://en.wikipedia.org/wiki/Racer_X_%28character%29

Carros e Filmes - Mach 5 de Speed Racer

Speed Racer e seu Mach 5 ficaram gravados em nossa imaginação, ao acompanharmos suas aventuras pelo mundo, competindo contra seus adversários que nunca jogavam limpo.
Os personagens e o roteiro surgiram no Japão como mangás, no ano de 1960; e depois a série animada para TV Mach Go! Go! Go!, em 1967, do Estúdio de Animação Tatsunoko Productions, foi exibida em vários países do mundo.
Mach Go! Go! Go! (nome original do mangá) foi criado originalmente pelo pioneiro de animação Tatsuo Yoshida (1933-1977). O personagem Central era o jovem piloto de corridas chamado Go Mifune. O nome e os simbolismos foram cuidadosamente escolhidos e planejados por Yoshida: o “M” pintado no capô do carro e no capacete vinham do sobrenome da família ‘Mifune”, uma homenagem ao ator japonês Toshiro Mifune, protagonista do lendário filme Os Sete Samurais (e não se refere ao ‘M’ de Mach 5, como muitos pensam).
O nome “Go” é a pronúncia do número cinco em japonês (e o número do seu carro). A letra “G” também aparece gravada na camiseta que ele usa. Esta combinação de signos foi uma brincadeira multilíngue que começou a tomar conta do Japão e se tornou parte da cultura popular na época.
Yoshida teve o insight de Mach Go! Go! Go! depois de ter assistido dois filmes: "Viva Las Vegas" e "007 contra Goldfinger". Por combinar o visual do carro de Elvis Presley e o Aston Martin cheio de gadgets de James Bond, ele teve a inspiração para criar o carro, os personagens e o universo em que atuavam.
Os direitos de Mach Go! Go! Go! foram imediatamente comprados pelo Sindicato Americano Trans-Lux. O personagem principal Go Mifune recebeu o nome de Speed Racer na versão em inglês. Um grande esforço de dublagem e edição foi feito pelo produtor Peter Fernandez, que dublou o próprio Speed Racer e o Corredor X. Fernandez também foi responsável pela reformulação da melodia da canção-tema e sua letra em inglês, executada por Danny Davis e o conjunto Nashville Brass. A trilha sonora, que tocava ao fundo tornava mais emocionante as corridas em que o piloto Speed participava.
Quando a série foi exibida às audiências de televisão dos Estados Unidos como Speed Racer, os fãs foram atraídos rapidamente para acompanhar suas tramas sofisticadas, envolvendo conspirações diabólicas, ação violenta, corridas tipo vale-tudo, e seus personagens bem construídos e de olhos brilhantes. Os episódios eram emocionantes porque sempre estavam repletas de acidentes espetaculares e "golpes sujos" dos participantes, tais como seus mais célebres rivais, a "Equipe Acrobática", o GRX e o "Carro Mamute". As corridas eram em locais inusitados, como selvas, desertos e até uma realizada dentro de um vulcão.
No esforço de adequar a dublagem aos movimentos labiais do original em japonês, os diálogos ficaram peculiarmente rápidos, e o ritmo frenético das falas acabou ficando uma marca registrada do seriado.
No final de 1990, o Cartoon Network reprisou os episódios nos finais de tarde, em posteriormente em outros horários da programação até tarde da noite. 
Em 2008, a Warner Bros lançou um filme baseado nos personagens em live-action, com elementos do seriado original, mas com adaptações para os dias atuais. Desenvolvido desde 1992, com diversas mudanças de atores, roteiristas e diretores até 2006, quando o produtor Joel Silver e os irmãos Warchowski se uniram para começarem a filmar. Filmado entre junho e agosto de 2007, a um custo estimado de US$ 120 milhões, foi lançado em maio de 2008 no circuito cinematográfico americano.
O filme foi criticado pelo roteiro, personagens e diálogos, mas foi considerado bom como entretenimento para o público direcionado. Também, foi criticado pelo uso excessivo de efeitos especiais e muita computação gráfica nas cenas de ação, no entanto, anos depois, os comentaristas mudaram um pouco de opinião, concedendo um certo valor como filme ‘cult’.

O MACH 5
Desenhado e construído por Pops (Daisuke Mifune, no original), pai de Speed, é equipado com um motor especial de 50.000 hp, e traz diversos equipamentos como um verdadeiro arsenal futurista, tais como pneus especiais que aderem na neve e outras superfícies, serras mecânicas na dianteira para abrir caminho numa floresta, macaco hidráulico que faz o carro saltar quando acionado, isolamento para submersão, drone remotamente controlado, gerador de fumaça, lançador de óleo na pista contra perseguidores, e outras coisas mais.
O nome do carro remete à unidade da super velocidade do som, por isso, a pronúncia correta é “méqui-faive”, ao invés do comumente em português “métxi-cinco”.
O Mach 5 é uma maravilha tecnológica, contendo equipamentos muito úteis. Speed Racer usa facilmente estes apetrechos implantados no seu carro pressionando os botões marcados de “A” a “G” sobre o volante. O carro é construído com alta tecnologia e sua carroceria branca traz um grande “M” sobre o capô, o logotipo da empresa familiar da Mifune Motors (mudado para Racer Motors no filme de 2008). O carro possui dois lugares e seu interior é vermelho na maior parte. Suas linhas lembram a Ferrari Dino, criado por Enzo Ferrari para homenagear seu filho Dino, e a sonoplastia do motor remete a semelhança com o ronco de uma Ferrari V12. Na verdade Yoshida foi influenciado pelas linhas de vários carros que faziam sucesso nas pistas na década de 1960. No Japão, os Nissan R380 (1965) e R380-II (1965-68), o vencedor de Le Mans Ferrari 250 Testarossa (desenhado por Scaglietti e competiu entre 1958 e 1961); o Aston Martin DBR1 (vencedor de Le Mans em 1959) e o Ford GT40 (que era muito popular e bem sucedido nas corridas, principalmente nas vitórias em Le Mans); e o Chaparral 2C de Jim Hall. O carro compete num tipo de corridas de fórmula aberta, onde os carros são construídos com o máximo de potência e o mínimo de peso.
O número 5 pintado nas laterais do carro é sua identificação nas pistas, e também por ser o quinto carro construído por Pops e denominado Mach para a série de corridas.
O motor que equipa o Mach 5 é cercado de mistérios. De acordo com a descrição da Imai, a denominação do motor é GOV12, conforme as histórias do mangá de Tommy Yune, fruto da mente excêntrica e genial do Dr. Bent Cranium (ou Ben Cranem nos Estados Unidos), que criou o E-RX, antecessor do infame GRX. 
Suas dimensões compactas desmentem a entrega de potência extrema e torque insano, capaz de atingir 16.000 rpm. Sua aceleração é descrita como a de uma motocicleta de alta potência. Nada mal para um motor V12 que foi projetado para equipar um tanque de guerra na Segunda Guerra Mundial. Pops aprendeu com o E-RX e depois construiu o seu próprio motor, que passou a equipar o Mach 5.

