terça-feira, 31 de outubro de 2023

Snake Oiler - Speed Racer Series

Snake Oiler

Snake Oiler é considerado o melhor piloto da Equipe Acrobática (em inglês: Car Acrobatic Team, cuja sigla CAT remete a “gato”, um bicho ágil e acrobático), e seu carro nº 12, assim como os dos demais integrantes, tem asas retráteis, exclusivas para conseguir realizar as manobras acrobáticas que dão nome à equipe. No episódio em que ele e Speed Racer se confrontam, a Alpine Race, Snake está à frente de Speed, mas ele o alcança e o avisa que o seu carro está vazando óleo. Snake ignora o aviso e continua veloz em direção à vitória que parece garantida.

Seu carro acaba explodindo, mas Snake consegue escapar, jurando vingança contra Speed. Um detalhe que diferencia seu carro da equipe é que o cockpit está posicionado à direita, ao contrário do normal.

Todos os carros da Equipe Acrobática têm a mesma aparência, com a pintura em roxo e preto; exceto o Nº 11 do Capitão Terror, o líder da Equipe, no mangá original. Já no anime, o perfil do Capitão Terror foi transferido para Snake Oiler, ganhando uma participação mais ativa nos episódios e consolidando sua inimizade com Speed.

Snake Oiler apareceu pela primeira vez no Episódio 9, “The Most Dangerous Race (Part 1)”. Ele é um excelente piloto, mas também muito orgulhoso de suas habilidades; e também cruel, zombando de Speed depois que ele ficou cego durante a Alpine Race.

Da minha coleção



O carro de Snake Oiler é reproduzido pela Johnny Lightning, na escala 1:64, tem base de metal, rodas especiais e pneus de borracha, e a figura do piloto. Saiu na Série Silver Screens Machines, junto com o Mach5, Shooting Star e o carro do Capitão Terror; todas tem as figuras correspondentes, muito bem feitas.




Referências:

https://speedracer.fandom.com/wiki/Snake_Oiler_(car)

https://speedracer.fandom.com/wiki/List_of_Speed_Racer_racing_cars

https://speedracer.fandom.com/wiki/Snake_Oiler_(car)

https://speedracer.fandom.com/wiki/Snake_Oiler

https://leotogashi.blogspot.com/2017/04/carros-e-filmes-mach-5-de-speed-racer.html

https://leotogashi.blogspot.com/2017/04/carros-e-filmes-shooting-star-e-o.html

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Plymouth Superbird – Richard Petty

Richard Lee Petty e o seu Superbird

O Plymouth Superbird e Richard Petty são inseparáveis quando citamos um ou outro. Verdadeira lenda entre os americanos da NASCAR (National Association of Stock Car Auto Racing), vencedor de 200 corridas em sua carreira, de longe, o maior campeão da NASCAR, com sete campeonatos conquistados, em 1964, 1967, 1971, 1972, 1974, 1975 e 1979.

Nascido em 2 de julho de 1937, em Level Cross, Carolina do Norte, EUA, seu pai, Lee Petty, era um tri-campeão da Grand National Series (Precursora da NASCAR), e havia fundado a Petty Enterprises Racing Team. Richard começou a correr em 1958 aos 21 anos de idade, e em 1959, foi agraciado como o “Rookie of the Year”, com nove classificações entre os 10 primeiros; e já no ano seguinte, em fevereiro de 1960, obteve a primeira vitória em Charlotte, Carolina do Norte.

A família Petty formou uma das primeiras “dinastias” no esporte a motor. Lee corria com o número 42, Richard ficou com o 43 e Maurice, seu irmão mais novo, com o 41. Lee passou a competir cada vez menos, passando mais tempo a administrar a equipe, e mais tarde, Maurice se deu melhor na preparação de motores do que ao volante; o primo deles Dale Inman virou o chefe de equipe; e Richard pilotava os bólidos da Petty Enterprises. Já na temporada de 1963, Richard conquistou a maioria das vitórias no ano, mas perdeu o título por poucos pontos.

Richard Petty, vencedor da Daytona 500 em 1964


Ele venceu a primeira edição das 500 Milhas de Daytona (que se tornou a principal corrida da NASCAR), em 1964, com a média recorde de 154,334 mph (248,376 km/h) e conquistou seu primeiro campeonato neste ano. O carro era um Plymouth Belvedere, com um motor 427 cid (7 litros), preparado com comandos mais bravos, cabeçotes com câmaras hemisféricas e carburadores quádruplos. A imprensa da época apelidou tais motores de “elefantes”, devido ao peso e tamanho, em relação à proporção do Belvedere que os acomodava debaixo do capô.

Petty em 1987

Ganhou o apelido de “The King”, por ser heptacampeão, o piloto com 200 vitórias na Serie (sete na Daytona 500), e 127 Pole Positions. O segundo campeonato que venceu, em 1967, bateu o recorde de vitórias com 27 em 48 disputadas, dez delas consecutivamente. Na temporada de 1975, venceu 13 das 30 corridas disputadas.

Richard Petty, homenageado pelo Presidente Nixon, na Casa Branca

Richard Petty se aposentou em 1992 aos 55 anos, tendo disputado 1.184 corridas da NASCAR; foi indicado para o International Motorsports Hall of Fame em 1997, seu filho Kyle e seu neto Adam também correram na NASCAR.

O Plymouth Superbird nº 43

O Plymouth Superbird de Richard Petty, 1970

A história deste carro começa em 1967,quando Richard Petty venceu seu segundo titulo da NASCAR, com o modelo Belvedere, massacrando a concorrência. Dodge, Plymouth, Ford e Mercury eram as marcas principais da categoria, na verdade, apenas a Ford e Chrysler se enfrentavam para dominar a categoria de carros de turismo dos EUA, como modelos iguais aos que se viam nas ruas. Era a aplicação do conceito “Vencer no domingo, vender na segunda”.

O Torino Cobra, da temporada de 1968

Na temporada de 1968, a Ford entrou com o Torino Cobra, na equipe Holman-Moody, para confrontar a Chrysler e Richard Petty. David Pearson, que se transferiu da Dodge para a Ford, conseguiu 16 vitórias, como Petty, mas levou o título por fazer meros 126 pontos a mais do que “The King”. Petty só conseguiu fazer frente a Pearson porque a Chrysler entrou com o Road Runner e o Charger 500 neste ano. Para 1969, a Ford continuou jogando pesado: trouxe o Torino Talladega e o Mercury Cyclone Spoiler II, designado assim por causa do aplique no nariz do carro, deixando-o mais aerodinâmico, reduzindo o arrasto e melhorando a estabilidade em altas velocidades.

Richard Brickhouse, com o Dodge Daytona, em 1969

Então a Dodge apelou com o Dodge Charger Daytona, desenvolvido em túnel de vento e com suporte computacional, resultando num carro mais comprido que o normal; o bico avançando em cunha, e uma enorme asa na traseira, numa altura que pegava menos turbulência e era mais eficiente.


Quando Petty ficou sabendo dos desenhos do Daytona, logo pediu que a Chrysler fizesse o mesmo com um Plymouth, e a negativa da montadora o fez mudar para a Ford. O Daytona foi equipado com o motor Hemi 426, com 7,0 litros e 425 hp, e 503 unidades foram fabricadas para homologar o modelo para as pistas. Somente 70 unidades tinham este motor, e as demais tinham o Magnum de 7,2 litros e 375 hp. Todos tinham um câmbio manual de quatro velocidades.

O Charger Daytona estreou em Talladega, com Richard Brickhouse vencendo com o carro nº 99, conseguindo velocidades de 322 km/h, um número insano para a época! Mesmo assim, não foi o bastante, a Ford levou a taça de novo cm David Pearce, e Petty ficou com o vice-campeonato, correndo pela Ford.

O Superbird com o Dodge Daytona, em 1970

Para a temporada de 1970, a Chrysler fez a “mea culpa”, e trouxe Petty de volta à marca, e fez o que ele pediu: aplicou todo o pacote aerodinâmico do Dodge Daytona no Plymouth Road Runner e ganhou o nome de Superbird. Foram produzidas 2.783 unidades seguindo as novas regras da NASCAR para homologar os modelos, e apenas 135 deles tinham o motor Hemi, os demais recebiam o motor Magnum, como fizeram com o Charger Daytona.

Assim, o Superbird e o Daytona dominaram a temporada, com 36 vitórias em 46 corridas. Petty venceu 18 etapas, mas ficou de fora em sete delas por conta de um acidente que sofrera, então ficou apenas com o 4º lugar no campeonato; Bobby Isaac, com um Daytona, foi o campeão em 1970.