Comandos no volante do Mach 5:
Autojack: Macaco automático, levanta o carro para fazer manutenção, mas em velocidade, fazia o carro saltar para superar obstáculos ou escapar de perseguidores. O som de molejo se flexionando era muito característico quando se acionava este recurso.
Belt Tire: Cinta que recobre os pneus permitindo andar em terrenos irregulares (piso firme, gelo, terra, fundo do mar, ou encostas muito íngremes). Adicionalmente, cerca de 5.000 hp eram distribuídos às quatro rodas para aumentar e efetividade deste recurso.
Cutter: Duas serras que aparecem na frente do carro e cortam qualquer obstáculo. Usado principalmente em corridas em áreas florestais, ou quando Speed tinha de sair da pista para cortar caminho, ou escapar de perseguidores.
Defletor ou Defender: Para-Brisa à prova de balas, que sela a cabine de pilotagem, para cruzar ambientes hostis (tempestades de areia, ou ataque de gases tóxicos), servindo também para submergir no modo subaquático.
Evening Eye: Faróis Super Brilhantes, para melhor visibilidade e alcance mais longe em corridas noturnas. Quando usado em conjunto com o visor “Night Shades” acoplado ao capacete de Speed, sua visão é ampliada para o modo “infra-vermelho”. Este Botão E foi alterado posteriormente para ativar mini-asas que saíam debaixo do carro, que Pops copiou da Equipe Acrobática, para ajudar a controlar o caro em saltos mais longos.
Frogger: Equipamento para dirigir embaixo d´água (Carga de Oxigênio por 30 minutos em modo submerso e Periscópio, que projeta as imagens numa tela no painel para o piloto), além da cobertura que selava a cabine para submersão. Subentende-se que no modo submerso, a propulsão deve ser elétrica (mas isso nunca foi sequer mencionado em lugar algum).
Gizmo Robot: Robô mensageiro em forma de pombo que dá a localização exata do Mach 5 e tem algumas funções remotas. Ele pode carregar imagens ou mensagens gravadas, escritas à mão, filmes, Raios-X, corda, e tem sido usado como uma arma improvisada para meios de defesa. Seu controle remoto é embutido no cockpit do Mach 5.
Homing unit: Joystick entre os assentos do carro e serve para controlar o robô.
Speed Racer era um jovem e audaz piloto de corrida de dezoito anos. Seu pai Pops, era um gênio e engenheiro que formou seu próprio time de corridas e criou o carro MACH  GO, este carro passou por várias inovações até chegar ao MACH 5 no qual o personagem vive diversas aventuras.
Pops Racer, Mom, Trixie e Sparky
A equipe de Pops Racer, além do próprio, e de seu filho Speed, é formada pelo mecânico sabe-tudo Sparky (Sabu no original) sempre tentando evitar que Speed tome decisões erradas em todas as situações, e é uma espécie de conselheiro. 
E ainda temos Trixie, a suposta namorada de Speed, mesmo eles nunca terem se beijado, existe um flerte constante, tem 18 anos e faz parte da equipe, pilota um helicóptero que auxilia nosso herói quando ele se mete em encrencas.
Gorducho e Zequinha
Outros personagens importantes são o Gorducho (Spritle em inglês e Kurio Mifune no original), irmão mais novo de Speed com 7 anos de idade. Vive sempre aprontado junto com Zequinha (Chim-Chim em inglês e Senpei no original), um macaco de estimação e tem como “hobby” se esconder no porta-malas do Mach 5 e participar de quase todas as aventuras. 
Corredor X e Rex Racer
O último e o melhor personagem é o CORREDOR X! Na verdade, para alguns ele tem mais carisma do que Speed.  Seu visual era melhor e sua atuação era sempre surpreendente. O mais bacana é que apesar do visual misterioso o Corredor X (Kenichi Mifune no original e Rex Racer na versão americana) era um herói como Speed (que além de enfrentar os vilões queria ser o maior piloto do mundo, claro). 
O que Speed não sabe a princípio é que o Corredor X, em sua opinião um adversário a ser superado, é seu irmão mais velho, Rex, que fugiu de casa após sofrer um acidente durante uma corrida e discutir com seu pai, que não queria que seu filho voltasse às pistas. Tornou-se agente secreto da Interpol. Speed não sabia, mas nós sabíamos e era muito bom assistir os desenhos sabendo o que o personagem principal sequer desconfiava.
Anos atrás foi lançado nos Estados Unidos, e posteriormente também no Brasil, uma série em quadrinhos de três edições com uma revitalização do Speed, ficou muito boa. O desenhista fazia um traço “anime ocidentalizado”, mas muito bem feito e a história foi fiel à essência do personagem, vale conferir!
No ano 2000, um protótipo do Mach 5, equipado com as serras na dianteira, foi produzido como um concept car, e a intenção era fabricar 100 unidades para homologação para venda ao público em 2002. Baseado no chassis do Chevrolet Corvette, recebia diversas alterações para o design ficar igual ao do desenho animado. O motor tinha 345 hp e custava entre US$ 75,000 e 125,000 cada um.
O Petersen Automotive Museum em Los Angeles, California, possui um exemplar protótipo do Mach 5 com motor central em seu acervo.

EM ESCALA
Há várias empresas licenciadas para fazer os modelos do Mach 5, entre elas, a ERTL, Jada Toys, Mattel (HotWheels), AutoWorld, Racing Champions e outras.
Alguns fabricantes não reproduzem corretamente as caixas das rodas, especialmente as traseiras, e no caso das rodas, há imagens originais em que as rodas tem seis ou cinco furos redondos (o modelo da ERTL tem seis), e os da Jada tem rodas semelhantes aos da Ferrari, com cinco raios em estrela e pneus com perfil bem baixo. Os modelos da Toynami e Unifive trazem as figuras de Speed, Gorducho e Zequinha, e uma série da ERTL também foi vendida com figuras do Gorducho e  Zequinha. Em forma de Kits para montar, temos a Polar Lights, AMT  e a Streamline Productions faz um modelo em resina.
Outro detalhe interessante é que a posição do piloto é à esquerda (diferente do Japão que é à direita), mas o espelho retrovisor (único) é posicionado sobre o para-lama da direita, não havendo retrovisor no lado do piloto.
A foto mostra o exemplar da ERTL na escala 1:18, que traz os discos de serra dianteiros aparentes sob o bico do carro. O capô dianteiro e as portas são articuladas, e a pintura com a decoração é bem caprichada.
O Mach 5, da Johnny Lightning, em 1:64

O Mach5 da Johnny Lightning na escala 1:64, traz as serras na dianteira do modelo, e é bem reproduzido para a escala, está na minha coleção há mais de dez anos, e não tenho mais visto este casting com esta configuração, somente o modelo normal e o que traz a figura de Speed Racer.

No próximo post, vamos falar do Shooting Star, o carro do Corredor X.

https://en.wikipedia.org/wiki/Mach_Five
http://speedracer.wikia.com/wiki/Mach_5
http://www.carlustblog.com/2012/01/the-original-mach-5-from-speed-racer-mach-gogogo.html
Revista Auto&Mecânica, Ano 2, Numero 15, Maio2000

terça-feira, 18 de abril de 2017

PORSCHE 917 K - Um supercarro de competição

Os primeiros anos
O World Sportscar Championship da FIA (Federação Internacional do Automóvel), englobava o International Championship of Makes (Campeonato Internacional de Marcas) e a International Cup for GT Cars (Copa Internacional de Carros GT), participando os Esporte-Protótipos do Grupo 6, Carros Esporte do Grupo 4 e Carros Grã-Turismo do Grupo 3 das categorias classificadas pela FIA.
Possivelmente, as temporadas entre 1966 e 1971 são consideradas como a Idade do Ouro das corridas de Carros Esporte. A categoria era dividida entre o Grupo S (carros esporte com motores de 5 litros) e P (Protótipos); e carros tais como a Ferrari 512S e 330 P4, o Ford GT40, a Lola T70, o Chaparral, o Alfa Romeo 33, e o lendário Porsche 917, batalhando pela supremacia em circuitos clássicos, como Sebring, Nürburgring, Spa-Francorchamps, Monza, Targa Florio e Le Mans.
Em 1968, num esforço para reduzir a velocidade alcançada pelos protótipos de até 7 litros do Grupo 6, a CSI (Commission Sportive Internationale) da FIA anunciou que o Campeonato Internacional de Marcas teria carros com motores limitados a 3 litros, no período entre 1968 e 1971. A definição pelos 3 litros era uma tentativa da FIA para que os fabricantes de motores para a Formula Um também fornecessem motores para os carros esporte nas corridas de Endurance.
Como não havia tempo hábil para que os fabricantes e preparadores dispusessem de unidades suficientemente desenvolvidas para equipar tais carros, a CSI permitiu que os carros do Grupo 4 (com motores de 5 litros), com um mínimo de 50 unidades produzidas, pudessem competir no Campeonato.
Em abril de 1968, devido aos poucos inscritos nesta categoria, a CSI anunciou que o mínimo de unidades produzidas fora reduzido de 50 para 25 unidades. Com a Ferrari ausente em 1968, somente os Porsche 908 e o Ford P68 correram, sendo que o Ford foi um fracasso. Até um antigo Porsche 2,2 litros chegou a vencer nesta categoria, com os Ford GT40 (4,7 litros) de John Wyer vencendo nas pistas mais velozes.
Iniciando em julho de 1968, a Porsche fez um surpreendente e muito caro esforço para tirar vantagem do regulamento da CSI. Como eles estavam reconstruindo os 908 com novos chassis a cada duas corridas, vendendo carros usados para equipes independentes, eles decidiram conceber, desenhar e construir 25 unidades de um carro totalmente novo, com um motor de 4,5 litros, para a categoria Esporte com um objetivo específico: obter a primeira vitória geral nas 24 Horas de Le Mans, em 14 de maio de 1970.
A Porsche Motorsports (departamento de corridas) havia projetado diversos carros de sucesso, mas limitado às classes de menor cilindrada. Estes incluíam o Porsche 904 Carrera GT, o 906 e o 908, mas eles ainda ficavam para trás diante do Ford GT40 e dos protótipos da Ferrari, que acabavam obtendo a vitória geral nas competições.
Desenvolvido a partir do 908, que tinha motor de 8 cilindros e 3 litros, e cerca de 350 hp; em 10 meses o Porsche 917 estava pronto, com um 12 cilindros boxer de 4,5 litros e 580 hp a 6600 rpm, refrigerado a ar, desenhado por Hans Mezger, que recebeu o código de 914.910. Este motor era uma combinação de dois motores Flat 6 de 2,25 litros, usados em carros anteriores; e não era propriamente na configuração ‘boxer’, mas um V12 a 180º também chamado de “plano” ou “flat” em inglês (Veja box) cujos mancais do virabrequim compartilhavam as bielas forjadas em titânio em oposição. Isto contribuiu para manter o motor compacto, e o volante do motor e as engrenagens que moviam os comandos de válvulas e o distribuidor ficavam no centro do motor, praticamente dividindo-os em dois blocos de seis cilindros. Denominado ‘Type 912’, o primeiro 12 cilindros da Porsche tinha comandos duplos nos cabeçotes, duas velas de ignição por cilindro e dois distribuidores.
Bastante compacto e potente, ele pesava apenas 239 kg. Produzia 520 hp, e seu desenvolvimento logo atingiu 600 hp. Um gigantesco ventilador elétrico foi montado horizontalmente sobre o motor e a caixa de marchas longitudinal foi planejada para ter quatro ou cinco marchas.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE MOTOR FLAT E MOTOR BOXER?
Ambos têm cilindros opostos horizontalmente, mas o motor Flat tem a metade do número de moentes (eixo ou pino onde são fixadas as bielas) do que o motor Boxer. O virabrequim tem um moente onde se acoplam duas bielas dos cilindros em oposição. Enquanto um está no PMS (Ponto Morto Superior), o outro está no PMI (Ponto Morto Inferior), conforme a figura ilustra esquematicamente.
Já no motor Boxer, o virabrequim tem um moente para cada biela, e os cilindros em oposição estão sincronizados: quando um está no PMS, ou outro também está no PMS; e quando um está no PMI, o outro também está no PMI.
A expressão Boxer veio do movimento que os boxeadores fazem com as luvas antes da luta começar, batendo uma contra a outra.

A partir do chassi do 908, os engenheiros buscaram obter o máximo de potência do motor e o mínimo peso possível. Usando alumínio ao invés de aço, o chassi multitubular pesava apenas 93 lbs. (42 kg). A carroçaria em plástico e fibra-de-vidro somava apenas 38 kg ao peso total do carro.
Para manter o carro compacto apesar do enorme motor, a posição do piloto foi colocada bem à frente, de modo que os pés do condutor ficavam além da linha do eixo dianteiro. A Porsche aplicou várias soluções para reduzir o peso do carro: titânio, magnésio, e outras ligas exóticas foram utilizadas em diversos componentes, além de recursos mais simples, como o pomo do câmbio feito de madeira balsa, e outros não tão simples, como por exemplo, o uso do chassi tubular como conduto de óleo do motor para o radiador dianteiro.
Na primeira visita de inspeção da CSI, a Porsche tinha apenas três carros prontos, enquanto outros 18 estavam em diversos estágios de montagem e sete outros conjuntos em início de montagem foram apresentados. Os inspetores negaram a fornecer a homologação pois queriam ver as 25 unidades prontas.
Em 12 de março de 1969, um 917 foi exibido no Geneva Motor Show, pintado de branco com o nariz verde com um número 917 em preto. O preço divulgado na ocasião era de DM 140,000, aproximadamente £ 16,000 ao câmbio da época, ou equivalente a dez Porsches 911. O preço não cobria os custos de desenvolvimento até o momento.
Em 20 de abril de 1969, Ferdinand Piëch, Diretor Geral da Porsche Motorsports alinhou 25 unidades do 917 diante da fábrica da Porsche em Zuffenhausen para os Inspetores da CSI. Comenta-se que algumas unidades estavam equipadas com freios a tambor feitos de madeira, motores sem miolo e outras improvisações. Piëch até mesmo ofereceu a eles a oportunidade de dirigir os carros, mas a oferta foi recusada.