Como sempre acontece quando um carro ou uma marca domina de forma tão marcante, usa-se o regulamento para puxar o tapete e não foi diferente na NASCAR. Baixaram uma regra que obrigava os carros com aerodinâmica exagerada (Winged Warriors, “Guerreiros Alados”, como ficaram conhecidos) que tivessem a capacidade do motor reduzida para 305 cid (5,0 litros), e claro, tanto a Ford como Chrysler abandonaram os projetos com tais modelos.

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Strip Weathers, da animação da Pixar/Disney

Richard Petty não foi campeão com o Superbird, mas foi homenageado pela Pixar na animação “Carros” de 2006, última produção da Pixar antes de ser adquirida pela Disney em janeiro de 2006.

O Superbird faz o personagem Strip Weathers, dublado pelo próprio Richard Petty, com sua esposa Linda Petty dublando a esposa de Strip. Outros pilotos também participaram com suas vozes, como Dale Earnhardt Jr, Michael Schumacher e Mario Andretti. Na dublagem para o idioma alemão, Niki Lauda fez a voz de “The King”, Tom Kristensen, nove vezes vencedor de Le Mans, fez a versão dinamarquesa e Mika Hakkinen, a versão finlandesa.

Da minha coleção



O Plymouth Superbird de Richard Petty é reproduzido pela Racing Champions, empresa fundada em 1989, que cresceu nos anos 1990 fazendo modelos vintage licenciados da NASCAR, e posteriormente, começou a produzir modelos de rua também. Ela adquiriu a ERTL em 1999, e nos anos 2000 produziu inúmeros modelos com um excelente nível de detalhamento, não visto ainda na escala de 1:64.



O chassi é de metal, tem rodas especiais com pneus de borracha, mas gravados com o nome “Racing Champions” nas laterais (problemas de licenciamento). Os vidros são tão escuros que parece não ter interior, novamente, para reduzir os custos devido às diversas marcas licenciadas para dar mais fidedignidade ao Superbird pilotado por Richard Petty em 1970.

A Racing Champions Ertl mudou seu nome para RC2,e numa ação promocional, reproduziu todos os 30 carros com que Richard Petty competiu na temporada de 1992, vendendo mais de um milhão destes modelos daquela ano. Um dos clássicos da empresa é o Superbird 1970 de Richard Petty, e o Ford Torino Talladega 1969 de Cale Yarborogh’s.

Referências:

Racing Champions Diecast Cars – Auto World Store

https://flatout.com.br/o-lendario-plymouth-superbird-de-richard-petty-esta-a-venda-junto-com-seu-road-runner/

https://www.terra.com.br/esportes/automobilismo/nascar-historia-do-plymouth-superbird-rei-do-filme-carros,9dfb14137c06d59a49553b76020f459de7llqyds.html

https://www.britannica.com/biography/Lee-Petty

https://pt.wikipedia.org/wiki/Richard_Petty

https://www.motortrend.com/news/the-kings-first-elephant/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Carros_(filme)

Round 2 (company) - Wikipedia

https://www.company-histories.com/Racing-Champions-Corporation-Company-History.html

https://www.company-histories.com/Racing-Champions-Corporation-Company-History.html

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

The Jetsons Capsule Car


Os Jetsons são uma família que vive no futuro. Eles têm todo tipo de equipamentos tecnológicos para ajudá-los no trabalho ou em casa. George Jetson trabalha na Spaceley’s Sprockets, fazendo o seu melhor para sustentar sua família, apesar de ter de lidar com seu temperamental chefe, Sr. Spacely.

George é casado com Jane, esposa e dona de casa, sua filha Judy é adolescente, e Elroy ainda é uma criança. Astro é o cachorro da família, e Rose é a governanta robótica que cuida de tudo na casa.

O carro voador dos Jetsons tem a única exigência de ter lugares para toda a família, inclusive Astro e Rose. Para entrar, a cúpula se abre, e como não te rodas, nem qualquer apoio visível, está sempre flutuando. Não há nada que indique uma unidade propulsora, mas as “barbatanas” inferiores indicam que dali saem os “gases”, que fazem o veículo se mover.



A miniatura da Hot Wheels é baseada no carro espacial de George Jetson, no seriado de animação criado pelos Estúdios Hanna-Barbera, nos anos 1960. Saiu em 2014, na Série HW City, com as fatídicas rodas comuns às minis que saem na Mainline, mas esta discrepância foi corrigida no modelo premium  do ano de 2014, 2017 e 2023.