As versões longa e curta
Para a temporada de 1969, os exemplares iniciais tinham uma cauda longa, com aerofólios móveis, segundo os projetistas imaginavam, esta configuração daria maior velocidade final ao 917, e proporcionariam mais pressão sobre o eixo traseiro. No entanto, os spoilers móveis foram abolidos pela FIA, depois que alguns acidentes na Formula Um foram causados por eles.
Quando os testes de pista começaram, o carro se mostrou muito instável em altas velocidades, e muitos pilotos começaram a ter dúvidas sobre esta solução aerodinâmica. Na primeira corrida em que os 917 foram inscritos, nos 1000 km de Spa, Brian Redman disse “ele é incrivelmente instável, necessita de toda a pista para se manter em velocidade”. Siffert, que treinou com o 917-003 declarou: “Este carro não é apenas instável, mas francamente, ele é perigoso”. A conclusão era que o motor era potente demais para o chassi, e muitos pilotos declararam preferir os 908 de cauda longa e foram escolhidos em detrimento dos novos 917.
A verdadeira estreia dos 917 ocorreu nos 1000 km de Nürburgring, pilotado por David Piper e Frank Gardner. Nenhum dos pilotos de fábrica queriam correr com os 917, e os 908 que foram inscritos se classificaram em 1º, 2º, 3º, 4º e 5º lugares. O 917 chegou em 8º lugar. Conta-se que Gardner, ao término dos treinos para esta corrida, perguntou ao engenheiro-chefe Helmutt Bott: “Existe ainda alguma possibilidade de redesenhar o carro antes da corrida? ”. Ainda outro comentário de Gardner, desta vez para seu companheiro David Piper: “Que diabo, Dave! Se deixarmos cair o nível de nosso controle, vamos nos afastar tanto da pista que precisaremos de uma bússola para encontrar o caminho de volta! ”
Para Le Mans de 1969, a Porsche inscreveu três 917: dois pela equipe de fábrica e outro para a John Woolfe Racing. O 917 de Kurt Ahrens e Rolf Stommelen obteve a pole, animando a equipe e criando um clima de favoritismo para a corrida. Eles atingiram 380 km/h na reta Mulsanne, 32 km/h mais rápido do que o recorde até então alcançado no circuito.
Largada estilo Le Mans
Infelizmente, na primeira volta, John Woolfe, piloto inglês de 37 anos, perdeu o controle de seu Porsche na Maison Blanche e veio a falecer no acidente. Possivelmente estava sem o cinto de segurança, devido ao tipo de largada tradicional em Le Mans, com os pilotos correndo atravessando a pista e saindo com seus carros sem afivelar os cintos.
O carro de Woolfe foi dividido em dois e o tanque do 917 foi arremessado e caiu defronte à Ferrari 312P de Chris Amon, vindo logo atrás, que se chocou e explodiu sob o carro, mas Amon conseguiu parar o carro incendiado e se livrou de maiores danos; mas teve de abandonar a corrida. Foi a última edição de Le Mans em que este tipo de largada foi praticado. A corrida foi interrompida por duas horas até que a pista fosse liberada dos destroços dos carros acidentados.
Os dois 917 continuaram por muitas horas, mas na altura das 300 voltas, ambos abandonaram por problemas de quebra da embreagem, sendo que Elford e Atwood lideraram a corrida por várias horas. O 908 de Hans Herrmann e Gerard Larousse, com problemas de freios, mantinham as honras da casa de Stuttgart perseguindo de perto o GT40 de Ickx e Oliver, que sofria com problemas no escapamento. Neste ano, o GT40 venceu por meros 120 m (394 ft, ou poucos segundos), sendo que o GT40 era o mesmo chassi 1075 em que Pedro Rodriguez e Lucien Bianchi venceram no ano anterior, em que a Porsche chegou também em segundo, com um 907 2,2 litros da Squadra Tartaruga (Suíça).
Neste mesmo ano de 1969, Jo Siffert e Kurt Ahrens comemoraram sua primeira vitória com o 917 (chassi 009) nos 1000 km de Österreichring, na Áustria, com um carro de traseira curta, seguido por um Lola T70; enquanto o 917 de Atwood e Redman chegou em terceiro. A Ferrari, que havia passado para o controle acionário da FIAT, investiu pesado na produção de 25 unidades da 512 com os poderosos V12 de 5 litros, refrigerados a água e com a tecnologia das quatro válvulas por cilindro; criando assim um formidável adversário para os 917. No entanto, o peso foi um problema pois era maior devido ao uso de aço e não alumínio.
A corrida seguinte é o Grande Prêmio do Japão, em Monte Fuji, onde o carro de Piper é prejudicado com problemas nos pneus e termina em sexto. Piper tem mais sorte em Hockenheim, chegando em terceiro e a vitória lhe sorri nos 1000 km de Kyalami, vencendo em dupla com Richard Attwood.
Junto com o Campeonato de Marcas vencido pela Porsche com 45 pontos contra os 25 somados pela Ford, os alemães estavam animados com o desenvolvimento do 917, e 1970 iria se mostrar um ano fantástico para a casa de Stuttgart.