The Jetsons Capsule Car - Mainline 2014

Modelo Premium com base, sem as rodas


Da minha coleção



Meu modelo era o Mainline de 2014, mas como não encontrava o modelo Premium, resolvi customizar a miniatura, eliminando as rodas, claro! Criei um suporte para apoiar a peça, porque o “flutuador iônico” ainda não foi inventado (!!)


Com nova base de apoio


Referências:

https://hotwheels.fandom.com/wiki/The_Jetsons_Capsule_Car

https://www.imdb.com/title/tt0055683/

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

ZORA ARKUS-DUNTOV - O "Pai do Corvette"

 

(25 de dezembro de 1909 – 21 de abril de 1996)

ORIGEM

Zachary Arkus nasceu na Bélgica, filho de pai judeu russo, engenheiro de mineração, e mãe também judia russa, que era estudante de medicina em Bruxelas. Quando a família retornou para sua cidade natal, Leningrado, seus pais se divorciaram. O novo parceiro de sua mãe, Josef Duntov, outro engenheiro de mineração, passou a morar com eles. Mesmo depois do divórcio, o pai de Zora continuou a morar com a família, e por respeito ao padrasto, tanto Zora como o irmão Yura assumiram o sobrenome Arkus-Duntov.

Em 1927, a família mudou-se para Berlin, e sua aspiração de infância era se tornar condutor de bonde; mas logo os bondes deram lugar às motos e carros. Sua primeira moto, uma 350cc, era pilotada por Zora nas pistas e muitas vezes, nas ruas de Berlin. Quando seus pais, temendo por sua segurança, insistiram em que ele trocasse a moto por um carro, Zora comprou um carro de corrida. Apelidado de “Bob”, não tinha freios dianteiros e os traseiros eram muito fracos.

Em 1934, Zora graduou-se na Charlottenburg Technological University (hoje Technical University of Berlin). Nesta época, começou também a escrever artigos de engenharia para a revista Auto Motor und Sport, da Alemanha. Mais tarde, em Paris, ele conheceu Elfi Wolff, uma alemã que dançou em apresentações na Follies Bergère, famosa casa de shows que recebeu também Josephine Baker. Quando a II Guerra Mundial começou em 1939, Zora e Elfi haviam se casado, e Zora e seu irmão entraram para a Força Aérea Francesa. Quando a França se rendeu, Zora conseguiu vistos de saída através do consulado espanhol em Marselha, para si, Elfi, Yuri e seus pais. Enquanto as forças nazistas avançavam, Elfi fez uma corrida dramática com seu MG, até Bordeaux.  Zora e Yura se esconderam em um bordel, para não serem apanhados pelos nazistas. Cinco dias depois, todos se reuniram e embarcaram em um navio português com destino a Nova York.

NA AMÉRICA

Estabelecidos em Manhattan, os irmãos se valeram de seus conhecimentos de engenharia e mecânica, e fundaram a Ardun (contração de Arkus e Duntov) fornecendo peças para equipamentos militares, fabricando válvulas de alumínio, cabeçotes com câmaras hemisféricas para motores Flathead Ford V8. Apesar do objetivo inicial de controlar a tendência ao superaquecimento destes motores voltados para uso em caminhões com pesadas cargas, os novos cabeçotes permitiam que estes motores alcançassem mais de 300 hp de potência.

A Ardun tornou-se uma empresa de engenharia com mais de 300 funcionários, tão reverenciada como a Offenhauser; mas algumas decisões financeiras questionáveis envolvendo um parceiro fizeram com que Zora e Yura encerrassem a empresa.

Em Le Mans, 1954

Suas atividades esportivas foram duas tentativas de classificar um Talbot-Lago para a Indianápolis 500 em 1946 e 1947, mas ambas falharam. Deixou a América, indo para a Inglaterra para desenvolver o carro esporte Allard, co-pilotando-o nas 24 Horas de Le Mans em 1952 e 1953. Mas conseguiu sucesso pilotando um Porsche 550 RS Spyder, vencendo em sua classe em 1954 e 1955. Nesta época, prestou consultoria para a Porsche e a Daimler-Benz.

Mas, no outono de 1952, Zora aceitou trabalhar na Fairchild Aviation, e voltou aos Estados Unidos. Logo depois, ele viu o Corvette na Motorama de 1953, e escreveu a infame carta a Ed Cole, mudando assim a história do Corvette para sempre.

GENERAL MOTORS


Sua relação com a General Motors começou em 1953, quando viu o Corvette na Motorama do Waldorf Astoria. Assim como milhares de pessoas presentes, viu um carro visualmente soberbo e impressionante, mas muito desapontador com o que havia por baixo da carroceria. Ele escreveu ao Engenheiro-Chefe Ed Cole o que poderia ser feito para completar um carro tão belo. Enviou junto um documento técnico que propôs um método analítico para determinar a velocidade máxima de um carro. Impressionou tanto que o engenheiro Maurice Olley o convidou para vir a Detroit. Em 1º de maio de 1953, Zora Arkus-Duntov começou a trabalhar na Chevrolet como engenheiro assistente pessoal.

Cerca de um ano e meio depois, ele escreveu uma carta a Ed Cole e Maurice Olley, definindo o que ele achava que devia ser feito com o Corvette, que causou uma comoção no mercado, mas chegando ao final do segundo ano com muitas unidades encalhadas nos concessionários (leia o conteúdo no link: Leo Togashi: Zora Arkus-Duntov - A Carta que Salvou o Corvette).

Zora tornou-se então Diretor de Alto Desempenho da Chevrolet e ajudou a transformar o Corvette de um roadster dócil em um carro esporte formidável, que desafiou a Porsche, Ferrari, Maserati e Mercedes Benz. Todo o seu trabalho rendeu-lhe o apelido de “pai do Corvette”. Sua visão, energia e determinação formaram a lenda do Corvette nos primeiros anos, e o mesmo espírito continua a guiar o destino do esportivo até os tempos modernos.

O Chevy 56 de pré-produção, disfarçado para não revelar o design renovado


Ele equipou um modelo de pré-produção (para 1956) do Chevy “Shoebox” com o “small block” V8, mas equipado com o comando de válvulas de sua própria concepção; e o apresentou ao público na Subida de Montanha Pikes Peak em 1956, estabelecendo um recorde para carros de linha: fez o percurso em 17 minutos e 24,05 segundos, superando o recorde anterior de 19 minutos e 25,70 segundos, que durava já por 21 anos. Não satisfeito, no mesmo ano, pegou um Corvette e o levou para Daytona Beach, atingindo 150 milhas por hora sobre a milha lançada. Nas horas de folga, ainda desenvolveu o famoso comando Duntov High-Lift e ajudou a equipar o Corvette com injeção de combustível em 1957. Credita-se a Zora também a primazia de equipar carros
de grande produção com freios a disco nas quatro rodas.

Os cinco exemplares do Grand Sport sobreviveram

Em 1963, Zora lançou o Programa Grand Sport. A ideia era criar um Corvette mais leve, de no máximo 820 kg e competir não só com os Cobra em circuitos internacionais, mas também contra os GT e protótipos da Ferrari, Porsche e Ford. Foi feito um “small block” V8 de 377 cid (6,2 litros) em alumínio, com duas velas por cilindro num cabeçote especial, que gerava 550 cv a 6.400 rpm.

O crescimento do esporte automobilístico na década de 1950 não era acompanhado pela tecnologia de segurança, ou na preparação dos pilotos e condutores para lidar com carros cada vez mais velozes e potentes. O grave acidente em Le Mans em 1955 com a morte de 83 espectadores, fez com que a Mercedes-Benz ficasse fora das corridas até os anos 1970.

Nos dois anos seguintes, outros acidentes graves ocorreram, e a opinião pública e os órgãos governamentais pressionaram os fabricantes a tomar uma providência para reduzir tais estatísticas. Com isso, em 1957 houve um acordo entre os fabricantes americanos de não mais participar de competições oficialmente, e devido a esse acordo, a GM cancelou o programa de Zora com os Grand Sport. Apenas cinco protótipos foram construídos, e foram para as mãos de equipes privadas, e apesar da proibição oficial, Zora ainda conseguiu apoiá-los por um tempo.

O engenheiro Zora e seus motpres

Zora tinha muitos planos para os Sting Rays. Pensou em um “small block” em alumínio, com duplo comando na cabeça, e injeção de combustível “cross-ram” e câmaras hemisféricas. Era um motor para instalar no CERV II, um carro conceito para exibir a tecnologia da General Motors na performance dos automóveis. Um amigo de Zora, Gib Hufstader conseguiu salvar um protótipo de motor com cabeçote de comando único, mas todo o resto acabou sendo derretido como sucata depois da proibição das empresas participarem oficialmente de competições.