A consagração da Porsche no Campeonato Mundial de Marcas
O Porsche da John Wyer-Gulf
Em preparação para a temporada de 1970, a Porsche contratou John Wyer, que teria o apoio oficial da fábrica para a temporada, mas ficou surpreso por ver que a Porsche Salzburg (da Áustria, e que tinha de fato o status de time de fábrica, por ser controlada por membros da família Porsche) e o Martini Racing Team também recebiam suporte técnico da Porsche. De todo modo, a Porsche queria garantir que seus carros fossem competitivos, e a marca tivesse os resultados esperados ao final do campeonato.
Durante os testes pré-temporada, em Österreichring (Zeltweg) John Horsmann, engenheiro-chefe da JWA (John Wyer Automotive Engineering) encontrou uma solução para a instabilidade crônica dos 917. Analisando o carro, ele percebeu que a carroceria tinha muitos insetos aderidos, na frente, mas a traseira não tinha quase nenhum deles; indicando que o ar passava por ali com uma pressão muito baixa. Ele alterou o comprimento no final do carro, reduzindo o comprimento geral e aumentado o downforce sobre o eixo traseiro.
Porsche 917 da Salzburg Team e Martini Racing
A Porsche revisou o projeto e adotou a traseira curta para a maioria dos carros e os chamou de 917K (de Kurzheck, ou ‘cauda curta’). Surpreendentemente, outro carro, desenhado por Robert Choulet com cauda longa, mas com baixo arrasto, conseguiu uma alta velocidade na Mulsanne, e foi denominado 917LH (de Langheck, ‘cauda longa’). Os pilotos eram unânimes em afirmar que a estabilidade em alta velocidade havia melhorado muito, e isto dava a confiança que a Porsche necessitava no campeonato.
A equipe de John Wyer venceu com os 917 da Gulf-JW em Daytona, fazendo uma dobradinha com Pedro Rodriguez, Leo Kinnunen e Brian Redman em primeiro e Jo Siffert e Brian Redman em segundo; em Brands Hacth, Monza e Watkins Glenn com Rodriguez e Kinnunen; a Targa Florio, Spa-Francorchamps e Österreichring com Siffert e Redman; e a Porsche Salzburg levou a taça em Nürburgring com Elford e Ahrens; e Le Mans com Herrmann e Attwood. A Ferrari venceu apenas uma corrida, a 12 Horas de Sebring, com Ignazio Giunti, Nino Vaccarella e Mario Andretti, pilotando a Ferrari 512S de número 21.
Para a mais importante corrida do campeonato, as 24 Horas de Le Mans, a Porsche alinhou dois 917LH, um pela Martini Racing e outro pela Porsche Salzburg. O 917 da Martini recebeu uma pintura em verde e azul que ficou conhecida como Psychodelic Porsche ou Hippie Car pela mídia especializada. O carro da equipe Salzburg vinha equipado com o novo motor 4,9 litros (com cerca de 20 hp a mais) que a Porsche havia introduzido nos 1000 km de Monza.
A JWA alinhou três 917, dois com o motor 4,9 litros e um com o 4,5 litros, para o campeão de motociclismo Mike Hailwood. Um quarto 917K, com chassi 013 e número 26 não foi aceito pelos organizadores ̵  os pilotos seriam o ator Steve McQueen e o campeão de Formula Um Jackie Stewart ̵  para aproveitar a prova e filmar tomadas para a película que estavam produzindo. A produção aproveitou as tomadas do carro número 20 de Siffert e Redman como o carro que McQueen pilotava no filme. A Salzburg também entrou com um 917K de 4,5 litros para Herrmann e Attwood, enquanto um terceiro carro, com o número 24 havia sido qualificado por Herrmann e Elford à frente do 23 foi descartado. Apenas um 917 privado, nas mãos de David Piper alinhou com os seis Porsches 917 contra os 12 Ferrari 512S e 312P de Maranello.
John Wyer, comentando sobre os 917K e 917L: “O modelo 917L testado em Le Mans era, francamente uma porcaria, e todos os pilotos o detestaram... apesar disso, era preciso fazer alguma coisa para melhorar o coeficiente de arrasto do 917K, cuja aerodinâmica parecia um grande piano com a cauda aberta”.
Com a largada tradicional substituída pela variante em que os pilotos já estavam sentados em seus carros, com os cintos afivelados, quase todos os carros entraram na pista ao mesmo tempo; por isso a partir de 1971 a largada foi definida como no estilo de Indianápolis. Ferry Porsche teve a honra de agitar a bandeira tricolor da França para a largada pontual às 16:00 horas.
A chuva que começou a cair a partir das 17:30 horas fez com que as Ferrari perdessem o contato com os líderes. Derek Bell quase colide com Reine Wissel, que vinha na Maison Blanche em baixa velocidade, mas Regazzoni, em outra 512S, que vinha logo atrás, não foi bem-sucedido e Mike Parkes bateu em ambos, incendiando o carro. Bell teve o carro quebrado na Mulsanne e Mike Hailwood bateu na Curva Dunlop. Entre quebras e acidentes, poucas voltas depois, dos 10 primeiros classificados no grid de largada, restavam apenas três Ferrari na corrida.
A chuva virou uma tempestade por volta das 20:00 horas e a Ferrari de Ickx/Schetty era o sexto colocado e favoreceu Ickx, que provavelmente era o piloto mais rápido debaixo de chuva naquele tempo, que andava em segundo lugar, até atingir um comissário de pista na Ford Chicane; que veio a falecer. Cerca de quatro horas depois disso, nove das onze Ferrari havia abandonado a corrida.
Três 917 lideravam, seguidos por um 908. Os demais tinham de dar cobertura, pilotando os carros com segurança na forte chuva, sem perder a concentração. Depois de 18 horas de pista, o 917K da Salzburg teve problemas com o motor 4,9 restando apenas os de motor 4,5 na pista. Dos 51 carros que largaram, apenas 16 ainda corriam ao final das 24 horas, e doze eram Porsches, inclusive o 908 (camera car) inscrito pela Produtora de McQueen para as tomadas de pista.
O Porsche vencedor da Equipe Salzburg em Le Mans - 1970
Hans Herrmann e Richard Atwood, que saíram no 23º lugar na largada, levaram o Porsche Salzburg 917K número 23 vermelho e branco à vitória, enquanto Gérard Larousse e Willi Kauhsen chegaram em segundo com o Hippie Car da Martini Racing; que teve seu outro Porsche 908/02 LH com Rudi Lins e Helmut Marko (em 2017, era o consultor da Red Bull Racing Formula One) em terceiro, à frente de duas Ferrari 512S, um Porsche 914 e outro 911 no sétimo e último carro a completar a prova cobrindo a distância mínima necessária para a classificação.
Hans Herrmann, piloto alemão de 42 anos, vivia um dilema nestas 24 Horas de Le Mans: tinha consciência dos perigos das corridas desta época, pois havia perdido muitos amigos nas pistas, e particularmente, seu conterrâneo e vizinho Gerard Mitter. Já pilotava há quase duas décadas, e apesar de ter um bom destaque internacional, não tinha no seu currículo nenhuma vitória realmente expressiva. No ano anterior, o troféu de Le Mans lhe escapou por miseráveis 120 metros, quando perdeu para o Ford GT40 de Jacky Ickx. Dizia à esposa, em parte jocosamente, que se vencesse, poderia encerrar sua carreira em paz, finalmente com uma grande conquista.
Ao assumir a ponta na 18ª hora, depois que o outro carro da Salzburg com motor 4,9 litros e cauda longa abandona com falha mecânica, sua tão ansiada vitória começa a lhe sorrir. Hoje (2017), Hans Herrmann com 89 anos, ainda comparece a vários eventos históricos do esporte a motor, muito contente com seu duplo feito: proporcionar à Porsche sua primeira grande vitória em Le Mans e encerrar sua carreira numa das maiores corridas de endurance do mundo das competições automobilísticas.
O triunfo da Porsche foi total, pois venceu em todas as classes, além de partir na pole-position e fazer a volta mais rápida. E ainda iria levar o campeonato, com nove vitórias em dez etapas, acumulando 63 pontos contra os 37 da Ferrari no Campeonato de Marcas e cinco vitórias e 55 pontos na Copa GT contra 27 pontos da Chevrolet em segundo.