Leia mais sobre os Corvette Grand Sport no link: 

Leo Togashi: CORVETTE GRAND SPORT

Seguindo a linha do tempo, na metade dos anos 1960, investiu fortemente no Corvette, em especial instalando motores maiores e mais potentes, e o V8 Big Block de 427 cid (7,0 litros), com 390 ou 430 hp passou a equipar o Corvette. Fazia de 0-96km/h em menos de 5 segundos e ia até 225 km/h. O V8 de 300 e 350 cid ainda permaneciam no catálogo, mas já não tinham o mesmo interesse do público.

A Revista Sports Car Graphic comentou “o preço total ainda está abaixo de qualquer opção do mercado que ofereça algum de seus atributos individuais, muito menos a soma deles. É uma máquina de grã-turismo realmente refinada e o primeiro Corvette que nos deixaria entusiasmados de ter!”.

Para instigar ainda mais os desejosos por desempenho, ao encomendar seu Corvette poderia assinalar o código L88 no pedido. Nada mais que o V8 de 427 cid, mas com preparação para as pistas: cabeçote de alumínio, taxa de compressão de 12,5:1, três carburadores duplos Holley; com brutais 560 hp, alimentado com gasolina de competição. O capô vinha com uma tomada de ar central, e os largos pneus diagonais eram de 9,20x15. Vinte exemplares foram encomendados assim.

Corvette C3 - 1968

Zora viu a Geração C3 do Corvette chegar em 1968, a mais longeva, que durou até 1982. Com linhas angulosas baseadas no conceito Mako Shark I e Manta Ray, com a particularidade da Mattel, fabricante dos hot Wheels, lançar o modelo 1968 na sua linha de brinquedos antes da própria GM, devido aos atrasos que a produção sofreu em 1967. Os motores variaram nas configurações, e o pacote de corrida agora era conhecido por “COPO”, sigla para “Central Office Production Order”, uma configuração para os que desejavam colocar o carro nas pistas, o Corvette nesta opção vinha com o motor L72, de 427 cid (7,0 litros) Big-Block aspirado, bloco de ferro e cabeçote de alumínio, e geravam entre 425 e 435 hp.

Os anos 1970 foram conturbados pela crise do petróleo em 1973, e o aumento das exigências governamentais por mais segurança embarcada, reduzindo a potência dos motores, cintos mais eficientes e confortáveis de usar, catalisadores, eletrônica e controles automáticos cada vez mais sofisticados e mudanças estruturais na construção dos automóveis, tais como as células de proteção aos passageiros, colunas de direção antichoques, para-choques absorventes de impactos, e por aí vai.

APOSENTADORIA


Zora aposentou-se em 1975, passando o bastão para Dave McLellan. Enquanto vivo, Zora nunca negou ser apaixonado pelo Corvette, e muitas vezes era envolvido a dar opiniões sobre o futuro do carro. Até a sua morte, sempre que qualquer coisa trouxesse o assunto Corvette à tona, lá estava Zora. Ele foi nomeado membro da Drag Racing Hall of Fame; da Chevrolet Legends of Performance e do Automotive Hall of Fame. Participou da comemoração do milionésimo Corvette produzido na planta de Bowling Green em 1992, e dirigiu um Bulldozer na cerimônia de início das obras do National Corvette Museum.  Seis semanas antes de sua morte, Zora foi convidado a ser um palestrante no evento “Corvette: A Celebração de um Sonho Americano”, em Detroit, em que estavam presentes Dave McLellan como seu sucessor e Dave Hill como engenheiro-Chefe do Corvette. E ninguém pode negar que Zora roubou o show.

Depois de se aposentar, Zora foi direto trabalhar para John Z. DeLorean em seu projeto do DMC-12, ganhando mil dolares por mês para fazer consultoria de engenharia, mas foi o início de uma série de eventos decepcionantes para Duntov. Parece que DeLorean apenas gostava de ter Zora por aí, porque quase nenhuma de suas sugestões foram aplicadas por ele. E, 1981, DeLorean estava em apuros, mas ofereceu a Zora 30 mil dolares por ano para ter 10 dias de trabalho de Zora por mês. Mas já era tarde, e as dificuldades da DMC a levaram ao fechamento.