FECHANDO 1971 COM CHAVE DE OURO
1971 foi um ano estelar para o Porsche 917. O motor 4.9 litros produzia 660 hp, e uma recente melhoria revestindo os cilindros com nikasil atingia 4,99 litros de capacidade cúbica, gerando 630 hp. Aperfeiçoamentos aerodinâmicos na frente do carro foram implantados, pois a Ferrari se provava mais rápida, apesar da falta de confiabilidade/durabilidade dos motores da 512S. Assim, a 512M (de Modificata), versão para a temporada de 1971, mostrou uma aerodinâmica muita similar ao 917K.
A CSI anunciou durante a temporada de 1970 que a partir de 1972, os motores dos carros esporte do Grupo 5 seriam limitados a 3,0 litros, e o Campeonato seria nomeado Campeonato Mundial de Marcas. Surpreendentemente, a Ferrari decidiu não mais apoiar uma equipe oficial com as 512M, de modo a se preparar melhor para a temporada de 1972 com os novos protótipos 312 PB em várias etapas; mas diversas 512 ainda correram nos times privados e muitos foram convertidos para a especificação M.
Ainda com 25 carros para vender, a Ferrari ofereceu-os às equipes particulares a baixos preços, algo inimaginável há dois anos. Para a Porsche, a produção inicial dos 25 exemplares não satisfazia a demanda, e mais 50 chassis foram construídos. De um azarão por 20 anos, a Porsche havia se tornado no novo líder de carros de competição com o seu 917.
Ferrari 512S da equipe Penske
A dominação da Porsche com os carros da Gulf-Wyer e Martini Racing em 1971 foi arrasadora. O único carro que poderia fazer frente à esquadra alemã era a Ferrari 512S que Roger Penske adquiriu usada, mas desmontou completamente e a reconstruiu nas especificações da 512M, e alguns aperfeiçoamentos para corridas de longa duração. A aerodinâmica foi revista e uma grande asa traseira foi instalada, assim como um sistema de reabastecimento rápido aeronáutico. O motor foi preparado pela TRACO, oficina especializada nos motores V8 para a Can-Am, e gerava mais de 600 hp. Esta 512M, pintada de azul e amarelo, era patrocinada pela Sunoco e pelo distribuidor Ferrari da Filadélfia, Kirk F. White. Pilotada por Mark Donohue, fez a pole nas 24 Horas de Daytona, e terminou em terceiro, apesar de um acidente que levou uma hora de reparos nos boxes. Nas 12 Horas de Sebring, a Ferrari Sunoco fez a pole, mas terminou em sexto depois de um esbarrão com o 917 de Pedro Rodriguez.
A presença da 512M Sunoco, assim como as Alfa Romeo 33/3 que venceram em Brands Hatch, na Targa Florio e em Watkins Glenn, forçou a Porsche a investir no desenvolvimento dos 917K e 908/3, equipando-os com aletas verticais e grandes aerofólios, ao passo que o 917LH recebeu outros aperfeiçoamentos. Novos chassis feitos com magnésio foram construídos, apesar deste material ser mais combustível em caso de incêndio.
John Wyer, fazendo um resumo do 917: “Era um excelente carro de corridas. Na minha opinião, o melhor já fabricado até agora. Mas ele tinha um calcanhar de Aquiles. Na verdade, ele tinha dois calcanhares de Aquiles... O primeiro era o conjunto de válvulas, o segundo estava no corpo da embreagem sincronizadora na transmissão. O sincronizador tendia a desparafusar o corpo da embreagem, isso bloqueava a caixa de câmbio e então, ficava impossível selecionar qualquer marcha”.
Em Le Mans, a corrida teve a sua largada novamente alterada para o sistema Indianápolis, com os carros em movimento, para maior segurança, e desde então se tornou o padrão para Le Mans até hoje.
A Porsche repetiu o sucesso de 1970, com as versões longas adaptadas para a cauda curta, apesar dos carros de cauda longa atingirem 396 km/h nos treinos extraoficiais. O ACO (Automovil Club d’Ouest) registrou uma Ferrari a 359 km/h (222,6 mph), a mais alta velocidade atingida por qualquer carro nos treinos oficiais de classificação. Durante a corrida, um Porsche foi registrado como atingindo 362 km/h (224,4 mph).
Pedro Rodriguez e Jackie Oliver lideraram nas primeiras horas, e às 7:00, a Ferrari Sunoco era terceiro, mas uma hora depois Donohue teve de abandonar com falha mecânica no motor preparado da TRACO. Apesar das altas velocidades que as versões de cauda longa atingiam, mais uma vez foi um cauda curta que venceu.
O Porsche 917 K vencedor em Le Mans - 1971
Helmut Marko e Gijs van Lennep, com o 917K branco número 22 da Martini Racing não pode ser superado. O carro vencedor estava equipado com o chassi de magnésio, que se provou alguns quilos mais leve do que o de alumínio. Completando 397 voltas e uma distância recorde de 5.335,313 km, esta marca foi imbatível por 38 anos, devido à introdução das chicanes na reta de Mulsanne em 1990, reduzindo a velocidade média. Somente foi superada em 2010 pelos três Audi R15 TDI da Joest Racing, equipado com um motor turbo-diesel de 5,5, litros com 590 hp. Com as alterações no traçado do circuito, as mesmas 397 voltas do carro número 9, pilotado por Timo Bernhard, Roman Dumas e Mike Rockenfeller cobriram uma distância de 5.410,7 km, no tempo de 24 horas mais uma volta. A Porsche fez a dobradinha em segundo, com outro 917K da John Wyer Automotive, pilotado por Richard Attwood e Herbert Müller duas voltas atrás.
Ao final da temporada de 1971, com a mudança de regulamento, os poderosos carros com motores de 5 litros não poderiam mais competir, mas ainda poderiam participar da Inter Series, assim como da Can-Am. A produção dos Porsche 908 havia cessado e as unidades remanescentes foram vendidas a pilotos particulares. Steve McQueen deixou registrado no filme “Le Mans” este monumento da história das corridas para sempre. É digno de nota que o Porsche 908/2 usado como câmera-car, que competiu nas 24 Horas de Le Mans, apesar das câmeras montadas no carro e das frequentes paradas para recarregar os rolos de filmes, acabou entre os dez primeiros.
O “Pink Pig”
Em Le Mans 1971, mais da metade dos carros eram Porsches. E o mais fotografado certamente foi o "Pink Pig”. O Porsche 917/20, um mix entre o cauda longa e o curta, teve sua carroçaria retrabalhada na aerodinâmica, ficando mais largo (ou “gordo”) do que o normal.
Um protótipo altamente modificado, o 917/20 era o carro-teste para uma futura participação na Can-Am buscando reduzir ainda mais o coeficiente de arrasto aerodinâmico. Ele foi inscrito nas 24 Horas de Le Mans, com uma pintura rosa, e marcações similares aos cortes de açougueiros, com os nomes das peças em alemão, ganhando o apelido dos jornalistas especializados de “Der Truffeljäger von Zuffenhausen”, ou o reduzido “Pink Pig”. O carro surpreendeu, classificando-se em sétimo na largada, mas durante a noite Reinhold Joest bateu o carro depois de uma falha nos freios.