Nos anos 1980, colaborou com Malcolm Bricklin para importar o Yugo, um carro popular que seria fabricado na Yugoslávia e vendido nos Estados Unidos por cerca de US$ 3.990,00. Com mais de 160 mil unidades vendidas em 1984, o Yugo passou a ser o carro importado de venda mais rápida na história automobilística dos Estados Unidos.  Zora contribuiu com revisões técnicas para sanar toneladas de problemas que o carro tinha. Aconselhou Bricklin a promover a Yugo com eventos esportivos, como uma quebra de recorde de velocidade em circuitos usando os Yugo preparados por Kim Baker, no circuito de Talladega Speedway. Pouco antes do evento, eclodiu uma guerra na Yugoslávia, e o projeto foi cancelado, sem que nenhum carro fosse preparado conforme os planos. Outro fator foi a fama de baixa qualidade do Yugo, e ser listado como um dos piores carros de todos os tempos, fez com que Bricklin vendesse sua parte em 1988 por 40 milhões de dólares, e por fim a Yugo faliu em 1991.

Nos anos 1990, Duntov colaborou no projeto “Grand Sport” da Tríade Engenharia como uma alternativa para o ZR-1. Com um Chassi de tubos de aço inoxidável e 1.140 kg de peso, equipado com um V8 de 454 cid e 475 cv de potência, com injeção de combustível e atualizações no sistema de direção e suspensões, era um topo de linha em termos de performance para os “Vette” como foram carinhosamente chamados. Vários esboços foram criados, mas um protótipo nunca foi construído. Duntov se tornou o santo padroeiro dos espetáculos e desfiles envolvendo o Corvette. Ele amava a atenção do público e pacientemente, dava autógrafos durante os eventos. Sua encantadora esposa Elfi sempre esteve ao seu lado, na cerimônia de início das obras (1992) e na inauguração do Museu Nacional do Corvette (1994). Numa ocasião, em férias com Carrol Shelby e sua nova esposa Lena (vários anos depois do transplante de coração de Shelby), Elfi disse a Carrol: “Talvez seja o tempo para Zora obter um novo coração.”

A última missão de velocidade de Duntov era uma proposta de voar no Festival de Oshkosh, Wisconsin, no DB-5, um avião monomotor experimental. Devido aos riscos, ninguém queria ver Zora realmente experimentá-lo, por isso, Gib Hufstader, seu ex-colega e amigo escondeu algumas peças do avião para que não ficasse pronto a tempo.

O FIM

Em 1995, fumante por toda a sua vida, foi diagnosticado com câncer no pulmão, mas não foi submetido à quimioterapia por causa de sua idade avançada. Em 21 de abril de 1996, sua esposa Elfi o encontrou inconsciente em seu quarto. Mais tarde, naquele mesmo dia, morreu Zora Arkus Duntov, o “pai do Corvette”.

Zora morreu em Detroit, e suas cinzas repousam no Museu Nacional do Corvette. O colunista vencedor o Prêmio Pulitzer George Will escreveu em seu obituário que “se...você não lamentar a sua passagem, você não é um bom americano”.

Em toda a história automotiva, provavelmente nunca mais veremos alguém como Zora Arkus-Duntov. Motivado pela paixão pela velocidade e vida, Zora era um homem perfeito para o seu tempo. Seu charme europeu, boa aparência e brilho nos olhos, moveu as regras de um dos maiores fabricantes de carros do mundo, sendo muitas vezes, indigesto aos seus chefes. Como não foi demitido, ninguém sabe; mas o que sabemos é que a contribuição de Zora para construir a lenda do Corvette foi determinante para o sucesso do primeiro carro esporte americano.

PREMIAÇÕES

·        Pikes Peak Hill Climb Record, 1955.

·        Daytona Flying Mile Record, 1956

·        SEMA Hall of Fame, 1972

·        Automotive Hall of Fame, 1991

·        International Drag Racing Hall of Fame, 1994[

·        National Corvette Museum Hall of Fame, 1998

·        Zora Arkus-Duntov Exhibition, Alexander Solzhenitsyn Center for Russian Émigrés, Moscow, May–June 2012,

CURIOSIDADES

É espantoso que para o homem que foi considerado o “pai do Corvette”, nunca tivesse possuído um deles antes de se aposentar. Ele adquiriu um Coupe prata ano 1974 com um motor 454 cid, rodas de liga, e a inscrição “ZAD” nas portas. Em 1989, o colecionador Les Bieri comprou o carro de Duntov por US$ 100,000.00. Hoje, o carro está no Museu Nacional do Corvette.

BOX:


Este é o único Corvette que Zora possuiu na vida; um 454 Coupe da Geração C3, de 1974. A cor original era o Dark Green, mas foi pintado com uma pintura especial de prata e azul, com um acabamento extra nas colunas “B”. As rodas eram de liga, ainda protótipos. O motor foi incrementado, mas as modificações nunca foram documentadas.


Zora e sua charmosa esposa, Elfi, no início dos anos 1940, em Nova York. Quase 50 anos depois, em 1990, numa exposição de carros Corvette. Elfi faleceu em 18 de novembro de 2008, aos 93 anos.

Referências

http://myautoworld.com/gm/history/history/history-CorvettePeople/history-corvettepeople.html

https://www.hotcars.com/facts-about-zora-arkus-duntov-godfather-of-the-chevy-corvette/#allard-sports-car-and-general-motors-engineer

https://autolivraria.com.br/bc/informe-se/passado/chevrolet/chevrolet-corvette-60-anos-fazendo-sonhar-os-entusiastas/

 

Tri-Five Chevy – 55-56-57

Chevy '55 - 150

Depois que a Ford lançou o Ford 49, com o estilo revolucionário em que os para lamas eram integrados ao capô e tornando a superfície lateral do carro contínua, este design ganhou o apelido de “shoebox”. A GM e a Chrysler demoraram um pouco a redesenhar seus carros, mas o Chevy 55 quando lançado virou uma febre entre os americanos, e o sucesso continuou com o modelo 1956.

A Chevrolet dividiu a família em três partes, o One-Fifty (150), Two-Ten (210) e o topo de linha Bel Air; e estes Chevy de 55-56-57 são chamados pelos admiradores/colecionadores de “Tri-Five”. A linha recebeu poucas alterações visuais, incluindo a nova grade frontal, com duas lâmpadas retangulares nas extremidades; um capô quase 10 cm mais avançado, com um enorme “V” nos modelos equipados com motor V8 de 225 hp. Um detalhe que chamava atenção eram as “pestanas” que avançavam na parte superior dos faróis dianteiros, e a lanterna traseira esquerda se levantava, para dar acesso ao bocal de abastecimento do combustível, um excesso de cuidado dos designers para “limpar” a lateral eliminando até a tampa que escondia o bocal dos paralamas traseiros.

Chevy 55 - 210 2 door

Chevy Bel Air 1956


Chevy Bel Air 1957

Enquanto os 150 tinham apenas uma cor, os 210 e os Bel Air tinham o teto e a traseira, assim como a parte superior dos paralamas traseiros pintados de branco. O motor V8 de 265 cid (4,3 litros) com 225 hp fazia sucesso entre os Hot Rodders, que facilmente tiravam muito mais potência, preparando os carros para os rachas de quarto-de-milha.

Em 1955, Zora Arkus-Duntov (no cargo de Diretor de Alto Desempenho) quebrou o recorde de tempo para a Subida de Pikes Peake, num Bel Air de pré-produção equipado com um destes motores, fazendo o percurso em 17 minutos e 24,05 segundos, superando o recorde anterior de 19 minutos e 25,70 segundos, que durava já por 21 anos.

Da minha coleção

'55 Chevy Gasser - Hot Wheels

O Chevy ’55 Gasser, em 2023 ganhou esta decoração com a expressão “Tri Five Terror”, em alusão ao apelido dado aos Chevy de 1955-56-57, que em todas as versões destes anos, vendeu o absurdo número de 4.954.644 unidades.

'56 Chevy 2 door - Hot Wheels 50th Anniversary

O Gasser sai todos os anos em mais de uma decoração/cor, e o Chevy 56 foi escolhido para compor o set dos 50 anos do lançamento dos Hot Wheels, tem base de metal, rodas especiais e pneus de borracha.

Chevy Bel Air 1957 - Johnny Lightning

Já o Bel Air 57 é da Johnny Lightning, com um bom acabamento e detalhes, abre o capô dianteiro, e reproduz bem as linhas, com os "rabos-de-peixe" começando a surgir no final dos para-lamas traseiros.

Referências:

https://hotwheels.fandom.com/wiki/%2756_Chevy

https://www.carsandstripes.com/articles/chevrolet/1956-cars/

https://www.chevyhardcore.com/features/car-features/56-chevy-street-car/

https://news.classicindustries.com/1955-57-chevy-production-numbers