O PORSCHE 917 NA CAN-AM
Os protótipos do 917 PA de 1969, de 1970 e 1971
Na popular série de corridas Can-Am (Canadian-American), a Porsche encontrou um novo campo para a atuação dos seus 917. Iniciando com 908/02 e passando para um 917 PA, derivado da versão Spyder, Jo Siffert terminou em quarto lugar na classificação geral em 1969. O motor provou ser inferior em potência contra os monstruosos V8 da Chevrolet que tinham até 9 litros e 800 hp. A Porsche, chefiada então por Ferdinand Piëch, seguindo os passos de seu avô na Auto Union, tentou uma variante com 16 cilindros e 750 cv, mas o resgate do uso de compressores pela Mercedes-Benz e Auto Union por décadas se mostrou mais viável, trazendo muito mais potência usando o mesmo bloco compacto: um novo Spyder foi construído com o motor de cinco litros e doze cilindros, mas com dois turbo-compressores.
Na temporada da Can-Am de 1970, havia seis 917 K e ainda dois 908/02 inscritos, mas o melhor resultado foi conseguido por Tony Dean, com um 908 em sexto lugar no campeonato. Em 1971, a Porsche já havia desenvolvido o 917/10 turbo comprimido e Jo Siffert chegou em quarto no campeonato, já mostrando o potencial do motor com dois turbo compressores.
George Follmer com o 917/10 em 1972
A equipe americana da Penske concordou em correr com um 917/10, fechando um contrato no qual o piloto e engenheiro Mark Donohue teve grande influência na aprovação junto aos alemães. O Turbo Lag, menos sentido nos circuitos ovais de alta velocidade, teve de ser melhorado para ter um melhor tempo de resposta em outros tipos de pista. Com 850 a 1000 cv, este Porsche casou bem com o estilo de condução de Donohue, e o enorme spoiler dianteiro ajudava na aderência nas curvas, mas aumentava o coeficiente de arrasto, de modo que a velocidade máxima chegou a “apenas” 343 km/h.
Donohue se machucou num acidente no começo da temporada, e George Follmer entrou em seu lugar para ser o campeão de 1972, vencendo cinco etapas e pontuando em mais três corridas do Can-Am pilotando o 917/10 com turbo compressor. Donohue certa vez comentou sobre o carro: “A primeira vez que eu pilotei o 917 com o motor funcionando do jeito que devia, cheguei aos mecânicos e disse: ‘Rapaz, isto é uma strong mother’’. Os alemães não estavam familiarizados com esta expressão, e eu tive de explicar que significava ‘muito, muito potente’. Depois disso, eles passaram a usá-la frequentemente”.
Follmer disse sobre o carro: “Ele será sempre especial para mim. Fiquei muito familiarizado com ele, acho que poderia fazer tudo o que eu queria com ele. Eu poderia fazê-lo ir o mais rápido ainda... A temporada de 1972 foi memorável, porque venci o campeonato também. ”
Até então, a McLaren dominava a série, sendo apelidada por muitos como “The Bruce and Denny Show”, mas o sucesso da Porsche coincidiu com a morte de Bruce McLaren em 2 de junho de 1970, fazendo com que a equipe se dedicasse mais à Formula Um, interrompendo o desenvolvimento dos M8 que venciam quase todas as corridas.
Durante o mesmo ano, Leo Kinnunen dominou a Intersérie europeia com seu 917/10 turbo correndo pela AAW Racing Team.

DE O A 300 EM 11.3 SECONDS
O 917/30: o mais potente Porsche jamais produzido
A equipe Penske usou o Porsche 917/30 renovado para a temporada de 1973. O motor com 5.400 cc produziu inacreditáveis 1.100 hp, chegando ao pico de 1.500 hp em curtos períodos durante os testes. Graças a toda esta cavalaria e ao peso de apenas 800 kg, o carro era capaz de ir de 0 a 110 km/h em 2,1 segundos, de 0 a 200 km/h em 5,3 segundos e de 0 a 300 km/h em 11,3 segundos. Sua velocidade máxima seguramente era de mais de 400 km/h, graças ao entre eixos aumentado e uma suspensão estável. Consumia entre 76 e 97 litros a cada 100 km, o que obrigava a ter um tanque de combustível com pelo menos 400 litros. Com estes números, a Porsche venceu novamente a Can-Am de 1973 de uma forma mais absoluta do que no ano anterior, com Mark Donohue faturando seis vitórias, George Follmer uma e Charlie Kemp outra ao volante dos 917/30, que venceram as oito etapas do campeonato e colocaram cinco Porsches nos seis primeiros lugares no ano.
Mark Donohue ao lado do Porsche 917/30 com 1.100 hp
Mark Donohue se aposentou ao final de 1973 e as regras para a temporada de 1974, influenciadas pela crise do petróleo e o acidente com Roger Williamson em Zandvoort em 1973 impuseram limites para a quantidade de combustível que os carros de corrida transportavam, e foram pretextos para interromper o domínio unilateral da Porsche, encerrando o programa de competições na Can-Am. Alguns carros ainda foram usados na Intersérie Europeia, mas sua carreira vitoriosa terminou neste ponto.
O chassi campeão de 1973 de número 004 foi vendido para Alan Hamilton, importador Porsche da Austrália, que já possuía diversos Porsches em sua coleção. O carro tomou parte em vários eventos promocionais e corridas de carros históricos, que precediam o GP de F1 em Adelaide. Nos anos 1980, a Porsche assumiu a distribuição na Austrália, incluindo a de Hamilton, e em 1991, como parte do acordo, ficou com alguns exemplares da coleção de Hamilton, e não foi surpresa que o 917/30 estivesse entre eles, e o histórico carro com sua monstruosa potência retornou à sua casa na Alemanha.
Restaurado com a icônica pintura azul e amarela da Sunoco, o carro participou de eventos históricos, como o Oldtimer Grand Prix de Nürburgring. Em janeiro de 1994, o colecionador de Porsche David Morse, de Campbell, California, adquiriu o 917/30-004, e antes do carro ser enviado aos Estados Unidos, a Porsche reconstruiu o motor 5,4 litros com peças remanescentes. Chegando à California, o carro foi desmontado e reparado no chassi e suspensões, assim como toda a carroçaria foi refeita usando os moldes originais, e através de fotos da época, e com dados da Penske sobre as cores aplicadas, a decoração do patrocinador Sunoco foi fielmente reproduzida.
O carro foi apresentado no Monterey Historics de 1998, em que foi celebrado o 50º aniversário de fundação da Porsche.
Em 2001, Matthew Drendel adquiriu o 917/30-004, e teve sua participação no primeiro Rennsport Reunion em Lime Rock Park ao lado do Porsche 917/30-002, carro que servia como reserva da equipe Penske na temporada da Can-Am de 1973. Neste evento, o próprio Roger Penske teve a oportunidade de pilotar o chassi 004 por diversas voltas no autódromo de Rennsport.
Foram construídas seis unidades do Porsche 917/30; os chassis 001 e 002 estão no Porsche Museum Collection em Stuttgart; o 003 pertence a um colecionador privado na França, o 004 está com Matthew Drendel, e os chassis 005 e 006 estão com colecionadores privados cujos nomes não são conhecidos do público.

AS VERSÕES DE CORRIDA
O Porsche 917 foi produzido e utilizado de 1968 a 1973 nas seguintes versões:
917 LH (Long Tail - Coupe) – 05 exemplares
  •  4494 cm³ motor 12 cilindros aspirado, 427 kW/580 hp
  •  4907 cm³ motor 12 cilindros aspirado, 442 kW/600 hp
  •  Velocidade máxima aproximada 380 km/h
917 K (Short Tail - Coupe) – 34 exemplares
  •  4494 cm³ motor 12 cilindros aspirado, 427 kW/580 hp
  •  Velocidade máxima aproximada 340 km/h
  •  4907 cm³ motor 12 cilindros aspirado, 442 kW/600 hp
  •  Velocidade máxima aproximada 360 km/h
917 PA (Porsche-Audi - Spyder) – 02 exemplares
  •  4494 cm³ motor 12 cilindros aspirado, 433 kW/580 hp
  •  Velocidade máxima aproximada 340 km/h
  •  Capota removida e frente redesenhada
917 PA (Porsche-Audi Spyder Turbo) – 03 exemplares
  •  4907 cm³ motor 12 cilindros turbo, 746 kW/1000 hp
  •  Velocidade máxima aproximada 360 km/h
  •  Capota removida e frente redesenhada
917/10 (Spyder Turbo) – 14 exemplares
  •  4907 cm³ motor 12 cilindros bi-turbo, 746 kW/1000 hp
  •  Velocidade máxima aproximada 360 km/h
  •  Carroçaria redesenhada, aletas nos paralamas dianteiros
917/20 (Pink Pig - Coupé) – 01 exemplar
  •  4907 cm³ motor 12 cilindros aspirado, 442 kW/600 hp
  •  Velocidade máxima aproximada 387 km/h
  •  Carroçaria redesenhada, mais larga do que os 917 normais
917/30 (Spyder Turbo) – 06 exemplares
  •  5407 cm³ motor 12 cilindros bi-turbo, 746 kW/1100 hp (1500 hp com overboost)
  •  Velocidade máxima aproximada 400 km/h
917 K81 (Kremer) – 01 exemplar
  •  4494 cm³ motor 12 cilindros aspirado, 433 kW/580 hp
  •  Velocidade máxima aproximada 340 km/h
  •  Carroçaria redesenhada, traseira similar aos da Can-Am
De 1969 a 1973 foram fabricadas 66 unidades do 917: 34 unidades do 917K, cinco unidades do 917LH; do 917 PA cinco exemplares; do 917/10 foram quatorze unidades, do 917/20 apenas uma e do 917/30 seis; e em 1981 um exemplar do 917 K81 dos irmãos Kremer.
O Porsche 918 K81 dos Irmãos Kremer
O Porsche 917 K81 foi construído pelos irmãos Erwin e Manfred Kremer, preparadores de Porsche em Colônia. Eles coletaram todas as peças possíveis do 917 que podiam encontrar no mercado e construíram um exemplar para participar das 24 Horas de Le Mans de 1981. Com a ajuda da Porsche, refizeram o chassi adaptando-o para nova suspensão e freios de modo a utilizar rodas e pneus mais modernos. A carroceria de poliéster sofreu modificações para adequação ao Grupo 6, sendo a dianteira similar aos 917 de 1971 e a traseira recebeu um design com aletas e aerofólio semelhante à configuração dos 917/30 que correram na Can-Am em 1972/73.
O investimento total da Porsche no Projeto Type 912 foi de 15 milhões de marcos, ou cerca de 6,4 milhões de dólares na época. Parte deste valor foi recuperada com a venda de unidades a equipes particulares, em 1969 cada um era vendido por US$ 60,000; mas em 1971 este valor subiu para US$ 120,000. Os modelos desenvolvidos para a Can-Am e European Interseries atingiam US$ 139,000 e US$ 192,000.
Nos anos 1980, a revista britânica Motor Sports reuniu 50 experts internacionais em automobilismo para eleger o melhor carro de corridas da história: foi eleito o Porsche 917. Um motor de doze cilindros refrigerado a ar, formado por dois blocos de seis cilindros; montado num chassi construído com tubos de magnésio (42 kg), que também servia como reservatório de óleo; um design marcante nas suas configurações de cauda longa e curta, além de alguns exemplares Spyder; o nível de potência que este motor produzia (de 520 hp no início até 600 hp nas versões de 5 litros) e as altas velocidades que o carro atingia nas longas retas de Le Mans (387 km/h); e depois as versões bi turbo comprimidas da Can-Am, gerando 1.100 hp e até 1.500 hp em overboost, seu novo design na carroçaria aberta e um gigantesco aerofólio traseiro, formaram um conjunto imbatível, junto com os pilotos tiveram a oportunidade de pilotar este vitorioso carro (somente nas 24 Horas de Le Mans, nos anos de 1969, 1970 e 1971): Hans Herrmann, Richard Attwood, Helmut Marko, Gijs van Lennep, Gerard Larrousse, Vic Elford, Rolf Stommelen, Kurt Ahrens Jr., John Woolfe, Herbert Linge, Willy Kauhsen, Jo Siffert, Brian Redman, David Piper, David Hobbs, Mike Hailwood, Pedro Rodriguez, Leo Kinnunen, Herbert Müller, Dominique Martin, Gérard Pillon, Derek Bell, Jackie Oliver e Reinhold Jöst.

REFERÊNCIAS: